sábado, 31 de março de 2012

Agora é Chico, outra vez.




Começou ontem, 30.03.12, a venda dos ingressos para os shows de Chico, em Salvador, a serem realizados no inicio de maio. A fluência de interessados para a possibilidade de ver e assistir, a unanimidade nacional, provoca um frisson, um corre-corre às bilheterias do TCA que fazem a festa dos cambistas que envolvem a área do teatro.

Não será surpresa o esgotamento de ingressos, já amanhã de manhã, em que pese os preços proporcionalmente adequados a conta bancária da classe média exultante, mas por demais distantes dos fariseus que como eu buscou por vias travessas a presença no TCA.  Vale tudo pela possibilidade ver, no palco, o grande artista brasileiro

Próximo da extinção, DEM lança novo logotipo.

Fonte: Cloaca News

sexta-feira, 30 de março de 2012

De não ser alegre na cidade que é só alegria!


Hoje eu acordei mais leve. Não teria o compromisso de deletar em minha caixa de mensagens, no Yahoo, 15 ou 20 e-mail’s diários que entulhavam com a sua desimportância o espaço em disponibilidade para o recebimento de e-mail’s. Estas mensagens eram oriundas de uma comunidade no facebook que não pedi prá entrar, nem fui convidado ou consultado para a sua participação, mas que por certo fazia número para a megalomania pretendida de mil participantes. Estes e-mail’s praticamente não abria e uma das pouquíssimas vez que abri fui recebido como uma alma penada chegando ao inferno. Eram pedras atiradas em todas as direções, só porque exerci o direito democrático de pedir que se suspendesse, para mim, o envio das fotos aéreas da cidade tiradas por um piloto fantasma, pois já estava satisfeito com aquelas recebidas. Prá quê?

A tropa de choque da comunidade, formada por desafetos que nunca criei ou por antipatia que jamais alimentei, saíram da pista do aeroporto para destilar o seu veneno sobre mim. Teve prá todos os gostos. Desde a samaritana de frases alheias, da saltitante anã cabeçuda, do boçal sobrevivente da síndrome de down, da filósofa de barraca de feira e adjacências e até de uma Alberto Cury de saias (embora não as use) espalhando seu rapé de auto-ajuda que seria mais útil se absorvido que espalhado como conselho a quem não pediu. Os donos da mafuá da cidade alegre, que hoje sei quem são e de quem ingenuamente imaginava merecer algum apreço, saíram também brandindo sua indignação contra o meu despropósito. Até tu Brutus!

Hoje, a avaliação ácida (tentando ser o mais polido possível!) que passei a fazer da comunidade e seus propósitos culminou com o meu banimento da mocidade alegre. Passei a viver então um grave drama existencial: Não sei se me atiro debaixo das rodas de uma moto desgovernada ou se peço asilo na embaixada do Sumaré. ... "La nave vá”.

Ao pagode o que é do pagode: A Lei.


Terça feira, 27.03, a Assembléia Legislativa do Estado aprovou por 43 votos a 9, a Lei Anti-baixaria na música baiana, em particular contra composições que denigrem a imagem da mulher. A sua aplicação agora depende do veto ou não pelo governador do estado para a sua sanção. Caso não seja vetada, de agora em diante nenhuma dessas bandas cujo repertório é um tratado de grosserias, xingamentos e desqualificação da mulher não serão mais amparadas ou contratadas com a utilização de recursos públicos. A Lei estende a proibição a músicas com conteúdo racistas e homofóbicas com a mesma regra que baliza a preservação da imagem da mulher. A folga no placar demonstra que a Assembléia foi sensível ao texto da Lei ou recebeu forte pressão de entidades em Defesa da Mulher ou de setores ligados aos Direitos Humanos, ou a minorias discriminadas.

Sou suspeito para comemorar a decisão anti-pagode, tal o asco que sinto não só pela excrescência musical, mas também pelos ditos autores ou compositores das agressões, que parte da mídia tão desprezível quanto eles acolhe e propaga o lixo oriundo dessa aberração apelidada, “pagode baiano”.

Na cola desta pertinente aprovação e imediata aplicação da Lei, as carpideiras das liberdades da expressão saíram das tocas para taxar a lei inconstitucional, anti-democrática e outros argumentos de igual calibre censório. Bobagens! Quem precisa de liberdade de expressão tem a garantia plena do estado em todas as suas instituições, quem não tem este amparo legal, são pilantras, maus elementos travestidos de artistas cujo único propósito e difundir a baixa cultura do mundo onde emergiram

quinta-feira, 29 de março de 2012

São Salvador, Bahia de São Salvador...


“A Terra de Nosso Senhor/De nosso Senhor do Bonfim/Pedaço de terra que é meu” se os versos de Caymmi, para São Salvador, fossem parte do texto de um abaixo-assinado de amor a esta cidade, como particularmente para ele é, não hesitaria em por a minha assinatura neste documento de reverência a esta “cidade que plantei prá mim”.

Salvador completa hoje, 29 de março, 463 anos, mas ainda se apresenta jovem, apesar da roupa rota, dos pés descalços, dos cabelos desalinhados pelos sargaços e sal das marés, da pele morena desidratada pelo abandono de suas administrações municipais em especial nestes últimos oito anos, em que só o ódio devotado ao maior dos seus inimigos poderia justificar tamanha degradação. Mas salvador resiste. Um João Henrique, dois, não são nem serão suficientes para vergar seu brio, seu orgulho, o orgulho de seus filhos e amigos em mais um glorioso aniversário.

Parabéns Salvador!

quarta-feira, 28 de março de 2012

A bruxa de março também levou Ademilde


O chorinho foi uma música criada originalmente para ser instrumental. Quando alguém, tempo depois, pôs letra em choros do Pixinguinha, Jacob do Bandolim, em especial Brasileirinho, encontrou em Ademilde Fonseca a intérprete perfeita. Uma forma de cantar tão rápida como o choro, com melodias não linear em seu andamento e sem comprometer a dicção, com as sílabas pronunciadas com clareza passou a ser uma característica da cantora que incorporou a seu repertório, clássicos como Tico-tico no fubá, O que vier eu traço, Pedacinhos do céu (linda!), Delicado, Teco teco e, o seu cartão de visita, Brasileirinho.

