segunda-feira, 29 de abril de 2013

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta.

Já vi alguns shows de Márcia Castro e mesmo participações sua em apresentações de outros artistas. Reconheço talento, boa imagem, um nome considerável na nova safra de artistas baianos, mas a cantora Márcia Castro peca por um repertório nem sempre bem escolhido, carecendo de um bom produtor musical, o que me pareceu evidente ontem no show da Concha. Abrindo a programação do Natura Musical patrocinado por esta empresa de cosmético, Márcia consegue em alguns momentos a empatia do público quando canta um sucesso de Julinho de Adelaide, quer dizer Chico Buarque, Jorge Maravilha, ou recria de modo original um sucesso dos Novos Baianos, Preta Pretinha. Assim, deixa acesa a plateia para a entrada do artista pernambucano e ex-integrante da Nação Zumbi, o cantor e compositor Otto, a estrela daquela noite fria em uma Concha com um público muito aquém do que os dois artistas merecem.

Para um artista cujos discos sempre foram produzidos de modo independente, Otto agora contava com a estrutura de uma grande empresa para suas apresentações a quem não foram poupados investimentos na formação de uma grande banda e recursos cenográficos e de iluminação. Era tudo que Otto queria ou carecia. Carismático, maluco e fiel representante do “mangue beat”, na segunda música já havia tirado o blazer, depois da quinta ou sexta ficou sem camisa e se tivesse esperado até final, Otto talvez tivesse sido detido por atentado ao pudor. Muita zoeira, cabeça molhada, doses de uísque e vários “tapas”, muita vitalidade e uma energia própria dos artistas inquietos e criativos.

Como destaque, a presença do guitarrista Fernando Catatu da banda Cidadão Instigado, além do naipe de percussionistas que brilham em canções com base no maracatu.

domingo, 28 de abril de 2013

O ponto, por favor!

Tudo que se vê de errado ou carente de reparo na cidade, se pensando na Copa das Confederações ou na Copa do Mundo em 2014, é recorrente o uso do bordão “imagina na copa”. As Copas, quaisquer copas, não serão razões para se buscar a panaceia curável ou aceitável para os nossos males, talvez seculares, mas a tentativa, como se fosse possível, de oferecer àqueles que irão nos visitar um tratamento metropolitano mínimo de civilidade, educação, bons modos. Poderíamos ser assim, ou vivermos assim, mas lamentavelmente o nosso dia a dia, a cada dia, diz que não, é o “tapa pelo tapa” e vamos adiante, quem conseguir ir adiante.

Esta limpeza urbana poderia começar pelo nosso transporte urbano, mesmo que se saiba o tempo que se gasta para domesticar um animal, categoria onde se insere os motoristas de ônibus de Salvador, verdadeiros gângsteres carregando vidas que não são iguais as suas. “Bom dia”, “boa tarde”, “obrigado”, ”por favor,” são expressões em desuso ou nunca utilizadas por estes elementos que deveriam conduzir, com segurança, trabalhadores, estudantes, famílias para os seus locais de atividades ou repouso. Nem todos, mas as exceções acabam por justificar a regra

Julinha chegou!


Pesando três quilos, quatrocentos e setenta gramas chegou Julinha às treze horas e 30 minutos do dia 26 de abril de 2013. Chegou chorando e querendo dizer a que veio. Nos também choramos de alegria e felicidades e prontos para ouvir e fazer o que pequenina mandar. Toda saúde e paz em sua vida que agora se inicia; beijos do vovô coruja.

Foto: Julinha e Shirley

Noite de choro e de samba

Se ouvisse a sugestão ou recebesse o convite para assistir um show de Julião Boêmio, de que nunca tinha lido qualquer comentário, confesso que relutaria e provavelmente dispensaria a gentileza. Mas, se a apresentação fizesse parte da programação da Caixa Cultural já teria antecipadamente um atestado do bom gosto e da qualidade que sempre caracterizam os shows da simpática casa de espetáculos da Carlos Gomes. E valeu enfrentar o frio e garoa daquela noite de quinta feira. Julião Boêmio e paranaense, cavaquinista, compositor e professor de seu instrumento recebeu como convidado a também instrumentista e às vezes cantora, Nilze Carvalho para um repertório em torno do choro e do samba.

Ao contrário de Julião, a também cavaquinista Nilze Carvalho já tem uma carreira consolidada com a gravação de vários discos e a companhia de nomes ilustres do samba como Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Hermínio Belo de Carvalho, Dona Ivone Lara, Roberto Silva e outros bambas. Se o repertório passa por nomes tradicionais do choro e do samba, longe de ser repetitivo ou manjado, é sempre prazeroso ouvir Pixinguinha, Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim, Ernesto Nazareth executados por virtuoses como Nilze Carvalho e Julião Boêmio acompanhados por banda de jovens instrumentistas que funciona como suporte indispensável para o brilho dos donos da noite.

Foto: Julião Boemio e Nilze Carvalho

sábado, 27 de abril de 2013

Do jeito que a FIFA e nós gostamos.

Encontrei a cidade mergulhada, literalmente, em pancadas de chuvas intermitentes, céu nublado, tempo carrancudo, trazendo a reboque o desconforto de ruas alagadas, buracos nas pistas, trânsito caótico tudo dentro do figurino que FIFA gosta. Por falar em FIFA, a mais nova proibição, dentro de seu receituário de grandes negócios, agora se volta para as Festas Juninas em nossa cidade, talvez porque em matéria de desassossego, de bomba, basta a seleção de Felipão, o que convenhamos chega a fazer sentido.

Mas, eis que é sábado e o sol chegou com o seu brilho fulgurante iluminando a cidade que guarda com a estrela brilhante uma intimidade de cúmplice, criando uma dependência um do outro para  brilhar.   

sexta-feira, 26 de abril de 2013

E eu com isso...

