domingo, 25 de novembro de 2012

Irã, Iraque, Egito a fila andou

Como rubronegro, o assunto aqui poderia ser outro se houvesse da minha parte qualquer motivação para tergiversar sobre a inutilidade, o vazio, a incompreensão ante o tudo que se revelou ou se transformou em nada. Assim, em termos de nulidade vou ficando com a demissão de técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, pelo presidente da CBF, este senhor que nos tempos da ditadura militar em um congresso amordaçado ele, como deputado federal, colocava a sua voz para tecer louvores aos algozes de plantão e seus asseclas. Não é a toa que a Presidente Dilma vem lhe negando uma audiência por muitos tentada, mas ainda colocada na fila, sem esperança que ande.

A demissão do treinador em si, esperada e cultuada por tantos, foi enfim consumada em um momento em que a seleção se retirava de cena, prometendo retornar no próximo para amistosos com seleções que realmente merecem este nome, como a Inglaterra, Portugal, por exemplo, ao contrário de sumidades como Irã, Iraque, Japão. Se bem que estes amistosos não lhe competem, pois são movidos pela ânsia da CBF em ganhar dinheiro, ao contrário do Mano Menezes, mas não tanto, preocupado em fazer nome contra Egito, África do Sul, por aí. Vai lá que é tua Muricy Ramalho!

Chega de mágoa.


A chuva que caiu no município no inicio do mês poderia ser o prenúncio de que as águas iam rolar, mas dali em diante foram apenas chuviscos, garoa, preparação de uma chuvarada que não mais se confirmou, só intenção e nada mais. O estado da Bahia continua ostentando o desagradável e inquietante número de mais de 218 municípios assolado pela seca, falta de água, calamidade assim como outros tantos municípios nordestinos. Não há uma política governamental séria para um problema que pode deixar de ser crônico, aparentemente incontornável, e que continuará sendo enquanto órgãos como os finados SUDENE, Dnocs ou qualquer outro com esta finalidade, não deixarem de ser cabide de emprego para políticos e seus apaniguados. A propósito sabe-se que um prefeito próximo daqui, derrotado nas últimas eleições, em seu primeiro gesto após ter a sua campanha dado com os burros n’água, retirou de sua pauta de inoperância os carros pipas que abasteciam comunidades inteiras totalmente desassistidas, sem água, além de outras carências. Não merece apenas desprezo, mas a ira de uma população em fúria se ainda lhe restar algum tipo de indignação e revolta.

Em 1985, Michael Jackson e Lionel Ritchie compuseram We are the world e juntos com outros vários artistas de ponta da canção americana, como Bob Dylan Stevie, Wonder, Diana Ross, Ray Charles, Tina Turner gravaram a música e cuja arrecadação sobre a venda se reverteria em beneficio dos flagelados dos países africanos. A bonita canção foi um sucesso mundial e o exemplo se espalhou por vários países com as mais diferentes finalidades, mas todas elas de cunho beneficente.
 
Por aqui, um enorme grupo de artistas também se reuniu em uma campanha semelhante destinada a angariar fundos para ajuda às vítimas da seca no Nordeste, isto também em 1985, no mesmo ano de We are the world. Sem a beleza daquela, Chega de mágoa, composição de Gil, Chico, Milton, Fagner, Erasmo cumpriu sua meritória intenção e foi entoada por muitos, durante algum tempo, na companhia das vozes de Djavan, Rita Lee, Gal, Simone, Betânia, Tim Maia, Alceu Valença, Elba e muito mais. “Terra, olha esta terra/Raça valente, gente sofrida/Chama, tem que ter feira/Tem que ter festa/Vamos prá vida/Te quero terra prá plantar/Te quero verde/Te quero casa prá morar/Te quero rede...”

Qualé o pente que te penteia!


Não teve prá ninguém. O céu podia desabar, o mar revolto poderia invadir todo o litoral de norte a sul, que não tiraria dos noticiários, dos editoriais e das manchetes da grande imprensa, o que nome tenha este ajuntamento de opiniões convergentes numa espécie de monopólio da informação, a assunção do primeiro negro à presidência do Supremo Tribunal Federal. Nada abalaria o rapapé, o salamaleque da elite branca e perversa através da prosa de aluguel de seus jornalistas, devidamente pagos para expressar a opinião daqueles que mandam e desmandam no país, há décadas, talvez séculos.

Esta mesma imprensa que sempre se posicionou contra as cotas para negros nas Universidades públicas, por exemplo, fechou fileira nos afagos e elogios ao ministro, se bem que aqui a motivação, dentro do cinismo que sempre a caracterizou, foi bem outro. O hoje presidente do STF e seus pares representaram o papel de destilar o ódio e a má vontade que eles sempre tiveram contra o ex-presidente Lula e seu partido, ao cumprir o script forjado por ela e endossado pelo Procurador Geral da República o notório Roberto Gurgel.

Quanto à negritude do ministro, cantada em loas pela imprensa golpista, há controvérsia. Desde a sua chegada ao plenário do STF que a sua atuação sempre foi caracterizada por um comportamento grosseiro e deseducado contra os seus pares na tentativa de impor de modo autoritário seus argumentos soberanos sem qualquer contestação. Era como se dissesse e diz que “sou igual a vocês e assim terão que me engolir”,  “sou branco e de alma branca como vocês”, introjetando uma atitude racista de se mostrar igual aos que involuntariamente, ou não, o acha um peixe fora do aquário da casa da viúva.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Boa noite para você, Nelson Martins!


