segunda-feira, 31 de março de 2014

O golpe militar de 64 - A nossa maneira.

O golpe militar de 64 encontrou a cidade mergulhada em sua pasmaceira habitual. Abstraindo a fogueira com os livros de capas vermelhas da biblioteca do grêmio ginasiano, tachados de comunistas, sabe Deus por quem, nada indicava que havia uma revolução em curso.

Mas aí chegou o Capelão de Feira de Santana.

Sob o pretexto de recolher o arsenal contra-revolucionário espalhado na cidade, nada escapou a fúria paranóica da autoridade, nem sequer uma prosaica faca enferrujada do Bar Central, do mano Juracy, utilizada para cortar limão e mexer o mel das “caipirinhas”.

Foto: Ilustrativa - Fonte: Histórias de Piritiba (I)

O indignado Frank Menezes.

A peça O indignado, com o bom e premiado ator baiano Frank Menezes já está em cartaz há sete anos, num entra e sai de temporada em variadas casas de teatro, o que atesta a boa receptividade do espetáculo e da capacidade do ator em transitar pela comédia ou drama, sempre de modo convincente, tanto no teatro, cinema ou televisão.
Só agora pude ver o monólogo no Espaço Xisto Bahia da Biblioteca Central, nos Barris, cuja frequência, no sábado, por exemplo, quando vi, mostra a grande aceitação do texto que permanece em cartaz durante todo tempo. 

Só em cena, Frank Menezes confessa a sua indignação com o seu país, o mundo e as mazelas de sua cidade, sempre de modo irônico, debochado, cômico mesmo. A presença de uma suiça na festa do Rio Vermelho em que a visitante recebe uma “entidade” do candomblé em plena praia, é um dos momentos impagáveis do show, pelo que ele relata e pelo que se pode deduzir da cena com o pai de santo tentando retirar o orixá incorporado, enquanto a suiça rodopia, baba e pula transtornada e possuída. Momentos do mais puro riso, de um bom humor. 

Foto: Frank Menezes  

   

Avalanche sonora.

Já é tempo de alguém, um diretor musical, por exemplo, convencer ou impor a um baterista que a sua função é de coadjuvante e não de estrela, pois esta é a que ele deveria acompanhar com a sobriedade que o seu instrumento e os tímpanos dos espectadores mercem e agradecem. Junte-se a este baterista, descontrolado e sem noção, aliás no caso era uma jovem baterista, guitarra e baixo derramando decibeis a todo volume em um espaço pequeno com a capacidade de no máximo 80 pessoas, e está formado o inferno sonoro.

A vítima desta avalanche de sons, mais apropriada para um espaço aberto jamais para um ambiente fechado de dimensões reduzidas, foi a moderna e antenada Márcia Castro em curta temporada na Caixa Cultural neste final de semana último. Do que se conseguiu identificar no repertório, funcionou como comprovação do talento de mais esta jovem cantora baiana. No primeiro dia de sua apresentação, quinta feira, houve a participação especial de Elza Soares que não pude ver, já que assisti na sexta feira, achando que a participação da sambista carioca seria durante toda a temporada de Márcia Castro. Mas, não!

Foto: Márcia Castro 

domingo, 30 de março de 2014

Parabéns Salvador - 465 anos!

Quando eu cheguei por aqui era noite. As luzes da estação rodoviária instaurava a confusão que já pressentia. Aquele tropel de gente subindo e descendo escadas não era uma bom cartão de visita e, as luzes piscando feérica e nervosamente tanto quanto eu, na cidade que viria a escolher para mim. Não foi uma boa recepção para um sertanejo que conheceu a mansidão, a luz de lamparina, o candieiro, o aladim, formas de iluminação que o motor de Seo Jerônimo tentava resolver e nem sempre conseguia.

Mas, a iluminação eu ganhei aqui. Na boa formação estudantil e cultural desta cidade que hoje faz 465 anos. Idade que se Matuslaém me ajudar quero ganhar também, sem deixar o Porto da Barra, o Santo Antônio, a Barroquinha, Itapuã, Dois de Julho...

Foto: Ilustrativa 

quinta-feira, 27 de março de 2014

O mundo caiu em Sarriá (1982).


