domingo, 29 de janeiro de 2012

Cas(inh)a branca no campo


“Casa no Campo” é dessas canções que ficaram tão associadas à voz de Elis que chega parecer ter sido composta por ela e para ela e não pelo Zé Rodrix e Tavito. E como tal, se Elis não ganhou a autoria ficou a aura de sua interpretação insuperável, como em quase tudo que Elis tocou. Casa no Campo seria o paraíso daqueles que se desencantaram com o rumo de suas vidas e de seu país, nos anos 70, dos que não desbundaram ou partiram para a luta armada, preferindo recolher os cacos do movimento hippie e acreditar na constatação de John Lennon que “O sonho acabou”. Nada mais restava que não “o silêncio de línguas cansadas”, “plantar e colher com a mão a pimenta e o sal” para finalmente “plantar meus amigos, meus discos, meus livros e nada mais” em uma Casa no Campo.

Voltando a ouvir um dos shows de Betânia, em DVD, encontrei no repertório a canção Casinha Branca do compositor Gilson. A composição de Gilson, Casinha Branca, traz a mesma proposta de Casa no Campo quanto à busca da reclusão rural, do afastamento da civilização urbana, como meios de encontrar a paz, a verdade das coisas simples, naturais: “Eu queira ter na vida simplesmente/Um lugar de mato verde prá plantar e prá colher/Ter uma casinha branca de varanda/Um quintal e uma janela para ver o sol nascer”. Simples assim!.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Ah Flamengo, se eu te pego!


Não celebrei a chegada de Ronaldinho Gaúcho ao Flamengo. Sabia que ele enganaria a galera rubronegra com algumas partidas convincentes, gols de craque que ele foi um dia, e muita balada, farra, pagode e funk. E estamos enganados. Sabe-se que o Flamengo tem um histórico pouco edificante de contratar craques por fortunas que nem de longe ou a longo prazo poderia pagar. É a velha história de fingir que se paga e em contrapartida se fingir que joga. A chegada de Wagner Love e a possível volta de Adriano é o coroamento da irresponsabilidade administrativa que há muito tempo ronda o Flamengo.

Prá quem é, foi e será sempre Flamengo, ter visto passar pelo time da Gávea jogadores que encarnavam e incorporavam o espírito rubronegro como Jordan, Paulo Henrique, os baianos Onça e Tinho, Rondinelli, Mozer, Carlinhos, Nelsinho, Adilio, Nunes, Zico, Andrade, Doval e tantos craques lendários que por muitos anos incendiaram o Maracanã, não se conforma, nem aceita ver, hoje, estes bagulhos macularem o manto rubronegro como prostitutas que simulam o gozo, o prazer, por algumas, na verdade muitas, moedas. O Flamengo é maior que vocês!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O aluguel tá caro demais!


Um partido político que atende pelo nome de “O aluguel tá caro demais”, por aqui não receberia nenhum voto e seria tratado com a galhofa e o deboche conhecidos. Já os americanos, que se levam a sério demais, têm o partido registrado e com candidato inscrito, pelo menos nas prévias que antecedem as eleições majoritárias de novembro/12. O candidato americano atende pela alcunha de Papai Smurf, e tem uma formatação próxima das casas dos horrores de onde saiu o nosso folclórico “Enéas”, o que demonstra não ser tão sério assim, tanto o partido como o candidato.

Já a nossa falta de seriedade elegeu este mesmo Enéas com uma enxurrada de votos de fazer inveja a muitos políticos profissionais, algo que os americanos jamais derramarão n’O aluguel tá caro demais, com Papai Smurf ou assombrações semelhantes a tiracolo. Nós preferimos acreditar em “coisas sérias” como PT do B, PTN, PMN, PHS, PSDC, PRP entre outras letrinhas que são nada, nada significam, apenas seus candidatos se aventuram a formar uma bancada de “meia dúzia de três ou quatro” e servir de barganha na composição de qualquer governo eleito. Se tiver um programa de partido, muitos nem tem, os por ventura eleitos jamais leram ou lerão, já que algo que os move tem uma outra leitura, um outro endereço, outra finalidade e de cunho monetário, como se sabe. Já os americanos acreditam mesmo em Papai Smurf, só que não votam nele, mas defendem o direito de, democraticamente, pleitear o improvável cargo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O Rio envolto em pó.