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Este bate-boca entre o Judiciário e o Legislativo a respeito da aprovação do Projeto de Emenda Constitucional de Nº 33, a PEC 33, que submete as decisões do Judiciário a uma aprovação ou não pelo Congresso Nacional cria certo frisson, uma cisma que me faz bem, mesmo que seja inconstitucional. Não pelos poderes em si, que em qualquer democracia devem ser soberanos e autônomos, mas pela vaidade e pelo autoritarismo de senhores togados que imaginam o saber do mundo, a intocabilidade de suas ações.  

É pessoal, mas não creio no radicalismo e nem na crueza do que decide o ministro Joaquim Barbosa, por exemplo, já que há por trás das sentenças ou de suas opiniões uma secular história, um passado, contingências mal resolvidas que não podem servir de processo de autofirmação para veredictos politizados. Quanto a Gilmar Mendes, com a palavra o povo de Goiás, aqueles que independentes podem falar.

Foto: Ministro Joaquim Barbosa

Juazeiro - Além do Rio e do surubim.

Se o dinheiro explicasse tudo, talvez pudesse se estabelecer uma relação entre o custo e o desempenho do time do Vitória, por exemplo. É um dos planteis mais caros do Norte/Nordeste e uma performance muito aquém destes mesmos clubes de nossas regiões. Sem dúvida que os salários de Escudero, Maxi Biancuchi, Luis Alberto e Deola pagam toda a folha do Juazeiro e do Juazeirense com suas respectivas equipes técnicas, se houver. Sem contar as despesas com a estrutura rubronegra em termos de departamento médico, psicólogo, nutricionista, material esportivo, treinador, manutenção do Barradão etc, já que as equipes de Juazeiro devem treinar às margens do São Francisco e puxar o rango em qualquer abaixadinho na beira do Rio à base de surubim.

Talvez aí esteja a grande e decisiva explicação. O dinheiro que não compra tudo passa a exercer um papel menor diante do profissionalismo, da dedicação e entrega destes atletas que brilham neste Campeonato Baiano de 2013. É inadmissível tamanha irregularidade para um time caro que ilude com o placar de 5 x 1, para logo a seguir decepcionar, perdendo para equipes que são quase totalmente formadas com jogadores reservas deste mesmo Vitória, como é o caso do Botafogo da capital.

Se vai ser esta a situação na disputa da Copa do Brasil é melhor que seja logo eliminado pelo Salgueiro, para evitar expectativas que não se consumarão. Viva Juazeiro! Quaisquer de seus clubes podem e merecem ser campeões, interrompendo, uma vez ou outra, uma ciranda que apequenou o nosso futebol.

Foto: Luís Alberto (Vitória)

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Toca Raul...


Já assisti show de rock ou de alguma banda pop que, em determinando momento, a plateia demonstra certa inquietação e começa a gritar: “Toca Raul, Toca Raul”. Ou o repertório que está sendo executado não é do agrado de parte do público ou a levada “rock n roll” remete ao mito Raul Seixas, levando os seus adoradores àquela manifestação que surge talvez de modo deseducado. Mas, quem está aí prá estas solenidades nestas horas...

O Zeca Baleiro pegou o mote do Toca Raul e fez uma canção em que fala deste desconforto, em que pese o tom de brincadeira e mesmo de homenagem, em se apresentar e ter que ouvir um ou vários malucos gritando Toca Raul, quando “A vontade que me dá/é de mandar/ o cara tomar naquele lugar”.

Na verdade é uma canção autodefensiva já que o Zeca precavido compôs: “Agora, toda vez que algum maluco beleza gritar – Toca Raul/Eu saco esse às da manga/Esse coelho da cartola/Essa carta da tanga/Essa balada quase rock com pitadas de forró/E nenhum sentimento blue/Prá nunca mais ter que ouvir/Alguem gritar e pedir – Toca Raul”. Pois, na verdade, depois de sua morte, Raul virou um mito, uma lenda, uma entidade, uma seita com seguidores por todo país.

Foto: Raul Seixas

terça-feira, 23 de abril de 2013

Tempos Modernos - Charles Chaplin.


Mais uma noite insone depois de longas noites bem dormidas sob o frio do Morro neste final de semana. Por aqui, a falta de sono sempre me leva à sintonia do programa de Beto Brito na Rádio Globo, de meia noite às 03 horas da manhã, que nem sempre acompanho até o fim, pois no meio do percurso sou derrubado pelo sono que chega de repente. Mas, mesmo que ele não viesse, esta noite, teria sido recompensada pela voz de Nat King Cole cantando Smile de Charles Chaplin, composta para a cena final de Tempos Modernos.

As lembranças de Chaplin, de Smile, de Nat King Cole e do eterno Tempos Modernos já seriam suficientes para não lamentar a perda de alguns minutos ou horas de sono. O filme é uma dentre as muitas obras primas de Charles Chaplin, trazendo desta vez referências críticas ao capitalismo e ao sistema de produção industrial, mas tratado de modo irônico, inocente, em cenas precisas no humor, no tempo do riso, na comoção, na capacidade de emocionar, rir e chorar que só a genialidade de Chaplin é capaz.

A cena final em que a canção Smile é incluída é destes momentos cinematográficos que nunca se esquece. O vagabundo vai por uma estrada com sua companheira e a câmara vai se afastando, enquanto os dois seguem sem olhar para trás até se tornarem um ponto na tela negra, ao som da inesquecível canção. É um filme antológico como toda a obra do genial cineasta Charles Chaplin.

Foto: Chaplin - Cena de Tempos Modernos

domingo, 21 de abril de 2013

Tijolo com tijolo num desenho lógico.

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Conheci, em termos literários, o Marcelo Rubens Paiva na dácada de 80, através de seu primeiro livro, e grande sucesso nacional, que foi o romance autobiogrfáfico Feliz Ano Velho, que conta a sua aventura ao mergulhar em lago no interior de São Paulo, batendo a cabeça em pedras, quebrando várias vértebras, ficando tetraplégico. A partir desta apresentação tomei conheicmento que Marcelo é filho do ex-deputado Rubens Paiva sequestrado e morto por agentes da ditadura em 1971. Os militares, no entanto, sempre sustentaram a farsa de que o deputado era um foragido, embora admitissem a sua prisão pelos órgãos de segurança da ditadura.

