sexta-feira, 29 de junho de 2012

Santo Antônio, São Pedro e São João


“Nosso amor que eu não esqueço/e que teve seu começo/numa festa de São João”, a partir deste instante o belo e triste samba de Noel Rosa, Último Desejo envereda por caminhos que não seguimos, já que estamos juntos e esperamos continuar, enquanto os nossos netos não chegam. Também não foi propriamente no São João, mas numa pré-temporada junina, já que em férias do trabalho e da escola aguardávamos o inicio dos festejos em uma barraca armada entre a casa de D. Anita Lima e de D. Francisca, área onde hoje foi construída a agência dos Correios. Todas as noites a barraca ou barracas eram regadas a muito licor, quentão, forró e namoro.

As festas de Santo Antonio chegaram para nós já em Salvador. Não apenas na casa de Tininho e Lucinha, na Liberdade, em comemorações a cada dia trezena, em especial nos finais de semana e mais ainda no encerramento. A casa dos primos e amigos era de fieis convictos em sua devoção. A mesa era farta, com todas as iguarias possíveis e próprias da festa, mas nada limitava que profanássemos o ritual, introduzindo com a sutileza de um elefante em casa de louça, algo alem do licor e da fumaça do incenso. Afinal em Salvador o sagrado e o profano sempre caminharam de mãos dadas, como dois namorados. Mas, a trezena do “insigne português”, “o santo casamenteiro”, Santo Antonio teve e tinha para nós o seu ponto alto em casa de Marina, prima de Moema e vizinha do mesmo prédio na Mouraria, onde morava Dona Nonoca, sua tia e da sua prima Norma Maria, nossa fiel escudeira e companheira de farra e fugidas noturnas. Marina, a dona da casa, conduzia as rezas da trezena, com o livro de cântico em uma das mãos e na outra o recipiente com o fumacê do incenso, mas de olho na janela observando a movimentação da rua e se Ricardo, seu filho mais novo, já estava chegando. E Ricardo atrasava e às vezes muito, o que levava Marina a não seguir o escrito nas orações, mas expressar a sua preocupação com o atraso de Ricardo – ô meu Deus, Ricardo ainda não chegou – enquanto o fumacê do incenso rodava pelas narinas dos participantes que se limitavam a tossir ou procurar algum local mais arejado da sala. Era quase um esquete do programa “Sai de Baixo”. 

Os festejos de São Pedro chegaram até nós, mais recentemente, com a viuvez da sogra, em Morro do Chapéu. As festas de Tapiramutá ou Mundo Novo nunca fizeram parte de nosso calendário festeiro, talvez pelas obrigações de trabalho e escola que não impediam, no entanto, a fogueira e o quentão no Morro, sempre com grande número de familiares e amigos em volta da fogueira de D. Lourdes. Sem dúvida a nossa origem sertaneja e muito identificada com os costumes do lugar, da música de Luis Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, nos tornou fieis profanos de Santo Antonio, São Pedro e São João.

Vôo cego, sem rumo e sem direção.


“É essa juventude que diz que quer tomar o poder” vociferou um tropicalista indignado nos finais dos anos 60, ante uma platéia recheada por uma esquerda universitária ávida por novos “Vandré”, novas “Caminhando”, uma “Merselhesa” verde-amarela, para tornar musical a sua utópica chegada ao poder. Deu no que deu, para ambos os lados. A juventude agora não quer o poder, porque ela já tem o poder. Pouco importa se um poder consentido e conduzido pelos verdadeiros donos do mafuá que ditam a moda, a música, o modo de vestir e pensar, quando pensa e, consume tudo que seu mestre mandar.

Todo este papo de sociologia de balcão ou mesas de plásticos dos bares “pé sujo” da Baixinha e adjacências serve como pano de chão para compreender este fervor juvenil em torno de uma “coisa” como Aviões de Forró que fechou os festejos juninos da cidade alegre. Música pobre, triste, arrastada quando não pornográfica, sem qualquer sutileza, trocando, por incapacidade poética, a graça do duplo sentido pela linguagem rasteira e chula. Um teco-teco cabeça chata se apropriando da marca e do ritmo que imortalizou Gonzagão, por ironia o homenageado da festa de São João, este ano. O forró não merecia este avião desgovernado cuja mira e alvo é o dinheiro fácil, o sucesso acima de seu próprio preço valorizado por jovens que são o reflexo dos criadores da música que consumem.

Bosco & Blanc


Dia 13 de junho, dia de Santo Antonio, foi realizada no Teatro Municipal, do Rio, a entrega do 23º Prêmio da Música Brasileira uma iniciativa louvável da empresa Vale, ex-Vale do Rio Doce. A premiação é feita todos os anos entre vários artistas e músicos brasileiros nas mais diferentes categorias musicais como melhor disco, canção, revelação, grupo instrumental ou instrumentista, arranjador, canção popular enfim, o prêmio é atribuído a mais de 30 personalidades do meio artístico. Como acontece a cada entrega do Prêmio, é escolhido um homenageado com história e serviços prestados a música brasileira a exemplo do mineiro João Bosco este ano e, por conseguinte o seu fiel escudeiro o poeta e letrista Aldir Blanc, responsável por momentos irrepreensíveis da dupla.

A TV Globo gravou a solenidade e, seguindo o comportamento condenável com que sempre tratou a música brasileira exibiu o programa às duas horas da manhã de segunda feira passada. Mas quem conteve o sono e o cansaço de um domingo movimentado foi brindado com a música extraordinária de Bosco e Blanc interpretada por Alcione, Ney Matogrosso, Zeca Pagodinho, Ivete Sangalo entre outros. Por falar na baiana impossível não recorrer a Elis que foi uma das artistas que mais gravou composições da dupla e por esta razão marcou com a sua interpretação canções que acabaram levando a sua marca inconfundível de cantar. Assim, Ivete poderia ter evitado a sua constrangedora interpretação de Corsário, música que traz uma espécie de DNA de Elis e qualquer voz que queira “partir a geleira azul da solidão” irá se deparar com a sombra da “Pimentinha” pairando por estas e outras canções de Bosco e Blanc. Os caras têm um repertório tão amplo e eclético que Ivete poderia ter ancorado seu barco em outro mar, a exemplo de Kid Cavaquinho, alegre e esfuziante como ela.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Yes, ainda termos bananas!