Quando os Novos Baianos se aproximaram do samba e do choro, Baby Consuelo escolheu aquela que seria a sua inspiração e modelo, Ademilde Fonseca de quem conseguiu a proeza de ter a sua gravação de Brasileirinho elogiada pela sua criadora como interprete.

Assisti Ademilde Fonseca uma só vez. Foi em 1977, dentro do Projeto Pixinguinha, no Teatro Castro Alves, ao lado do extraordinário clarinetista e chorão, Abel Ferreira em um espetáculo cujo repertório foi uma antologia de grandes choros. Ademilde Fonseca deixou a vida e o choro nesta data, além de menos alegre e contagiante a música brasileira.

Foto: Zélia Duncan e Ademilde Fonseca

Um careca do barulho.


No Senado Federal existe um grupo de políticos, especificamente formado por partidários do DEM(o) e do PSDB, que por falta de um ideário oposicionista e pela própria incapacidade na proposição desse projeto, vive a reboque de escândalos jornalísticos envolvendo figuras do governo. A menor fumaça de um malfeito governamental eles saem a campo bradando contra a corrupção e pedindo CPI, para apuração da denúncia. Há vários especialistas nesta pantomima pretensamente policial como Demóstenes Torres, Agripino Maia ou Álvaro Dias. Como se sabe eles e suas CPIs não apurariam nada, até porque lhes faltam subsídios e competência para tal, alem das páginas das revistas e jornais, pois o que interessa mesmo são os holofotes da TV, as manchetes e as matérias dos jornais após sua passagem pela tribuna, isto é pelo palanque.

O que é a natureza! Este mesmo Demóstenes Torres, senador por Goiás, pelo DEM(o), se notabilizou pela sua contundência no combate a qualquer desvio de conduta pública, chegando ao extremo de, escudado pelo Ministro do Supremo Gilmar Mendes, querer enquadrar o presidente Lula sobre a existência de possíveis grampos em gabinetes de parlamentares, que jamais foram localizados. Pois Demóstenes foi pego com a boca na botija em telefonemas ao Bicheiro Carlinhos Cachoeira de quem é sócio e amigo em negócios envolvendo uma rede de máquinas caça-níqueis, tendo recebido dinheiro, presentes além de revelações de assuntos tratados pelo senador com figuras do Judiciário, Legislativo e Executivo. O paladino da moralidade de braços dados com um bicheiro que se encontra preso após operação da Policia Federal, acusado de chefiar uma quadrilha de negócios ilegais no estado de ambos, Goiás. Logo tu Demóstenes!

Computa, computador, computa...


O humor brasileiro neste final de mês, até o momento, trouxe duas baixas lastimáveis. Depois do múltiplo Chico Anysio, agora é a vez do inclassificável Millôr Fernandes. Millôr era tantos, que o humor era apenas uma de suas inúmeras faces, já que lhe fica bem os epítetos de pensador, filósofo, dramaturgo, artista plástico, gráfico, jornalista, tradutor, cartunista, humorista na grande imprensa e da não tão grande, já que alternativa, mas que fez um barulho danado, como o PASQUIM de quem foi um dos co-fundadores.

Millôr é eterno e quem se interessar por seu legado literário e humorístico terá pela frente uma tarefa inconclusa tal a dimensão de sua obra. O que conheço de Millôr é pouco, muito pouco diante de sua grandeza, mas suficiente para saber do homem genial como poucos, neste país de celebridades do mundo das letras e artes, nascidas nos cadernos literários e resenhas dos críticos amigos.. Comecei por Liberdade, liberdade, em 65, quando vim morar em um pensionato em Salvador e, que era uma peça de teatro com citações de escritores e pensadores universais e nacionais tendo como tema a liberdade, em um momento que ela estava sob os coturnos militares. Evidente que a peça encenada pelo Grupo Opinião foi censurada e proibida em todo país. Vai Millôr, descansa em paz!

“Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus”.

Engarrafamento na Avenida Brasil.


Saem a alienada e má Teresa Cristina e seu Conselheiro Acácio desgarrado de algum reino egípcio, o mordomo Crô, para a entrada dos personagens, ainda sem definição clara, da Avenida Brasil. Pelo que se viu nos primeiros capítulos a trama ou tramas prometem muitas emoções ou que nome tenha, tudo aquilo que as novelas despertam. As cenas iniciais foram tão bem encadeadas, com um ritmo tão intenso de gravação nas diferentes situações que foram se sucedendo que, se a intenção era, como de fato é, prender o espectador, foi conseguida. Mulher má, marido pilantra, jogador de futebol bem sucedido e brevemente explorado, sofrimento e maus tratos de criança, mulheres traídas, a nova classe consumidora em nossa economia, o subúrbio e seu delírio de ascensão social, uma gama de ingredientes pouco original, mas que dá uma boa liga, uma forte trama quando bem azeitada.

É certo que não acompanharei os capítulos seguintes com a regularidade que o folhetim exige, mas de vez em quando irei saber das estripulias de Cadinho (Alexandre Borges) das maldades da vilã Carminha interpretada por Adriana Esteves que tem tudo prá ser o grande nome da Avenida Brasil, do paradeiro da garota Mel Maia e a sua emocionante Rita, de Murilo Benicio como o jogador Tufão etc. Enfim, foram estes poucos personagens que identifiquei, mas o elenco é estelar alem dos citados, outros como Débora Bloch, Camila Morgado, Carolina Ferraz, Marcelo Novaes, Débora Falabella farão a travessia da Avenida em longos e intermináveis capítulos.

Não seguirei pela Avenida Brasil, mas terei noticias de seu trânsito, seus engarrafamentos, assaltos, acidentes, invasões etc.

Foto: Mel Maia

Que é que é isso Vitória!