Há um ano e dois meses, por ocasião de seu aniversário, postei o texto abaixo em homenagem ao amigo que hoje se foi. Uma partida prevista, ensaiada, anunciada, mas nem por isso menos triste como toda ausência de um meio que foi nosso, de seus amigos, familiares, sua esposa e filhos. Meu afetuoso e sentido abraço a D. Adailde, Adaelson, Stela, Maristela, Silvio e Beca.

07.09.2011)Naqueles breves dias de inverno piritibano recebi a visita do casal de amigos Nelson e Adailde. Conversamos muito e mais uma vez me penitenciei pelo fato de ainda não ter conhecido a Pousada Capim Guiné, mas que daquela vez seria uma prioridade minha. Daí então começou uma caça ao pirata através do amigo Sílvio que se consumou em um domingo aconchegante naquele que é um dos mais agradáveis locais da cidade. Mas, voltando aos amigos visitantes, pude triste observar o que é que a vida faz da gente. Por que é que a vida é assim? Nestas incursões filosóficas que o filme dinamarquês Melancolia me levou, acabei me deparando com uma reflexão do pensador alemão Nietzsche que cito sem muita certeza de sua versão, mas que deve se aproximar da verdade; quanto ser o homem um erro de Deus e a vida um fardo, algo que nos foi dado, sem qualquer possibilidade de retroceder. Ou sem ir muito longe, ficando por aqui, num verso de um samba de Toquinho e Vinicius “se foi prá desfazer, por que é que fez?”

A citação popular “voltar aos tempos de criança” se materializa em Nelson, em momentos tão infantis como levar para dormir, dar a alimentação na hora certa, dar banho, aquecer no frio, calçar meias, fazer cafuné quando em raros instantes de impaciência indica estar com sono. Difícil acreditar que este retorno a infância se dê não em devaneios próprios da maturidade, de quem sente o tempo passar certo de que o fim inexorável se aproxima, mas fruto de um mal que gradativamente lhe corroí as forças, o corpo, a alma. A miragem de um homem ativo, inteligente, bem humorado, sábio que se esvai, enquanto lembro fatos da minha infância/juventude como aquele em que Nelson Martins mantinha um programa no serviço de alto falante de Piritiba intitulado “Boa noite para você”. Cada programa era dedicado a uma personalidade, um local, um fato, um imóvel, um bem da natureza de nossa cidade. Não sei se os textos eram de improviso ou redigido para leitura no ar. O que sei é da minha curiosidade em ter acesso a estes textos, se é que eles existem o que não creio, para imortalizá-los em um livro ou em registro virtuais nestes tempos que se fossem aqueles estariam transformados em arquivos para a eternidade. Ouvia atento todos estes programas e, inconsciente devo ter sido influenciado não pela oralidade dos textos, mas pelas palavras com quem viria bem mais tarde me identificar em que pese “os erros de meu português ruim”. O prefixo musical que abria e encerrava o programa era uma gravação da Orquestra de Glenn Miller para Moonlight Serenade; solene, elegante, comovente como seu apresentador.

Neste seu aniversário, nunca é demais invocar por saúde, um pouco de saúde, um fiapo que seja de saúde, para que continue por mais, mais tempo entre nós seus amigos, seus familiares, seus filhos, sua querida, dedicada e paciente esposa. Parabéns e este nosso afetuoso abraço nesta e em futuras datas.

Foto: Piritiba News - (Nelson em pose de Sheik do Petróleo)

O novo barulho de Caetano.


Será lançado na próxima semana o novo disco de Caetano, mais uma vez acompanhado da Banda Cê, cuja sonoridade deve seguir os passos dos discos anteriores e Zii Zie que decididamente jamais entrarão na fila dos melhores trabalhos musicais do baiano. O disco é denominado Abraçaço que também segue o mesmo estranhamento dos títulos anteriores e não será por causa de estranhezas que o lançamento deixará de ser um acontecimento como já é com a divulgação da capa e da relação das onze músicas do novo disco.

Como ser Caetano é quase sinônimo de ser curiosidade e expectativa o circo já está armado com a medonha capa e uma música O comunista dedicado ao guerrilheiro baiano dos anos 70, Carlos Marighella, e morto pela repressão militar nas ruas de São Paulo em uma emboscada em que monges beneditinos serviram involuntariamente de isca, já que eles os católicos davam guarida e apoio a Marighella e seu grupo. Mas isto história onde o disco de Caetano passa por admiração e vivência de uma época, já que o que move e balança o novo disco devem ser músicas como A bossa nova é foda, Funk melódico, Quero ser justo, O império da lei e por ai vaga e delira o escandaloso Caetano. É esperar prá ouvir.

domingo, 18 de novembro de 2012

Pé na tábua e fé no freio.


Vira e mexe volta à tona o projeto para a regulação da mídia no país, agora em 2013, mas especificamente para aqueles decorrentes de concessão pública, rádio e televisão, sem esquecer a mídia escrita, jornais e revistas, que embora empreendimentos privados têm que se submeter a normas de equidade e justiça no tratamento dos assuntos e temas abordados. Nada a ver com a independência de expressão, a tão cara liberdade de pensamento lamentavelmente utilizada para ilações, denúncias sem comprovações, calúnias, difamações e outros badulaques da imprensa nativa.