Levado para depor no DOI-CODI do Rio de Janeiro, o carro em que o deputado era transportado, juntamente com três policais como segurança, sofreu uma emboscada por um grupo de esquerda, do que se aproveitou o ex-deputado para fugir Era óbvio que era uma mentira, como muitas que eles sustentaram e que aos poucos vão sendo desmascaradas e que a Comissão Nacional da Verdade vai enfim esclarecer.

Como o ex-deputado Rubens Paiva um homem de quase dois metros de altura, pesando mais de 120 quilos, viajando no banco traseiro de um fusca, esoltado por três segurança, poderia ter fugido em meio a um tiroteio, mesmo com esta mirabolante história da emboscada, só mesmo o mais casto dos inocentes poderia crer. A farsa vai aos se desmontando e a familia vai poder enfim saber onde esconderam o corpo de Rubens Paiva e prestar as homenganes póstumas devidas.

Foto: Marcelo Rubens Paiva

Ouvirudum...

As tentavivas de fazer alguem cantar o Hino Nacional, em geral, terminam em gargalhadas por parte de quem assiste; ou por não saber as estrofes, ou embaralhar os versos, ou pronunciar de  foma ininteligível expressões como brado retumbante, impávido colosso, lábaro estrelado, florão da América. Que, aqui prá nós, é uma tremenda patetice, uma brasileirada, não de quem sente difiuldade em cantar, pronunciar, ou entender esta peça que já faz parte do anedotário nacional, mas de quem foi capaz de produzir este emaranhado de falso eruditismo.

Mas até mesmo os que sabem sua letra, sua intricada poética, de cima abaixo, de ponta-cabeça talvez não identifique o sujeito da oração em “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas/De um povo heroico o brado retumbante”, por exemplo. O que ou quem “ouviram” o quê? Alguem ouviu. Eles ouviram. Quem? Permanece a pertinente dúvida se não atentarmos para a inversão do sujeito e do verbo como recurso sintático utilizado em grande parte do Hino e presente no seu inicio. Se invertermos a frase, com o siujeito antecedendo o verbo tudo ficará mais claro, mais compreensível, como deveria ser. Em resumo, foram as “margens plácidas” que ouviram do “povo heroico o brado retumbante”. Ninguem merece!.

sábado, 20 de abril de 2013

Em busca da ditadura perdida.


Como um deputado inexpressivo, cadeira cativa naquilo que se convencionou chamar de “baixo clero” na Câmara de Deputados, porque com baixa credibilidade e nehuma respeitabilidade, de repente se tornou figurinha fácil nas páginas dos jornais, dos noticiários, das redes sociais, somente pode ser explicado pela intolerância, pelo fanatismo religioso e principalmente pela presepada evangélica. O comportamento deste companheiro da cantora jolema, o deputado marco feliciano, é fruto da incapacidade intelectual de nosso povo, que atolado em suas dúvidas, em suas inseguranças, em suas neuroses classe média busca na religião um refúgio, uma resposta, um porto seguro para ancorar sua canoa ante a turbulência do arerê nacional.

A histeria dessa gente guarda certo paralelismo com o crescimento das organizações neo-nazistas que se resumiam ao sul do país, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina e, hoje se espalham perigosamente por Minas, Brasília, São Paulo, Espirito Santo já despertando nas autoridades da área de segurança pública efetivo monitoramento e identificação destes grupos. A única e grande diferença entre estas igrejas evangélicas e os grupos neo-nazistas é que estes são formados por jovens de alto domínio intelectual, de cor branca, de classe média e sonhadores na criação de um país sem negros, judeus, homossexuais e sem religião.

Enfim, só os unem a intolerância e a histeria, já que os evangélicos são de cor parda, pretos, baixa escolaridade sem nehuma possibilidade de acesso a estas organizações elitistas, mas colaborarão para o surgimento de uma sociedade dividida  e o fomento de líderes oportunistas e facínoras como Adolf  Hitler na Alemanha de 1930.  

Foto: Deputado Marco Feliciano (fofo!)

As canções que você fez prá mim (prá nós).

Toda esta moçada da pesada (acima ou próxima dos 80 quilos) que hoje está com 60 anos ou mais sabe o peso e o preço do Rei em nossas vidas de adolescentes. As canções do Rei naquele momento era a libertação de um tipo de música que éramos obrigados a ouvir e que em nada nos dizia respeito. Por exemplo, qual o significado que poderia ter para um jovem de 15 ou 17 anos, algo como “boemia, aqui me tens de regresso”; que regresso cara-pálida, se para nos a festa e a farra estavam apenas começando. A volta (“estou guardando o que há de bom em mim”) da boemia viemos a experimentar muitos anos depois, mas sem queixa, sem amargura, sem violão já que nosso som vinha das guitarras elétricas ou do violão eletrificado da Jovem Guarda.   

Somos agradecidos ao Rei pelo grito de independência musical através de canções como Quero que tudo vá pro inferno, Negro Gato, A história do homem mau, Querem acabar comigo, Lobo mau, Namoradinha de um amigo meu, Nossa canção, As curvas da estrada de Santos, Eu sou terrível, É proibido fumar, Parei na contramão, Ciúme de você e mais muito mais. Os 72 anos de agora, parecem distante, muito longe, muito além de quando tudo começou, mas permanecem com a mesma pegada, a mesma batida, a mesma guitarra base, em nossos corações juvenis (jamais senis).

Foto: Discos do Rei

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Noite de raios e ventanias.


Iansã, a rainha dos raios e das ventanias pairou sobre Salvador na noite passada, aplacando a fúria da tempestade que se avizinhava e acabou se consumando. Por certo, Iansã, como cada um de nós que ama esta cidade vive tembem inconformada com o abandono que relegaram seu mar, seu chão, seu povo, e mesmo assim resolveu dar uma mãozinha. Que o prefeito Netinho não se acomode, nem se avexe, mas é bom botar as barbas de molho, se não tiver barba, serve a vasta cabeleira.