A última e convincente vitória rubronegra sobre o “barcelona de itinga” não arrefeceu meu ceticismo e minha desconfiança com a nossa equipe. Uma vitória brilhante não significa termos esperança de que o feito se repetirá na próxima partida. E a próxima foi os 4 x 0 sobre o Juazeiro uma espécie de aperitivo para o jogo do último domingo contra o Bahia de Feira, em Feira. O aperitivo se revelou amargo, com a derrota por 2 x 0.

Uma espécie de complexo de inferioridade injustificável e incompreensível parece se apossar do Vitória toda vez que tem de se deslocar ao interior do estado para jogos do campeonato. Algumas destas equipes interioranas são mesmo times de roça, em que todos correm para o espaço do campo onde se encontra a bola e quando ela é encontrada é arremessada ao alto, ao mais alto possível, como aqui se convencionou a chamar de chutão de São João. O time visitante fica atônito e entra na correria, nos chutões, no desespero e acaba perdendo a partida. Quando o jogo é em casa, a vitória é certa; só que o campeonato não é disputado apenas no Barradão.

È imprevisível a campanha do Vitória na Copa do Brasil e mesmo no Campeonato Brasileiro. Cada vez que tiver de jogar fora de casa como aconteceu no ano passado quando o time não conseguiu deixar a serie B do Brasileiro, por derrotas e empates com equipes visivelmente inferiores à rubronegra, tudo parece irá voltar ao que passou. Com jogadores experientes com quilometragem rodada em outras grandes equipes não se justifica esta inconstância. Que p(*) é esta Vitória!

Será que vamos conseguir vencer?


O programa Domingo Espetacular, da TV Record, exibiu uma reportagem com o baixista e ex-integrante da banda Legião Urbana, Renato Rocha, que entristeceu e comoveu os aficionados em música, em especial os admiradores da extinta banda brasiliense. Quando a banda estava na ativa, antes da morte de Renato Russo, o relacionamento entre eles, principalmente do Rocha com o Marcelo Bonfá e o Dado Villa-Lobos era de puro desmerecimento por parte do baixista com eles, por serem brancos e bundões, segundo seus olhos e principalmente por serem músicos menores, sofríveis, primários. Já com Renato Russo, a convivência era de tolerância e conveniência até porque ambos pegavam pesado nas drogas e ele era o cantor, compositor, band-leader e referência da banda. Podia tudo, tanto que quando o clima esquentou o Russo optou ficar com os amigos brancos e “mauricinhos” ao invés do mulato rebelde que era o Renato Rocha.

A saída da Legião Urbana significou para o baixista uma sucessão de erros e desacertos profissionais que se refletiram em sua vida sentimental ao tempo que o envolvimento com as drogas era crescente. Daí pra a sarjeta foi um passo e mais uma vitória deste mal cruel para a sociedade brasileira. Mais uma perda nesta guerra surda da qual apenas, por enquanto, um lado canta vitórias ou velórios.

domingo, 25 de março de 2012

Hoje é domingo - Dia de Beatles.


Enquanto se espera que um  dia sejam relançados os filmes Reis do Iê,iê,iê ou Help, com os Beatles, vai se contentando com a relançamento em DVD e Blu-Ray de Yellow Submarine o desenho animado com o quarteto de Liverpool, para maio deste ano.

O filme Os Reis do iê,iê.iê (A hard day’s night), por exemplo, vai permanecer sempre na memória como o dia em que salas inteiras do Colégio da Bahia-Central abandonaram as aulas, filando as mesmas, para invadir o Cine Guarany, ocupando todos os espaços, inclusive as laterais por onde circularia o lanterninha. Foi uma celebração, uma festa, até por quem arranhava o inglês, mas conhecia a melodia, para acompanhar os cabeludos ingleses em palmas cadenciadas ou em um inglês abaianado.

Los Catedrásticos - A nova poesia baiana.


Será realizado no próximo final de semana, em Salvador, o Festival de Humor da Bahia – Fhuba, dias 31 de março e 01 de abril no Teatro Castro Alves. A programação destes dois dias será ininterrupta numa espécie de virada cultural dentro das dependências do TCA, com apresentações de espetáculos teatrais, palestras, programas de calouros, humoristas, bailes, bate-papo etc. Entre as peças da programação teatral figura Los Catedrásticos que faz uma leitura bem humorada e escrachada das letras das músicas baianas, axé e pagode, transformadas em um recital poético (como se fosse possível). Assisti ao espetáculo nos anos 90 e foi a grande sensação da temporada teatral da época.

Como estarei neste final de semana em Salvador, irei rever Los Catedrásticos e para tanto já reservei os ingressos. Desta vez o espetáculo conta com os atores Jackson Costa, Cyria Coentro, Ricardo Bittencourt e Maria Menezes o grande nome do humor baiano. Maria é uma atriz versátil que pode fazer rir e também refletir como em Uma vez nada mais ao lado de outra boa atriz baiana, Aicha Marques

Louco por você

O inicio da carreira do Rei aconteceu com a gravação de cm compacto simples com as canções João e Maria e Fora do Tom, em que o Rei comete uma imitação rasteira de João Gilberto. Não podia dar certo e não deu. E assim o Rei considera o LP Louco por você como de fato o marco inicial de sua trajetória vacilante quanto ao estilo, embora brilhante. Pois é exatamente este disco que o Rei sempre renegou e nunca permitiu a sua reedição, e cuja cópia no mercado de discos antigos e raros chega a três mil e quinhentos reais. Dali surgiram seus primeiros sucessos, por assim dizer, como Olhando para o céu que é uma versão de Look for star ou Chore por mim, que também é uma versão de Cry me a river.

Ultimamente o Rei avaliou a possibilidade de relançar Louco por você, mas voltou atrás, alegando as péssimas qualidades técnicas do disco. É possível mesmo que o disco não tenha uma boa qualidade de gravação, já que gravado há 50 anos sofre das limitações próprias da época.Mas, nada que não pudesse ser melhorado por um bom produtor musical e um competente técnico de gravação nestes estúdios de alta tecnologia. Mas o Rei é chegado a estes delírios perfeccionistas, quando não religiosos, só assim se pode justificar o desprezo a Quero que vá tudo pro inferno ou a alteração das letras de É preciso saber viver ou Além do Horizonte para se encaixar, de algum tempo atrás, no seu perfil de messianismo cristão.    

