terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O que alguns deles disseram em 2013.


Guido Mantega : “A economia brasileira está crescendo com duas pernas mancas”. - Ministro da Fazenda.
Dilma Rousseff: “Imiscuir-se dessa forma na vida de outro país fere o Direito Internacional e afronta os princípios que devem reger as relações entre eles, sobretudo nações amigas”. Em discurso na ONU, acusando os EUA de violar os direitos humanos ao espionar o Brasil.
Lula: “Eu fiz muito movimento de rua. Eu nunca coloquei máscara porque nunca tive vergonha do que fiz” - Ex-presidente, sobre a ação dos Black blocs em protestos.
Eduardo Paes: “Nós queremos ser muito rigorosos com a porcaria da população” - Falando sobre as mudanças na Cumlurb.
Luiz Carlos Góes: “Ser aristocrata não é só usar bem os talheres. É usar bem o plural” - Autor de Pé na cova.
Caetano Veloso: “Censor, eu? Nem morta! Na avalanche de pitos, reprimendas, e agressões só me estimulam a combatividade” - Durante a discussão sobre a autorização prévia das biografias.
José Mujica: “Esta velha é pior que o caolho” – Presidente do Uruguai, comparando Cristina Kirchner a Nestor Kirchner, em comentários indiscretos captados por um microfone.

Fonte: O Globo - Foto: Ilustrativa

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Em qualquer ocasião, a mesma aflição


Charge: Cau Gomez

O Lira Paulistana

Na primeira e única vez que fui a São Paulo, lá pelo inicio dos anos 80, conheci o teatro Lira Paulistana que abrigava em sua programação, o que mais tarde viria a ser conhecido como a vanguarda musical paulista, já que por ali passaram e iniciaram uma carreira artística o Itamar Assumpção, Grupo Rumo, Eliete Negreiros, Ná Ozzetti, Cida Moreira, Tetê Espíndola e até bandas de rock como Ira, Titãs, Ultraje a Rigor soltaram os seus primeiros acordes lá.

Fiquei hospedado em Pinheiros, em casa de familiares, o que facilitou a minha locomoção por bares e espaços culturais no centro da cidade. Lembro de ter ido ao Lira caminhando o que seria pouco recomendável nos dias de hoje, não só em São Paulo, mas em qualquer grande cidade brasileira. Os poucos dias que fiquei na cidade foram suficientes para conhecer os restaurantes, bares e botecos da Henrique Schaumann, o Morumbi, visitar Ed em casa do saudoso João Resegue, no Jardim Europa, o Shopping Eldorado, recém inaugurado enfim, dei uns bordejos por aí.

Quanto ao Lira, vi o show de Passoca e a apresentação de talvez seu único sucesso, a dolente e bela Sonora Garoa, bem como a performance do grupo Premeditando o Breque com uma espécie de música cantada e falada que algum tempo depois a Blitz incorporaria como sua característica musical. Leio que a história da simpática casa de espetáculo paulista, a Lira Paulistana, foi transformada em um filme documentário, narrando desde a sua transformação de um antigo depósito de ferragens para um pequeno teatro em formato de arena que revolucionou a cena musical paulista na década de 80. Quando pintar nas telas da cidade estarei na plateia, como estive, uma só vez, no Lira Paulistana.
 
Foto: Fachada do Lira Paulistana

2014 começou ontem.

Começou ontem a programação oficial da virada do ano, em Salvador, com uma bateria de shows montado no palco da Praça Cairu com a abertura pela banda Filhos de Jorge e prosseguiu com Ju Moraes, Paralamas do Sucesso, Aviões do Forró e encerrando já hoje pela manhã com o Araketu.

E a festa continua hoje no mesmo local, às 19 horas, com a banda afro, Muzenza, abrindo os trabalhos e passando a bola para a Baiana Sistem e o som da guitarra baiana elevada às alturas de Armandinho e Pepeu Gomes e segue com Nando Reis, o axé pop de Claudia Leite e finalizando a noite com Anitta e seu funk carioca. É de tirar o fôlego.
 
Foto: Aviões do Forró 

As carpideiras da democracia.

Como se não bastasse o constrangimento da prisão, a ausência da liberdade fruto de um processo jurídico arbitrário e tendencioso, onde o direito de defesa foi cerceado, num jogo previamente marcado, em que etapas foram sendo suprimidas no afã da condenação, a cada dia cria-se, com a conivência da grande mídia, um fato novo torturante e indigno. Tortura que, aliás, a Folha de São Paulo conhece muito bem, já que disponibilizava seus veículos no transporte de presos políticos para as sessões de crueldade nas dependências do DOI-CODI, o braço sanguinário da OBAN - Operação Bandeirante - em São Paulo.

Os livros entregues por amigos ao presidiário José Dirceu foram confiscados pela direção do cárcere e doados à biblioteca do Presídio da Papuda e determinando a ele o tempo possível de leitura, mesmo que o preso tenha cumprido as suas obrigações prisionais, como conservação da cela e a manutenção de um comportamento respeitoso com os servidores e demais condenados. Privação da liberdade não satisfaz os algozes da liberdade e da democracia é preciso mais, é necessário uma descompostura diária, uma dose de veneno permanente para saciar a sede interminável de vingança e ódio.

Em artigo recente a jornalista Hildegard Angel, irmã de Stuart Angel e filha de Zuzu Angel mortos pela ditadura militar, chama a atenção para um processo em andamento na criação de um clima golpista que não difere em nada do cenário pré-64, em que hoje uma classe média também histérica e uma juventude despolitizada e barulhenta via redes sociais servem a estes despropósitos como inocentes úteis aos fomentadores de crises. São perceptíveis estes sinais, estes indicativos que serão explicitados na próxima campanha eleitoral para a presidência da república. “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”.