As primeiras imagens dos 03 prédios que desabaram no Rio, no Largo da Carioca, na noite de quarta feira, remetem àquelas do World Trade Center, em Nova York e que derrubaram as torres gêmeas, em um ato terrorista. As semelhanças só não são maiores visto que a tragédia carioca se deu após as 20 horas, poucas pessoas nos prédios e nas ruas, enquanto que a americana se deu á luz do sol, com a população na rua se dirigindo aos seus locais de trabalho. E principalmente pelo fato de que o ocorrido no Rio foi, pelo que se sabe até o momento, fruto de uma fatalidade, falta de manutenção nos velhos prédios, escapamento de gás ou tudo junto, já a bagaceira nova-iorquina foi um gesto frio e calculado de cunho político e revanchista sobre pessoas inocentes que jamais poderiam ser alvo do que quer que seja.

A poeira, o pânico, a busca de noticias, o desespero dos sobreviventes, a aflição daqueles cujos familiares ainda se encontravam nos prédios montavam o painel assustador de uma Cinelândia e Lapa atônitas com sua boemia em polvorosa, procurando abrigo onde só havia pó (aquele não, o outro) e incerteza.

A próposito da partida de um contemporâneo.

Não me causa espanto, tristeza ou impertinentes lembranças do passado, a velhice.  Sinto como algo que se instaurou muito depressa em minha vida e cuja contagem do tempo parece obedecer a outro pêndulo que não o das horas, dias, meses e anos. A passagem do tempo em meu rosto, meu corpo, minhas mãos, cabelos são sinalizadores, e por definição característico, de que meu caminho por aqui está chegando, a uma velocidade que não sei precisar, ao fim.
No entanto, embora o “calendário insista em contrariar”, os fatos que compõem a minha vida continuam exalando um frescor de ontem e não de “naquele tempo”. 

O curso primário, escolas, professores, colegas são lembranças vivas em que pese a perda do contato com tantas pessoas e lugares por tanto tempo, isto por contingências que não invalidam o fato, ainda que os lugares não mais existam ou se as pessoas partiram por caminhos que nunca mais nos puseram frente à frente.  Às vezes dói rever o Ginásio onde cursamos o segundo grau, como a sua primeira turma de concluintes, ser utilizado de modo diferente daquele planejado e construído pela abnegação de tantas famílias. Ali foi e seria a casa difusora de cultura e conhecimento para seus filhos, cuja limitação financeira dos pais, se viam impedidos de buscar seminários e internatos em outras cidades tão distantes de lá.
Andar de trem do Leste Brasileiro até Senhor do Bonfim, Juazeiro ou buscar tratamento médico contra esquistossomose em Jacobina foram viagens cujo encantamento proporcionado pelo meio de transporte, não se repetiu com as primeiras viagens de ônibus pela empresa São Francisco até Salvador. Talvez pelas lembranças amargas dos atoleiros em que caíamos no longo percurso da viagem, antes do asfaltamento da Estrada do Feijão. O trem não atolava, se muito descarrilava o que passava a ser também, um acontecimento quando ocorria.

O primeiro cigarro, a primeira pinga mineira, a primeira namorada, o primeiro baile com orquestra e o rosto colado, as mãos trêmulas tentando tranqüilizar a dama em busca do rodopio perfeito por entre os casais com dois prá lá, dois prá cá, cuja sincronia só depois de algum tempo era conseguida. Enfim, em paz, deslizávamos felizes nossos corpos até os acordes finais quando embalávamos a próxima parte, numa noite sem fim, inesquecível.