Com todas as imperfeições técnicas possíveis para gravações da época, o seu relançamento iria de encontro a curiosidade de seus admiradores e colecionadores de sua ampla discografia. Qualé Rei? Libera aí.

Tá lá um corpo estendido no chão.


A tragédia ocorrida ontem na cidade revela a fragilidade, a incapacidade do poder público em lidar com ocorrência como esta. Os corpos ficaram jogados ao chão, na mesma posição em que foram mortos, durante toda a manhã, pela inexistência de um perito para o levantamento cadavérico. Tambem naquela manhã havia a indisponibilidade de uma ambulância para que os corpos fossem levados a Jacobina, onde seriam periciados.Apenas um policial guardava a residência onde ocorreu o crime para impedir o acesso de curiosos as suas dependências.

Contrastando com este quadro de desassistência social, a cidade alegria estampava em várias de suas ruas, faixas que em uma espontaneidade comovente, parabeniza o prefeito pela aprovação de suas contas a cargo do Tribunal de Contas dos Municípios-TCM. Creio que para um gestor público ter as suas contas aprovadas por qualquer tribunal em qualquer instância é uma obrigação, algo natural, jamais motivo de regozijo ou comemoração. Só mesmo esta inversão de valores, um chute na barraca da ética e da moralidade para justificar o forró, o banzé.

Triste cidade alegre!


A cidade alegre amanheceu ontem um pouco menos alegre, com o triplo assassinato ocorrido na madrugada daquele dia. Desconhecem-se as causas, mas as suspeitas, as especulações não, já que elas, incontroláveis como costumam ser, pipocam daqui e dali com a intensidade e a perplexidade que as barbáries sempre causam. O centro da questão não difere em nada daqueles que servem de munição para as manchetes dos jornais sensacionalistas ou combustível para os apresentadores de programas mundo cão da TV, das grandes cidades.

As drogas parecem ser, por enquanto, uma guerra em que o poder público é francamente derrotado. Em uma cidade como essa em que o nível de emprego e ocupação é muito baixo, trona-se presa fácil o aliciamento de homens, mulheres e jovens para o tráfico e o comércio ilegal das drogas. A oferta da droga é a mesma arma que dissemina a procura entre uma juventude perdida, sem perspectiva, sem amparo entregue ao seu próprio desencanto.

As redes sociais não repercutiram o fato, quem sabe, sinalizando que a alegria não é para todos, em particular se o indigitado reside na Mistura, tem a pele marrom, não desfila em carro importado ou mora em bairro privilegiado, tudo isso que samaritana das frases alheias associa a inveja, eu prefiro identificar como desigualdade e exclusão social.

sábado, 24 de março de 2012

Tirnado onda...




A cinematográfica casa de Lina e Edward em Sauípe tem servido de cenário para alguns poucos amigos abusados como nós, tirarmos onda, num condomínio que pode ser o sonho de consumo de qualquer um. Tranquilidade, silêncio, paz e a lamentada ausência de uma barraca, de um ambulante, de um ispor vendendo cerveja em lata ou garrafa, registrando, para desespero do síndico do condomínio, este mau costume baiano. Não que não houvesse a cerveja na casa hospedeira, pelo contrário, havia e muita, mas nada como o papo furado do barraqueiro, da baiana do acarajé, do ambulante em busca de algum trocado, oferecendo em troca o vazio de seu papo.

Desta vez, eu, Moema, Camila, Lola e Walquiria experimentamos o conforto residencial e paisagístico de um local maravilhoso, proporcionado por Lina, a anfitriã e proprietária do cenário.

Recebi agora, muito tempo depois, várias fotos enviadas por Walquíria, uma pessoa que você conheceu ontem, mas que parece tão íntima como só as pessoas amigas, amáveis e disponíveis são. Apenas como registro posto a foto acima, eu que sempre me escondo, mas desta vez mancho a beleza do lugar.

Ele voltou, o boêmio voltou novamente...


Demitido por justa causa do Corinthians, o Imperador, mas candidato a Rei Momo, o jogador Adriano carrega pedras em Búzios, enquanto se prepara para arrastar os chinelos no Ninho do Urubu, na Gávea. É o Flamengo o caminho natural de todo jogador rodado que finge jogar e em contrapartida nem sempre vê os salários acima de quatrocentos mil mensais propostos em contratos nem sempre cumpridos.

Prá quem já tem Wagner Love, Ronaldinho Gaúcho entre outros embustes, Adriano é apenas uma pedra a mais no dominó que é esta casa de tolerância que visou o Flamengo. A propósito, Carlos Alberto que já rodou pelo Vasco, Grêmio, Bahia, Atlético Mineiro e agora ensaia a sua volta ao Vasco, poderia se juntar ao elenco baladeiro do Flamengo. Caso não chegue a formar um grande time, com certeza o Flamengo terá uma galera animada para qualquer baile funk ou em para qualquer barca na Barra da Tijuca. Abre o olho Flamengo! 

sexta-feira, 23 de março de 2012

Não é mentira Terta! Fui...


Foto: Chico Anysio

Qualé o pente que te penteia!


O cara tem fama, dinheiro, mora em palácio, tem o mundo os seus pés e os pés na bola, como alguns jogadores de futebol brasileiro, na Europa, mas não é tudo. Parece que falta naquele mundo, o dele, um utensílio doméstico, simples, barato, essencial que é o espelho. Assim, veria o quanto ficou medonha a sua imagem refletida, antes de se expor aos seus amigos e seus adoradores. O cabelo topete de Robinho, por exemplo, além do ridículo em si, me remete ao calvário da nêga Helena, auxiliar de cozinha do pensionato onde morei nos Barris, quando vim para Salvador.
Helena, a cada tarde de sábado, se submetia a um ritual de tortura, que naquela época nos remetia a outros mundos sombrios de sofrimento e dor, sob as mãos de Lia, pelo puro prazer de fazer aquela imensa massa de cabelo pixaim, em algo móvel, pelo menos frente ao primeiro redemoinho que lhe passasse em frente em seus passeios noturnos.