Foto: Ilustrativa
 

domingo, 29 de dezembro de 2013

Sexta feira, todo mundo é baiano.

Sexta feira, dia 27 de dezembro, a última sexta feria do ano, o povo de santo, de Senhor do Bonfim, de Deus, da Bahia deu, como de costume em um hábito secular, mais uma demonstração de fé e de seu fervor religioso aos pés de Oxalá, Senhor do Bonfim em sua basílica no alto da colina. Agradecendo e pedindo proteção e bênçãos para si e para todos, levando flores brancas e vestido de branco, com a guia da oxalá e as contas do terço que o padre nosso ensinou. Tudo junto e misturado próprio deste misticismo baiano.

Aliás, Adriana Calcanhoto na canção Toda sexta feira, gravada por Belô Veloso, sintetizou com sensibilidade este jeito baiano de ser em versos simples, mas carregados de expressividade e reverência:
Toda sexta-feira
Toda roupa é branca
Toda pele é preta
Todo mundo canta
Todo o céu magenta
Toda sexta-feira
Todo canto é santo
E toda conta
Toda gota
Toda onda
Toda moça
Toda renda
Toda sexta-feira
Todo o mundo é baiano
junto.
 
 
Fotos: Ilustrativas

sábado, 28 de dezembro de 2013

Laços de Família - A prole do mano Juracy

Quem parte deixa além da saudade, seus frutos, patrimônio, esposa, seus filhos, netos e uma descendência que vai se espalhando como galhos de um arbusto frondoso até a transformação em sua árvore genealógica. Foi assim com o mano Juracy que hoje é saudade, mas vive em Darcy e seus filhos Marcelo, Ana Paula, Ticiana, Sônia e netos e na também saudade de Géo e Olga. É vida indo e vindo em ondas como o mar e, no amor e carinho que tenho por todos vocês, cunhada, sobrinhos, amigos irmanados para sempre.
Foto: Ana Paula e Darcy

Quase...

Sempre que estou de volta prá casa, em Salvador, entro no quatro dos fundos e retiro de modo aleatório um LP no meio da pilha que com tristeza vejo entre outros trastes e tralhas ali depositados, fruto desta vida comprimida que a cidade grande nos impõe. A busca por qualquer LP me traz a lembrança o contato com as grandes produções musicais que as gravadoras multinacionais aqui instaladas, já foram capazes, quando o mercado era ditado e comandado por elas e que hoje são meras fotografias de um tempo bom para elas e para nós, seus consumidores. Já ouvi-lo em seu formato original, LP, é uma tarefa que requeria o pick-up, aparelho que fui substituindo por outras novidades tecnológicas, com a perda da qualidade sonora que guarda os 78 rotações, conforme apregoam ouvidos além da sensibilidade e percepção auditiva. É o tempo.

Desta vez, estive em mãos com o disco de Betânia, de 1990, em comemoração aos seus 25 anos de carreira, refletidos em uma produção impecável desde o encarte aos músicos da linhagem de Wagner Tiso, Hermeto Pascoal, Toninho Horta, Egberto Gismonti, Sivuca, Márcio Montarroyos, Jaques Morelebaum etc uma constelação estelar nem sempre possível de reunir, não só pela ausência de Sivuca, mas pela grandiosidade de artistas referenciais. Sem contar com as participações mais que especiais de João Gilberto, Nina Simone, Gal Costa, Fátima Guedes, Almir Satter nesta superprodução em homenagem a Betânia.

Do disco, entre outras pérolas, destaco uma canção bonita e antiga de Mirabeau e Jorge Gonçalves que Betânia garimpou, como é de seu feito, em algum baú de guardados, a Quase e seus versos que são “pura entregação”: “Quase que eu digo agora/o seu nome sem querer/não quero que zombe/de nós toda essa gente/é por sua causa/ que eu estou tão diferente”.
Vídeo: Youtube (Betânia - Quase)

Não é uma balança portuguesa, com certeza.

Novo julgamento no STJD, e como era esperada nova derrota da Portuguesa e o seu rebaixamento para a segunda divisão, ocupando o lugar que é de fato e de direito do Fluminense, o eterno rei das trapaças dos tapetões. Tantos julgamentos houvesse como o time paulista perderia, já que os éticos, os senhores das leis e dos regulamentos deste apêndice podre de uma entidade marcada por suspeitas de falcatruas, subornos, propinas, roubalheira sem freios que comanda o futebol brasileiro.

É urgente que a CBF mude o seu endereço do Rio para Brasília, não só para ficar, não imune, mas menos sensível às influências dos clubes cariocas e de sua imprensa bairrista e arrogante, e principalmente por ser a capital federal o destino preciso para uma entidade que é mais um caso para a Polícia Federal como são os órgãos e instituições ali sediadas. A administração certa no lugar mais ainda.

Quanto a Portuguesa nossa solidariedade como a de qualquer esportista brasileiro, pela canalhice que foi vítima, pela injusta perda de pontos que lhe levou à 2ª divisão do futebol brasileiro, em beneficio de quem não foi capaz de conquistar o direito de permanência na Serie A do Campeonato Brasileiro, como o “pó de arroz” carioca. Se irregularidade houve, que fosse o clube multado, suspenso, perdesse mando de campo, qualquer outra penalidade menos a perda de pontos conquistados em campo, sob alegação de regulamentos e leis. Às favas tais leis e regulamentos.