Ruas alagadas, árvores tombadas, casas caídas, marés revoltas, praias abarrotadas de sargaços, desabrigo, trevas, mêdo. O povo de santo sabe que Iansã aplaca mesmo os raios e as tempestades, sabe também que livre e autoritária como é, é o único Orixá capaz de conter, detendo a ação de espíritos negativos como estes que levaram toda esta intranquilidade para a noite de Salvador. Eparrei Iansã

Fotomontagem: Yahoo

Todo dia era dia de índio.

Era. Ainda que brasileiros como o Marechal Rondon, admirável defensor da causa indígena, para quem “matar nunca, morrer se necessário” desenvolvesse um trabalho de preservação e respeito aos povos da mata, constantemente ameaçados e mortos desde a nossa colonização e interiorização do país a partir das “entradas e bandeiras”.

Mas, a semente de Rondon mesmo frutificada era uma migalha diante da contínua ânsia de grileiros e invasores das terras dos índios, mesmos demarcadas e reconhecidas como propriedades dos primeiros habitantes do Brasil. Trabalho que algum tempo depois foi seguido pelos irmãos Vilas Boas, jovens oriundos da classe média paulista, que deixaram seu “bem viver” na grande cidade para se embrenharem mata adentro em uma expedição que criaria o Parque Nacional do Xingu às margens do Rio Tapajós. A propósito, o filme do Cao Hambuguer, Xingu, que já dei palpite aqui neste espaço, é uma obra imperdível e que trata desta aventura dos irmãos Vilas Boas em defesa dos índios.  

A recente invasão por vários tribos indígenas das dependências da Câmara de Deputados e a vigília e protesto em frente ao Palácio do Planalto, para serem recebidos pela Presidente Dilma que estava em viagem, mostram que os índios continuam padecendo do mesmo abandono que sensibilizou o Marechal Rondon e os Irmãos Vilas Boas e alguns outros poucos indigenistas. Suas terras continuam sendo invadidas, índios mortos, sua cultura e valores desprespeitados, jogados ao vício e a um processo perverso de aculturação dos costumes brancos. Hoje, os povos Guarani, Makuxi, Terena, Guajajara, Xavante, Ianomâmi, Pataxó, Bororó, Kayapó só têm mesmo o dia 21 de abril, porque os dias não são mais dos índios.

Foto: Índia do Nordeste Brasileiro

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Hay "argentino", soy contra!


Poderia até ter sido, não fosse o São Paulo, lider do Campeonato Paulista, uma grande equipe mais até que seu adversário de ontem à noite no Morumbi, o Atlético Mineiro, em busca da classificação para a próxima etapa da Copa Libertadores. O benefício de um “corpo mole” por parte da equipe mineira, facilitando a vitória da equipe paulista e assim conquistando a vaga para a fase seguinte, seria algo possível, já que uma equipe argentina, o Arsenal, estava se classificando, naquele mesmo horário, vencendo o Strongest da Bolivia. Mas, não foi necessário, nem isto aconteceu.  

O São Paulo venceu com méritos, embora contra argentinos, com Papa Franscisco ou não, vale tudo. Nunca esquecer a Copa do Mundo de 1978 em que a seleção brasileira só não iria à final se a boa equipe do Peru perdesse de 4 x 0 para a Argentina. A seleção argentina venceu por 6 x 0 tirando o Brasil da disputa do título com a Holanda, num caso rumoroso de suborno à seleção peruana ainda hoje não esquecido, e com denúncias cada vez mais evidente da mala preta entre os bagulhos dos peruanos de volta prá casa.   

Caricatura: Rogério Ceni

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Em respeito aos pais e mães de santo!

A semana passada, em Lauro de Freitas, um pai de santo ao passar por determinado local da cidade foi interrompido por uma evangélica que lhe disse “Jesus te ama e te libertarás de satanás”. Afirmação era despropositada já que nada lhe foi perguntado, mas como é próprio destas desocupadas, vadias que vagueiam pelas ruas com um ensebado livro nas mãos, que tanto pode ser religioso, como um conta corrente dos dízimos de seu pastor de estimação, gritam histericamente palavras de ordem religiosa a quem queira ou não ouvir. A “libertação de satanás” proposta pela ousada interlocutora é simplesmente um dos tantos itens de intolerância que esta gente tresloucada costuma tratar todo aquele que não lê, nem assiste o “lenga lenga” de seu pastor de plantão. O pai de santo, muito justamente, sentindo-se ofendido e discriminado pela evangélica procurou a justiça e fez a sua queixa, já que este segmento religioso tem sido o alvo preferencial destes vigaristas ávidos por dízimos e, por conseguinte de incautos para o seu rebanho de dizimistas.

Há muito tempo esta e outras tantas agressões de evangélicos aos que lhes são desiguais, já passaram do campo de qualquer religiosidade para se transformar em caso de policia e crime, por assédio, discriminação e preconceito, sem qualquer amparo constitucional, pois um estado laico como é o nosso país, tem como principio básico o respeito a liberdade religiosa e de opinião.
 
Foto: Pai de santo 

De novo 5 x 1, agora no Barradão.

A goleada histórica sobre o nosso tradicional adversário na inauguração da Arena Fonte Nova parece que não nos fez tanto bem, mesmo com a alma rubronegra lavada de euforia e contentamento. Logo após àquela memorável partida, o Vitória iniciou a sua participação na Copa do Brasil, enfrentando o Mixto de Mato Grosso, em Cuiabá, lá em seus próprios domínios e, perdemos, por 2 x 1, jogando em um campo que mais parecia um pasto de tão irregular na superfice e no plantio da grama.

A segunda partida da Copa do Brasil, contra o mesmo Mixto foi, ontem, aqui no Barradão. O time matogrossense trouxe como atração o seu treinador, Cláudio Adão, que marcou época aqui no Barcelona de Itinga, no século passado. Era a senha que faltava para que a TV e o Globo Esporte, Clube Bahia, com a isenção que nós rubronegros já conhecemos, aproveitasse a fanfarronice de Adão para levá-lo a Arena Fonte Nova, aos treinamentos na praia já que “ex-quadrão” não tem onde fazê-los, no estúdio da emissora, tudo para que o ex-jogador, agora treinador, desse várias entrevistas lembrando as suas glórias em campos baianos e de passagem menosprezasse o nosso rubronegro.

