quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Laços de Familia - Umburaninhas.

Saímos de Morro do Chapéu antes das 14 horas de sábado em direção a Umburaninhas, pequeno povoado daquele município. O curioso é que para chegarmos ao destino tivemos que atravessar os municípios de Várzea Nova, Ourolândia, Umburanas até colocarmos os pés em Umburaninhas, terra de Rose, esposa de Enéas. Toda esta cruzada, em uma longa viagem, serviu para a constatação de como é enorme a extensão do município do Morro do Chapéu e que já foi bem maior, sendo desmembrado para dar origem a outros municípios, seus vizinhos.
Mas, Umburaninhas não é fácil de se mostrar, não é arroz de festa nem xepa de feira, para se apresentar na primeira esquina que se dobrar, muito ainda tínhamos que andar. Passamos, por exemplo, pela Lagoa 33, que pertence a Ourolândia e que está a 05 quilômetros de Umburaninhas que faz parte do município de Morro do Chapéu numa confusão geográfica que não vale a pena entender, a não ser que se queira tomar cerveja quente ou tornar a lambança territorial em assunto para mesa de bar. O moinho de vento ao longe sinaliza que estamos chegando à Holanda, alias Umburaninhas, que tem naquela que futuramente poderá ser a sua primeira praça a marca da SUDENE e a geringonça desativada que um dia gerou energia para retirar água de um poço. A Lagoa 33 e o inusitado de seu nome tinha ficado para trás, mesmo que a história de sua denominação tenha nos acompanhado. Conta-se que um fazendeiro vinha tocando já alguns dias a sua boiada até um município da região quando parou na lagoa para dar água ao rebanho. A grande quantidade de pés de angico em volta e nas margens da lagoa aprisionou várias cabeças de gado, fazendo com que algumas delas viessem a se afogar e morrer. Quantas morreram? Ora, 33 daí o nome Lagoa 33. Óbvio e estranho.
Umburaninhas tem a estrutura primitiva e primária de como toda cidade um dia se formou. Casas aqui, ali, acolá, sem qualquer ordenamento, quando muito um alinhamento que poderá servir de base para as ruas que irão surgir. Às vezes uma rua se insinua e os bares surgem com mesas de bilhar, máquinas de som e caça-níqueis, feito pragas que se espalham sem escolher lugar e hora, além da igreja, um posto de saúde e pequenas escolas abandonadas. Ao final da tarde, de cada lado do quadrilátero central, onde existe uma mediana lagoa, surgem pequenos rebanhos bovinos para beber água antes de serem recolhidos para a ordenha do leite matinal do próximo dia. A população bovina é grande, bem maior que o número de habitantes de Umburaninhas. Mesmo grande assim, elas não se misturam após matar a sede na água da lagoa. Assim como vieram, saem, sem que a vaca Estrela ou o boi Fubá se intrometam ou se façam de desentendidos no rebanho das vacas Mirandinha ou Lindo olhar. Cada qual na sua. Algo as identifica, reconhecendo-se como se usassem o mesmo perfume da Avon ou o mesmo creme hidratante da Suavity.
Era hora de voltarmos a Morro do Chapéu, deixando a hospitalidade, o carinho e a atenção da família de Rose que nos recepcionou e hospedou com a generosidade própria dos humanos, quando existia humanos, assim como houve um dia piritibanos

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Roda mundo, roda gigante, roda moinho.


Para fugir do intenso tráfego aéreo das aeronaves fantasmas no aeroporto de cidade costumo trocar, aos domingos, sua pista de pouso pelas ruas da cidade em caminhadas que servem de exercício físico e de exercício de espanto ao passar por certos locais de seu centro urbano. O Clube Tamarineiro é um destes locais em que me detenho tomado de tristeza e estupefação. Fruto de descaso e da mudança inexorável dos costumes sociais ao passar dos anos, o Tamarineiro é apenas mais um retrato na parede de nossa memória; mas como dói. Os clubes sociais de Salvador, por exemplo, embora decadentes em seus objetivos de convivência e convergência social, tiveram que se adaptar a uma nova realidade como forma de sobrevida e manutenção de pelo menos parte de seu patrimônio. Foi assim com o Baiano, Espanhol, Associação que perderam os anéis salvando os dedos, ao contrário de seus coirmãos Português, Fantoches, Flamenguinho, Itapagipe que sucumbiram ante a incompetência administrativa, a mudança de hábitos e a incorporação veloz de novos contingentes de freqüentadores de festas cujo acesso lhes eram negado por aqueles clubes.