Conheci o mar através das fotografias da revista O Cruzeiro, que a mana comprava aos domingos na Estação da Leste, em determinado vagão do trem, durante o embarque e desembarque de passageiros. Nesses dias a cidade, através da Estação da Leste, experimentava um movimento incomum em torno daqueles que iam, dos que chegavam e dos que eram acompanhados em suas despedidas e das saudações os que partiam e aos que voltavam.
O mar de fato veio até meus olhos através de uma visão obtida na Praça Municipal, por uma balaustrada ao lado do Elevador Lacerda. Alguns longos minutos de contemplação foram suficientes para definir como a imagem de maior impacto que a capital pode causar nas retinas de mais um retirante nordestino. O mar nunca mais me deixou, seja pelas canções de Caymmi que escuto desde então ou pela beleza única do mar azul da Bahia.

São algumas pequenas lembranças de uma trajetória que hoje aniversaria e cujo presente maior é ser parte da vida de Camila, Shirley e Moema, como sei que sou parte de suas vidas.
19/05/2009 - 20:01  (Recolhido dos escombros do blog Bazo Borges que mantive até bem pouco tempo na IG)

Terra! Terra!

                                                                            Caetano Veloso
Quando eu me encontrava preso
Na cela de uma cadeia
Foi que vi pela primeira vez
As tais fotografias
Em que apareces inteira
Porém lá não estavas nua
E sim coberta de nuvens...

Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
                                Quem jamais te esqueceria?...
                                            
Foto: NASA

O Rock in Rio da roça começou!


O Rock in Rio da roça deu a partida, ontem, para o seu festival de “musiquinha” vagabunda e otária que abundam (e como abundam!) nossos ouvidos durante todo o ano. O carnaval não é suficiente para a explosão de mediocridade dessa gente, têm que haver vários carnavais fora de época, festas de camisas e sem, ensaio de qualquer coisa, para fazer jus aos seus compromissos bancários e seus investimentos imerecidos, jamais com a música. E até sábado uma horda de desocupados daqui e de longe da aqui encherão o Parque de Exposição, na Avenida Paralela, para saciar a sua fome e sede de uma ração ordinária para sua alma já sedimentada pelo mau gosto e a pela indelicadeza musical que lhe oferecida diariamente, mas nunca suficiente. Se associarmos o festival ao espaço de sua realização e, imaginarmos que o parque foi originalmente construído para a exposição de animais, tudo passa a fazer sentido.

Falou alguém nesta barafunda dita musical, pois não há lugar tão apropriado para esta “coisa” chamada Michel Teló que não o Festival de Verão de Salvador, o Rock in Rio da roça. É de se perguntar, o que é que Vanessa da Mata ou Frejat estarão fazendo na companhia de expressões musicais tão bizarras e descartáveis como estas que lhes farão corte, ainda que por breves horas. Só o cachê, o dízimo musical, para justificar tão incômodas presenças. Eles também precisam sobreviver  

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Os skinreds do bem.


Foto: UOL

Em buca do ouro holywoodiano


O bom filme de Carlos Saldanha, brasileiro radicado nos Estados Unidos, acertou na mosca ou na arara azul, com a animação de Rio. Não apenas por ser um filme bem feito, bem acabado, um produto de Hollywood, mas porque toca numa ferida tão incômoda as nossas vergonhas nacionais, como a exportação de animais silvestres brasileiros, por traficantes de nossa fauna. As autoridades e órgãos responsáveis pelo nosso meio ambiente, em que pese a atuação das polícias ambiental e federal, não conseguem coibir o abuso, o crime. Não fiz qualquer comentário neste espaço na época que assisti a animação Rio, mas, faço agora após a divulgação dos concorrentes ao Oscar deste ano em que música de Carlinhos Brown e Sérgio Mendes, Real in Rio, parte da trilha sonora do filme, está na disputa como a melhor música.

Brown é um compositor e ritmista amalucado, mas criativo dentro do seu imprevisível universal musical e junto a Sérgio Mendes, que vive e faz música nos Estados Unidos há mais de 50 anos e conhece o mercado americano e os humores dos juízes do Oscar, compuseram o tema concorrente. A música é alegre, contagiante e solar como o Rio e pode levar a estatueta. Tô na torcida.