O aparelho alisador tinha o formato de alicate, em cujas extremidades das hastes de ferro havia duas placas de abas largas que colocado nas bocas do fogão adquiria a aparência de que seria fundido se demorasse mais alguns minutos em contato com o fogo. Quase em brasa, o alicate fumegante, era pressionado em madeixas previamente selecionadas do cabelo de Helena, que próximo ao couro cabeludo era arrastado até as pontas. Um insuportável cheio de algo queimado invadia a área de serviço, a sala, os quartos, a rua, enquanto Helena gritava, rangia os dentes, chorava, mas não desistia de balançar as suas madeixas um minuto que fosse.      

À noite, no momento em que tomávamos café na sala, Helena passava por todos em busca da noite. Irreconhecível em seu vestido estampado, boca vermelha, sapato alto e os cabelos ao vento até que a manhã de domingo lhe trouxesse de volta com os cabelos estropiados até a próxima sessão de tortura.
Nunca mais se soube de Helena, mas provavelmente tenha aderido ao “mega hair”, a peruca ou a escova definitiva, a estas modernidades capilares que Robinho já teria resolvido com a simples compra de um espelho. Não se pode ter tudo impunemente.

Postado no blog Bazo Borges da IG em 14.07.11

quinta-feira, 22 de março de 2012

Tantas almas esticadas no curtume


Tão brutais e tristes quantas foram as cenas jogadas nas salas dos brasileiros, domingo passado em reportagem do Fantástico, da TV Globo, em que vagabundos privados mancomunados com pilantras públicos mostravam um dos ralos por onde escorre o suor nacional, foram as imagens da seca no sertão nordestino. No interior do pequeno estado de Sergipe populações rurais com os olhos embotados mostravam o que restou de suas diminutas plantações e a situação agonizante de duas ou três cabeças de gado, ainda vivas ou tentando sobreviver. Uma delas, cadavérica, a carcaça coberta com um couro esturricado não mais se sustentava em pé. A proeza de trazê-la a sua posição natural só era conseguida com a ajuda de cinco roceiros, portando dois pedaços de madeira presos a uma lona que colocada por baixo da barriga e, num esforço gigante, botava o animal em pé, enquanto uma velhinha magra o empurrava pelas ancas como um carro velho no atoleiro.

Os fatos e as imagens desgraçadamente se tocam ou se tangenciam naquilo que há de pior em nossos administradores públicos e na insensibilidade com que a malversação dos recursos públicos acontece nas mais variadas esferas ou algemas. São servidores públicos venais como gestores de qualquer cacete armado, são deputados que incham o orçamento da união com projetos que jamais chegam ao seu destino, são ministros que alocam em seu estado toda a verba disponível para a prevenção das calamidades ocasionais, enfim, nada que sobre se não sentar no meio-fio e chorar. Quanto à vaca esquálida no meio do deserto nordestino, esta também “é a conta menor que tiraste em vida”; uma vida severina, como a de seus aboiadores.  

quarta-feira, 21 de março de 2012

"Prá quem mora lá, o céu é lá"



“Na minha cidade do interior, prá quem mora lá o céu é lá” são versos da música Na boca do sol composição de Arthur Verocai, um dos muitos integrantes do grupo universitário que pontificou nos Festivais Universitários da extinta TV Tupi – Rio, nos anos 70. Mas a lembrança do verso da canção do Verocai decorre da mesma sensação que sinto ao andar pelos descampados da cidade, como pista do aeroporto, vista a partir do Colégio Paulo Renato, Estação da Leste, etc. Nestes locais, entre outros, sempre que o sol se apresenta com a sua luminosidade plena e que as poucas nuvens não nublam esta visão, tem-se a impressão que o céu está a um passo de nossas mãos, próximo assim. O horizonte não é um lugar distante, já que também se mostra logo ali, após a pista do aeroporto.
Quando estou em Salvador, costumo ter esta mesma atitude contemplativa no Farol de Itapuã, no Forte do Monte Serrat ou no Mirante do Largo dos Aflitos, em que pese a linha formada pela Ilha de Itaparica, e lá não sinto nada ao meu alcance, o horizonte é mesmo um lugar sem fim e o céu é mesmo do avião, dos cometas, das estrelas cadentes, isto é,  longe daqui.
PS: Tenho o corpo limpo e não uso qualquer medicamento tarja preta; (ainda).

terça-feira, 20 de março de 2012

À espera da intercessão de São José.


19 de março, dia de São José. Em várias cidades, lugarejos e vilas nordestinas assoladas pela seca, formaram-se procissões noturnas, roubos de imagens do santo intercessor da chuva e da abundância, pedindo a sua presença, a da chuva, entre nós, mas até agora nada. O serviço de meteorologia parece que tem outro santo protetor e reza por outro catecismo. A situação ganha contornos de dramaticidade caso perdure a estiagem, cujo exemplo mais contundente, por aqui, é o nível de água da barragem de Mirorós na região de Irecê que caiu a 10% de sua capacidade, fazendo com que várias localidades tenham água em suas torneiras, duas ou três vezes por semana.

Na feira da cidade, em que a comercialização de frutas e verduras atende a uma demanda satisfeita pelos centros produtores ou distribuidores de Jacobina, Juazeiro ou Feira de Santana, não se encontra produtos típicos da agricultura familiar, de subsistência como o feijão-de-corda, quiabo, maxixe, cebola verde, coentro, mangalô, andu. São culturas simples, às vezes de fundo de quintal, mas que são queimadas pela inclemência do sol e a ausência de água, não para irrigar, já que são pequenas áreas, mas para molhar mesmo. “A vida aqui só é ruim/quando não chove no chão/mas se chover dá de tudo/fartura tem montão”. (Último pau de arara).

segunda-feira, 19 de março de 2012

Igreja da Fé no dízimo e pé na tábua.