Assistindo o filme oficial da FIFA sobre a Copa do Mundo do México – 1970 observa-se a frequência, quase insistência, com que o locutor se refere a defesa da seleção brasileira, como fraca, facilmente envolvida, insegura, um goleiro (Félix) que reclama de tudo menos dele próprio e por aí vai o demérito com a defesa campeã do mundo nos gramados mexicanos. Podia ser implicância, mas não era sem razão. Mesmo sabendo o resultado, cantado e conhecido por “90 milhões em ação”, vendo os lances do filme, cada vez que a seleção inglesa, peruana ou uruguaia ia ao ataque era um vexame para quem assistia o desempenho da nossa defesa.

O que segurou a onda e nos deu o título foi o brilhantismo do meio de campo e do ataque onde as estrelas de Clodoaldo, Gerson, Rivelino, Jairzinho, Tostão, Pelé, Paulo César brilhavam como nunca na tela das TVs de meio mundo de espectadores. Pura magia, encantamento e, sorte, pois esta nos faltou em outra tão ou mais brilhante seleção brasileira de futebol que foi a dirigida por Telê Santana em 1982, na Espanha.  

Talvez pelo conhecimento que já dominava sobre futebol e com um embasamento teórico possível para entender certas particularidades do jogo, a geração de Oscar, Junior, Cerezzo, Falcão, Sócrates, Zico, Éder merecia a mesma conquista da seleção de 70. Coisas do futebol!

Foto: Seleção de 1982

quarta-feira, 26 de março de 2014

Espelho para cegos.

Começa hoje, dia 26 de março, indo até domingo de 06 de abril, mais uma edição do prestigiado Festival de Teatro de Curitiba com mais de 400 peças em diversos locais de apresentações. Dentro da programação oficial figura o espetáculo baiano Espelho para cegos, uma realização da Cia de Teatro dos Novos da Universidade Livre de Teatro Vila Velha, com direção de Márcio Meireles e que será apresentado hoje na Reitoria da Universidade Federal do Paraná.

O espetáculo esteve em cartaz até o final do ano passado, em nova temporada, no Teatro Vila Velha, em Salvador com boa frequência de público. Desta vez contou com a presença do autor romeno Matéi Visniec, a convite do Vila, causando-lhe boa impressão a montagem, que espelha muito bem o espírito do seu texto, com boa dose de poesia, humor e alto teor político, pela exposição do esgarçamento das relações humanas, a solidão e o controle social. Parabéns e boa sorte a turma do Vila, lá em Curitiba.

Foto: Turma do Vila, antes do embarque para Curitiba

A marcha do quase ou nada Família

Charge: Simanca

Laços de Família - Julinha aos 11 meses.

Hoje, 26 de março 2014, Julinha completa 11 meses, andando em direção ao seu primeiro aninho, no próximo mês. Andar ainda é uma tentativa com o apoio dos braços dos sofás e cadeiras, maçanetas e quinas de peças, botões de aparelho de som, braços amigos disponíveis em sua escalada rumo aos primeiros passos. Braços, colunas e energia de gente jovem para acompanhar as estripulias de suas andanças, onde por razões óbvias não posso estar incluido, mas tento. Sob pena de vê-la chorar quando não atendidada ou reclamar através de um dialeto que pode ser uma mistura de alemão, espanhol, inglês ou esperanto que atendemos mais pelo impulso que por qualquer entendimento de sua pretensão, que é caminhar. O que às vezes fazemos de conta que não, para que ela ponha as duas mãozinhas na cabeça e indignada reclame com mais veemência. Maldade!

Não vejo a hora de sairmos por aí, pelas praças, jardins, por entre sacos de pipoca, jujuba e paçoca, pelos parques, pelos bares como parece registrar o flagrante acima que é um gesto do vô babão e de seus pais, que do seu inocente olhar ante a Skol que passa. Vô babão!

Foto: Pessoal

Bellas, talvez alí do Andaraí...

Assisti certa feita no Parque da Cidade, no Anfiteatro Dorival Caymmi, uma apresentação da jovem cantora e compositora Marcela Bellas, cujo sobrenome despertou a minha atenção em saber de sua origem e de sua possível ramificação genealógica pelo distrito do Andaraí, em nosso município. 