Quando se imaginava que o continente sul-americano tinha encontrado enfim o estado democrático, sepultando aqueles golpes militares que nos envergonhava mundo a fora e, foram responsáveis pelo nosso atraso e por práticas desumanas de poder, vem o Paraguai (como podia ser a Bolívia) abrindo feridas que pareciam cicatrizadas. O processo de impeachment orquestrado pela direita golpista decidiu pelo afastamento do presidente constitucionalmente eleito, Fernando Lugo, por crimes não julgados, nem provados sem qualquer possibilidade de defesa.

A novidade do arbítrio foi que agora não utilizaram a força militar para invadir o Palácio Presidencial, instalando um novo governo com mortes, prisões e invasões de domicílios e fábricas como é próprio da caserna fascista, mas a Suprema Corte do país que se encarregou do papel sujo da deposição. Mesmo assim com a reprovação quase unânime dos países vizinhos ou não da América do Sul empossaram o novo presidente que era vice do presidente deposto e atende pela alcunha de Federico Franco, cujo sobrenome remete ao ditador Francisco Franco da Espanha, de triste e lamentável memória. Desperta América do Sul!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cara nova no samba.


Já fiz aqui neste blog espaço um comentário sobre o Pedro Miranda a partir de algumas músicas baixadas em download, mas que dava a idéia da qualidade de seu canto. Agora, após ouvir Coisa com coisa de 2006 e Pimenteira de 2009 não é temerário afirmar que se trata de um mais um novo nome no samba, assim como o Diogo Nogueira filho de João, confirmando que quem puxa aos seus não degenera. Com o Pedro Miranda não foi um caso de herança, já que originário de uma classe média universitária da zona sul carioca, foi uma espécie de resgate das rodas de samba das casas noturnas da Lapa onde como integrante do Grupo Sementes passou a acompanhar a sambista Teresa Cristina. Em uma linguagem evangélica foi como se o Pedro fosse do mundo do rock, das guitarras e do barato, que de fato era, e o samba lhe trouxe a luz divina de Wilson Batista, Geraldo Pereira e Noel. A imagem é um pouco forçada, mas foi que se deu prá fazer.

Mas, voltando ao Pedro Miranda, a sua carreira solo após a gravação dos discos citados e longe do Grupo Sementes, ainda carece de uma merecida visibilidade nacional, ainda concentrada em casas de show e de samba do Rio. Caetano já disse, a propósito do lançamento do disco Pimenteira, algo como se a voz do Pedro carregasse com a ela a voz de Mário Reis, Ataulfo Alves e Sinhô, uma tradição do samba que não pode se perder. Os discos não são uma reinvenção do samba, estas modernidades pretendidas e nem sempre nunca bem sucedidas desde João. Mas, o bom samba que não tem lugar, nem hora para suas dores de amores, sua alegria, verve e malícia são encontradas em Coisa com coisa, Baticum, Cartas do metrô, O samba é meu dom, 12 anos, Dona Joaninha, e muito mais. Salve Pedro!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O preço da ética no mercado jornalístico.


Não acredito, ou melhor, tenho certeza que se o acordo com o Partido Progressista – PP, do notório Paulo Maluf, firmado em favor da candidatura de Fernando Haddad - PT, fosse urdido com a coligação do candidato do PSDB, o medonho José Serra, a mídia tucana não daria ao fato esta repercussão escandalosa, tão própria dela, que agora tenta dar ao acontecido. Claro que não, já que alem de qualquer ranço ideológico, o que persiste é o preconceito, a postura elitista destes jornalões que um dia representaram a oligarquia paulistana, branca e perversa, que sempre ditou as regras do jogo político no estado e no país, mas há muito não apita mais. Faz barulho, só barulho.

Este papo de ética com querem santificar a Luiza Erundina, por ter sabiamente recusado a condição de vice na chapa petista, é furado, pois não tiveram esta mesma ética no tratamento jornalístico preconceituoso, por ser mulher e nordestina, que dispensaram à candidata e prefeita de São Paulo eleita em 1988.

Charge: Amarildo

De dia sua flor, de noite seu cavalo.


Como era previsível, até mesmo pelo horário, a direção da novela Gabriela tá indo fundo na sensualidade de algumas personagens e que tudo indica rondará toda a trama, principalmente quando o foco se deslocar para as meninas do cabaré de Maria Machadão (Ivete Sangalo). Corpos modelares foram desnudados, a exemplo de Leona Cavalli, a Zarolha, quenga retada do Bataclan no primeiro capítulo e de Juliana Paes, Gabriela, a nova cozinheira de seu Nacif, em um banho de cuia que lavou os olhos de muitos corujões da madrugada.

Cena de impacto e intrigante no segundo capítulo foi a relação do casal Coronel Jesuíno (José Wilker) e Sinhazinha (Maitê Proença) que bem retrata a presença submissa da mulher em uma sociedade fechada e machista, como a Ilhéus dos anos 20, em que a sua atribuição como fêmea era de mera reprodutora. Atendendo aos caprichos do esposo o Coronel e Senhor, Sinhazinha procura a cama que ele ordenou, levanta a saia também obediente, para que ele o macho rufião deite sobre seu corpo imóvel e ofegante busque um prazer sem correspondência. A expressão de Maitê Proença na cena lembra um daqueles “personagens cabeça” dos filmes de Ingmar Bergman dos anos 60/70 que retrata mulheres alheias, frias, distantes dos vícios carnais de alcova. A única reação de Sinhazinha era fitar a imagem de São Sebastião, ao lado da cama, enquanto seu corpo servia aos instintos de seu Senhor, sem esboçar qualquer reação de prazer, mas de desconforto, de uma espera para que aquele momento não se eternizasse, não perdurasse e tivesse um desfecho o mais breve possível. Puro e bom cinema; essencialmente Jorge Amado!

Foto: Maitê Proença

terça-feira, 19 de junho de 2012

No rol dos medonhos.


A prisão do irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho em abril deste ano, por lavagem de dinheiro, mesmo sabendo que a sentença não é séria, pois não será cumprida, foi o inicio do fim da sua rumorosa passagem pelo Flamengo, finalmente e felizmente encerrada. Logo após ter conseguido através da Justiça do Trabalho a rescisão do contrato e a sua liberação de qualquer vínculo com o clube carioca, o Flamengo liberou vídeos e provas do seu comportamento de atleta de cabaré, jogando sobre ele toda a ira da torcida rubronegra. O próximo episódio se deu no jogo contra o Santos, domingo, no Engenhão, com a arrecadação entre os torcedores das camisa do clube com seu nome estampado nas costas, logo abaixo do número 10, para ser entregue a uma entidade assistencial ou alguma central de material reciclável. Nada ficará no clube que lembre a passagem deste funkeiro pela Gávea.