Fofo!


O ex-senador Arthur Virgilio (AM), menino de recado do PSDB paulista (existe outro?), truculento e grosseiro em suas investidas contra o Presidente Lula, recebeu do povo amazonense a fatura devida, não se reelegendo para o Senado em 2010. Mas ele também se notabilizou naquela casa pela pintura dos cabelos e pelo rejuvenescimento obtido à custa de aplicação de doses cavalares de botox.
Leitor do Blog do Noblat pude observar nos artigos do ex-senador, ali publicados, que a figura continua com a mesma cantilena anti-petista e a virulência deseducada contra os seus desafetos, em geral figuras do PT e do governo Dilma, claro, “mas o visual, quanta diferença!”. O botox deve ter passado do estágio de aplicação para ingestão tal a pele luzidia que exibe como um surfista que pega onda em alguma pororoca na desembocadura do Rio Amazonas. Os cabelos escorrem pela testa como os dos mancebos globais e a seguir esta pegada juvenil, não tardará a ser eleito (pelo menos isso) menino do Rio. Rio Amazonas!

Valeu, tia!


Sábado, 21.01.12, em show no Circo Voador, casa de espetáculo do Rio, Rita Lee, para surpresa da platéia e de seus admiradores e seguidores, anunciou ser aquele o seu último show, aliás, o penúltimo já que a despedida dos palcos mesmo, se dará em Aracaju, dia 28.01.. Embora não seja o fim da carreira, já que um disco novo e de inéditas será lançado em maio, o afastamento dos palcos será mesmo definitivo, o que nós súditos da sua majestade roqueira, só temos a lamentar. As alegações vão de cansaço e até insinuações sobre o seu estado de saúde sempre presente na mídia. Ela, no entanto, diz que após os 67 anos, brincalhona como de costume, tem em verdade 64, disse estar cansada de viagens e de toda esta engrenagem do “show business”.

Embora conheça e siga a carreira de Rita desde os Mutantes, dos festivais da Record e do seu envolvimento com os tropicalistas, poucas vezes assisti um show desta que é o símbolo do rock no país. Lembro de uma apresentação sua com Gil no Balbininho no show “Refestança” que fechava a trilogia iniciada por Gil, com o cultuado “Refazenda” e o não tão bem aceito “Refavela”. Enquanto o pau quebrava com a censura fechando o cêrco sobre os artistas mais engajados, Gil de volta do exílio, desbundava de vez, rebolando e cantando com Rita “quanto mais purpurina melhor”, para o ceticismo e espanto de seus até então fieis seguidores. As patrulhas ideológicas não perdoavam.

Outra vez que vi Rita foi no teatro Iemanjá, no Centro de Convenções, no show “bossa and roll” em que ela vertia para arranjos bossanovistas e acústico, seu repertório rock and roll e clássico dos Stones e Beatles. Um show bem comportado conforme se vê, mas uma faceta de Rita pouco conhecida e não menos agradável, ainda que surpreendente. Rita Lee será sempre lembrada pela sua breve permanência nos Mutantes e por discos como Fruto proibido, Babilônia, Lança Perfume, Mania de você, Saúde e inumeráveis sucessos. Vida longa a Rita, mesmo distante dos palcos, mas se espera sempre dentro dos estúdios de gravação. Quem sabe o fim, seja também recomeço.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

"É nós", de novo


Teve inicio neste final de semana a largada dos principais campeonatos regionais de futebol, em especial aqueles de maior visibilidade que são os do Rio e São Paulo. Por aqui, já estamos na segunda rodada e cujos resultados mais expressivos foram a derrota do Barcelona de Itinga para o atual campeão baiano, o Bahia de Feira e a goleada do nosso rubronegro sobre o Juazeiro. Quanto ao nosso Vitória, não se sabe se os 6 x 1, deste domingo, são de fato mérito do time do Barradão ou fragilidade do time interiorano, o que é bem provável.  