Ao Fluminense nosso desprezo e indignação diante da pose esfarrapada de que não nada tinha com o problema, que nada lhe dizia respeito e destacou um preposto, um advogado, para defender seis interesses junto ao STJD; que interesses? Cinismo e hipocrisia travestidos de vestais. Que a torcida brasileira não esqueça o fato e devote ao clube carioca, sempre que possível, sua revolta e antipatia. Fora Flusão!  

Foto: Ilustrativa

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

The Voice Brasil - 26.12.13 - Final

A final do The Voice Brasil foi um destes programas de televisão em que os números musicais das atrações escolhidas para completar o tempo de duração do programa, insuficiente apenas com os quatro concorrentes, em nenhum momento ofuscaram as grandes estrelas da noite, os candidatos à melhor voz do Brasil. E estiveram no palco além dos técnicos, Carlinhos Brown, Lulu Santos, Daniel e Claudia Leite, outras estrelas como Jota Quest, Luiza Possi, Gaby Amarantos, Maria Gadu que cumpriram seus papeis de contornar a expectativa e a impaciência de quem torcia por uma daquelas quatro vozes. Talvez Ana Carolina tenha justificado, de fato, a condição de atração do programa com uma música dançante, acompanhada por um grupo de bailarinos que empolgaram pela coreografia e pelo ritmo frenético da canção. Aliás, este The Voice Brasil me ajudou a ver com outros olhos, artistas por quem sempre fiz muxoxo, dei pouca atenção, mas estava em parte enganado, exemplo da Ana Carolina, assim como em relação a Maria Gadú e a Luiza Possi, principalmente como analistas em suas funções de auxiliares técnicas.

Porém, o que interessava mesmo é quem seria o ganhador. Já tinha o meu candidato, o catarinense Rubens Daniel, que me convenceu com suas interpretações em Yellow do Coldplay e Yesterday, dos Beatles e fiquei seu seguidor, após ter perdido, juntamente com eles, a preferência dos técnicos e do público por outras escolhas que resultaram em suas eliminações, talvez precoces, talvez injustas, nunca se sabe. 

Mas quem subiu ao palco iniciando ao programa foi o Sam Alves, interpretando Hallelujah, de Leonard Cohen, em inglês e em português, um convite a quedar os joelhos ao chão e em contrição orar, refletir, render graças aos deuses, chorar, pois “com tantos sentimentos deve haver algum que sirva”. Se por um apagão qualquer o programa saisse do ar e não mais voltasse, poderia dar como encerrada esta temporada do The Voice Brasil com a vitória de Sam Alves, o que, aliás, não tardaria. Porém o show teria que continuar com os previsíveis Pedro Lima e seus arroubos vocais, enchendo de floreios a canção que pedia apenas sentimento e simplicidade, Me dê motivo. Do mesmo modo que a simpática Lucy Alves cumpriu despretenciosa, creio, o seu papel de ser ao mesmo tempo instrumentista e intérprete, talvez o seu diferencial em comparação a outros candidatos eliminados, nada além do esperado.

E finalmente o Rubens Daniel por quem cravei a “pule”, mas não sei se aquilo era hora de Renato Russo e o Monte Castelo, “ainda que falasse a língua dos homens/e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria”. Enfim, a vitória de Sam Alves é incontestável. Parabéns!

Foto: Sam Alves

Os premiados da APCA - 2013


A conceituada e séria Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA escolheu os destaques do ano em vários campos das artes como o teatro em que o espetáculo Nossa cidade do diretor Antunes Filho foi o premiado, além da escolha de Débora Falabella como melhor atriz, pela peça Contrações.

No cinema a premiação coube ao filme O som ao redor do diretor Kléber Mendonça Filho, bem como o ator Rodrigo Garcia pelo desconcertante Tatuagem, filme que assisti, mas que não me motivou nenhum comentário ou palpite tal o impacto das suas cenas e o seu caráter transgressor. Devo voltar a ver Tatuagem com o olhar aliviado, menos escandalizado, após a absorção de seu roteiro e suas cenas inquietantes de nudez e antropofagia sexual.

Na música popular foi prestada uma homenagem especial a cantora Ângela Maria, pelo conjunto da obra e o “rapper” Emicida escolhido como melhor intérprete e Arnaldo Antunes como o melhor compositor. O melhor disco recaiu sobre uma banda jovem do Rio Grande do Sul, o Apanhador só, e o surpreendente disco Antes que tu conte outra. Bebendo nas águas do experimentalismo que tanto pode ir de Walter Smetak, o bruxo baiano inventor de seus próprios instrumentos nos anos 70, como a sonoridade de Hermeto Pascoal e a busca de sons nos mais estranhos materiais, embalados por uma levada “rock” com guitarras distorcidas e letras “ispertas” e bem sacadas. 

Comecei a ouvir o disco, Antes que tu conte outra, após download disponibilizado na página da própria banda e a cada faixa uma surpresa, um estranhamento, um alívio de que nem tudo é a mesmice das nossas bandas pop do grande “esquemão” comercial. Juventude tem que ser sempre sinônimo de ousadia, de busca pelo novo, pelo inusitado, aliado a um talento musical que se reflete nesta busca inovadora. O Apanhador só, possivelmente não tocará no rádio, pior para o rádio e seus luans santanas e quejandos.

Foto: Capa do CD Antes que tu conte outra

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Mais do mesmo.


Assim como o peru assado, o arroz com passas, a farofa, o vatapá, o panettone, o especial do Rei também se integra a ceia natalina como um componente imprescindível a cada ano. Mesmo que seja mais do mesmo, "tudo é igual, não me iludo e contudo", já que "o importante é que emoções eu vivi".