Porem, o seu infernal astral teria o coroamento com a inclusão de sua imagem em um ranking preparado por um site americano Oddee.com, com as mais feias celebridades do mundo. Ronaldinho Gaúcho está em meio a medonhos vivos e mortos como Michael Jackson e Amy Winehouse e vivos como o roqueiro Iggy Pop e a mulher do Kurt Cobain, líder e vocalista do Nirvana, a feia e aproveitadora Courtney Love. Prá quem anda numa maré vazante como o ex-craque gaúcho, não deixa de ser compensador fazer parte desta galeria assombrosa e assustadora, apesar dos milhões que brotam do castelo de horrores de onde saíram. Pai afasta do Flamengo, este mamulengo!

Parabéns ao velho Francisco, hoje aos 68 anos.

O Velho Francisco

                                                                  Chico Buarque

Já gozei de boa vida/  Tinha até meu bangalô
Cobertor, comida/  Roupa lavada
Vida veio e me levou

Fui eu mesmo alforriado/  Pela mão do Imperador
Tive terra, arado/  Cavalo e brida
Vida veio e me levou

Hoje é dia de visita/  Vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco/  Vem todo domingo
Tem cheiro de flor

Quem me vê, vê nem bagaço/  Do que viu quem me enfrentou
Campeão do mundo/  Em queda de braço
Vida veio e me levou

Li jornal, bula e prefácio/  Que aprendi sem professor
Freqüentei palácio/  Sem fazer feio
Vida veio e me levou

Eu gerei dezoito filhas/  Me tornei navegador
Vice-rei das ilhas/  Da Caraíba
Vida veio e me levou

Fechei negócio da China/  Desbravei o interior
Possuí mina/  De prata, jazida
Vida veio e me levou

  Hoje não deram almoço, né/  Acho que o moço até/  Nem me lavou
Acho que fui deputado/  Acho que tudo acabou
Quase que/  Já não me lembro de nada
Vida veio e me levou

Gabriela


A regravação da novela Gabriela exibida a partir de ontem pela TV Globo não será apenas mais uma homenagem ao centenário de Jorge Amado, mas a confirmação da excelência da produção que foi ao ar em 1975 e ganhou algumas reapresentações em épocas diferentes. Desta vez, no entanto, será uma outra novela já que novos atores interpretarão personagens que ainda se encontram de forma inesquecível na memória de quem acompanhou a trajetória da retirante sergipana, que fugindo da seca veio dar em Ilhéus. Também isto, mas não apenas, já que com seu jeito simples e ingênuo, exalando sensualidade por todos os lados e mesas da Bataclan, a morena sestrosa Gabriela revolucionou a pacata cidade litorânea com sua presença perturbadora. Alguns personagens e seus novos atores têm talento e carisma, se não para esquecer os velhos interpretes, mas para marcar e revelar nuances talvez escondidas naquelas interpretações agora apresentadas com nova formatação.

Acredito que Ivete Sangalo, como Maria Machadão, personagem interpretada na primeira versão por Heloisa Mafalda, surpreenderá como a cafetina que comanda o Bataclan e seu batalhão de meninas de vida fácil, mas nem tanto. O Coronel Ramiro Bastos, com Antonio Fagundes no papel que foi de Paulo Gracindo deverá estar perfeito como o líder político e coronel autoritário, bem como o Marcelo Serrado como Tonico Bastos o mulherengo filho do Coronel Ramiro. Curioso é que o Marcelo se despiu a pouco da fantasia do mordomo efeminado Crô, em Fina Estampa, para passar o rodo nas meninas do Bataclan e até em Gabriela, objeto de desejo de todos eles freqüentadores do cabaré de Maria Machadão.

Pelo horário que a novela será exibida, às 23 horas, a direção e a adaptação do texto deverão dar cores fortes e extremas à sensualidade de Gabriela, papel que Juliana Paes tentará fazer esquecer a exuberante Sônia Braga. A cena em que Gabriela sobe em um telhado para pegar uma pipa, deixando um par de pernas morenas e torneadas à mostra para estupefação de um bando de beatas e senhoras horrorizadas e escandalizadas como o “mau subir” em telhado, da cozinheira de Seo Nacib, é antológica. É esperar prá ver!

Foto: Sônia Braga (sempre Gabriela)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Briga de cachorro


Aconteceu em Salvador. Uma família criava um cachorro desde pequeno e em pouco tempo se tornou o xodó de todos em casa. Um dia o cão surtou e atacou no rosto a filha mais nova do casal que por pouco não perdeu o olho. Temendo que a agressividade do animal continuasse contra a criança e, não querendo se desfazer do cachorro pediu a uma amiga da família que o abrigasse por um certo tempo até que ele recuperasse a docilidade perdida.

Passado algum tempo, a família que entregou o cachorro à guarda provisória da família amiga, (muy amiga!) foi buscá-lo de volta ao seu lar de origem. Mas, qual o quê? A “muy” amiga disse não. “O cachorro não sai daqui. Nós recebemos o animal com sinais de maus tratos, de desnutrição e estamos cuidando dele com carinho e atenção e daqui ele não sai”. Tinha todos os ingredientes pra virar barraco e virou, pois a senhora que doou o cachorro por algum tempo saiu da casa da “muy” amiga, chorando e bradando de mãos abanando em direção a delegacia mais próxima.

O bafafá rolou pela delegacia e sem acordo de conciliação foi parar em uma Vara de Família do Fórum Ruy Barbosa com ambas as partes acompanhadas de seus respectivos advogados. Em caso de ir a julgamento a questão, quem sabe o foro legítimo para causas assim, não seria a CPMI do Cachoeira e suas cachorradas políticas e empresariais.

"ACM meu amor"!


Após a morte de Vevé Calazans um dos autores do jingle para campanha política “ACM meu amor”, a demanda judicial prossegue pelo outro criador da peça, o cantor e compositor Gerônimo, buscando a reparação de direitos autorais descumpridos pelo uso indevido do reclame publicitário. Todo o imbróglio nasceu da disputa entre as partes, os autores e o DEM, cada um alegando ser proprietário da música, que segundo Gerônimo enquanto o velhote senador era vivo havia entre eles um acordo de cavalheiros quanto ao uso do jingle. Com a sua morte o DEM se apropriou da peça e usou na campanha de Grampinho em 2008, bem como a TV Bahia.