Uma festa pantaneira com certeza. Não combinaram nem convidaram o Vitória para o convescote tricolor, que indiferente aplicou mais uma goleada de 5 x 1, mandando Adão e o seu Mixto de volta a Cuiabá para um retiro espiritual no Pantanal.

Foto: O isento Globo Esporte Clube Bahia

terça-feira, 16 de abril de 2013

A paz que nunca terão.

A política externa americana sempre se caracterizou pela força bruta. Fomenta golpes de estado; treina torturadores para punir opositores que possam trazer risco a manutenção de regimes de seu interesse, em geral ditaduras; invade países de sua conveniência geopolítica e econômica; presta solidariedade e apoio, às vezes sem ser solicitado, a governos antidemocráticos, imaginando salvaguardar a paz política em determinada região ou continente, enfim, age sempre como colonizador ou mensageiro da paz na terra. Foi sempre assim e deu certo ou foi absorvido por governantes da América Latina, exceto Cuba e um ou outro recente país da América do Sul de viés de esquerda, cuja independência das amarras americanas não significou uma convivência hostil, exceção para a Venezuela e o ex-presidente Hugo Chavéz.

A mudança do pêndulo intervencionista, no entanto, para os países asiáticos e do Oriente Médio foi um tiro no pé, tal os problemas advindos com a presença de tropas nestes países sob o pretexto de garantir a ordem democrática, onde a democracia é um bem menor diante do fundamentalismo religioso e da reverência a supreriores hierárquicos bastante específicos e distantes da escala de poder do Ocidente. A guerra do Vietnam, por exemplo, nos anos 60, é sintomática quanto a uma derrota que ainda hoje causa desconforto aos brios e a vaidade dos Estados Unidos. Todo seu poderoso exército e armas ultras modernas não conseguiram vencer um povo, pé de chinelo, que utilizou tática de guerrilha em território de seu pleno conhecimento, para fazer com que o agressor surpreendido se rendesse, após anos e anos de luta sangrenta, de modo humilhante.

A invasão do Iraque, do Afeganistão, as mortes de Sadam Hussein, Osama Bin Laden, as intervenções na Siría, Líbia, as perseguições ao regime Taliban, as ameaças ao Irã e agora à Coreia do Norte despertam nestas populações reações extremadas de vingança e ódio que irão sempre desaguar em atentados contra alvos e bases americanas ou a países que comungam e apoiam suas investidas imperialistas. Este cenário de agressões tem como fiel aliado o conceito de cunho religioso de que o Ocidente representa o mal, o demônio, e que precisa ser extirpado da face da terra e sobre ele toda a ira santa. E isto não terá fim, quem pagou prá ver, verá.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A época de ouro do rádio.

Ainda é comum a identificação do intérprete como autor da obra que canta ou executa. Este é um antigo costume oriundo das emissoras de rádio em omitir o nome dos autores de uma música, ficando com o cantor ou cantora a associação àquela canção como se fosse uma criação dele ou dela. A minha condição radiofônica passou a mudar quando já estudante em Salvador e ouvinte cativo da Rádio Educadora AM e tempos depois em FM, uma das poucas a registrar o nome dos autores da canção que acabávamos de ouvir. Esta emissora foi responsável pelo meu enriquecimento musical, em especial um programa noturno comandado pelo Professor Cid Teixeira em que a música brasileira e seus criadores eram elevados a condição de poetas e mestres, dividindo com o interprete os louros da canção e não somente àquele como se via até então. Assim, Geraldo Pereira, Cartola, Guilherme de Brito, Newton Mendonça, Vinicius de Moraes, Ronaldo Bôscoli, Victor Martins, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro e tantos mais foram aos poucos sendo reconhecidos como parte do sucesso de determinado intérprete.

A ampliação desta cultura musical com base radiofônica também se deu graças a um uma espécie de palestras semanais realizadas no Instituto Cultural Brasil Alemanha – ICBA, no final da década de 60, pelo Professor e poeta Carlos Coqueijo Costa, com a participação do colunista social e pianista Sílvio Lamenha, enfocando a época de ouro do nosso rádio até a bossa nova e a figura emblemática de João Gilberto. Ali, a cada noite ouvíamos pequenas histórias e grandes sucessos de divas da canção brasileira como Dalva de Oliveira, Elizete Cardoso, Isaurinha Garcia, Ângela Maria, Emilinha Borba, Marlene, as irmãs Batista, Linda e Dircinha, Nora Ney e mais, muito mais. Estes acontecimentos culturais foram decisivos na minha formação musical como ouvinte, curioso, leitor de biografias e, modestamente, pesquisador.
 
Foto: Dalva de Oliveira

A dizimista de Marco Feliciano.

Dia desses, distraído, assisti um destes programas de televisão em que a reportagem não se contenta em dar noticias sobre determinado artista ou celebridade, mas invadir, com a conivência vaidosa deste, a sua casa, revirando-a pelo avesso todos os seus cômodos, espaços, piscinas, mostrando que é um vitorioso, um bem sucedido. A bola da vez era a cantora Joelma e a marmota de seu marido, da Banda Calypso, escancararem suas intimidades, suas salas, salões, quartos, todos bem decorados em um branco asséptico, estofados, móveis modernosos, estantes com troféus, faixas, nenhum livro.

Livro que talvez tenha, ou não, feito falta na construção de um ser humano também vitorioso, ao invés deste molambo preconceituoso em sua fúria intolerante e incapaz de compreender a diversidade e o livre arbítrio a que todos têm direito. Droga mesmo é a cantora Joelma, seu marido, sua Banda Calypso.
 
Foto: Cantora Joelma

sábado, 13 de abril de 2013

Limpando a barca.



Charge: Simanca

Opondo-se ao que pertence.