Depois da perda do título baiano dentro de casa para o time feirense e a incrível e vergonhosa derrota para o São Caetano, também em casa, poucos minutos do final do jogo, sepultando de vez a possibilidade de voltar a primeira divisão do Campeonato Brasileiro, nos fazem céticos. A cautela e a desconfiança são boas conselheiras. Mas, o nosso retrospecto e a hegemonia conquistada na década com o Campeonato Baiano, com títulos seguidos ano após ano, mesmo com o vexame de 2011, nos faz soberano no estado. “É nós”. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Ebó para os evangélicos

Sábado, 21 de janeiro, foi o Dia Nacional dedicado ao Combate à Intolerância Religiosa, conforme Lei neste sentido aprovada em 2008. Esta Lei até que seria desnecessária há bem pouco tempo atrás, pois se não vivíamos o melhor do mundo laico, havia uma dissimulação, certa condescendência, fazendo crer que se aceitavam as práticas religiosas professadas. A Igreja Católica que já foi amplamente majoritária e em termos constitucionais, a religião oficial do país, mantinha com os cultos de origem africana, candomblé e umbanda, uma política de boa vizinhança. Havia respeito e vistas grossas por considerável parte do clero católico com aquelas manifestações religiosas, visto a associação dos orixás com santos da Igreja Católica. Reprovados, mas aceitos. Junto e misturado, assim como água e óleo, remadores do mesmo barco, mas separados por remos desiguais. Não era diferente com as religiões protestantes. Diplomaticamente, as relações eram respeitosas.

Mas eis que chegam as Igrejas Evangélicas de resultados e nunca mais fomos os mesmos. A histeria dos novos cristãos com seus pastores ávidos por dinheiro e pelo aumento do rebanho a qualquer custo espalhou o ódio, a segregação, a ofensa, a truculência como argumento e força de convencimento. As religiões de matriz africana passaram a ser o alvo preferencial desta canalha de fariseus, anunciadora de um novo tempo e, cujo cenário de hostilidade pode terminar de forma nada cristã. As ações contra a intolerância dessa gente já chegaram aos tribunais de justiça, às delegacias de policia, frutos de agressões, invasões de terreiros, destruição de símbolos sagrados destas religiões, patrocinados por estes supermercados da fé. Ou se trata estes evangélicos como caso de policia mesmo ou estaremos à porta de uma guerra civil, por motivação religiosa. Não passarão!   

Rios de Lágrimas


As ditaduras se equivalem no desprezo que qualquer democrata lhe devota e naquilo que a comunidade internacional trata como algo inferior, desprezível, pela sua característica primeira que é o desrespeito aos diretos humanos nas mais variadas gradações. E os ditadores são seres abjetos, solitários, tristes, carentes de um reconhecimento popular só conseguido à força, na ponta de baionetas e dos coturnos de seus asseclas. São vergonhosamente iguais, como nos sabemos, por que vivemos por algum tempo sob o domínio destes tiranos de triste e não esquecível memória. A Coréia do Norte é uma das poucas ditaduras existentes no mundo neste inicio de século XXI. O seu socialismo apenas envergonha os ideias de uma sociedade justa e igualitária.

Mas, todo este palavrório pretensamente político serve para lembrar algumas imagens recentes da morte do ditador norte-coreano, Kim Jong, também conhecido como King Kong, e a pantomima representada pelos cidadãos da Coréia do Norte na sua partida desta, para uma bem pior. As manifestações populares e mesmo militares podem até parecer verdadeiras, mas só parecem, já que na essência são demonstrações patéticas o suficiente para provocar risos ao invés de comoção. As reações norte-coreanas lembraram o comportamento dessas sub-celebridades (tipo BBB) que bastam perceber a luz vermelha de uma câmara de TV, para começarem a fazer caras e bocas ou dissimular uma surpresa, tentando ser real, natural, sem conseguir sair do burlesco, da empulhação presepeira. Jovens militares se descompondo, se descabelando pela morte de seu algoz, do usurpador de sua liberdade, é um espetáculo só não infantil, porque nenhuma criança merece esta mentira embalsamada, este choro de crocodilo. “Abaixo a ditadura” (qualquer uma; todas).

domingo, 22 de janeiro de 2012

A usura dessa gente, já virou um aleijão.