O caso foi parar na 10ª Vara Cível de Salvador e a causa está em torno de 500 mil reais, já que a lei em casos semelhantes prevê que “o uso vale por 06 meses a hum ano a partir dai, cada vez que o trabalho for usado, o autor tem direito a 50% do preço original”.

O interessante sobre o jingle é que quando os autores apresentaram o seu trabalho aos publicitários da agencia responsável pela campanha eles disseram: “ACM não vai gostar. Com esse negócio de ‘meu amor’, vão dizer que é coisa de viado”. Ledo engano! ACM adorou. Nunca se sabe, ou se sabe. Jornal A Tarde de 17.06.12

Foto: Gerônimo

domingo, 17 de junho de 2012

A hora desta gente bronzeada mostrar seu valor


A cidade alegre já vive a sua plena e única falsa alegria com a aproximação dos festejos juninos. A Praça Getulio Vargas recebe a decoração tradicional de bandeirolas e barracas de palhas ou toldos para as barracas de bebidas em torno do quadrilátero festeiro, à espera dos tocadores.

Mas, enquanto o som não rola, vive-se a expectativa da convenção partidária que decidirá os candidatos para a eleição de outubro próximo. As especulações vagueiam por corações e mentes de festeiros e eleitores da cidade alegre para saber quem os governará nos próximos quatros anos. As apostas são desencontradas e nada sairá da boataria que circunda o ambiente político. Chapas possíveis ou tristemente previsíveis e continuístas como as que se avizinham e lamentavelmente poderão prosperar no que não tem mudança nem nunca terá, caso as cartas continuem nas mãos calejadas de quem fez ou que não fez, mas ainda ditam as regras do jogo viciado. Será que não aprece ninguém que veja e olhe a cidade alegre além de um balcão de negócios, de trocas, de interesses infames que sempre a aprisionará ao atraso e ao descrédito?     

O Rebu


É louvável a iniciativa da TV Globo em disponibilizar em DVDs um grande número de programas de seu rico acervo. São musicais, programas humorísticos como a Escolhinha do Professor Raimundo, Jô Soares, Sai de baixo, Os normais e até programas novos na grade da emissora como Tapas & Beijos já constam com 03 DVDs à venda. Azar do Saí de baixo e meu que ficou em só lançamento, por mais que se tente, peça, rogue junto a Globo Marcas por mais edições do genial programa que permaneceu mais de 10 anos em exibição sempre após o Fantástico de cada domingo, nada, ouvido de mercador.

Melhor sorte tem as novelas, ainda que merecidos seus relançamentos, já que são exemplos de teledramaturgia dentro deste propalado padrão Globo de qualidade. E de fato são, novelas como Roque Santeiro, O Bem Amado, Irmãos Coragem lançadas em 12, 14 ou 16 discos contemplam toda a excelente produção destes folhetins. Quem sabe um dia eles se lembrem de O Rebu, a intrigante novela de Bráulio Pedroso com o mestre Ziembinski e os jovens, à época, atores como Bete Mendes e Buza Ferraz, Carlos Vereza. A trama, um misto de romance da Agatha Christie e filme de Alfred Hitchcock gira em torno de uma festa na mansão de banqueiro em que na manhã do dia seguinte aparece na piscina um corpo boiando. Alguém morreu e não se sabe quem é o morto, nem que o matou. O interessante é que a novela se passa em um só dia e o desenrolar dos capítulos se dá em flashback da festa e da vida pregressa dos participantes, todos suspeitos, alem das investigações da policia.

A novela foi gravada em preto e branco, e isto talvez não motive a sua comercialização em DVD, se bem que Irmãos Coragem também não tem uma fotografia colorida, só que o folhetim de Janete Clair é bem mais palatável que a barra pesada de O Rebu.

Foto: Ziembinski em O Rebu

Os 100 anos de Gonzagão - TV Globo


Com a má vontade conhecida com a música brasileira, sempre relegada ao horário das corujas, a TV Globo exibiu à meia noite de ontem prá hoje um programa musical dedicado aos 100 anos de Luiz Gonzaga. Programa simples, sem aquela parafernália eletrônica de sons e luzes tão próprias de suas produções, possivelmente produzido pela TV Globo Nordeste, com sede em Recife. Cenário de ambiente de bar, com mesas cobertas com toalhas de chita onde os participantes ficavam esperando a sua vez de subir ao palco sob o comando do jornalista e apresentador Chico Pinheiro.

Foi com surpresa que revi o Quinteto Violado, já sem o seu o seu idealizador, Toinho Alves, baixo acústico, desaparecido em 2008 e, substituído por seu filho, mas com Marcelo Mello único remanescente da formação original sem perder contudo a beleza de sua sonoridade e a manutenção de um repertório nordestino e calcado em tradições pernambucanas.

Independente dos artistas que se apresentaram quem reinou absoluto foi a música de Seo Luiz, como os exemplos de Qui nem Jiló, A volta da Asa Branca, Juazeiro, A morte do Vaqueiro, Assum Preto e mais, que as vozes de Elba Ramalho, Fagner, Clemilda, Margareth Menezes e da bela Marina Elali, neta de Zé Dantas parceiro de Luiz Gonzaga souberam dignificar numa noite musicalmente irrepreensível. Seria bom, bom demais, que a TV Globo com todo seu poder e sua audiência tratasse a música brasileira com mais cuidado, mais atenção, dando a ela o horário que ela merece, o horário nobre, às vezes ocupados por bagulhos inclassificáveis.

50 anos depois - 17 de Junho.


Fomos campões do mundo de futebol, na Suécia, sentados no chão e em volta do serviço de alto falante da bomba de gasolina de Miro, na Praça da Feira. Já o bicampeonato, no Chile, quatro anos depois, foi acompanhado no rádio Zilomag do bar do mano, na Praça Getulio Vargas, em meio a caixas de cervejas, litros de pinga, carteiras de cigarro, refresco de maracujá, uma especialidade da casa, entre outras e o burburinho e os bochichos próprios de uma partida de futebol. Os quatro anos que se passaram do alto falante de Miro até o Chile, significaram um avanço na qualidade técnica das transmissões radiofônicas o que permitia a sintonia de emissoras do Rio e São Paulo, o sul maravilha, com uma fidelidade de som ao vivo, quando o motor de luz permitia e o acumulador de energia não estava descarregado.
 