O horário político de semana, através de inserções de pequenos filmes em todas as emissoras de televisão, teve como estrela o Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, embora este horário tenha sido destinado ao Partido Socialista Brasileiro – PSB e, não a ele. Esta massificação em torno do nome do oportunista político pernambucano tem como objetivo firmar uma liderança em torno de sua imagem, confiando em seu “lindo olhar” e em uma popularidade montada no mesmo esquema do que “é dando que se recebe” próprio do coronelismo nordestino e, se posicionar como declarado candidato à Presidência da República em 2014.

O mote das inserções é a sua risonha figura afirmando que “se pode mais”. Ora cara-pálida, se “se pode mais” e se você faz parte deste governo com indicações em ministérios, estatais, autarquias, empresas de economia mista e tudo mais que a voracidade de políticos oportunistas permitir, diga então à Presidente Dilma Rousseff o que é este “mais” a ser feito. Não é serio, ele se imagina um novo Collor, tão nordestino quanto; olho vivo neste socialista de butique. Ô país!

Foto: Gov. Eduardo Campos

Vendendo e comprando o peixe errado.

Como muita gente, baixo música na internet para uso estritamente pessoal. E contraditoriamente compro no mercado informal, compilações no formato MP3, contendo de 150 a 200 músicas, às vezes mais, ainda que para o meu próprio deleite. O uso comercial destes arquivos adquiridos na internet, sem qualquer custo para os seus usurpadores é condenável, tanto para quem comercializa como para quem adquire.

Eu, pecador, me confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa”. Sou levado pelo imenso amor à música e também pela compreensão que o autor de qualquer obra artística mereça o seu reconhecimento financeiro pelo uso por terceiros, de sua criação. Nem os quase 3.000 LPs, nem os incontáveis CDs comprados legalmente nas boas casas do ramo, me redime do pecado, da contravenção.

Há meios legais para a aquisição dos fonogramas do nosso interesse, diretamente da gravadora ou de sites autorizados a preços que variam de R$099 a R$1,30, valores mais que ravoaveis para se ter a qualquer momento Milton cantando Beatriz ou Mônica Salmaso revigorando o Velho Francisco ou Caetano desfibrando o coração da gente em Chuvas de verão. Concordo com o mais que justo custo pela utilização da criação alheia, acontece que no meu caso ando sempre à busca de raridades que nem sempre estão disponíveis nestas lojas virtuais, o que não justifica o uso, o erro, mas, feito um vicio, continuo.

Foto: CDs com a impressão da arte

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Você não soube me amar!


O Rock Brasil que incendiou o país no inicio dos anos 80 foi detonado pela banda BLITZ com um compacto simples (disco com duas faixas) através da música Você não soube me amar com vocais de Evandro Mesquita, Fernanda Abreu e Márcia Bulcão. O sucesso foi tão arrasador que o grupo foi convocado às pressas pela gravadora que lançou compacto, para o registro imediato de seu primeiro LP.

Estávamos em 1982, o país ainda vivia sob o domínio da censura, não mais uma censura política, tendo em vista o projeto de distensão lenta e gradual do regime ditatorial, mas uma censura de ordem moral e do controle dos costumes, vista a quantidade de grupos jovens que iam surgindo e dominando o ambiente musical do país. Acreditando nesta nada ingênua razão, o disco foi gravado sem que se tivesse o retorno das canções encaminhadas à censura, com o carimbo de liberação para gravação e execução pública. Tal não foi a surpresa quando o grupo e gravadora ficaram sabendo que Cruel, Cruel Esquizofrenético Blues e Ela Quer Morar Comigo na Lua estavam proibidas. E aí?

Fui um dos muitos consumidores de músicas que adquiriu o primeiro LP da Blitz, As aventuras da Blitz, empolgado com aquela geração que estava balançando a pança e os quadris do país, como o Barão Vermelho, Kid Abelha, Paralamas do Sucesso, Legião Urbano, Ira, Os Titãs e a nossa baiana Camisa de Vênus. O espanto ficaria por conta da verificação, após a retirada do vinil da sua capa e do invólucro protetor de plástico, que as duas últimas faixas do lado B estavam riscadas de modo violento e assim, impróprias para a reprodução. A razão da censura era a existência de algumas inocentes expressões ou palavrões que hoje são utilizados fartamente na linguagem coloquial, entre amigos, mostrando como a censura, qualquer que seja, é uma burrice e uma violência inominável.

Foto: Capa do LP da Blitz

Rio, Bahia e o vazio.

Exercitei, progressivamente, o meu interesse e a minha condição de torcedor do Flamengo ouvindo a Rádio Globo do Rio e seus locutores Waldir Amaral, Mário Vianna, Ruy Porto, João Saldanha, Deny Menezes e demais radialistas naquela que era, talvez ainda seja, a emissora mais ouvida e referência do futebol carioca. O campeonato terminava sempre com os quatro grandes, ate que o Bangu, em 1966, mudou o rumo da taça de campeão, levando-a para Moça Bonita, estádio do Bangu Atlético Clube. Mesmo com os quatro grandes como potenciais campeões do campeonato carioca, chegar até lá não era tarefa das mais fáceis, já que tinham pela frente o Campo Grande, Bonsucesso, São Cristovão, Olaria, América e até o Canto do Rio de Niterói.

Hoje, para acompanhar o Campeonato do Rio sem levar susto é preciso ouvir com certa antecipação à própria Rádio Globo ou os jornais da cidade para saber que Audax, Quixmã, Macaé, Volta Redonda, Boa Vista, Resende fazem parte da tabela de disputa, sob o pretexto de estadualizar o campeonato, que era estritamente carioca. Fenômeno que também atingiu o campeonato baiano onde Ypiranga, Galícia, Leôncio, Guarani, São Cristovão foram substituídos por clubes interioranos também com a mesma política de interiorizar uma disputa que se prendia á capital, com exceção do Fluminense de Feira de Santana.

Esta expansão dos campeonatos parece que não trouxe o público interiorano aos estádios, como era de se esperar, basta ver por aqui quando a TV Esporte Clube Bahia transmite jogos dessas equipes interioranas entre si, os estádios vazios que pode se contar nos dedos os espectadores presentes. A imagem melhora um pouco quando se está em disputa uma das grandes equipes das capitais, no mais os estádios vazios refletem que mudança não foi bem assimilada, mesmo levando-se em conta as transmissões pelas TVs abertas ou não.