A Rede Record exibiu ontem à noite em seu programa Domingo Espetacular, longa reportagem sobre os negócios escusos da Igreja Mundial do Poder de Deus e seu notório Bispo Valdomiro de “braços dados com o diabo”. Desde fazendas em Mato Grosso, rebanho de mais de 5.000 cabeças, falta de pagamento de aluguel mais de 50 pontos religiosos entre outras falcatruas em que sempre aparece o nome do pastor e sua esposa a pastora “não sei das quantas” Silva, em documentos registrados em cartórios judiciais. Vale lembrar que o Pastor Valdomiro e sua turma são dissidentes da Igreja Universal do Reino de Deus, ligada à Rede Record e ao Bispo Edir Macedo, cujas razões da quebra de protocolo são de  desconhecimento público, mas não custa nada deduzir que o centro da questão foi a divisão do dízimo em partes não muito proporcionais. Em suma, o sujo falando do mal lavado.

Mas, o Ministério Público se quisesse já teria a disposição subsídios suficientes para enquadrar essa gente e vasculhar toda a ilegalidade que se acoberta sob o manto diabólico de uma pretensa fé cristã. A liberdade religiosa que a Constituição de 1988 instituiu de modo democrático e justo, não pode servir de biombo para pilantras se esconderem sob o disfarce de pastores, bispo, curadores entre outros 171. Chama também atenção a megalomania dessa velhacaria religiosa. Se uma é Igreja Universal a outra é Mundial e, não tardará surgir uma Igreja Interplanetária, aí quem sabe desta vez sobre algum para o ET de Varginha.

domingo, 18 de março de 2012

Ardendo, qual fogueira de São João.


Charge: Simanca

"Brasil está vazio na tarde de domingo".


Domingo é, ao contrário do que se apregoa, um dia movimentado. Dia da praia, do churrasco, da biriba, caipirinha, ouvir Beatles, cerveja, cinema, tudo isto para tentar afastar a síndrome inevitável da segunda feira. Mas, o domingo é em especial dia do futebol. “Brasil está vazio na tarde de domingo, né/Olha o sambão, aqui é o país do futebol” como canta Milton em “Aqui é o país do futebol” (Milton e Brant). As ruas vazias contrastam com a superlotação dos bares, restaurantes, salas de visita e até mesmo os estádios apesar da comodidade das transmissões ao vivo das TVs por assinatura.

Hoje por exemplo todos os olhares e ouvidos se voltam para Santos x São Paulo e a possibilidade de mais um show de bola com Neymar, Ganso, Lucas e Luis Fabiano etc companhia. Vasco e Botafogo no Engenhão e Bahia e Vitória no Barradão, depois que o Jahia reencontrou o seu presidente destituído, por certa fará a festa de muitos torcedores do estado e do país.

O que rola no MP4.


Para compor a trilha sonora das minhas caminhadas matinais estou sempre substituindo canções que já se mostram cansada aos meus ouvidos por outras que se não são novas, em termos de lançamentos, são para a minha audição pelo tempo que não as escuto. Assim busquei Como um samba de adeus do disco de Gal “Mina d’água de meu canto” que ela dedica a composições de Chico e Caetano, que parece surgir das mesma fornada de Futuros Amantes, de igual beleza. Ainda de Chico casou surpresa e impacto a gravação do roqueira baiana Pitty para Cálice dele e Gil. A versão de Pitty mantém o coro inicial da gravação original, para após alguns segundos de silêncio as guitarras, baixo e bateria detonarem os agressivos e desencantados versos como “este silêncio todo me atordoa/atordoado permaneço atento/na arquibancada prá qualquer momento/ver emergir o monstro da lagoa”.

Enquanto não ouço o novo disco de Roberta Sá, Segunda pele, ainda tenho satisfação com Mandingo, Orixá de frente do sambista baiano Roque Ferreira. O jovem sambista carioca, Pedro Miranda, que parece traz na sua voz, como encontrou Caetano, as vozes dos grandes sambistas carioca como Mario Reis, Cyro Monteiro, Roberto Silva, Cartola entre outros ancestrais integra esta nova seleção musical. Participante de um grupo que busca a revitalização do samba a partir do bairro boêmio da Lapa, Pedro Miranda esbanja bom gosto e brejeirice em Cartas do metrô, Coisa com Coisa, Dona Joaninha, Baticum. Para quem na adolescência vivia cercado por discos do Pink Floyd, Led Zeppelin, Rollings Stones é alentador acreditar que o samba agoniza, mas não morre. Cabem também nesta trilha musical as primeiras canções do primeiro disco de Ângela Rô Rô; Tola foi você, Amor meu grande amor, Balada da arrasada, A mim e a mais ninguém. Boa música!

A Dama de Ferro


Pode não ser um grande filme, mas a figura de Margareth Thatcher tem uma importância histórica tão grande que torna a sua trajetória política uma obra admirável em que pese as conseqüência de ser radicalismo conservador É evidente a busca pela humanização de uma personagem tão controversa na década de 80 para a Grã Bretanha. Da velhinha simpática que compra leite em uma mercearia e o seu espanto com o ataque terrorista do grupo irlandês IRA, estampado na manchete de um jornal, até as suas decisões como Primeira Ministra tudo em cenas presentes e passadas revelam o perfil da Dama de Ferro.

Thatcher tratou os sindicatos e as graves dos mineiros do carvão com uma violência própria dos conservadores e que gerou descontentamento na comunidade internacional, sem que a Primeira Ministra cedesse às reivindicações grevistas. Do mesmo modo duro ordenou a invasão das Ilhas Malvinas ocupada pela Argentina, que se diz ter a posse da Ilha, em uma ação desastrada da junta militar que governava o país. As tropas inglesas venceram e humilharam os argentinos que ainda hoje não se conformam com a perda daquele território. Mas o fato histórico mais importante do governo de Margareth Thatcher foi a sua recusa em participar da zona do euro, o que levou o Partido Conservador a não conduzi-lo ao poder em 1990. A não participação do Reino Unido à zona do euro se deu sob a alegação de Thatcher de que aquele projeto de unificação da moeda seria mesmo uma zona dominada pela Alemanha e que não se sustentaria. Mais de 20 anos depois, a crise enfrentada por vários países do euro dão razão a velha ex-Primeira Ministra inglesa.