Este tempo entre uma conquista e outra também foi de aprendizado para mim, já que trazia em mente a formação do escrete canarinho, de 1962, com todos os craques botafoguenses e santistas, base do time e, as suas respectivas posições do goleiro ao ponta esquerda. O fervor rubronegro já consolidado, com o Flamengo, me dava uma independência como torcedor, pois já tinha minhas preferências por este ou aquele jogador, mesmo que nunca os tivesse visto jogar, apenas ouvido no rádio ou lido na Revista do Esporte que Nadinho comprava no Trem da Leste.

Hoje 17 de junho de 2012, completam 50 anos da conquista do Bicampeonato do Chile e de um time memorável cuja contusão de Pelé no primeiro jogo e seu afastamento em definitivo dos campos chilenos para os demais, foi a senha para o brilho fulgurante da estrela solitária de Garrincha e sua quase infantil irresponsabilidade. Uma seleção prá se chamar de brasileira e de atletas brasileiros extraordinários como Didi, Zito, Gilmar, Nilton Santos, Amarildo, Zagalo, Djalma Santos, Zózimo de difícil comparação com o futebol que hoje se joga e distante, bem distante de embusteiros feito Ronaldinho Gaúcho.

Seus problemas acabaram!


Enquanto esperava atendimento no Banco do Brasil rotina quase diária em minhas atividades na empresa, o que me intranqüiliza já que permanecer em banco em qualquer cidade, hoje, é um risco constante à integridade física dos clientes e principalmente dos seus funcionários, mas não é exatamente sobre isto que quero falar e sim da situação de uma senhora que foi atendida antes de mim. Em busca da sua aposentadoria no caixa do banco, a senhora recebeu a informação que seu beneficio estava bloqueado e que ela deveria procurar uma agencia do INSS, em Jacobina ou Mundo Novo. Pra quê? O que se seguiu foi um mar de xingamentos, grosserias, lamentos e choros que comovia mais que incomodava, visto as alegações de que o marido era inválido, não tinha com quem deixá-lo, não conhecia ninguém e não tinha parentes na cidade. Um rosário de penas que o caixa pacientemente explicava não ser um problema do Banco, mas do INSS. Cada vez que a sigla era proferida o tempo ameaçava fechar e tudo recomeçar, enquanto esperava a vez de ser atendido.

Não sei o desfecho da encrenca, mas se a encontrasse lhe daria a boa nova de que a cidade contará em breve com uma Agência da Previdência Social – INSS, mesmo sabendo e esperando que ela já tenha resolvido a liberação de sua aposentadoria. Pois é, em uma parte da enorme área atrás do ginásio cenecista, já cercado o canteiro de obras, em frente ao Estádio Municipal, na Avenida Roberto Santos, será construída a Agência do INSS, a exemplo das que existem em Mundo Novo, Miguel Calmon, Jacobina, Morro do Chapéu e que inexplicavelmente a cidade alegre ainda não, talvez por isso.

Obra do Governo Federal avaliada em mais de um milhão de reais que se espera livre de repasses a governo estadual ou municipal e longe da Construtora Delta e suas cachoeiras, se bem que isto é café pequeno para esta gente que atua na pantomima da CPMI do Cachoeira.

sábado, 16 de junho de 2012

A volta do cipó de aroeira.



Renato Gaúcho quando era jogador profissional nunca foi um exemplo de conduta que se imagina para um atleta. Era do mesmo time de Leandro, Sócrates, Nunes, Carlos Alberto Pintinho entre muitos outros desta galeria boêmia, da noite e da cerveja. Só que esta turma viveu em um tempo que a tecnologia engatinhava e os aparelhos celulares e as câmaras de circuito interno eram idéias distantes de algum cientista “nerd”, com óculos de grau forte e o rosto cheio de espinhas sem tempo para acontecer. Caso contrário os flagrantes destes atletas pegadores podiam ser encontrados aos montes nestas revistas de fofocas, veneno que Ronaldinho Gaúcho volta e meia experimenta. Passaram incólumes, mas nem tanto, por esta parafernália eletrônica, mas sempre tiveram em seus encalços algum repórter bisbilhoteiro ou um informante de rádios e jornais em locais que eles imaginavam seguros, para que suas noitadas de farra e motel não vazassem para o noticiário esportivo. Ledo engano!

Agora, a bela filha do ex-jogador gaúcho, prá desespero deste, mete os pés pelas mãos e pelo corpo inteiro querendo expor para um bando de marmanjos babões, em revistas do ramo, as curvas e sinuosidades ainda escondidas em minúsculas roupas. O paizão estrilou dizendo que não, como se dissesse faça o que digo e, não o que fiz com filhas de outros pais. “É a volta do cipó de aroeira, no lombo de quem mandou dar”. Rebelde como um dia foi o pai, a escultural Carol colocou o gaúcho contra parede e quer porque quer dois apartamentos prá não liberar geral nas revistas masculinas. A torcida a favor de Carol é incomparavelmente maior que a de todos os clubes por onde jogou Renato Gaúcho, a exemplo de Grêmio, Flamengo, Botafogo, Fluminense etc., até porque os olhos pidões não têm torcida, nem contra nem a favor, mas somente amor prá dar.

Foto: Carol Portaluppi

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A todo vapor


Novos dias de permanência em Salvador, novas caminhadas no Dique do Tororó e uma nova visão da Arena Fonte Nova. Só mesmo uma obra tocada em três turnos, vinte quatro horas de trabalho para mais de três mil operários, técnicos e engenheiros mostra como a pressão de fora, via FIFA, fazem as coisas andar numa celeridade que as autoridades locais e mesmo tribunais de contas não conseguem. Um dado novo nesta recente visita foi a colocação da estrutura metálica na parte superior da arquibancada que sustentará a mega cobertura  da Arena. Impressiona a rapidez da obra para um evento que os olhos do mundo estão abertos e atentos, tal a paixão que o futebol desperta nos mais distantes cantos do planeta, e isto motivou os governantes para a exibição da mais rápida conclusão de suas sedes.

Acredito mesmo que a Arena Fonte Nova seja o mais adiantado estádio sede da Copa de 2014, já que a velha Fonte Nova veio abaixo para construção de um novo complexo multi-esportivo. Por outro lado, o Castelão em Fortaleza e o Maracanã no Rio que apresentam cronogramas de conclusão à frente do nosso, mantiveram a base da construção e ali se operam obras de adaptação, ainda que de complexa profundidade.