Passado um ano e pouco da demolição das barracas de paria da orla de Salvador, nada aconteceu de lá prá cá, com o inicio de novo verão e a chegada dos visitantes. Fico a imaginar se não era melhor ter deixado como estava, uma favela a beira mar, que este espetáculo grotesco de caixas de isopor sujos, mesas e cadeiras retiradas de qualquer lixão, escorcha nos preços, mau atendimento e o desconforto generalizado. As alegações judiciais decorrentes de ações de órgãos de proteção ao meio ambiente, inviabilizando o projeto de uma nova orla, não se sustenta por si, já que como pano de fundo ou de frente está a incapacidade administrativa deste que foi e será um dos piores prefeitos da cidade. Com uma Câmara de Vereadores servil e atrelada aos interesses do prefeito, eles se equivalem na desimportancia para a cidade e seus cidadãos, mas não para seus interesses pessoais e mais imediatos que os problemas enfrentados pela cidade.

Por outro lado, na calada da noite do final do ano que passou, eles os edis, nossos (lá deles) representantes se apressaram em aprovar a LOUOS – Leis de ocupação e uso do solo – incluindo em um dos seus artigos a alteração do gabarito dos prédios a serem construído na orla a partir de Amaralina, em quase 50% do inicialmente previsto para estas construções. O que é que um vereador entende de engenharia e arquitetura para limitar ou ampliar o gabarito de prédios a serem edificados, dá o que pensar. Pensar pouco, sem muito esforço, já que nas discussões preliminares da LOUOS era comum encontrar pelos corredores, gabinetes e plenário da Câmara de Vereadores, lobistas das grandes empresas da construção civil de olho neste filão que se apresenta com a liberação do gabarito destas construções na orla. A “copacabanização” de nossa orla pode até vir, mas antes prefeito e vereadores terão que explicar suas motivações urbanísticas ao Ministério Público através de ações de improbidade administrativa, impetradas por três promotoras. O infernal astral desta gente está só começando, já que pipocam pelas redes sociais convocações de protesto contra o prefeito e seus iguais pelo abandono da cidade e pela falta de clareza em projetos polêmicos como estas construções na orla. “Gente hipócrita, gente estúpida”.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Meu pai Oxalá é o rei, venha me valer.

Estive em Salvador na semana da Lavagem do Bonfim e logicamente estive lá no Comércio, na quinta feira, dia 12 de janeiro. Desde os meus tempos “banebianos” que aprendi a admirar, me emocionar e me encharcar com a passagem do cortejo rumo à Colina Sagrada. Bater na tecla que tudo mudou é uma dessas obviedades que não vale a pena repetir por mais saudosista que se seja. Mudou, como tudo e não há como consertar, resmungar, bradar, a não ser seguir a primeira e “armengada” batucada que passar e fazer de conta que é assim, sempre foi assim e deixar o coração mandar.

Mesmo sem os tiros, já há algum tempo, sem os cavaleiros, sem as carroças conforme exigência da Sociedade Protetora dos Animais em proteção aos burros (não todos), sem as bicicletas que sem razão fugiram, mas com o povo e sua alegria baiana que nada detém. Com este vazio daquelas manifestações populares que eram características da Lavagem, os políticos, em ano de campanha, tomaram conta de parte do cortejo para fazer o seu proselitismo político de olho nas eleições de outubro deste ano. Todas estas figurinhas da cena política baiana estavam lá e comemoraram, cada qual ao seu modo, a enorme (?) receptividade de sua pessoa junto a um possível eleitorado. Grampinho, então, do alto de seu metro e meio estava exultante com o sucesso popular, antes de ser abalroado pela multidão que quebrava, ralava o “tchan”, a “tcheca” e mais que houvesse prá ralar, levantava poeira, a saia, a blusa, baixava o short movida a latas e latas de cerveja quente. Era o que se tinha à mão e, o resto ficava por conta da proteção de Oxalá 

Foto: Alberto Coutinho/Secom    

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Só quem pode nos salvar é Senhor do Bonfim!