O assessor para assuntos internacionais da Presidente Dilma, Marco Aurélio Garcia, em entrevista a Band News afirmou: “É isso; eu estou falando da TV Globo” ao se referir a edição do Jornal Nacional que às vésperas do segundo turno das eleições municipais dedicou 19 minutos de seus 32 minutos de duração para fazer um resumo do “mensalão”. Será que o “mensalão” estava com esta bola toda ou era apenas louvação ao trabalho que o próprio Jornal junto a outros órgãos de imprensa ajudou a criar?. O que quer que tenha sido, jornalismo é que não é, e isto para uma concessão pública tem que se adequar a certas normas de conduta e atuação.  

Laços de Família - Mel e Belinha


As bonecas Mel e Belinha são as mais novas integrantes de um universo “cuíca” que há bem pouco tempo era um Clube do Bolinha, “menina não entra”, a exceção ficava por conta de Iarinha, mas por seu domicilio residencial em São Paulo era como se às vezes esquecêssemos de sua luminosa existência. Mas aí foram chegando Dany, Shirley, Camila, Luiza, Marina (Junior), Marina (Doro), Joana, Bruna, Vanessa, Indira, Marianne, Clarinha, Malena,  que vieram e vão arejar com beleza e graça este mundo barbado.  

Foto: Uiara, Mel, Belinha e Lú.

Salve o povo pó-de-arroz - Fluminense 2012!


Termina hoje o Campeonato Brasileiro de Futebol - 2012 da serie A, com a vitória incontestável do Fluminense com a antecedência de algumas rodadas antes do término da disputa. A diferença de mais de 10 pontos para o segundo colocado dá a dimensão da superioridade do Fluminense para os seus adversários e possíveis concorrentes como Grêmio ou Atlético Mineiro.

Não foi obra do acaso, como a liderança do time mineiro por algumas rodadas, mas a solidez de uma equipe com nomes que podem pleitear a seleção brasileira ou o futebol europeu como Diego Cavalieri, Carlinhos, Deco, Fred, Wellington Nem, Rafael Sobis entre outros. Um grande e bom time, segundo a avaliação deste flamenguista que “vos fala”. Gostaria de dizer tudo isso sobre o nosso Mengo, mas Dona Patrícia Amorim assim não quis, ficou por aí perdendo tempo e dinheiro com jogadores irrecuperáveis como Adriano.

A propósito, o saudoso sambista Ciro Monteiro, flamenguista como nós,  quando do nascimento da primeira filha de Chico mandou de presente para a garota uma camisa do Flamengo. Chico agradeceu o presente, mas não perdeu o samba que foi gravado como Amigo Ciro que traz versos como “Amigo velho/Amei o teu conselho/Amei o teu vermelho/Que é de tanto ardor/Mas quis o verde/Que te quero verde/É bom pra quem vai ter/De ser bom sofredor/Pintei de branco o teu preto/Ficando completo/O jogo da cor/Virei-lhe o listrado do peito/E nasceu desse jeito/Uma outra tricolor”.

sábado, 17 de novembro de 2012

Coisa mais linda!

Revi esta semana o documentário “Coisa mais linda – História e casos da bossa nova” do cineasta Paulo Thiago, de 2005, em homenagem, mais uma, aos 40 anos da bossa nova. O filme é um primor de delicadeza, saudade e belas canções. Apresentado e conduzido por Roberto Menescal e Carlos Lyra que voltam a uma Copacabana onde eles e um grande número de jovens da zona sul romperam em definitivo com os sambas-canções do tipo “ninguém me ama, ninguém me quer”, para cantar o amor, o mar, o sorriso e a flor em canções inesquecíveis. São histórias e casos por mais conhecidos que sejam é sempre prazeroso voltar a ouvir e saber como tudo e onde começou, além de fatos curiosos que eles e os amigos bossanovistas vivenciaram. O prédio onde ficava o apartamento dos pais de Nara, ponto de encontro deles, João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius, Silvinha Teles, Chico Feitosa, Newton Mendonça, os Cariocas, Norma Benguel e outros tantos casos são mostrados e revisitados sem saudosismos, mas com a certeza de quem fez a história.

Aliás, sobre a Norma Benguel, o Menescal conta uma passagem muito interessante. Norma já era uma atriz famosa na noite, em espetáculos de vedetes do Carlos Machado. Ela já havia sido protagonista do primeiro nu frontal do cinema brasileiro e pela sua aproximação com o pessoal da bossa nova acabou gravando um disco com a participação de Vinicius de Moraes. O disco trazia na capa o modo como Norma gostava de andar: nua, embora envolta em sombras, fundo escuro que deixava à mostra apenas sua silhueta, suas curvas, mas nada de escândalo. O hoje cineasta Cacá Diegues que na época era estudante de Direito na PUC e presidente do diretório fez contato com seus amigos que freqüentavam o grupo da bossa nova e convidou a turma para uma apresentação no teatro de arena da faculdade. Pediu permissão à reitoria católica que concordou com o espetáculo, contanto que a Norma Benguel não viesse. Tentaram demover a direção da PUC da censura, que não deu ouvido e permaneceu irredutível, já que Norma para os padrões da época e em especial para a Igreja Católica era um escândalo ambulante.

O show foi um “arrasa quarteirão”, provocando engarrafamentos, super lotação do espaço e essas coisas do amadorismo do “show business”. Um amigo de Menescal que era presidente do diretório da FAU (Faculdade Arquitetura e Urbanismo) da UFRJ pediu agenda para a turma para que eles armassem também o show em seu auditório, com Norma e tudo, se possível nua. Um gaiato!  