Não há dúvida que a bola irá rolar mesmo daqui um ano em parte destes estádios, enquanto em nossa cidade gargalos como a Avenida Paralela, a Estação da Lapa, o Metrô, as limitações da Aeroporto 2 de Julho, a escassez de vagas nos hotéis da cidade tudo parado e entregues a conhecida ineficiência administrativa dos órgãos públicos. Só um ebó gigante na porta desta gente e nos locais problemas da cidade.

terça-feira, 12 de junho de 2012

No lugar certo, no momento nem tanto


Já me penitenciei, aqui neste recanto escuro, que preciso melhor equalizar as minhas voltas à Salvador com a programação cultural da cidade, para que o prazer de rever familiares e amigos seja acompanhado de um bom programa musical, teatral ou cinematográfico. O que não aconteceu desta vez, que levado pelo dia santo de “Corpus Christi”, quinta feira passada, encontrei a cidade às moscas com o final de semana prolongada e nada interessante que justificasse uma saída noturna para um evento cultural em cartaz. Apenas forrós de procedência duvidosa nos mais duvidosos locais, promovidos por pagodeiros e axezeiros que por alguns trocados são capazes de cantar ópera para um público que são fotocópias de seus artistas.   

Assim, na semana em que devia estar presente, voltei, perdendo a presença rara da cantora Alaíde Costa, pré bossa nova, em um show no Centro Cultural dos Correios, no Terreiro, dedicado ao repertório do também pré bossanovista Jonnhy Alf, no dia 14. Na sexta feira, dia 15, o mesmo palco será ocupado por Claudete Soares em outro show dedicado a obra de Tom Jobim. Imperdíveis. Para um público mais jovem ou antenado com a nova cena musical paulista, Marcelo Jeneci estará se apresentando domingo, 17, no Parque da Cidade, às 11 horas, no Anfiteatro Dorival Caymmi, um local que por si só já vale um domingo no parque.

No cinema é prevista a estréia de Na estrada (On the Road), o novo filme de Walter Sales (Central do Brasil, Terra Estrangeira) baseado no romance de mesmo nome do autor americano Jack Kerouac que influenciou a geração beatnik e que desaguou no movimento hippie nos anos 60. Mas, pelo menos aqui há como recuperar o prejuízo.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O "arrocha" pegando fogo!



Literalmente. Aconteceu com o cantor Pablo, um expoente (negativo) desta nova excrescência musical baiana, o “arrocha”. Em vista de uma apresentação marcada para a cidade Una no Sul da Bahia, a turba enfurecida com o atraso para o inicio do show arrochou os equipamentos do artista. Destruiram a aparelhagem, os instrumentos e o carro que fazia o transporte da equipe e dos aparelhos, transformando tudo em poeira cinza.

O “arrocha”, como convém a falta de imaginação e criatividade destes falsos artistas, nada mais é que um bolero em rotação alterada acompanhada de uma coreografia de sensualidade brega e letras de quem cursou a o primeiro grau a distância, a perder de vista.  

Aprende Neymar!


A edição do Correio, deste domingo, estampou em sua primeira página a manchete Aprende Neymar, a propósito do jogo entre Brasil e Argentina, no sábado. Foi a confirmação de que as comparações entre o jogador brasileiro e o craque argentino ainda carece de qualquer respaldo técnico, visto a superioridade de Messi em relação a Neymar. Enquanto Neymar é um bom jogador da seleção brasileira, o Messi é “mais que um, que dois, que dez, que dez milhões”. Todos iguais.

Jogar contra a seleção argentina achando que o seu craque é apenas mais um bom jogador em campo é sofrer surpresa uma atrás da outra e, assim se deu naquela partida. Não que a seleção brasileira tenha jogado mal, exceto a defesa que não é a titular, mas o time pode fazer um bom papel nas Olimpíadas e mesma na Copa das Confederações, apesar do seu treinador.  

sábado, 9 de junho de 2012

O que não tem conserto, nem nunca terá.


Charge: Simanca

A imortalidade de Nara.


Se estivesse viva, Nara teria completado em janeiro deste ano, 70 primaveras, a idade que Erasmo completou agora no dia 05, ao contrário dos 23 anos de sua partida nesta quinta feira, dia 07. Se não fossemos tão desmemoriados com aqueles que marcaram as nossas vidas com seu trabalho, sua arte, sua vida nada disso seria lamento, mas celebração. Mas, Nara continuará viva em nossa lembrança de admiradores e reconhecedores de seu papel na moderna música brasileira que fincou seus pilares nos anos 60.

A prova desta imortalidade de Nara pode ser constatada através da iniciativa do jornalista gaiato, humorista e violonista Rafael Cortez do CQC, que tinha apenas doze anos quando a musa da bossa nova morreu e pouco ou nada deve ter visto da atuação da grande artista no palco ou na televisão. Mas, não impede que esta admiração se transforme em um projeto musical que vai reunir em outubro, em São Paulo, 15 vozes femininas para interpretar o repertório que Nara imortalizou. Estarão escaladas para este empreendimento artistas como Ivete Sangalo e Sandy, além de figuras da nova safra musical como Mallu Magalhães, Mariana Aydar, Thais Gulin, Roberta Sá, Fabiana Cozza além de Fernanda Takai que começou as homenagens e referências a Nara com o disco “Onde brilhem os olhos seus”, com as canções que ela tornou sucesso.

O projeto deve se transformar em um documentário a ser lançado em 2013 em que esta apresentação deverá ser intercalada com depoimentos de Betânia, Chico, Menescal, Cacá Diegues e outras pessoas que tiveram suas vidas entrelaçadas com vida da grande e eterna Nara Leão.

O roto e o esfarrapado.


Já fui grevista como vocês. No Colégio da Bahia (Central), no Banco do Estado da Bahia (BANEB) e até no Ginásio de Piritiba, se bem que aqui não foi mesmo uma greve, mas uma suspensão de alguns dias pela direção do Colégio, pela elaboração e divulgação no serviço de alto falante da cidade alegre, de um manifesto contra o nosso professor de Matemática, o caro e competente amigo Sandoval.