Foto: Estádio vazio

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Triste Bahia!

21 cadeiras foram quebradas por torcedores na Fonte Nova

Não importa muito em que locais da Arena Fonte Nova, vândalos presentes e infiltrados entre os espectadores que assistiram a inauguração do novo e belo estádio e provocaram a destruição de assentos. As 21 cadeiras arrebentadas e encontradas na área destinada à torcida do Vitória é pouco significativa de que o gesto condenável tenha sido causado pelos torcedores rubronegros, até porque pelo resultado mais que confortável e humilhante sobre o nosso adversário, não nos caberia a imputação do crime.

"Prendo e arrebento".

O Supra Sumo do Supremo Tribunal Federal, o xerife do serviço público nacional, mais uma vez meteu os pés pelas mãos, com o destempero conhecido, prá cima dos seus próprios pares. As associações de classe que congregam a magistratura nacional, através de seus juízes, desembargadores, em visita à presidência do STF, sentiram mais uma vez o peso das palavras do chefe supremo da Constituição Federal.

Tudo começou pela sua contrariedade com a aprovação pelo Congresso Nacional da criação de 04 novos “Tribunal Regional Federal-TRF”, a serem instalados em Curitiba, Belo Horizonte, Salvador e Manaus, despertando sua ira pela forma “sorrateira”, conforme suas palavras, que os magistrados e senadores e deputados aprovaram sem ouvir o Judiciário.

Causa perplexidade a virulência verbal e a ironia de quem deveria velar pela polidez e respeitabilidade de um dos poderes do regime democrático. Remete a um ditador, de triste lembrança, que dizia “prendo e arrebento” quando sentia que poderia ter suas ideias contestadas por opositores. Só que o que na época era de fato demonstração de uma força repressora e ditatorial ao seu dispor, hoje é falta de educação mesmo.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Meu nome é Gal.

Sábado, dia 13, Gal apresentará seu novo show Recanto na Concha Acústica do TCA. Por conta de sua presença na cidade a revista Muito, encarte do jornal A Tarde, aos domingos, publicou uma extensa entrevista onde Gal fala de sua carreira, do envelhecimento aos 67 anos, do tropicalismo, de João Gilberto, de sexualidade etc. Gal, como muitos artistas, deveria apenas cantar, que é o que ela sempre soube fazer de melhor, e não teorizar sobre assuntos em que ela se revela rasa como uma cacimba nordestina nestes tempos de seca. Macalé certa feita declarou que Gal era “burrinha” e que nem sempre alcançava o teor das canções que entoava, mas como era uma espécie de porta voz do que queira Caetano em termos estéticos ela era orientada quanto ao sentido e as razões daquelas composições.

Maledicência que se torna desrespeitosa a uma personagem fundamental na construção da moderna música brasileira da qual o Tropicalismo é dado significativo na base deste novo canto, dessa atitude e profissionalismo a partir de sua geração. É certo que a voz de Gal já não é a mesma do seu inicio de carreira, ou de discos fundamentais como Fa-tal, Índia, Cantar, Gal canta Caymmi, Meu nome é Gal etc, mas a sua voz ainda ecoa com o frescor que os quase setenta anos não consegue abafar. Canta Gal! Se lá estivesse, lá estaria nas escadarias da Concha para lhe ouvir.

Disco: Gal - Capa de Índia de 1973
Foto: Antônio Guerreiro

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Os três ladrões.

Como já se tornou hábito na vida cultural da cidade, neste final de semana foi encenada em Morro do Chapéu a peça Os três ladrões de autoria de um dos atores do espetáculo. Montagem simples, texto sofrível e desempenho idem, observações que se mostram irrelevantes diante da disponibilidade de jovens que talvez nem tenham talento para vôos teatrais mais altos, mas que se revestem de grande importância no trato da palavra, do gesto, da encenação e do entretenimento.

A afluência de público às dependências da Minerva demonstra este reconhecimento e prestigio às atividades culturais em Morro do Chapéu, cuja Secretaria de Cultura do município parece voltada para a revitalização de atividades folclóricas e culturais que já fizeram parte da vida da cidade e foram desaparecendo com o passar do tempo. Um exemplo deste processo de resgate da tradição morrense foi a Procissão do Fogaréu na Semana Santa, cuja beleza plástica só não foi mais realçada ante a impossibilidade da COELBA em desligar a rede elétrica por onde passaria o cortejo. Esta procissão é constituída de penitentes com roupas e máscara brancas carregando velas que vão iluminando as ruas por onde passa, entoando cânticos religiosos.

Voltando ao espetáculo teatral, Os três ladrões, ontem em conversa com o diretor da peça ele se mostrava satisfeito com a receptividade do público à montagem que ele diz não se lembrar de platéia tão numerosa, o que serve de incentivo para novas investidas teatrais. Boa sorte ao grupo!

A Arena Fonte Nova é nossa!

Uma festa rubronegra com certeza. Não podia ter sido mais bonita a inauguração da nova Arena Fonte Nova, em uma tarde inesquecível para os desportistas baianos, em especial para a nossa torcida do Vitória. Partida irretocável em que nosso mais tradicional adversário sofreu o peso da máquina rubronegra em tarde inspirada.

Foi 5 x 1 mas poderia ter sido mais, embora a humilhação já estivesse consumada, marcando de modo definitivo a nossa passagem pelo novo estádio, com o primeiro gol e a primeira goleda rubronegra rumo ao titulo baiano de 2013. "Vamo que vamo" Vitória.

Foto: Jogadores do Vitória em comemoração.

domingo, 7 de abril de 2013

Cala a boca Regina, sossega língua ferina.