Foto: Capa do disco de Norma Benguel       

Gustavo Alves de Jesus

Enquanto aguardava as estrelas do comício de encerramento da Coligação 40, na Alameda Damasceno Sampaio (Rua dos Ricos), na cidade alegre, fui à Praça Getulio Vargas, mas especificamente no Bar de Beto, para amenizar, com alguma gelada, o calor daquela noite de inicio do mês de outubro. Lá encontrei com outro Beto, o Cowboy, esposa e, ficamos a conversar quando apareceu um amigo de Beto a quem foi apresentado. Era Gustavo do França, vereador e candidato a reeleição que também entrou na conversa com seu jeito alegre, comunicativo, espalhando simpatia aos companheiros de sua comitiva e mandando descer todas para todos, santos e profanos. Lembro-me de ter ouvido falar: “Sou um sujeito ousado”. “Sou 55 e tô aqui no meio de vocês”. Ao que ponderei, sabendo de antemão de suas ligações afetivas e políticas com Ivan e Dr. Jorge, afirmando que o voto não tem marca, identificação, venha de onde vier ajuda na eleição ou algo próximo disso. Depois fiquei sabendo de sua atuação junto a juventude do França em eventos esportivos, recreativos e até religiosos que sempre contavam com a sua ajuda e participação. Alguém muito querido na comunidade. Soube da sua reeleição e bendisse a sua permanência na Câmara de Vereadores e de seu atrelamento à equipe do mandatário eleito em 07 de outubro.

Ontem fui pego de surpresa, bem como toda a cidade com a morte de Gustavo em condições absurdas e vítima de extrema violência. O vereador estava na hora errada, no lugar não menos, frente á frente ao inimigo impiedoso que lhe desferiu 04 facadas fatais por razões desconhecidas, a não ser que o criminoso era proprietário de um bar, onde Gustavo estava e foi morto. Do bar não restou pedra sobre pedra, tudo veio abaixo ante a multidão enfurecida e inconformada. Vai meu irmão, você que não está mais em nosso meio, tenha no meio onde estiver a paz da vida eterna.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

As virgens do cabaré de Rosália

As vestais do PSDB sacudiram suas túnicas encardidas e mal-cheirosas e foram entoar loas ao Supremo Tribunal Federal pelas condenações aos dirigentes petistas na fábula do “mensalão”. Como se costuma dizer “macaco não olha pró rabo”. Mas, eles olham sim, podem não gostar do que vêem, mas por precaução e com olho no futuro tratam de parecer desiguais. Pois, se algum dia, que todos sabemos nunca chegará, sentarem por devida culpa e dolo no banco dos réus, de onde misteriosamente sempre escaparam, será enfim revelada a identidade dos estilingues que são vidraças.

O Supremo Tribunal Federal, bem que poderia dispensar o apoio e a lisonja dos oportunistas de ocasião, até porque falta ao partido do PSDB estatura moral e clareza de propósitos para elogiar o que quer que seja em se tratando de “fortalecimento das nossas instituições e da democracia no Brasil”.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Gonzaga - De pai para filho


Se fosse documentário valeria a preservação de imagens que nem sempre são recuperadas e, pelo contrário, são definitivamente perdidas, ficando a lacuna em nossa história artística e popular. Se é cinema e ficção, embora baseado em fatos reais, “Gonzaga – De pai para filho” chega a assustar pela semelhança encontrada em atores estreantes como são os seus personagens Gonzagão e Gonzaguinha. E numa trajetória conturbada de encontros e desencontros, sucesso e ostracismo, morte, orfandade, busca, lados opostos na política nacional, que são retratados em cenários maravilhosos tanto do sertão como do Rio, que os personagens cruzam e se afastam de suas vidas. em comum.

Para estes ingredientes com forte carga familiar e emocional ninguém melhor para a definitiva costura dos fatos e cenas que o diretor Breno Silveira, responsável pela condução do sucesso “arrasa quarteirão” Os dois Filhos de Francisco que conta de modo convincente e derramado a história da dupla Zezé de Camargo e Luciano. O novo filme do diretor não chega a tanto, mas às vezes paralisa, emociona e se uma vez por outra sentir que algo rola em seu rosto ao som de uma das tantas belas canções de “Seo Luiz” é o sentimento se expressando em forma de lágrima.

Conheci o Gonzaguinha da época do MAU (Movimento Artístico Universitário) e suas participações em festivais da Tupi e Globo e em programas de televisão, com seu jeito abusado e suas canções áridas e contestatórias. O Gonzaguinha pela sua conduta e pelas suas canções transparecia uma amargura e uma revolta que pareciam ser próprias de sua vida. Nada mais errado, segundo nos narra o filme. O filho de Gonzagão é visto como simpático e gentil por sua esposa e por pessoas mais próximas ao artista. Em um dos momentos mais comoventes do filme, Gonzaguinha procura o pai, que nem sempre lhe procurou, em um momento de dificuldade artística e financeira ao contrário do seu, com sucesso próprio e tendo suas canções gravadas por Elis, Betânia, Gal, Simone, Frenéticas, Roberto Ribeiro etc. Juntos eles saem pelo país com o show Vida de Viajante que recupera a imagem do velho “Lua” em um retorno ao sucesso nacional e a aproximação definitiva de pai e filho, para quem foi abandonado e criado pelos seus padrinhos após a morte de sua mãe, por tuberculose.