O mesmo repertório, a plasticidade celestial de um palco azul e claro como a luz do dia, convidados previsíveis e admoestados como a cantora Anitta, contida em sua sensualidade de funkeira suburbana; um tremendão carente do endereço da oficina capilar do Presidente do Senado e até Tatá Werneck rasgando a fantasia dos humorísticos da MTV e levada para o seu personagem em Amor à vida, agora travestida em grande dama num dueto com o Rei.

A voz continua a mesma, anasalada, afinada, educada, boa de se ouvir, se o repertório ajudasse um pouco, como aquele esquecido e gravado nos anos 70 e responsável por “momentos que eu não esqueci/ detalhes de uma vida/ histórias que eu contei aqui.”

Foto: Roberto Carlos

Eu entendo Renan.


Só quem já teve muito cabelo ou hoje sofre o desconforto de sua falta, saberá entender a aflição capilar do Presidente do Senado em recompor a sua imagem, as suas madeixas, já que a da instituição que ele preside há muito foi pro brejo. Algo que suas excelências, quase digo excrescências, não se descuidam e estão sempre a zelar pelas aparências que enganam, mas não mentem, como o preto graúna do bigode e dos três ou quatro fios da cabeleira de Zé Sarney. Assim também como o castanho claro, quase louro da peruca do paranaense Álvaro Dias, ou da pele espichada e luzidia do ex-senador pelo Amazonas, o prefeito Artur Virgílio, adquirida após doses cavalares de botox.

Quando trabalhei, por pouco tempo, na Delegacia Regional da Fazenda, em Jacobina, notava que a cada manhã, após o banho, o pente que me penteava apresentava um grande volume de fios de cabelos, sinalizando a sua queda. Mas, como tinha muito não me preocupava com aquela situação, nem procurei a causa do abandono, nem um modo de deter a fuga de todos aqueles fios. Deixei de observar a frequência com aqueles fios me abandonavam, voltei pra Salvador e só muito tempo depois em um salão, depois do corte de cabelo fui posto em frente, ou atrás de uma realidade que já vinha convivendo sem me dar conta. Ao colocar o espelho sobre as minhas costas para que visse a imagem refletida no outro espelho em minha frente, quanto a qualidade do corte obtido, fui tomado pelo espanto de uma enorme área devastada em minha cabeleira e a instalação irreversível de uma pista de pouso para moscas e muriçocas. Estava calvo e nada mais havia a fazer.

Deste modo quando o senador Renan Calheiros, o Presidente do Senado Federal, utiliza uma avião da FAB para o seu deslocamento até Recife para uma sessão de implante capilar ele está a serviço da preservação da imagem do país no exterior e no interior das Alagoas onde está a seu público, sua plateia, que lhe cobre de aplausos e votos, ao invés de porrada, como devido. Assim, tanto faz um avião da FAB, uma ambulância do SAMU, um tanque de guerra, a esquadrilha da fumaça, o brucutu do BOPE, tudo pela imagem da República, como a pensão alimentícia de sua amante paga por um lobista da Construtora Mendes Júnior. Na Cosa Nostra, como em qualquer sociedade, tudo se sabe.

Fotomontagem: Yahoo

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Elas, as moscas.


Segundo os biólogos de botequim, isto, a avalanche de mosca sobre tudo e todos, é consequência das chuvas, pois elas ficam azucrinadas e desandam a voar por onde não deviam, como se houvesse espaço em que elas, as moscas, fossem impedidas de transitar. Não há. Como, por exemplo, na Churrascaria Silva onde elas ocupam as mesas em tal quantidade que humilham os grãos de feijão pescados no tropeiro, ao ponto de não se saber, quem é quem.

Mas, aqui entre nós, penso que tomei banho na cacimba da Leste, peguei como esponja os restos de raízes em decomposição, vesti os trapos do mendigo Joãozinho Beija-Flor no Carnaval de 1989, para que elas, as moscas, se aproximassem de mim com esta intensidade, esta intimidade que me cobrem e invadem meu copo de cerveja, meus óculos, meu jornal, de antes de ontem, o pobre do MP4 cujo ruído é muito mais silencioso e modesto que o zumbido delas e a sua impertinência.

Foto: Ilustrativa

Então é Natal!


Em que pese o teor do post abaixo e dos versos de um samba, sei lá, metafísico, de Gil, o Então vale a pena, em que ele diz “não teme a sua sorte/abraça a sua morte/como a uma linda ninfa nua”, hoje, o momento, é de falar da vida, do nascimento de Jesus Cristo, da esperança e da crença de que viver vale a pena, contrariando os desencantados versos de Gil.

Imbuído deste sentimento natalino de amor ao próximo, o seu mais religioso e fraterno significado, da vida, penso nos amigos, nos familiares, em minha esposa e filhas e na doçura e luz de Julinha razões e bússola da minha vida “que podia ser bem melhor e será”.

Mas, “então bom Natal e um ano novo também/que seja feliz quem, souber o que é o bem” numa versão livre dos versos de Happy Xmas (War is over) de John Lennon.
Forte abraço a todos!.

Foto: Ilustrativa

Do pó ao pó!

Levantamento recente realizado nas cidades de São Paulo e no Rio revela que o número de pessoas, em vida, ou familiares que optam pela cremação dos corpos de seus mortos tem crescido numa escala que tende a se igualar aos sepultamentos em terra. Nada mais natural, até como consagração do principio bíblico que do pó foi feito e a ele retornará, se bem que o que o pó que restará difere em muito do pó de onde viemos segundo se propaga. Creio mesmo bem diferente, a partir da experiência ou comentário sensacionalista, por exemplo, em torno da figura de Keith Richards, o “malucão” dos Stones, que num destes acessos de baratos radicais misturou e cheirou entre outras substancias, as cinzas do próprio pai, e cuja “larica” se desconhece, se o pó do velho deu liga ou não.