O Tamarineiro é uma assombração, uma chaga imobiliária no centro da cidade e baú de memória de suas festas inesquecíveis, de suas práticas esportivas em oportunidades as mais variadas. Ou más recordações, como a lembrança que tenho ao ter tido o acesso barrado a uma das noites de festas juninas, por um diretor truculento que deve ter sido também barrado no plano espiritual onde se encontra, mas isto não conta, já que ainda estou por aqui, enquanto ele não, sem que isso me faça melhor ou pior que ele. Aliás, o Tamarineiro foi pródigo em diretores que babavam a gola da camisa ao exercitar o estranho prazer em barrar sócios, visitantes ou quem se atravesse a sua frente. Conta-se que certa feita um visitante foi impedido de entrar em uma festa de São João no Clube, por um diretor que se recusou a receber o pagamento da sua entrada com cheque. O visitante alegou que estava em trânsito e o banco de suas transações não tinha agência na cidade. O diretor insensível se mostrou irredutível em suas intenções de barrar o visitante. Vencido, educadamente, só lhe restou abandonar o local, sem qualquer alarde. Tempos depois este diretor foi flagrado em uma blitz da Policia Rodoviária Federal em uma das BR’s do estado, com os documentos do seu veículo de modo irregular. Então, pediu que a autoridade policial contemporizasse a situação já que ele tinha urgência em chegar ao seu destino. O policial disse que lhe conhecia e se ele não lembrava da sua pessoa, ao que o diretor, que também já não está entre nós, retrucou que não, que não lembrava. Aí o policial tratou de avivar a sua memória, lembrando a sua passagem por Piritiba em uma festa junina e da desagradável experiência de ter sido barrado por ele, ao tentar pagar o seu acesso com cheque. Ao cabisbaixo diretor só sobrou o gesto de assinar o auto de infração e pagar a multa com cheque.

Vai que é tua Olodum!

Domingo passado foi realizada na Sala São Paulo a premiação do Troféu Raça Negra entregue a personalidades artísticas e intelectuais do mundo negro, aliás, mundo brasileiro. E mais próximo de nós e do mundo negro baiano com o reconhecimento e concessão do prêmio de destaque a Érico Brás, mais uma cria do Bando de Teatro Olodum para os olhos brasileiros e do mundo.
Érico é mais um talentoso artista baiano, como outros que ainda estão por aqui e fazem parte do Bando, esta usina teatral de bons espetáculos e excelentes atores, além de uma escola permanente de cidadania e auto-estima as suas origens negras e africanas. Érico já é conhecido do grande público através do personagem Reginaldo de serie Ó pai ó que a TV Globo já levou ao ar em duas ocasiões e deve retornar no próximo ano. Mas a premiação do ator baiano se deve a sua participação na serie também global Entre tapas & beijos, onde encarna o personagem Jurandir. Vai que é tua Olodum!   

Os "Hermanos" estão de volta

“Los Hermanos”, a banda mais pop e criativa da cena rock brasileira, dissolvida em 2007 sob alegações pessoais, está de volta segundo o seu tecladista Bruno Medina, no twitter. Os integrantes, líderes e vocalista da banda, Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, foram se dedicar a projetos individuais em busca de uma sonoridade distante do som dos Los Hermanos. Não foi uma boa empreitada, embora a volta de agora, como os retornos em 2009 e 2010 não significou uma desistência dessas iniciativas pessoais, mas creio a um atendimento, quase clamor de sua imensa legião de admiradores, por novas apresentações da banda.   
Assim os “Hermanos” estarão na estrada em 2012, talvez a partir de abril, em uma mega excursão que contemplará Salvador, reduto de um bando de admiradores que faz esgotar os ingressos para Concha Acústica do TCA, por exemplo, ao primeiro anúncio de que os mesmos já estão à venda. Ouvir a melancolia benfazeja, mas não só, dos Hermanos em músicas como O vencedor, Retrato prá Iaiá, Todo carnaval tem seu fim, De onde vem a calma, Sentimental, Conversas de botas batidas, Veja bem, meu bem, A flor, O vento, enfim, pérolas para tantos, para todos. Boa viagem, “Hermanos”!