Para espanto e surpresa de tantos a atriz Regina Duarte apareceu no horário eleitoral gratuito para afirmar que estava com mêdo de uma possível vitória, que acabou se confirmando, de Lula que disputava com José Serra o segundo truno das eleiçoes preseidencias de 2002 . O episódio feriu de modo cruel a atriz, que ainda hoje carrega sobre si o preconceito e a má vontade dos criticos da área de entretenimento sobre qualquer trabalho seu em novela ou em teatro, pricipalmente este.

Nem tenho simpatia pela atriz, não pelo gesto do qual imagino ter se arrependido enormemente, mas por achar que o mundo, a casa, o espaço do ator é o teatro, e a atriz Regina Duarte é um produto de televisão, em especial das novelas globais.  Em recente entrevista à BRAVO, sendo inclusive capa da revista, ela demonstrou surpresa com a escolha e preocupação com a publicação, temendo uma possivel rejeição dos leitores, em tê-la como modelo de capa, tido por ela como intelectualizado. Chega a ser comovente a humildade da atriz, que estabeleceu uma condição para aceitar a honaria da entrevista, o fato de não falar sobre politica, o que foi aceito, mesmo que por vezes o entrevistador quisesse um posicionamento seu.

A sua personagem Viúva Porcina em Roque Santeiro, em que pese o excesso de uma interpretação caricata é inesquecível.

Foto: Regina Duarte e Lima Duarte

De novo e sempre no Morro!


Mais uma vez, sempre em finais de semana, deixando para trás a cidade alegre em busca da acolhedora Morro do Chapéu. O calor que faz por aqui é o mesmo de lá, só que a noite parece que a natureza liga o ar condiciondao em uma temperatura suportável e super agradável, bem diferente daquela do autoatendimento da agencia do Banco do Brasil, por exemplo.

Aqui faço reverência e visita a Julinha, minha primeira neta, que nos alegrará com sua presença no final deste mês ou inicio do próximo, além da frequencia a bons restaurantes uma das muitas características do bem receber desta cidade. Sexta feira à noite, a Piazzaria Eusepio, como acontece costumeiramente, estava lotada e, a espera pelo atendimento não causa nenhum incômodo, tal a gentileza de seus garçons e de Terezinha, a viuva do italiano, que hoje comanda com sua simpatia um restaurante que já é referência na região. O Filet à Parmegiana pode se saborar de joelhos, certo de que não esta cometendo nenhum outro pecado alem da gula.

Foto: Morro do Chapéu

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Insegurança Nacional!

O casal de turistas americanos assaltado no Rio, cuja jovem além de perder seus pertences foi estuprada é apenas um dado do circo dos horrores que invade toda e qualquer grande cidade brasileira. Nesta mesma linha de insegurança geral, melhor sorte teve o grupo de turistas alemães que no passeio ao Corcovado foi também assaltado, mas sem danos físicos, apenas materiais. A estas ações juntam-se outras que já são parte do receituário cotidiano, além de outras mais que vão se incorporando ao dia a dia, como explosões de caixas eletrônicos nos próprios bancos ou em estabelecimentos comerciais, assaltos, saidinha bancária, invasões de domicílios residenciais, seqüestros de agentes bancários, de empresários ou de seus filhos, corrupção policial, roubos de veículos em rol alucinante de crimes que se espalha por todo o território nacional sem qualquer controle, como uma epidemia de dengue.

Tá tudo dominado pela marginalidade, enquanto as autoridades fingem fazer algo que nem mesmo elas sabem o quê. “E o poder da autoridade/se pode não faz questão/se faz questão não consegue/enfrentar o tubarão. Gente estúpida/Gente hipócrita”.

Leio as opiniões de um membro da corporação policial aqui da cidade alegre, cuja lucidez e engajamento social no combate às drogas por vezes são turvadas pela indignação e revolta com as sucessivas baixas verificadas no seu contingente policial, que atua como defensor da sociedade e sofre as mesmas conseqüências do abandono e da insegurança que cerca a população. A questão não é meramente policial, mas a crise chegou a uma intensidade tal que se assemelha uma guerra civil surda, porque não declarada, e de um desarranjo social que só a força bruta pode num primeiro momento conter a ousadia e a liberdade judicial dos propagadores do crime.

Temo pelos nossos e pelos que irão nos visitar em eventos próximos, a exemplo da Copa das Confederações, em junho/13; do Rock in Rio, em setembro/13, cujos 450 mil ingressos para os sete dias de festa foram vendidos em pouco mais de 04 horas, sendo mais da metade adquirida por espectadores de fora daqui, além da Jornada Mundial da Juventude em julho/13. Mas, aí então, será armada uma operação de guerra para montar a farsa da “paz dos cemitérios” como foi na ECO-92, na Reunião das Nações Unidas-Rio + 20 e no Pan-Americano de 2007. Depois então, tudo voltará a ser como dantes no quartel de Abrantes. “Gente estúpida/Gente hipócrita”.

Foto: Policiais baianos.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Tal pai, quais filhos?


Quem não foi do tempo, nem conheceu ou não conhece o trabalho musical de Wilson Simonal, sempre será tempo de travar contato com um dos maiores cantores e “show man” brasileiro e a sua atribulada história que vai do apogeu ao inferno. O livro e o filme “Ninguém sabe o duro que dei” tenta traçar a trajetória do grande artista, mas é uma obra aberta, já que as suspeitas de que Simonal seria um agente da repressão infiltrado no meio artístico nunca foi de fato confirmada ou provada, a não ser que estas dúvidas sobre o seu caráter foram determinantes para o seu monumental fracasso e mesmo da sua morte.

Ao contrário de Elis, Jair Rodrigues, João Nogueira, por exemplo, que tiveram filhos talentosos seguindo os mesmos passos dos pais, Simonal não teve a mesma sorte com os seus, já que os mesmos se mostram cópias descartáveis do mestre, desprovidos de quaisquer talento. O produtor João Marcelo Bôscoli, irmão de Maria Rita, bem que tentou tirar leite das pedras com Max de Castro e Simoninha, mas deve ter desistido dos tais malas, pois o máximo que conseguiu foram imitações grosseiras e performances de sanguessugas do pai, maculando sua obra, sem nada acrescentar, mas a depreciar.
Foto: Wilson Simonal