Mas, se uma categoria entra em greve, reivindicando aumento salarial e apresenta como histórico profissional o segundo índice de reprovação entre os estados brasileiros e o ensino médio é classificado como o sexto pior desempenho no país, há algo de errado na cobrança e no atendimento destas reivindicações. Não se pode paralisar, ainda que péssima, a educação no estado, buscando recompensas imerecidas em termos salariais, abstraindo-se as condições em que se dá esta má qualidade de ensino. Sabe-se que o professor é apenas uma ponta do iceberg de uma educação deteriorada por tantos e tantos anos. Um meio termo, um equilíbrio entre as partes, na tentativa de salvar ou socorrer este naúfrago que é a educação brasileira, talvez fosse a saída.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O que rola no MP3


Gameleira, de Antonio Carlos e Jocafi, que nos anos 70 produziam sucessos, com a ajuda das novelas da Globo ou de algum produtor amigo encastelado por lá, que não aliviava na procura de um personagem para a música dos caras. Descobri esta canção, emocionado, dos baianos fregueses das paradas de sucesso. Gameleira, não teve sorte ou azar de pastar pelas trilhas sonoras globais, mas ficou no meu inconsciente pelo refrão que dizia “As moças da Gameleira/fugiram pro Julião/as moças do “seminaro"/fugiram pro Taboão”, que evidentemente não era mais as moças que um dia foram, pois fugiram.

Quem viveu Salvador nos anos 60 sabe do que estou falando. Eu que cheguei bem depois da farra, quando as moças já haviam fugido para o Taboão, mas as remanescentes (que não desistem nunca) me mostraram o caminho das pedras. E foram. O “seminaro” vem do Liceu de Artes e Ofícios, depois que uma parte foi transformada em Cine Liceu e, que funcionava em uma área que aos poucos foi recebendo uma clientela, como direi, incômoda, para uma instituição católica que ocupava todo um quarteirão. Isto é a história do “baixo meretrício” (por que baixo?) da cidade como percebi ao chegar, chegando.

Ah sim, também estou ouvindo o novo disco de Tulipa Ruiz, Tudo tanto, ou a gravação de Simone “Prá não dizer que não falei de flores” que a maluquice provocada de Vandré proibiu a execução. Quanta coisa esta Comissão da Verdade terá que apurar, prá ser de fato verdadeira. Aumento também o volume para Eternas Ondas de e, com Zé Ramalho.

Senhora das nuvens de chumbo


Sempre que estou de volta a Salvador sou saudado pelo pessoal da portaria do prédio: “Aí Seo Lourimar, veio trazer chuva”. Coincidentemente ou não sempre que chego por aqui trago comigo a chuva. De onde venho com essa chuva, só Deus sabe. Da cidade alegre poderia ter trazido o sol de verão, jamais a chuva, no momento, seu habitat natural que orgulhosa e perversa não aparece por lá.

Ontem no Farol com o final da tarde se aproximando e a expectativa de mais um por sol para matizar o horizonte e as águas da baía, umas assustadoras grossas nuvens negras foram tomando o céu e espalhando pelos carros e pontos de ônibus os poucos visitantes que zanzam por este cartão postal da cidade. E ela chegou, não com a intensidade daquela que segundo Camila foi uma reedição do dilúvio ocorrida há semanas atrás, mas o suficiente para fazer jus a minha presença na cidade, segundo os meus amigos porteiros do nosso prédio.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Dançando ao som da Rádio Patrulha


Foram encontradas irregularidades em contratos da Prefeitura de Corumbá (MS) e apontadas pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Controlaria Geral da União (CGU), com indícios de superfaturamento do show da cantora de axé music Claudia Leite, patrocinado pelo município, realizado no dia 1º de fevereiro na abertura da programação do carnaval da cidade.

O prefeito Ruiter Cunha (PT) negou a acusação. Segundo despacho do Juiz Douglas Camarinha Gonzalez, da 1ª Vara Federal de Corumbá, conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal revelaram que o dinheiro arrecadado do show de Cláudia Leite — acima de R$ 330 mil — seria rateado entre servidores e um homem não identificado (mas cujo número do celular consta na ação de improbidade administrativa contra a prefeitura ajuizada pelo MPF).

Fonte: Site da Jacobina FM 99.1

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Um mar para Minas Gerais


Há uns versos de um poeta mineiro, cujo nome desconheço e diz que “O mar geme e chora em doridos ais/só porque não banha Minas Gerais” ou algo próximo desta melancolia mineira, desta aflição marítima que a natureza ou a divisão da colônia em capitanias hereditárias não legou a Minas. Recentemente os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo aventaram a possibilidade de fornecer a Minas uma saída para o mar. Não será a concessão de uma praia, para os mineiros invadirem como fazem com Porto Seguro ou Guarapari, mas uma faixa de terra naqueles estados que permitiria a Minas a construção de um porto para o escoamento de sua produção de minério. A simpatia que nosso estado e nós baianos temos por Minas e os mineiros bem que poderia ser materializada com a entrega, venda ou doação de uma nesga de nosso litoral, lá no fim da Bahia, próximo a Caravelas, para que a mineirada pudesse fazer seus piqueniques e serenatas.

A obsessão mineira pelo mar é tão grande que nos finais de semana a Praça Ruy Barbosa, mais conhecida como Praça da Estação, a mais antiga e mais tradicional de Belo Horizonte é transformada em uma inusitada praia. Cadeiras, cangas, biquínis, shorts, frescobol, sombreiros, vendedores de cervejas em lata, churrasquinhos e banhos na fonte central que compõe e decora um dos cartões postais. da capital mineira. Não tem areia, mas a areia é muito mais um incomodo que uma falta a ser lamentada, pois gruda no corpo, pode trazer micoses, coceiras, enfim, um desconforto. A guarda municipal já tentou de várias maneiras deter esta patifaria marítima, mas até o direito constitucional já foi evocado como legitima a pretensão de seus freqüentadores que cresce a cada semana, ou como curiosos ou mesmo como banhistas de seu mar, quer dizer, sua fonte luminosa.  

Um domingo desses os freqüentadores promoveram um presente para Iemanjá com oferendas lançadas também na fonte central, para a rainha do mar, que não foi a Minas, mas Minas foi em busca de seu próprio mar, na Praça da Estação.    

Foto: Praça da Estação - Belo Horizonte   

Tá lá um corpo estendido na chão!


Sábado após passagem e papo pelo Bar de Dione subi em direção à casa da sogra na carona de um vizinho. Ao chegar às imediações do Estádio Municipal, entrada do bairro do Cansanção, havia um grande número de pessoas em volta de algo estendido no chão. Em principio pensou-se em um acidente, quem sabe provocado por estas motos que parecem voar.