Mas a cremação apesar dos custos, que não deve ir muito além daqueles dos sepultamentos tradicionais, mesmo para um enterro sem pompas ou circunstâncias, é ecologicamente bem mais correto, evitando a poluição dos terrenos, a ocupação de áreas imensas nas cidades para sepultar a população. Sem contar a quebra da cadeia alimentar do tatu peba que reza a lenda se alimenta de cadáveres nos cemitérios. Como nunca comi tatu, peba ou bola, permaneço distante da antropofagia, da carne humana por via indireta, assim como o Richards dos Stones que se aproximou por outras vias do corpo de seu semelhante, seu pai.

Já assisti algumas cerimônias em crematórios e, em que pese a dor e a saudade pela perda de pessoas que amamos, o fardo parece bem mais leve, mesmo diante de manifestações emocionadas de familiares e amigos. A solenidade ainda que longa, é concluída com o desaparecimento da urna funerária para o centro de um altar, cujos procedimentos a partir dali só Deus sabe, e os coveiros também. Assim, todos nós, mais eles que nós, por enquanto, ficamos livres de intermináveis pás de terra pela cara ou do peso de uma laje, num ritual que marca para sempre como aquela angústia cantada por Toquinho e Vinicius em Testamento: “Por cima uma laje/embaixo a escuridão; é fogo irmão, é fogo irmão!”

Foto: Ilustrativa

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

De volta ao começo.


Charge: Simanca

Com Lídice onde Lídice for.



O Governador do Estado, Jacques Wagner, já bateu o martelo quanto ao candidato do partido a sua sucessão, o ilustre desconhecido Ruy Costa, sem que ouvisse outros postulantes, como o senador Walter Pinheiro e o ex-presidente da Petrobrás, o Prof. Sérgio Gabrielli, o candidato da preferência de Lula, sem esperar a convenção partidária ou consultasse a sua base aliada na Assembleia Legislativa. Tudo democraticamente, conforme se vê.

Com esta definição, a senadora Lídice da Mata fica liberada para trilhar a sua candidatura ao governo baiano, pelo PSB, ela e o partido que sempre estiveram juntos ao governador em sua eleição e reeleição e que também se beneficiou deste apoio para a sua eleição ao Senado em 2010. A “saia justa” é como ela se apresentará ao eleitorado, já que não é a candidata da situação e, como oposição lhe faltará discurso para tanto, pois apoiou e integrou este governo para o qual agora deve concorrer como sucessora. Situação semelhante ocorre com o cacique de seu partido, o Governador de Pernambuco, o “galeguim do zoi azu” que há pouco tempo integrava a base e o governo de Dilma Rousseff já se insurge como opositor ao prato que comia, ainda que com credibilidade em baixa e sem estofo para esta tarefa, que as vestais do PSDB pretendem ocupar.

Confio na candidatura de Lídice, pela sua história pelo seu passado que conheço desde os tempos de seu ativismo político na Escola de Economia da UFBA, onde fomos colegas em algumas matérias e ela integrava uma corrente de esquerda responsável entre outros alunos, pelo elevado índice de politização do Diretório Acadêmico da escola, do qual ela fazia parte, e que sempre foi uma tendência do DA desde os anos 60. 

A sua candidatura recebeu com a filiação ao PSB, da ética e íntegra Drª Eliana Calmon, ex-Corregedora Nacional da Justiça que se notabilizou peça caça a Juízes e Promotores corruptos e por bater de frente com arrogantes expoentes do Judiciário Nacional, um nome perfeito para concorrer ao Senado pelo partido do qual agora é filiada. Com Lídice onde Lídice for.

Foto: Lídice da Mata

domingo, 22 de dezembro de 2013

Ressuscitando os mortos.


Espera-se que não venha ser uma nova tendência do show business nacional, a reinvenção ou ressurreição de artistas queridos que já nos deixaram, através de tecnologias de impacto, mas carregada de uma morbidez incompatível com o clima de farra e celebração presentes em qualquer show. 

Assim, cria-se em estúdio uma imagem tridimensional do artista que se quer homenagear, a partir de fotografias escolhidas. Em seguida esta imagem é transformada em holograma que projetada em um espelho na superfície do palco, é sobreposta em imagens em movimento, previamente selecionadas, criando uma animação do artista com fidelidade assombrosa, de assombração, o ídolo interagindo com convidados, fisicamente vivos, no palco.

Vi, recentemente, no programa Metrópolis da TV Cultura trechos de um show em homenagem a Cazuza em que ele aparece no palco em dueto com outros artistas ou sozinho que é impressionante, de arrepiar. Algo do outro mundo, mesmo, menos para a plateia que em delírio se manifestava ovacionando o grande artista que por uns momentos deixou de ser saudade, para se materializar ressuscitado como um cristo profano. 

Cópia do que se faz na área de entretenimento dos Estados Unidos chega por aqui, mas que não se popularizará, até para evitar a banalização, em função do alto custo da criação destas imagens em holograma, como quem dissesse deixem os mortos em paz, a sua visita ou volta só nas sessões espíritas, nos jogos de búzios, nas cartomantes, nas tendas dos orixás. Amém! 

Foto: Cazuza

Polícia pra quem precisa de polícia!.