Conheço alguns membros da família Bellas, por aqui, especialmente conheci a sua figura, talvez a mais proeminente do clã, o saudoso vereador José Bellas, sobre o qual rondava o folclore de que era capaz de colocar na boca três bolas de bilhar, tal as dimensões de caçapa da sua privilegiada dita cuja. Fato que, embora trabalhasse no bar do mano na Praça Central e frequentado por ele, nunca presenciei tal proeza, mas desfrutei de sua gentileza e do seu fino trato com todos aqueles que o cercava. Grande figura, o vereador e cidadão representante do Andaraí, o querido José Bellas.

Mas, voltando ao show de Marcela Bellas procurei a sua empresária e produtora, dizendo que gostaria de conversar com ela sobre esta possível ligação familiar, com o distrito do Andaraí, aqui de Piritiba. A empresária concordou com o encontro, afirmando saber apenas que ela era baiana, mas desconhecia esta questão familiar e, findo o show que eu a procurasse que ela me receberia. E assim fiz. Só que Marcela estava concedendo uma entrevista a uma emissora de TV, e tão logo ela terminasse, conversaria comigo. Esperei um pouco debaixo de uma temperatura como só os dias de verão em Salvador são capazes, mas não deu para esperar mais. Pedi desculpas a empresária e disse que entraria em contato com ela pelo seu site, o que também acabei não fazendo; ainda.

Marcela lançou no final do ano passado seu segundo disco Chega de chorar de amor, que se encontra disponível para download em seu endereço marcelabellas.com.br, e que estou ouvindo para posterior comentário. Marcela é mais uma voz da nova cena musical baiana que tenta romper, ser vista e ouvida neste vuco-vuco do axé que tanto barulho faz por nada.

Foto: Marcela Bellas.

Entre sem bater!


A origem da expressão “entre sem bater” só poderia ter sido protagonizada por um gozador, debochado, “bon vivant”, frasista incorrigível e curtidor como foi o jornalista e humorista Aparício Torelly, mais conhecido como o Barão de Itararé. Ontem o Canal Brasil dentro da serie de reportagens “Resistir é preciso” dedicou o programa à folclórica figura do Barão de Itararé, título que ele se auto concedeu em homenagem a batalha que não houve.

Conta-se que o Barão se tornou grande amigo do marinheiro João Cândido, o Almirante Negro, que liderou a Revolução da Chibata em represália aos maus tratos do oficialato branco da Marinha contra os marujos negros como era o João Cândido. A sua pessoa foi imortalizada pelos compositores João Bosco e Aldir Blanc no samba genial Mestre sala dos mares, onde o Almirante Negro foi substituído por navegante negro, graças ou pela desgraça da tesoura da censura militar de 64.

O Barão em sua revista de humor político A Manha fez várias reportagens com o Almirante Negro, exaltando a sua atuação na Revolta da Chibata e a maneira cruel e desumana como eram tratados os marujos de pele morena e negra, resquícios da escravidão que ainda perduram nos dias de hoje. A Marinha não gostou desta espécie de endeusamento ao João Cândido, o Almirante Negro e um grupo de oficiais resolveu invadir a redação de A Manha e dar uns catiripapos no Barão. E assim foi feito. 

A redação da revista foi invadida, deixando o Barão mais estropiado que uma vítima do Pica Pau. No dia seguinte a porta da redação de A manha ostentava uma placa “Entre sem bater”.

Foto: Frase do Barão de Itararé.

terça-feira, 25 de março de 2014

Elis nas bancas!

Como tem ococrrido com a obra de outras artistas, a Folha começou dia 23.03.14, a venda com sua edição dominical da parte mais significativa da discografia de Elis, composto de 21 CDs e 04 coletâneas. Todos estes discos foram gravados na Philips, hoje Universal Music, a poderosa multinacional onde Elis se tornou de fato a insuperável intérprete de nossa música, com discos magistrais como aquele gravado com Tom Jobim, em 1974 e um dos mais cultuados de toda a sua discografia.  

Cada CD virá acompanhado de um livreto com textos de jornalistas analisando o disco e situando-o em um contexto de vida da artista, além de trechos de entrevistas suas concedidas à época. Os CDs poderão ser adquiridos juntamente com o jornal ou separadamente. Nunca é demais ter a obra de Elis à disposição, seja nas casas do ramo, sites de comercialização de raridades, supermercados, bancas de revista, postos de gasolina, pois “todo artista tem de ir aonde o pova está”.