É o filme sobre dois ídolos populares, que honram a música brasileira, com crédito maior para “Seo” Luis Gonzaga, o Rei do Baião, um criador e inovador com marca indelével em nossa música popular.

Foto: Gonzaguinha e Gonzagão

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Laços de Família - O batizado de Mel.



Foto: Melissa (Mel) filha de Cris e Lucas foi batizada domingo 04 de novembro na Igreja de Santo Antonio da Barra, em Salvador, pelo casal de sobrinhos Ednízia e Tarcísio (Tá) e na presença de grande número de familiares a amigos. A beleza, a simpatia de Mel contagiou todos nós que estendemos todos os braços possiveis para tê-la mais perto de nosso peito, já que em nossos corações todos eles sempre estarão. Bjs.  

Viva Zé Dirceu!

Vai chegando ao fim ao programa de televisão que a oposição não soube fazer para minar os candidatos governistas nas eleições municipais de 2012 e cujo resultado apenas demonstra o fiasco que foi o famigerado “mensalão” que em nada abalou candidaturas de governistas e aliados. As perdas foram muito mais decorrência da má escolha em suas convenções que propriamente reflexo das transmissões diretas da TV e do abundante noticiário televisivo que era muito mais condenatório também que informativo como competiria a um órgão sério de imprensa, o que naturalmente não é o caso.

Continuo considerando o mensalão uma miragem, um delírio, um fato jornalístico que se transformou na única base para condenação dos acusados através da figura de “domínio do fato” criado por um jurista alemão em que o cargo ocupado na hierarquia do partido é a única prova possível contra Zé Dirceu, já que nada, absolutamente nada foi encontrado como prova documental. O cargo no partido ou no governo, sem a comprovação da ordem emanada pelo acusado, não se sustenta como “domínio do fato”, tese que perpassou todo o julgamento. A descrença na criação e formulação da peça acusatória durará até que venha também ser julgada a aprovação dos 04 anos para Fernando Henrique, o valerioduto de Minas e da eleição para governador de Eduardo Azeredo, a Privataria Tucana, o comportamento do Procurador Geral da República do presidente tucano, que ficou conhecido como engavetador geral, já que nenhuma denuncia foi apurada ou transformada em acusação contra figurões tucanos, por mais que se tentasse na Câmara e Senado, já que a Procuradoria congelava e engavetava tudo. Outros tempos aqueles!

Muito mais relevante que as condenações, até pela frouxidão das provas em especial contra José Dirceu e José Genoino, são as demonstrações do ódio anti-petista; os qualificativos; as expressões pretensamente jurídicas, mas chulas; as demonstrações de prepotência e arrogância de quem se espera pelo menos serenidade e isenção; a baba a escorrer pela toga; a fogueira das vaidades onde o papel de coadjuvante não cabe naquele plenário, mas tão somente os holofotes por onde levita a prima-dona da cena.
Viva Zé Dirceu! Viva Zé Genoíno! Viva todos os zés e manés que vivem aqui na terra esperando o que Jesus prometeu, crentes das coisas lá do céu.

Vejo com tristeza e desencanto jovens amigos, espécie de filhos que não tive, mas os tenho como, de quem sempre me orgulhei pela combatividade ideológica, pela consistência de suas argumentações, pela curiosidade com a história que eles não viveram e que posso contar, caírem nos braços de ACM Neto como panacéia para os males que afligem a política nacional. “Eles passarão, eu passarinho”. 

Fotos: José Dirceu, eterno lider estudantil dos anos 60. 

sábado, 10 de novembro de 2012

De novo no Morro.


Sempre que estou na cidade alegre são frequentes as minhas visitas a Morro do Chapéu. Não apenas para desfrutar da hospitalidade, clima, beleza da cidade, mas principalmente para rever familiares e amigos, em especial minha filha que traz em seu ventre a geração do meu primeiro neto. Um motivo que reboca outras razões.

Em ocasiões recentes vinha à cidade para acompanhar estes mesmos familiares e amigos em sua militância a favor do candidato a prefeitura municipal, o jovem Léo Dourado. Conheci o candidato, em uma situação inusitada que relembramos às gargalhadas o modo nada amável com que nos tratou em uma visita nossa a sua casa. Havia um caruru oferecido por sua mãe em que D. Lourdes era uma das convidadas a que acompanhamos juntamente com Moema. Léo era um garoto e o anfitrião desastrado. Ao avistar-nos, logo após o portão de sua casa e, por não reconhecer a convidada muito menos a nós, tratou de retirar a coleira do pastor alemão que guardava e soltá-lo sobre nós. A presença salvadora de sua mãe D. Lucinha nos livrou do massacre canino e de três a menos no caruru de sua mãe.

Mas, Léo perdeu também a eleição. Faltando apenas 06 urnas a serem apuradas ele ostentava uma vantagem sobre o atual prefeito, tentando a reeleição, uma folga de mais de quatrocentos votos. Estas urnas faltosas e restantes chegaram do jeito que o diabo gosta. Uma a uma foram computadas de modo a minar gradativamente a frente do nosso candidato, até a última ser aberta e confirmar a vitória do candidato situacionista por 20 votos. Não merecíamos, nem Léo, nem nós, nem a juventude e o povo morrense.