Ao chegar em casa comentei o fato e a secretária ligou para o hospital para saber de sua irmã que trabalha lá se teria havido algum atropelamento naquele local. Houve sim um acidente, só que a atropelada era uma vaca, daquelas que mugem e balançam o rabo. Quando as vacas são atropeladas em via pública, é porque, provavelmente, a crise alimentar nos pastos em decorrência da seca é mais grave do que se imagina. Coitada da vaca!

domingo, 3 de junho de 2012

A liturgia do cargo.



Acredito que a biografia dos políticos brasileiros, em sua grande maioria, pode ser escrita num rolo de papel higiênico, sem nenhum menosprezo ao papel em nossa higiene pessoal. O maranhense e eterno senador por qualquer coisa, o Zé Sarney, poeta, acadêmico, autor de Marimbondos de fogo, um sucesso familiar, pode muito bem ter a sua história e a sua passagem para a posteridade registrada nos anais sanitários. Uma frase sua, no entanto se imortalizará e fará jus a esta fajuta imortalidade acadêmica, bem mais que os seus poemas em Marimbondos de fogo que ninguém leu, nem lerá: “A liturgia do cargo”. Uma espécie de mantra, de aura que paira sobre qualquer cargo público, misto de respeito e reverência por aquilo que se exerce.

A lembrança da “Liturgia do cargo” me ocorre num momento em que um ministro do Supremo Tribunal Federal, um ex-presidente da república e um ex-ministro de estado se despem da tal liturgia do cargo para se portarem como três comadres nervosas em bate boca de esquina, para espanto da vizinhança que paga os seus salários e que se não pede respeito, porque inútil, pede-se silêncio.   

Foto: Os três Patetas

Como um dia de domingo!


Por mais de 15 anos o pernambucano Ivanilton de Souza, mais conhecido como Michael Sullivan (sabe Deus porque) e o seu parceiro Paulo Massadas inundaram as paradas de sucessos dos anos 80 até inicio dos anos 90, produzindo canções como numa linha de montagem desgovernada em que os sucessos saiam aos borbotões. Tinha prá todo mundo e todos os gostos, desde Xuxa e Angélica até Simone, O Rei, Fagner, Joana, Tim Maia, Fafá de Belém e quem mais quisesse chegar às trilhas sonoras das novelas globais. A crítica caía de pau, enquanto as contas bancárias dos caras e dos seus interpretes iam muito bem obrigado.

Uma canção deles, no entanto, despertou o meu agrado e minha atenção pelo conjunto de letra e música, alem da interpretação de Gal (que também caiu na farra do sucesso fácil) com a participação brilhante de Tim Maia, em Como um dia de domingo. Foi sucesso nacional o que deve ter causado uma ciumeira no grande Tim, cuja gravação posterior da mesma música nem faz sombra a interpretação primorosa de Gal.

Como era de seu feitio, Tim saiu a campo para esbravejar contra a cantora baiana, acusando de boicote a sua participação, que segundo ele teve a voz equalizada para baixo e que soa abafada em relação à voz guia de Gal. Pura paranóia, nada disso se percebe na gravação que é bonita e a participação do Tim só engrandece o resultado final obtido. É um dos grandes momentos da carreira de Gal. Se é sucesso fácil ou não, pouco importa, não se pode gravar Vapor barato, A rã, Baby ou Futuros amantes todos os dias.

"Vai, Carlos! ser gauche na vida"


É insondável o que se passa na cabeça de um pai ou de uma mãe para dar ao seu filho, seja o primogênito ou o caçula de uma prole talvez de dez ou doze filhos, o nome de Pauderney Avelino, como o amazonense deputado federal pelo DEM. Talvez doses generosas de 51, uma boa idéia, que não se revelou no caso, em regozijo pela chegada do rebento ou uma distração dos dois neurônios que saíram para dar uma volta e não voltaram.

Também não se pode sair por aí tergiversando sobre nomes alheios, quando se chama Lourimar, por exemplo, que rapidamente é associado a um pai chamado Lourival e a mãe de nome Maria, numa junção de mau gosto como qualquer armação do mesmo tipo. Quanto ao pai Pedro, longe, muito longe de um Lourival, não daria qualquer sentido àquela estranha grafia nominal, ainda que mãe Maria pudesse trazer algum significado ao que não tem conserto, nem nunca terá. Diferentemente de quem se chama Adaelson e conhece seus pais, sabe se tratar das primeiras letras do nome de sua mãe Adailde e as últimas do grande Nelson, seu pai, nem por isso deixando de ser uma barra forçada a que as novas gerações decididamente se livraram.   

Mas voltando ao insólito Pauderney, diante do qual Lourimar chega a fazer sentido, impossível não recorrer ao Zé Simão e sua serie “Os Predestinados” ou parafrasear versos do Poema de sete faces de Drummond: “Vai Pauderney! ser pau mandado na vida”

Dizendo que não disse o que disse


Não chega ser um novo rico na praça, mas para quem é aposentado e faz ponto na rodoviária com um carro velho na defesa de alguns trocados, para a manutenção de sua família, 600 mil na Lotomania é muito mais que uma sorte grande é um imenso presente. É o que se comenta na feira, nas esquinas, nos bares em torno do prêmio que teria ganhado um cidadão em jogo realizado na Casa Lotérica da cidade. O fato de pedir ao funcionário da lotérica para fazer a conferência do seu jogo, demonstra que o apostador não tinha como hábito fazer diária ou semanalmente a sua “fezinha, portanto sem muito traquejo no mundo das quadras, quinas e senas. O funcionário percebendo que estava de frente para um quase novo rico começou a comemorar e propagar a noticia que se espalhou como um noticia ruim, o que evidente não era o caso.

Percebendo o estrago e as conseqüências que a divulgação do fato poderia lhe trazer, bem como para a integridade de sua família, formou uma tropa de choque com mulher, filhos, sogra, cunhados para dizer que houve engano e não ganhou prêmio nenhum, enfim dizendo que não disse o que disse. Pelo sim, pelo não, é bom se resguardar, já que a cidade é alegre, mas vez por outra mete os pés pelas mãos, principalmente as mãos, rodando velhinhos aposentados e com eles o que restou dos empréstimos consignados ou derrubando militantes infiéis do tráfico de drogas.