Mas há algo de notável em A Dama de Ferro que é o desempenho da atriz americana Meryl Streep cuja semelhança adquirida com a ilustre personagem, transita em todo filme como se tratasse de um documentário em que a figura central fosse, como de fato é, a Primeira Ministra Margareth Thatcher

sexta-feira, 16 de março de 2012

Ô time "difici"!


Quando tudo parecia um mar de tranquilidade lá pras bandas de Itinga, líder de campeonato baiano, próxima fase assegurada na Copa do Brasil, eis que a banda podre de um conteúdo idem se rebelou contra as eleições do “ex-quadrão de alço” realizada no final do ano passado. Como acontece em briga de comadre em ponta de rua, o bafafá foi parar na justiça sem diretoria, sem presidente, sem conselho fiscal, sem dono como aquele personagem bêbado que é de todo mundo e não é de ninguém.

Faz lembrar a prefeitura do município, qualquer município, que todo mundo fala que é um abacaxi, um problema, dor de cabeça e serve de disputa para uma briga insana entre facções que buscam o poder sob os mais desvairados vieses. O poder deve ser bom, aliás, ótimo, não fosse assim não estaria feito “jogo de empurra”, “toma que o filho é teu”, “não é comigo não” e, coisas do gênero. Se segura tricolor, o Barradão te espera!

"Sorry, periferia!"


A nova turnê de Chico deu partida em novembro do ano passado, em Belo Horizonte, foi se espalhando pelo país e, segundo informação da querida Márcia sua secretaria na Marola Produções Artísticas aportará em Salvador nos dias 5, 6, 7 e 8 de maio, no Teatro Castro Alves.

Após seis anos, Chico volta a Salvador para apresentar e nos presentear com as músicas de seu novo disco e leitura de canções que não são habituais nos repertórios de seus shows, como Geni e o Zeppelin, O velho Francisco, Sob medida, Bastidores, Terezinha, De volta ao samba, Todo o sentimento, entre outras não tão cantadas. Segundo um comentário de uma colunista do UOL, o repertório busca conter o entusiasmo dos fãs que costumam fazer coro a cada execução das por demais conhecidas canções de Chico. Pode ser, mas admirador que é admirador mesmo tem tudo ao pé da letra, do inicio ao fim, são ossos da popularidade e de quem é unanimidade nacional.

Quando disse “nos presentear”, estava falando de nós mesmo, eu e Moema, já que graças a mais um gesto generoso de Márcia teremos convites para a apresentação do mestre, em Salvador.

Faxineira das Canções


Ouvinte diário do Jazz e Tal, link do Blog do Noblat, e da Rádio UOL sempre estou me surpreendendo com a audição de canções que mesmo conhecidas permanecem adormecidas em minha memória, como já manifestei em outras situações idênticas. Desta vez a grata surpresa veio de um dos últimos discos gravados pela Divina, Elizete Cardoso, em parceria com o também saudoso Rafael Rabello, mas precisamente da primeira faixa de Todo o Sentimento que é a regravação de uma canção que a Joyce dedicou a Enluarada, Elizete, a música Faxineira das Canções. A faixa original foi gravada pela primeira vez em 1986 no CD Luz e Esplendor em comemoração aos 50 anos de carreira de Elizete:                     

E assim esfrego o chão da minha alma/Até vê-la mais brilhante
Do que sala de jantar
Que é pra bem receber os convidados
Que começam a chegar.
E quem me vê no palco tão serena
Tão segura e poderosa
Radiante de emoções
Não pode adivinhar o meu trabalho:
Faxineira das canções

A faixa Faxineira das Canções dá título também a uma caixa contendo os 04 últimos discos de Elizete, lançados pela Biscoito Fino e que talvez resumam tão bem o seu oficio de intérprete que burila, cuida, limpa as canções antes de apresentar aos admiradores de seu inesquecível trabalho. Elizete é mesmo uma cantora das antigas, da mesma linhagem digna, comovente e arrebatadora de Dalva, Ângela, Carmen Costa, Nora Ney, Isaurinha Garcia, para quem cantar era de fato fazer com o coração uma faxina na voz, no canto, nas canções para que elas só elas pudessem brilhar enquanto a sua interpretação se fizesse ouvir.

quarta-feira, 14 de março de 2012

"Eu nunca amei ninguem como eu te amei"


Esta mixórdia pavorosa, apelidada de Fina Estampa, só poderia ser mesma expelida por uma mente perturbada como Agnaldo Silva, trazendo a reboque suas frustrações, fantasmas, insatisfações e onde a única personagem verossímil seja o mordomo Crô, talvez pela proximidade entre criador e criatura. O resto é a exacerbação do mal, da picaretagem e da vilania em proporções sempre crescente a depender do grau de satisfação obtida ou não pelo espectador.
Mas, em meio a este emaranhado do mal há algo de deleite, ou melhor, de audível, que é a gravação e a interpretação de Ivete Sangalo para uma canção do ReiEu Nunca Amei Ninguém Como Te Amei”. A composição é uma dessas tantas canções xaropes que Rei cometeu depois da Jovem Guarda e que na voz da Ivete ganha vida e se torna palatável até para quem é diabético.

domingo, 11 de março de 2012

Pinheirinho - Só doi quando rio.


Charge: Angeli

Nem Coalhada merecia pior.


Todo monopólio é condenável; pois lhe priva do direito democrático da escolha, da avaliação, da comparação enfim. Quando se trata da informação é quase uma manipulação do fato, da noticia, algo assim como acontece com a TV Globo, independente de suas indiscutíveis qualidades profissionais e técnicas. A transmissão de partidas do campeonato brasileiro pela TV Globo, concedendo migalhas do pacote engendrado com a CBF para a Band é um dos exemplos mais próximos do mal que representa o monopólio. Como uma praga que se espalha entre a concorrência, agora a vez da Record que adquiriu a exclusividade para a transmissão das Olimpíadas de Londres, nos meses de julho e agosto, apenas repete de modo odioso aquilo que a Rede Globo criou; o vírus da exclusividade.