Foto: Cds de Elis pela Folha

Marchinha do povo branco e perverso.

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Um grupo do que há de pior na sociedade brasileira resolveu encenar a “ópera-bufa” A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, sábado, dia 22, na tentativa de repetir a mesma cantilena golpista que em 64 acelerou a decretação do golpe militar que já estava sendo engendrado nos quartéis, nos escritórios da CIA, nos Estados Unidos, nos jornalões de sempre e no meio empresarial sob o pretexto da ameaça comunista no país.

O que se viu nos 500 gatos pingados, segundo a grande imprensa, foi a conhecida histeria nacionalista da classe média dos Jardins, de setores retrógados da Igreja Católica como o Tradição Família e Propriedade, a famigerada TFP, o Opus Dei, os carecas (skinheads) e com eles o ódio aos nordestinos, pretos e homossexuais, militares reformados e conservadores de todos os matizes.
Mas, o que chamou mesmo a atenção foi a agressividade e o desrespeito às autoridades constituídas, bem ou mal eleitas pelo voto popular, através de faixas, frases e slogans gritados irracionalmente pelo breve percurso que o bando promoveu. Saudosos da ditadura pediam novo golpe militar, o que prova ser mesmo a democracia, o pior dos regimes, só que não há outro, pois se assim fosse, metade do povo branco e perverso que dançou na marchinha estaria onde devem estar os contrários à lei e a ordem, na cadeia.  

Foto: Ilustrativa

A Casa Verde


O Alienista é um dos muitos textos de Machado de Assis que já recebeu adaptação teatral. É foi também por este caminho que o Grupo de Teatro Encenações, de Morro do Chapéu levou para o palco do Teatro Minerva nos dias 22 e 23 de março, final de semana último. 

A história é conhecida e gira em torno do médico Simão Bacamarte que de volta a sua cidade natal Itaguaí - RJ, cria uma clínica, a Casa Verde, para se dedicar ao estudo da psiquiatria e partir deste seu interesse por aquela ciência começa ver loucura em muitos moradores da cidade, o que determina os seus internamentos. Em dado momento mais da metade da população já está internada o que gera uma apreensão nos demais habitantes com desdobramentos que podem ser levados para um tom humorístico, a depender do viés que queira dar o diretor do espetáculo.

O Grupo Encenações, do Morro, fica no meio do caminho pelo primarismo e pela pobreza da montagem já que composta por amadores que se dedicam ao teatro, mas que em verdade são donas de casa, funcionários públicos, autônomos, profissionais liberais e não propriamente atores. Faz-se o que se pode com o desprendimento e a coragem daqueles que se prestam a estas ocupações e, que conta com o apoio da população que prestigia e colabora com o fazer teatral, o que é altamente louvável. 

Parabéns ao grupo de amadores teatrais, do Morro do Chapéu, pelo amor ao teatro e pela entrega em tarefas dedicadas ao entretenimento e ao lazer, fazendo valer o diferencial cultural da cidade há muito cantada por sua população e pelos seus visitantes.

Foto: Cartaz da peça A Casa Verde

domingo, 23 de março de 2014

Pro dia nascer feliz.

Músicas que podem tornar o seu domingo mas luminoso, como o sol que agora brilha em Morro do Chapéu e um céu tão azul como os olhos de Julinha.

Doce Companhia – Fernanda Takai
Sonho de um carnaval – Paulinho da Viola.
Fado - Betânia
Corra e olhe o céu – Cartola
Trem do Pantanal – Diana Pequeno
Palhaço – Céu
Lindeza – Caetano
Devolva-me – Adriana Calcanhoto
Luz Negra – Felipe Catto

Na varanda de Liz - Tiê
Pro dia nascer feliz - Cazuza
Foto: Diana Pequeno

O sujo e o mal lavado.

Há algo de podre, aliás, sempre houve, no terreiro da TV Globo. Produtora de uma porcaria que é quase um palavrão, o Big Brother Brasil, a emissora através de uma decisão judicial resolveu proibir que os portais UOL, Terra e R7 transmita qualquer fato ou comentário a respeito da excrescência de seu programa. 