É comum ouvirmos a difusão da idéia de que vivemos num mar de tranqüilidade, de paz, sempre que nos deparamos com imagens fortes de terremotos, atentados, vulcões, tsunamis entre outros flagelos da natureza ou de humanos mesmos, principalmente desses. Recentemente, uma ONG mexicana jogou uma pá de areia nesta frágil constatação, divulgando um estudo com base em coleta de dados na internet, sobre as cidades mais violentas do mundo. A barbárie e a selvageria quase que ficaram concentradas aqui abaixo da linha do Equador. Das 50 cidades listadas, 40 pertencem a América Latina, fazendo com que se faça de imediato a relação com o subdesenvolvimento e a desigualdade social da região para este quadro de violência e degradação humana.

Do total destas cidades, 14 estão localizadas no Brasil e incluem capitais como Maceió, Fortaleza, Salvador, Espírito Santo, Cuiabá, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Goiânia e por aí vai, Brasil afora. Praticamente 1/3 da violência do mundo está aqui. Quem por exemplo vive ou lê sobre Salvador sabe que no seu dia a dia e em seus finais de semana o “sangue jorra pelos furos, pelas veias de um jornal/eu não te quero/eu te quero mal”. (lembrando Elis). É claro que há uma explicação para esta guerra surda que tomou conta de nossa capital, para quem a conheceu há mais de 40 anos. A miséria não brota de geração espontânea, tem causas claras e seus efeitos se espalham e explodem como num paiol de pólvora. “Triste Bahia o quão dessemelhante!”.

Nem eu!


Foto: Yahoo

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Elis vive!

Após o nosso casamento em 25 de dezembro a primeira má noticia que nos chegou foi pelas ondas do rádio, também pelas imagens de TV. Habitávamos o nosso primeiro espaço residencial no apartamento 101, Bloco B, do Conjunto Recanto dos Pássaros, no Cabula quando soubemos da morte de Elis. A reação instantânea foi sair em direção à estante onde se encontrava parte do nosso acervo discográfico e botar prá rodar qualquer vinil de Elis no prato de pick-up, acompanhado de um conhaque Macieira prá desfazer o nó da garganta, naquele incomum 19 de janeiro.

Todas as vezes que ouço Billy Holiday, mesmo sem entender um real de inglês, sei que ali há uma voz, uma verdade, uma vida, assim como Elis cujo canto derrama alegria, esperança, angústia e dor. A voz de Elis era desafiadora. Sempre me vem à mente um especial seu na TV Globo em que Elis recebia convidados e com alguns deles protagoniza belos duetos. Certa feita Gal Costa foi uma das suas vítimas e, nesta apresentação ficou nítida a intenção dela, Elis, em derrubá-la musicalmente, por força de um balanço irrepreensível e às vezes desnecessário que imprimia as suas interpretações. Elis não se contentava em ser a melhor, a maior, para isto ser de fato comprovado tinha que ser posto à prova mediante a subjugação do outro. Coisas de diva, de estrela, de narciso. Elis vive e é o que importa.  

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O assalto nosso de todo dia

Quarta feira passada, a cidade de Baixa Grande teve a sua agência do Banco do Brasil, mais uma vez assaltada. Até ai nada de novo, tal a freqüência com que estas ações acontecem, não em uma outra cidade baiana, mas em todo estado, quase que semanalmente. O curioso no assalto em Baixa Grande é que a cidade e sua única agencia bancária corre célere para desbancar Cafarnaum, próximo a Morro do Chapéu, que já virou saco de pancada da bandidagem e, vire e mexe no sertão baiano sua agência recebe a indesejada visita dos maloqueiros. Baixa Grande vai chegar lá.