A partir do que disse o Professor Jorge Hage, Ministro Chefe da Corregedoria Geral da União, pode se deduzir que o acerto na prisão dos mensaleiros não significa, nem é o fim, o símbolo do encarceramento da corrupção no país, ou a derrota da impunidade, já que eles, os corruptos, estão onde sempre estiveram, na boa, e a salvo do tridente do STF e seus olhos vendados. Estas deduções ocorrem ainda do espanto das cenas de barbarismo perpetradas por torcedores do Atlético Paranaense e Vasco cuja repercussão e comoção nacional logo estariam sepultadas por este sentimento de impunidade que grassa e habita o imaginário popular. Muito falatório, editoriais contundentes, reportagens, imagens na TV prá tudo se acabar, onde começa, em nada.

Porém, desta vez os lutadores de MMA travestidos por alguns minutos de torcedores de times de futebol tiveram e estão tendo a policia, a justiça e o seu rigor, em seus encalços. Nem tudo está perdido, ainda dá prá acreditar, mesmo que seja só jogo de cena para a comunidade internacional que deverá se aventurar por aqui na Copa do Mundo do próximo ano. Pode ser, mas é certo que as prisões e os mandados estão sendo efetuados e os brutamontes se apresentam com a fantasia rasgada, posando de gente fina, boa gente, inocentes inúteis, ao contrário do papel de carniceiros com que horrorizaram o mundo; pelo menos o mundo esportivo. Polícia pra quem precisa de polícia!. 

Foto: Ilustrativa

Água Lusa, o canto lusitano de Jussara Silveira.


Não temos com a música portuguesa uma familiaridade, um gosto, que por razões histórica e linguística nos permitiria com mais regularidade este intercâmbio, tornando o conhecimento mais intenso e natural, ao contrário daquele que temos com a música americana, mesmo que por força do imperialismo de mercado. Do lado português vemos a frequência com que artistas como Dulce Pontes, Eugenia Mello e Castro, Antonio Zambujo, Teresa Salgueiro estão sempre a visitar nossos compositores gravando suas canções e os recebendo com participações especiais em seus discos. Do nosso lado, parece que paramos na lendária Amélia Rodrigues e os sucessos de Nem as paredes confesso, Ai, Mouraria, Foi Deus, Uma casa portuguesa, Lisboa antiga e outros fados mais.

Por esta razão, o mais novo disco de Jussara Silveira, esta mineira-baiana, lançado este ano, Água Lusa, chamou a minha atenção, já que dedicado a música portuguesa, com todas as composições assinadas pelo poeta lusitano Tiago Torres da Silva em parceria com variados melodistas. São mantidas algumas características da música portuguesa como a saudade, a melancolia, a tristeza, mas que não soam tradicionalistas, ou passadistas já que os arranjos das canções, nem sempre fado, e a voz de Jussara imprimem uma vivacidade em versos que em sua grande maioria cantam o amor e o mar. 

E cantam bem, tornando-se desnecessária o pedido de desculpa da intérprete embutido nos versos de Na companhia dos fadistas que dizem "Sei que não sou do fado por nascença / E só o posso ser por condição / Por isso, ao começar, peço licença / E assim que terminar, peço perdão", bonitos, mas Jussara Silveira não faz feio. São admiráveis e tristes as canções O nome do mar, Voltarei a minha terra, Beijo alentejano, Sereia, O mar fala de ti entre outras que em nenhum momento trazem este sentimento de desencanto e se por acaso vier eles são absorvidos pela precisão e delicadeza da voz de Jussara Silveira e dos bonitos solos de guitarra portuguesa, acordeom e piano. 

Assim, os pedidos de desculpas ou de perdão dos versos acima são dispensáveis, já que ela continuará sendo uma cantora brasileira, que incursionou pela jovem e bela música portuguesa, como os seus colegas portugueses já fazem há temps com a nossa música.

Foto: Jussara Silveira

sábado, 21 de dezembro de 2013

Chove chuva, mas devagar!


Há poucas semanas atrás, mirar a paisagem em volta da cidade era a contemplação de um cenário desolador, marcado por restos de vegetação queimada, esturricada sob a intensidade do sol, a terra exposta e nua como um flagelado da seca que atingia ambos, no mesmo clamor.  A esperança do verde se espalhar na plantação era o que restava ao pequeno proprietário de sítios e minifúndios, criadores de poucas reses com os olhos fundos lançados ao céu em busca de uma nuvem qualquer que lhe trouxesse alento, que prenunciasse a chuva.

E ela chegou, não importa agora por não ter vindo antes, tão benfazeja que é a chuva em qualquer momento da vida nordestina. Nestas poucas semanas desde a sua chegada, tudo se transformou. A paisagem cinzenta e triste vai dando lugar a uma outra verdejante a cercar a cidade, trazendo de volta a beleza perdida nos descaminhos da seca. Rios correndo, açudes transbordando e a fartura esperada nos grãos de milho, feijão, andu, mangalô, nos pés de hortaliças, nos derivados da mandioca em tudo que é possível nesta agricultura de subsistência que alimenta a cidade.

Bom que a chuva esteja chegando silenciosa e constante, até o momento, sem os arroubos de destruição e medo que experimentam outras cidades brasileiras, da qual nossa Lajedinho, por aqui, nesta mesma trilha da Chapada Diamantina, se viu tragada por um temporal arrasador, após tantos meses de seca, tanto tempo esperando o que Jesus prometeu.  

Foto: Ilustrativa 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Feita para o poeta.