A alegação é de que aqueles veículos estão se aproveitando de conteúdos que não produziram para ganhar algum dinheiro ou audiência sem qualquer custo. A falta de noção é tamanha que a própria TV Globo esquece que a divulgação de notícias e futricas de seu bagulho por aqueles portais faz de algum modo alavancar os índices de audiência do bordel televisivo que andam rastejando sobre o lixão do Jardim Gramacho.

Mas, em se tratando de falta de senso e noção a TV Globo não está sozinha, já que o UOL anunciou que recorrerá judicialmente da proibição imposta pela Globo, quanto aquilo que acha ser seu direito de informação, que está sendo tolhido, cerceado como uma velada censura à liberdade de expressão. Qualé UOL, respeite os seus verdadeiros usuários, que do BBB só querem as revistas masculinas e femininas onde irão parar seus participantes, finalidade única daquele bando de exibicionistas e mercadorias carnais. 

Foto: Ilustrativa 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Versos em busca do leitor.

O brasileiro não lê poesias, aliás, pensando bem não lê nada. Se antes da chegada da internet era esparso o número daqueles que se dedicavam a literatuta, depois da rede é que coisa foi de vez pro brejo, como a própria rede é espelho da indigência cultural e gramatical dos que armam suas tendas por lá. Em que pese crítico em se tratando de poesia, também sou reu confesso quanto à baixa frequência com que lido e leio os versos. 

Execetuando os poetas tradicionais de nossa literatura, até mesmo com o meu poeta preferido, o Mário Quintana, que visito em condições não rotineiras, não me aventuro à leitura de novos poetas, salvo aqueles que chegam ao meu conhecimento por alguma premiação conquistada ou fruto de entrevistas e indicação quanto ao talento de tal e qual poeta.

Assim aconteceu ao assistir o Estúdio Móvel, esta semana, apresentado pela jovem e simpática Liliane Reis, entrevistando a também jovem Bruna Beber, poeta carioca com cinco livros já lançados e, premiada em vários concursos literários, com participação na FLIP do ano passado. Chama atenção em Bruna a sua jovialidade e a espontaneidade, a sem cerimônia, para dizer versos aparentemente banais, fruto de suas observações do cotidiano e de sua vivência familiar, cheios de simplicidade, como nem sempre a poesia costuma se apresentar. A poesia de Bruna existe com a força de não querer ser poesia; mas, é.

Súbtito barra óbito
                                                                  Bruna Beber

meu amor perdeu
os dentes da frente
não pode mais assobiar
seu próprio uivo

meu amor perdeu
todos os dentes
não pode mastigar os cacos
de vidro da dor.


Foto: Bruna Beber

E a caravana passa!


Pesquisa do IBOPE divulgada ontem à noite mostra que a situação eleitoral da Presidente Dilma permanece inabalável desde a última pesquisa realizada em novembro de 2013, e venceria a eleição ainda no primeiro turno. A Presidente mantém o percentual de 43% dos votos, contra 15% de Aécio e 7% de Dudu. Com a entrada da messiânica, aquela que anda sobre as águas e inventou a ecologia amazônica, não se alteraria a ponto de mudar o quadro, pois teria 12% ao invés dos 7% de Dudu.

Não se vive o melhor dos cenários, mas a mudança de rumo não seria a saída, já que seus adversários são contumazes aventureiros que buscam o poder por todos os meios, principalmente os ilícitos, contando com a direita histérica e os politizados de rodapés de jornais em campanhas cuja sordidez revela muito mais o caráter dos atacantes que dos atacados. Até bradaria Fora Dilma! Mas, para quem entrar? 

Foto: Lula e Dilma

quinta-feira, 20 de março de 2014

Desculpe, Neymar!


Edu Krieger é um jovem compositor carioca cujo talento fá foi reconhecido por nomes em evidência na música brasileira como Ana Carolina, Maria Gadú, Roberta Sá, Pedro Luis e a Parede, Maria Rita e outros mais, cujas gravações de suas composições atestam a qualidade do seu trabalho. Como qualquer brasileiro indignado com o rumo tomado pela organização da Copa do Mundo 2014, no Brasil e, seus custos abusivos e absurdos, resolveu usar do seu intrumento de trabalho, a música, para protestar contra a irresponsabilidade de nossos governantes em investir tanto por tão pouco, quase nada.