Mais de um mês depois a cidade ainda não absorveu a tragédia e crê em provas evidentes de compras de votos pelo ganhador, que jamais serão de fato comprovadas e julgadas. Julgamento de mensalão para todos; sem ibope, sem televisão, sem histrionismo de atores mambembes e ávidos por reconhecimento social a provar que são brancos como vocês.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

De Vitória e de vírgulas.

Tenho ouvido de alguns parentes e amigos e, entre eles aquela “meia dúzia de três ou quatro” leitores deste blog, que não comungam com a minha indignação e desaponto com o nosso rubronegro baiano. Aceito as ponderações, mas não mudo uma única vírgula do que escrevi, ainda que elas, as vírgulas, fiquem batendo cabeça, ou o rabo, ao longo do texto a se perguntar “o que é que eu tô fazendo aqui” em orações tão desordenadas.  Assim como as vírgulas, merecíamos um Vitória bem melhor, mais bem colocado, fazendo sentido, além de justiça a maior folha salarial da Serie B, retribuindo o calor e a compreensão de seus torcedores para maus momentos injustificáveis ao longo de todo o segundo turno.

Confesso guardar meu entusiasmo para a Copa do Nordeste, em janeiro de 2013, para a nossa realidade futebolística, distante de uma ascensão a Serie A, cujo resultado é uma disputa e uma luta inglória contra o rebaixamento, já que não se cogita nenhuma conquista de título, sempre restrito às equipes do Sul e de Minas Gerais. A não ser como o cometa Halley ou umas estrelas de brilho discutíveis que se aninham em peitos tricolores através de conquistas que foram meras obras do acaso. Os sete anos passados na segunda divisão e os dez anos sem uma conquista estadual é o espelho de quem só se vê na tela da TV Bahia e em seu programa Globo Esporte Clube Bahia, apresentado por ex-assessores de imprensa do mesmo Barcelona de Itinga. E que faz Ney Ferreira se contorcer na tumba.

Vozes brasileiras


A revista Rolling Stones deste mês traz como reportagem de capa a escolha das 100 maiores vozes da música brasileira e tem como capa a mais que óbvia presença de Elis. A grandiosa e exagerada lista foi responsabilidade de nomes competentes da nossa crítica musical como Antonio Carlos Miguel, Carlos Calado, Sérgio Martins, Nelson Mota, Mauro Ferreira, Tárik de Souza e muito mais, num rol tão extenso quanto o universo escolhido. Quando se comenta sobre as maiores vozes de nossa música é natural que tenhamos as nossas preferências que pode não bater exatamente com a de quem também se der ao trabalho de enumerar suas escolhas. Mas, convenhamos que 100 seja um número cujo alcance deve provocar uma busca desesperada para se atingir a meta estabelecida, correndo o risco de misturar alhos com bugalhos comprometendo a escolha de quem por mérito possa fazer parte de tal lista.

Cada um de nós tem as suas vozes guias, aquelas que nos deram o compasso musical e moldaram o nosso gosto, se possível bom, para, por exemplo, saber e sentir a beleza do canto de Dalva de Oliveira, Dick Farney, Lúcio Alves, João Gilberto, Elis, Tim Maia, Betânia, Ney Matogrosso, Gal, Clara, Bituca, Rita, Nara, Paulinho da Viola e outros que foram e são exemplos para as novas gerações. Que estes artistas figurem em uma lista das melhores vozes de nossa música é pertinente, como são em minha lista. Por outro lado, ao contrário do júri, que para completar os tais 100 nomes partiram por veredas e vertentes onde não ecoam vozes, mas criações, ousadias, inovações de compositores que são fundamentais a linha evolutiva da musica brasileira, jamais detentores de um conto referencial.
 
Só assim faz sentido a inclusão naquele universo centenário os nomes de Lobão, Jards Macalé, João Gordo, Fagner, Johnny Alf, Clementina de Jesus, Ed Motta, o querido Erasmo Carlos, a doce Fernanda Takai, Bezerra da Silva, cuja importância em nosso panorama musical não se prende propriamente a emissão de seu canto, mas a atitudes de renovação e originalidade, se é que me entende.

Foto: Tim Maia

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Dias sem luz, festa sem sol.


A frente fria que se espalha por todo estado e em grande parte do Nordeste, muda a cara do sertão e concede a cidade do Salvador um ar carrancudo e sombrio incompatível com este final de ano, como observado neste último final de semana. Os visitantes já percorrem os locais tradicionais da cidade e a praia do Porto da Barra recebe seus frequentadores habituais independente da presença do sol, que num jogo de esconde-esconde brinca com seus poucos minutos de luminosidade e calor. São chuvas de verão que atrapalha o cotidiano da grande cidade, mas que faz a festa do sertão.

De volta a cidade alegre e suas ruas invadidas por um areal trazido de suas encostas sinaliza que a chuva tão esperada chegou, ainda sem a intensidade pretendida na maior parte do município, mas o suficiente para fazer brotar da paisagem de terra arrasada que nos cerca, uma vegetação verde para contrapor o cinza que se espalha onde a vista não alcança, mas se depreende com a claridade e fogo do sol. Dias melhores terão que vir e a mudança que o município politicamente experimentou vai se fazer também presente em seu solo, na abundância de seus frutos fartos que se espera virão.

Foto: Pulsar

O sumiço da santa.