Pela frequência com que se apresentava na Rádio Sociedade da Bahia e na TV Itapoan, onde tinha um programa semanal, por pouco não integrou o espólio dos Diários Associados na Bahia, quando o império desmoronou. A cantora Maria Creuza foi salva deste arrolamento, graças a Vinicius de Moraes que à época morava em Salvador por conta de um dos seus casamentos, desta vez com Gessy Gesse. Participante de festivais locais e nacionais, Maria Creuza era uma estrela na província soteropolitana. 

Boa voz, morena e bonita, Maria Creuza, não recusou o convite de Vinicius para uma excursão pela Argentina, Uruguai e daí para o mundo, juntamente com Toquinho. Não sem antes mudar-se de mala e cuia para o Rio, também por conta de seu casamento com Antonio Carlos da dupla Antonio Carlos e Jocafi que era figurinha fácil nas trilhas sonoras de novelas globais e eles freqentadores habituais das paradas de sucesso. Com ela, até por conta do repertório, o sucesso não veio em forma de explosão, mas passou a ser um nome nacional neste segmento da música romântica de boa procedência.

Encontramos com Maria Creuza tanto tempo depois, a semana passada, no palco da Caixa Cultural com o show Feita para o poeta em que ela homenageia Vinicius com suas canções e histórias do poeta vivenciadas por ela neste tempo em que o acompanhou excursões afora. A voz já não era a mesma, assim como a beleza e a sensualidade desbotaram, mas estavamos diante de depoimentos emocionados e sinceros de quem viveu momentos únicos na música brasileira, testemunhados por Maria Creuza cujo carinho podemos externar naqueles setenta minutos de boa música.

Foto: Maria Creuza

The Voice Brasil - 19.12.13



Na noite dos semifinalistas coube ao público a tarefa de decidir quem, de fato, iria à final, já que ao corpo técnico foram atribuídos somente 30 pontos para serem distribuídos entre os seus dois concorrentes, sem que se soubessem os percentuais obtidos pelos candidatos junto ao público. E a seção foi aberta com o time de Lulu Santos que levou ao palco a roqueira Luana Camarah. Ela que sempre se apresentou cantando rocks de bandas americanas ou inglesas, desta vez foi no popular, na língua pátria, com uma canção que me é tão cara, já que do trio Sá, Rodrix e Guarabira, cujo disco Passado Presente, Futuro, conheço as faixas da primeira a última. Para ela não foi uma boa escolha, talvez tenha sido traída pelo título, pois ao seu contrario, não é mesmo um rock, mas um “blues de Minas Gerais”, e a força de sua interpretação retirou a singeleza, alterou a melodia, distorcendo o bucolismo da canção. Ficou fácil para o Pedro Lima, o candidato a seguir, em que pese os excessos de seus floreios e malabarismos vocais teve em Coleção do Cassiano seu passaporte carimbado para a final.

No time de Carlinhos Brown estavam os dois candidatos da minha preferência, entre outros, cuja escolha do repertório foi decisiva. Enquanto Lucy Alves incendiou o palco, e creio o público, com Festa do interior numa versão esfuziante para ela que sempre se mostrou contida, sobrou para o Marcos Lessa a tarefa de recompor os ânimos e o espírito carnavalesco com a beleza de Travessia. A exceção de Milton e também de Elis, até mesmo Sarah Vaughan, poucos se atrevem a enveredar pelo tom tão alto da melodia de Milton Nascimento, mas o concorrente Marcos Lessa foi irrepreensível, o que me fez pensar, novamente, em injustiça com a sua eliminação. Um artista.

Rubens Daniel era um outro candidato por quem torcia, do time de Daniel e, o cara não fez por menos com a canção dos Beatles, a eterna Yesterday, em que não deixou espaços para dúvidas e não teve prá ninguém, inclusive a Cecília Militão, sua concorrente. E finalmente Gabby Moura, do time de Claudia Leite, por quem apostava minhas fichas não foi bem com Alguém me avisou um samba de Dona Ivone Lara, mesmo tocando cavaquinho foi ultrapassada pela comovente interpretação de Sam Alves para Você existe em mim, uma versão de Carlinhos Brown

E estão na final para a escolha da nova voz do Brasil, Pedro Lima, Lucy Alves, Rubens Daniel e Sam Alves, ficando em mim a sensação de que a melhor voz foi deixada para trás, com todo respeito aos quatro candidatos finalistas para o programa do dia 26.12.13. Vamos lá!

Foto: Marcos Lessa

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O milésimo post.

Por dificuldades administrativas na manutenção do blog Bazo Borges que mantinha no portal IG mudei de abrigo e vim parar aqui no “blogspot”. Então, iniciei em 29.11.11, com o post “Os Hermanos estão de volta” outro Bazo Borges, em nova casa, mas mantendo a mesma falta de noção, os mesmos palpites como se fosse opinião, tentando ser isento, mas entregando a pizza na primeira esquina, além de ser atropelado diariamente pelos erros de meu português ruim. 

Como dizia o poeta Paulo Leminski, escrevo porque gosto e pronto; porque leio muito, porque me interesso por assuntos que as pessoas normais não estão nem aí; porque acredito, assim meio “nerd”, num mundo melhor, tal qual aquele samba de Pixinguinha e Vinicius (você que está me escutando/é mesmo com você/que estou falando agora).


Às vezes me surpreendo e me assusto, a ser verdade, com o número de acesso a estas obervações postadas a cada dia. Tento acreditar, por timidez ou vergonha, que seja algum vírus a disparar um reloginho escondido em algum canto da página superdimensionando esta visibilidade. Mas, qual Gene Kelly fora do ritmo e do tom, tamos aí cantando e dançando na chuva, prá se molhar. E sem tem mais o que dizer, agradeço aos que perdem um pouco de seu tempo com estas abobrinhas, rastejando, mas em frente.