Porém, desta vez os caras se superaram. Após fazerem a limpeza dos caixas e cofre, os bandidos, em número de onze, cantaram o Hino Nacional e como um dos participantes do roubo era aniversariante, cantaram para ele “Parabéns prá você”. E de lá saíram sem qualquer reação, levando três reféns várias sacolas com dinheiro e foram comemorar longe dali. A grande platéia formada por populares que assistia da praça a ação dos bandidos na agência aplaudiu entusiasmada os assaltantes, que em retribuição deram saraivadas de tiros pro ar. Por via das dúvidas os populares se dispersaram em correria prá qualquer canto seguro da praça. Seguro é força de expressão em vista da insegurança que campeia nas cidades baianas, prá desespero dos cidadãos.

Cidade vazia

O final da semana passada deu a Salvador um aspecto fantasmagórico, de cidade abandonada, por conta das comemorações da virada do ano. Muitos tomaram o caminho da Ilha ou da Linha Verde aqui mesmo na capital, outros tantos se aventuraram a enfrentar os engarrafamentos previstos da BR 324 em busca também de cidades litorâneas ou mesmo da Chapada Diamantina naquilo que ela tem de mais amplo, abrangente e acolhedor. O grande número de turistas que já se encontra na cidade não foi suficiente para preencher o vazio que ficou nas ruas, nos shoppings, nos supermercados, nos cinemas e em especial no trânsito. Tudo fluía com uma vagareza bem baiana como, aliás, deveria ser toda cidade em que as pessoas fossem respeitadas e razão de sua própria existência e, que o veículo não reinasse absoluto nas ruas, nas calçadas e pior, por cima dos transeuntes atropelados.

Fenômeno semelhante se dá em Piritiba após os festejos pela chegada do ano novo. A cidade que já vivia mergulhada em sua pasmaceira habitual, neste começo de ano está praticamente entregue às moscas, imagem que faz o maior sentido tal a quantidade delas em qualquer lugar que se chegue. Sorver um gole de cerveja com uma mosca se debatendo no precioso líquido como se fosse uma piscina é comum na maioria dos bares. Mas, muitos saíram em busca da civilização, outros procuraram as praias, o caminho da roça, os shoppings da capital, o assalto mais próximo enfim, foram, deixando para trás uma cidade vazia, a propósito, mais vazia.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

As mangueiras da cidade

Cada quintal piritibano é um pequeno pomar. Mangas, bananas, laranjas, mamões, cajus, cocos há sempre um ou mais pés de frutas para o deleite próprio ou de vizinhos e amigos, nos fundos da casa. Nada, no entanto, se compra a predominância das mangueiras que nesta época do ano imprime um visual de rara fertilidade com seus frutos emergindo de todos os galhos e galhas. Enche de cores o quintal das casas colorindo a paisagem nos deixando a tentação de subir no pé e experimentar a curiosa sensação juvenil de roubar a mangueira dos nossos desejos.

As chuvas escassas no município que impediram as farturas tão próprias da época deixaram a salvo as mangueiras dos quintais piritibanos, já que as mesmas se contentam com os poucos pingos de chuva, além do orvalho das noites nem sempre frias da região.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A nova Fonte Nova

Mais de um mês distante da Capital, a caminhada em volta do Dique do Tororó, na manhã de sexta feira dia 29.12.11, mostrou que a Arena Fonte Nova já apresenta o contorno do que será para a Copa de 2014. Os pilares do lado direito do estádio já sustentam as primeiras arquibancadas do anel superior e sinalizam que as obras terão de agora em diante um novo impulso. Parece que a escolha de Fortaleza para sediar o segundo jogo da seleção brasileira, no Castelão, alem da capital de ser agraciada com um dos jogos das quartas de final, mexeu com os brios das autoridades baianas responsáveis pelas obras da Arena Fonte Nova, que resolveram meter a mão na massa.

Foi um duro golpe para quem tinha a pretensão de até mesmo promover abertura do Mundial de 2014 em nossa capital. Mas, desde o inicio das obras de todos os estádios que sediarão jogos da Copa, Fortaleza e Belo Horizonte saíram na frente quanto ao cumprimento de seus cronogramas de obra. Agora nos resta tocar a obra de nosso estádio para não sermos também relegados para a Copa das Confederações em 2013. Mãos à obra baianada.