O Sumiço da Santa é talvez o romance de Jorge Amado onde a religiosidade, a política e o racismo são abordados em uma amplitude e em uma dimensão como nenhum outro romance seu tocou estes temas. Toda a trama é pontilhada por um humor desconcertante e um transbordamento de alegria e fé em que o povo da cidade é autor e coadjuvante de sua própria história, o que seria impensável tal trama pudesse ocorrer em outras paragens que não na Bahia. Com a riqueza deste material no formato de romance era inevitável a sua transposição para o teatro, entregando inicialmente a tarefa a um dramaturgo para a elaboração dos diálogos e a construção das cenas.

E então foi só mãos a obra para o diretor Fernando Guerreiro e a sua longa e vitoriosa experiência em textos onde o humor, a comédia e o escracho estão sempre presentes. Ele recorreu a Claudio Simões, outro bem sucedido autor do teatro baiano, para que desse à história do Sumiço da Santa uma linguagem teatral o que acontece no ACBEU, onde assistimos sábado passado, após termos voltado da bilheteria na sexta feira com lotação esgotada.

O causo ou a história começa quando a imagem de Santa Bárbara trazida de Santo Amaro para Salvador, em um saveiro, onde abrilhantaria a exposição de arte sacra nas dependências do Museu, foi roubada misteriosamente. A partir dai se instaura uma verdadeira zona de fé, preconceito racial e religioso, envolvendo figuras caricatas e engraçadas como o padre espanhol, a beata católica, sua filha biológica e de santo, a mãe de santo, o bispo, o policial, o delegado de costumes e toda uma gama de personagens que só se vê na Bahia. Para alguns, Santa Bárbara não foi surrupiada, mas sofreu uma transmutação em forma de Iansã e saiu pelas ruas da cidade do Salvador, junto ao povo que participava de um carnaval fora de época para atender uma equipe de cinegrafistas franceses que filmava por aqui um documentário sobre o nosso povo, nossa gente e sua decantada alegria.

São duas horas de intenso bom humor a cargo de consagrados atores da cena baiana com trabalhos já premiados em festivais como Andrea Elia, Marcelo Prado, Agnaldo Lopes, Marinho Gonçalves entre outros numa produção dispendiosa que contou com o apoio da Chesf, Embasa e Banco do Nordeste. Um bom momento do teatro baiano!           

sábado, 3 de novembro de 2012

Esse cara sou eu (argghh)!

Enlouquecedor, ainda que volte segunda feira para a pasmaceira e o devagar quase parando da cidade alegre, estou livre da voz de papagaio fanho do Rei. Como se não bastasse à voz do Rei ecoando por qualquer espaço da avenida sete, vem de contrapeso à voz do camelô mercando, a sua rima, em decibéis que os bagulhos sonoros de suas vendas não conseguem. “É fogo, é foda”, como diz o poeta em Subúrbio. Melhor assim, mas é este o resultado buscado por qualquer personagem deste mundo midiático, pouco se importando com a chatice de sua musiquinha chinfrim repetida a exaustão nos ouvidos adeptos ou não da baladinha cafona.

A propósito, saímos da Avenida Brasil e fomos parar na Turquia a reboque da cultura oriental, via Google, de Dona Glória Perez que havia já nos introduzido (eu, hein!) ao mundo das índias através de sua novela Caminhos das Índias. A mulher é tão baixo astral que nem sequer respeita a memória da filha que ela mesma levou ao sacrifício. Que gente é essa! Tudo em nome da arte. Que arte? Novela é arte, pode ser qualquer coisa, até artimanha que é o caso dela com a conta bancária. Que gente menor.

Podem subir, mas prefiro ficar por aqui.

Não é o caminho, mas todos sabemos da dor e da delicia de ser o que se é, como diz o poeta, até porque o torcedor de futebol é um ser passional, onde a razão e o bom senso transitam em um passeio oposto ao nosso. Tudo é no “vamo que vamo”, sem tempo, nem espaço para salamaleques, dengos e perdão. É ganhar e ganhar.
A reação da torcida agredindo com palavras, por enquanto, os jogadores do Vitória que embarcavam para São Paulo para o jogo com o Bragantino, não é o caminho indicado pela sensatez, ainda que a sensatez não nos dê resposta para o desempenho do time neste segundo turno, sem que nada, absolutamente nada, tivesse ocorrido ou possa justificar. Alegar cansaço, excesso de jogos, muitas viagens e coisa e tal não só beira o cinismo, como revela a mentira que é o caráter desta gente. Razões que parecem ser exclusiva do elenco rubronegro, ao contrário dos profissionais (mesmo) do Goiás, Criciúma, Asa de Arapiraca, América de Minas e tantos mais.

A ser verdade uma informação do apresentador de TV, Raimundo Varela, de que uma comissão de jogadores teria pedido 05 milhões à diretoria para classificar o Vitória cai como uma luva para explicação do que ocorreu e vem ocorrendo com o elenco rubronegro. Não se sabe se o diretor que ouviu a indecência retrucou com um merecido, bem dado e certeiro pau na cara do maloqueiro. Com salários em dias, desfrutando de um conforto que nunca tiveram na pocilga de onde muitos saíram, eles desonram impunemente o patrimônio rubronegro em troca de dinheiro como a prostituta mais ralé que entrega seu corpo por alguns trocados, enquanto estes mercenários caem em campo, simulam contusões, culpam os juízes para justificar a indignidade de suas vidas, seus comportamentos.