Fotos: Ilustrativas

Minha corrupção é menos corrupta que a sua.

A corrupção no país é multipartidária e está tão entranhada no tecido político que não livra ninguem e, é tão presente nas atividades legislativas e executivas que deve fazer parte do programa partidário de qualquer sigla. Se bem que uns mais que outros, variando o percentual do suborno se 10, 15 ou 25% e, que estes outros, quando pegos com a mão na roda posam de vestais, fazem caras e bocas, ameaçam processar o delator, recorrer ao STF (Ah, o Supremo!) enfim, esperneiam como se fosse o fim do tunel, a última estação do metrô. Pois, foi aqui no metrô que o trem empacou e a Siemens jogou sujeira nas túnicas do tucanato paulista, respingando em governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmim.

As licitações para obras do metrô paulista que envolveram reformas, compra de trens, manutenção das máquinas e estações, foram distribuídas entre várias empresas como fachada para a legalidade do serviço, cartelizando a obra a fim de que todo mundo (o mundo deles) ganhasse e, a viúva, quer dizer, o estado, como sempre perdesse. Segundo avaliações, a roubalheira pode atingir a espantosa quantia de 40 bilhões de reais. Atônitos com as denúncias e as suas reputações de virgens de cabaré, buscam enrredar o Ministro da Justiça sob a cusação de ter sido ele o autor do encaminhamento de informações a Policia Federal com acusações ao tucanato paulista, feitas por um ex-executivo da Siemens

Não se avexem não, quem sabe as celas, ao contrário daquelas dos mensaleiros, tenham espelhos no teto, frigobar, televisão de 50 polegadas, cardápio do Fasano, ar condicionado, tudo ao gosto e a tradição de presidiários éticos.

Charge: Lare

Prá lá de Marrakech.

Não pela derrota em si, do Atlético Mineiro frente ao Raja Casablanca, em Marrakech, mas pela exibição pífia do time brasileiro de quem muito se esperava, embora o campeonato brasileiro de 2013 tenha se mostrado pouco confiável para o time mineiro em voos mais distantes. Exesso de confiança pode ser a justificativa apresentada, mas que não se sustenta pela má atuação de Ronaldinho Gaúcho, excesso de passe errados, defesa displicente, ao contrário de um adversário insinuante, bons jogadores em busca da bola e do gol ainda que sem encontrar o caminho no primeiro tempo.

Foi-se o tempo que jogar contra clubes ou seleções africanas era a certeza de resultados favoráveis por antecipação. Dizia-se de uma correria desenfereada, sem objetividade, sem atentar para a qualidade destes atletas aliada a tal velocidade propagada. A excelência de seus jogadores, originários da África ou naturalizados nos países dos clubes que atuam, pode ser observada nos campeonatos europeus, em especial da Itália, Alemanha, Espanha, França e Holanda onde chamam a atenção do mundo pela habilidade de goleadores natos.

A seleção brasileira, mesmo, já provou deste veneno em competições internacionais como as Olimpíadas de 1996 e 2000, quando fomos eliminados pela Nigéria e Camarões que tinha como base daqueles times, futuros craques da seleção principal, a exemplo de Ronaldinho Gaúcho, Bebeto, Ronaldo, Rivaldo, Dida entre outros. É bom se acutelar com a seleção de Camarões que enfrentaremos na fase inicial da Copa do Mundo de 2014, jntamente com a seleção da Cróacia e do México, para não fazer como o “galo”, que volta prá casa de crista caída.

Foto: Raja x CAM

Atento aos sinais.


Para um artista bem sucedido, vitorioso, com sucesso contínuo ao longo de sua carreira, aclamado pelo público e crítica poderia aos 73 anos pendurar o microfone e deixar que a posteridade se deleitasse com Sangue Latino, Rosa de Hiroxima, Homem com H, Assim assado, Vereda Tropical, Ensaboa, Deixa a menina e mais. muito mais. Mas, para Ney Matogrosso “não existe pecado do lado debaixo do Equador” e continua atento a seu tempo e aos seus sinais se cercando de jovens compositores, bons músicos e excelentes arranjadores para engendrar uma nova preciosidade para a sua discografia já bastante carregada delas.

Compositores que poderiam ser seus filhos ou netos como Vitor Pirralho, Dani Black, Rafael Rocha dividem espaço com compositores consolidados como Arnaldo Antunes, Lenine, Vitor Ramil, Itamar Assunção (já falecido), Pedro Luís com quem gravou o excelente CD Vagabundo, juntamente com a Parede, o grupo do Pedro. Pois é esta turma que dá munição para mais uma bem sucedida investida de Ney nos estúdios, sempre com o bom gosto e a ousadia que são suas características. Ressalto a bem sacada busca de Roendo as unhas, de Paulinho da Viola em seu antológico disco, Sentimentos, que Ney revitalizou uma canção que já era moderna desde o moderno disco de Paulinho onde consta Nervos de Aço, Sonho de Carnaval, talvez em gravações definitivas. 

Mas, voltando ao Ney e ao seu novo disco, Atento aos sinais que é a gravação em estúdio de um show que rodou o país este ano, como o mesmo nome, só que agora livre das interferências e dos possíveis deslizes do palco. Bom voltar a ouvir Rua da passagem, gravada por Lenine, Isso não vai ficar assim, também já gravada por Itamar Assunção, seu autor, mas que Ney imprime o viço e a energia que são latentes nestas e em composições como Oração, de Dani Black ou Ilusão da casa, de Vitor Ramil. Mais um acerto deste grande artista

Foto: Ney Matogrosso