Mas, patetice maior ficou por conta da TV Bahia afiliada da TV Globo que conseguiu o privilégio das transmissões das partidas do campeonato baiano. Tentando despertar interesse ou motivar o espectador/torcedor a emissora ocupa mais de 20 minutos do seu Jornal da Manhã, por exemplo, para incensar o desinteressante campeonato regional. Como as partidas são realizadas quarta feira e domingo, os demais dias da semana são emprenhados com repetições dos gols da rodada, pouco importa qual. É o gol mais bonito, é o gol videogame, é o gol de placa, é o gol perdido, a defesa mais vazada, o ataque mais positivo repetidos sem cansar a fim de preencher o espaço disponível nos telejornais. Dia desses um dos apresentadores fez uma disputa de pênaltis com um desses pagodeiros sem nome que só não foi mais bizarro porque causa uma certa indignação ao ver tanto desperdício de tempo que poderia ser ocupado com a exibição mesmo a exaustão dos 05 gols de Messi ou os dois de Neymar, por exemplo, que faria muito mais sentido.

Até o Globo Esporte deixou de ser nacional na TV Bahia para que seus editores locais lancem mãos de bobagens como a simulação de um desentendimento entre Tite e Souza do Bahia, claro, como se fossem matéria de cunho esportivo. Ou montagens pretensamente editadas por um repórter que, quem sabe, sonha um dia trabalhar no Zorra Total, Pânico na TV ou em pegadinhas do Silvio Santos. Poderia haver vida inteligente na TV e, há, só que distante da editoria de esportes da TV Bahia.

Os estádios vazios observados em cada uma dessas transmissões retratam a baixa ou péssima qualidade do futebol praticado por aqui. É como um verso da canção de Gonzaguinha, aqui parafraseado: há um lado carente da TV Bahia dizendo que sim e esta baboseira que é o futebol baiano dizendo que não.

Cinema prá quem gosta de cinema!


Em Salvador, alem do cumprimento a consultas médicas marcadas, tinha uma outra obrigação na cidade que era assistir O artista, o grande filme ganhador do Oscar de 2012. Não pelo fato de ter sido o vencedor, mas em especial por trazer de volta a história em que o cinema mudo e em preto e branco que Chaplin, Os irmãos Marx, O gordo e o magro celebrizaram, seja o motor desta tocante obra francesa. A glória e o ocaso de um ídolo popular com a chegada do cinema falado expõem a dificuldade em aceitar o novo, a transformação, a própria evolução do cinema que para George Valentin (Jean Dujardin) era imutável, fato consumado, o seu sucesso e a sua fama.

Não é bem assim e não foi para George Valentin que com a chegada do som para os filmes mudos, soou para ele, o grande astro de então, como uma invenção que não se sustentaria e não abalaria o seu poder absoluto. Foi uma má avaliação, pois em pouco tempo uma fã, uma admiradora, tenaz principiante em busca do sucesso como atriz Peppy Miller (Berenice Bejo) tornou-se uma celebridade para as grande platéias. Este contraponto, ascensão e queda servem como matéria propulsora de uma história alegre e comovente.

O cinema mudo, os musicais, Fred Astaire, Geny Kelly, Ginger Rogers, Cid Charisse, o preto e branco são homenageados nesta volta ao passado, sem saudade, sem pieguice, mas como uma lembrança boa de uma época dourada da história do cinema.

Transa.


O disco Transa gravado por Caetano em Londres, ainda no exílio, lançado no Brasil 1972, terá agora uma comemoração ao nível da importância daquele lançamento há quarenta anos. Este ano o disco será relançado após processo de remasterização em Londres, nos mesmos estúdios onde os Beatles imortalizaram suas canções. Transa embora tenha um sabor de saudade, de reminiscência, até pela circunstância em que foi gravado é um disco alegre bem diferente de um outro também gravado em Londres em que consta a regravação de Asa Branca, Maria Betânia e cuja capa traz uma foto assustadora de Caetano envolto em peles e panos londrinos.

Independente da qualidade das canções, Transa tem o mérito de apresentar uma sonoridade única, pouca encontrada em discos brasileiros e em particular na discografia de Caetano. O mentor deste feito é Jards Macalé a quem coube os arranjos, violão e guitarra em todas as faixas, além de Moacir Albuquerque no baixo e Áureo de Souza na percussão, alem da voz e também do violão de Caetano. Uma base musicalmente econômica, mas eficiente e bela na concepção final.Não bastasse canções como You don´t know me, It,s long way, Triste Bahia, se sobressai a gravação de Mora na Filosofia, de Monsueto, que ganhou em Transa talvez a sua longa e definitiva versão.

É prazeroso ouvir sempre os versos de Gregório de Matos intercalados por trechos de samba de roda do recôncavo ou citações de músicas de Caymmi, Baden, Vinicius em It´s a long way onde é clara a influência de Beatles. “Arrenego de quem diz/que nosso amor terminou/ele agora tá mais firme/do que quando começou” são versos de “Sodade meu bem, sodade” de Zé do Norte, uma das citações inesquecíveis em It´s a long way 

sexta-feira, 9 de março de 2012

Um pouco distante da alegria da cidade.


Quando me decidi sair de Salvador para viver temporariamente na cidade, impus uma condição aos meus novos patrões de que pelo menos uma vez por mês teria que voltar a cidade de onde saí. Nenhuma objeção foi feita e, mensalmente, por razões médicas ou não deixo a cidade alegria para os seus iguais e alegres. Tédio, solidão, calor desértico, muriçocas e uma leve sensação de que o final dos tempos não tardará a chegar, um pouco antes da loucura.

E assim, mais uma vez, aqui estou em busca de uma aragem mais civilizada, até que o vírus da alegria me contagie e com ele traga a reboque os carros importados, casas cinematográficas, a empáfia e a arrogância dos vencedores.