Haja o que houver, saí da brincadeira, joguei a toalha com ou sem classificação, de mim não ecoará nenhum grito de gol, nem aplauso, nem comemoração. Até para o ano, na primeira ou na segunda, pouco ou nada importa, na certeza de que o Vitória consiga prestigiar sua base e agregar homens, atletas ao contrário deste bando de maloqueiro (as exceções são aquelas da regra) que mancha e macula as nossas cores. Sempre Vitória

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

É um piseiro só!

A festa continua no arraiá do 40, a chapa vitoriosa na cidade alegre. Foi uma das campanhas mais bonitas e emocionante que já assisti e em parte, dentro do possível, participei. A vitória se não viesse não embaçaria o brilho e o ardor com que a juventude piritibana se engajou na campanha, arregimentando velhos e crianças num mutirão eleitoral sem precedentes. Tudo era bonito, jovem e contagiante. As reuniões em frente ao comitê na Praça era quase uma religião, uma seita que de repente se via invadida por todos os lados com bandeiras, carros de som, buzinas de carros e motos e gente, gente chegando ante uma praça até pouco tempo velando pelo sono dos passarinhos que dormiam em suas árvores. Os passarinhos, por certo, compreenderam o desconforto, a invasão do seu descanso comprometido, mas eles sabiam que era por uma Praça bem melhor, para eles e para todos.

Um dado da campanha deve ficar indelével nos corações e mentes de todos participantes do 40 tão: foram “os piseiros”. Se qualquer dicionário já trazia em seu significado a alegria, a festa, o baile como definição, os “piseiros” da cidade alegre transformaram em um acontecimento que vai pipocando em cada distrito, fazenda ou comunidade como uma celebração da vitória intimamente associada a Ivan e Dr. Jorge sempre lembrados e homenageados. Já houve no Largo, no comunidade do Tinguí, Sumaré, e estão previstos novos piseiros para a Areia Branca e Andaraí. 

O interessante é que o próprio distrito mata boi, porco, galinha oferece a bebida para quem chegar e aumentar com sua alegria o piseiro só, comemorando a expulsão de vez dos malditos, dos vendilhões do templo. Haja carreta!

Um mau começo.

Durante á campanha para a prefeitura de Salvador o candidato petista dizia da necessidade de que o novo prefeito fosse um aliado o governo do estado e da presidência, ao que o outro retrucava poder a prefeitura andar com suas próprias pernas (mancas) independente de qualquer atrelamento às esferas estaduais e federais.

Ambos estavam equivocados e faziam apenas jogo de cena diante das câmaras em seus programas de TV, vendendo como podiam seu peixe (podre!). A realidade e o tempo são outros e distante da truculência do “velhote inimigo que morreu ontem”, avô do candidato eleito. Bastava que para tanto o vitorioso e adversário político de ambos os governos estadual e federal, com espírito desarmado e republicano, de modo humilde e não subserviente buscasse esta aproximação e apresentasse as suas reivindicações para a cidade do Salvador, cuja ajuda federal é imprescindível. Deve ser para ele, arrogante e presunçoso, uma tarefa dolorosa e difícil mais que aquela em que metia na lama da periferia o seu sapato italiano e sua calça da Fórum, abraçando aquela gente marrom e cheirando mal em troca de alguns votos. Quem abraçou, abraçou, quem não, espere mais quatro anos e tudo será como dantes.

O inicio já não foi bom, quando em entrevista à imprensa, o novo prefeito declarou que seu contato com o governo federal se daria através do vice Michel Temmer, o que mostra a sua inabilidade e o desconhecimento do humor da presidente. Ao saber da infeliz declaração a presidente chamou o seu vice (aos gritos como diria o Simão) e pôs o trem na linha, indicando o caminho das pedras que passa pela Casa Civil até chegar ao seu gabinete. Vice é vice, um penduricalho a mais na estrutura governamental. Te cuida Salvador!

Oh! Mundo tão desigual

Ainda não tinha visto um show dos Paralamas, assim como nunca vi, e talvez não veja um show dos Stones, embora os caras andem por aqui com frequência, tanta e suficiente para fazer um filho em uma apresentadora de TV. Mas, isto não interessa, bem como esta relação entre a turma do Herbert Viana com a do Mick Jagger, já que os primeiros têm muito mais a ver com o The Police, que propriamente como os Rolling Stones, Mas, uma divagação desnecessária, em torno do assunto.
Sábado passado os Paralamas se apresentaram na Concha Acústica do TCA e como estava na cidade fui assistir ao show como aperitivo às eleições do domingo dia 07, que se mostrou amargo em função do resultado das urnas, mas, fato que os cinquentões brasilienses nenhuma participação tiveram. O acidente que imobilizou parte do corpo do Herbert deixou intacta as suas mãos, salvando o guitarrista extraordinário que continua sendo.

Como observou um amigo cearense que já tinha visto a turnê em Fortaleza, a sua voz que já era de taquara rachada rachou de vez comprometendo ainda mais a sua dicção que não era boa. Pouco importou, pois a plateia que conhecia todo o repertório, como qualquer um sobrevivente do “rock BR” dos anos 80, segurou a onda em uníssono fazendo ecoar por toda a Concha, Meu erro, Óculos, O beco, Alagados, Fui eu, Lanterna dos alogados,Cuide bem de seu amor, Vital e sua moto, Ska, La bella luna, A novidade e mais muito mais.

Tendo a disposição um repertório desta qualidade e de um inegável poder de sedução competia à banda fazer rolar a festa, deixando que os lampejos de competência de músicos excelentes como o Herbert, Bi Ribeiro, João Barone fossem naturalmente surgindo aqui e ali.