Os versos são pobres, a melodia segue o seco, como pode ser visto no Youtube, mas a poesia não combina com esta barafunda, bandalheira mesmo, em que se tornou o orçamento das obras para a realização do grandioso evento. Desculpe, Neymar é apenas o gesto de um contribuinte inconformado com o que fizeram e fazem com este país.
Desculpe, Neymar
Mas nesta Copa eu não torço por vocês
Estou cansado de assistir ao nosso povo
Definhando pouco a pouco
Nos programas das TVs
Enquanto a FIFA se preocupa com padrões
Somos guiados por ladrões
Que jogam sujo pra ganhar
Desculpe, Neymar
Eu não torço desta vez

Parreira, eu vi
Aquele tetra fez o povo tão feliz
Mas não seremos verdadeiros campeões
Gastando mais de 10 bilhões
Pra fazer Copa no país
Temos estádios lindos e monumentais
Enquanto escolas e hospitais
Estão à beira de ruir
Parreira, eu vi
Um abismo entre Brasis

Foi mal, Felipão
Quando Cafu ergueu a taça e exibiu
Suas raízes num momento tão solene
Revelou Jardim Irene
Um retrato do Brasil
A primavera prometida não chegou
A vida vale mais que um gol
E as melhorias onde estão
Foi mal, Felipão
Nossa pátria não floriu

Eu sei, torcedor
Que a minha simples e sincera opinião
Não vai fazer você, que ganha e vive mal
Deixar de ir até o final
Junto com nossa seleção
Mesmo sem grana pra pagar o ingresso caro
Nunca vai deixar de amar o
Nosso escrete aonde for
Eu sei, torcedor
É você quem tem razão

Foto: Neymar

Na medida do impossível.

Assim como Paula Toller mantém uma carreira solo e paralela a sua banda, o Kid Abelha, a doce Fernanda Takai vocalista da minha banda pop nacional preferida, o Pato Fu, ela também se lança em projetos individuais longe da banda. E fez com larga aceitação popular e de crítica ao seu Onde brilhem os olhos seus em que ela visita, com a direção de Nelson Mota, o repertório de Nara Leão em uma empreitada que lhe rendeu muitos elogios e bons frutos musicais, tanto que agora parte para o seu segundo disco solo, Na medida do impossível.

Desta vez, no entanto, ela acreditou em seu potencial de compositora em parcerias com Pitty e Marcelo Bonfá, ex-Legião Urbana e, em convidados como Samuel Rosa, do Skank, Zélia Duncan e a surpreendente presença do Padre Fábio de Melo, na não menos curiosa regravação de um canto católico, Amar como Jesus amou, do Padre Zezinho. Aliás, nestas regravações o que não faltam são surpresas, e elas começam na segunda faixa com um samba do Benito de Paula, a interessante Como dizia o mestre. Outra regravação é de uma canção da dupla Leno Lilian, oriunda da Jovem Guarda, a triste e acomodada A pobreza, e a mais que brega Mon amour, Meu bem, Ma femme, do inqualificável de tão ordinário Reginaldo Rossi, em que Fernanda divide os vocais com Zélia Duncan. 

São momentos que se tornam agradáveis não apenas pelos convidados, mas pelos arranjos modernos de John Ulhoa seu companheiro, guitarrista e multinstrumentista que dota estas canções de uma musicalidade que pareciam inexistentes. Como também soa atual a versão para uma música do George Michael, a bonita Heal the pain, que se tornou Prá curar essa dor, em que Fernanda divde os vocais com Samuel Rosa em outro bom e agradével momento do disco.

Fernanda Takai se quisesse poderia encarar uma carreira solo, pois tem talento, graça e brejerice em suas interpretações, mas se dependesse de mim, gostaria que continuasse como vocalista do Pato Fu e, de vez em quando saisse por aí em projetos individuais que às vezes como integrante da banda não se sinta à vontade por certos devaneios musicais. Vida longa nas paradas para Na medida do impossível e sucesso sempre para Fernanda Takai.

Foto: Fernanda Takai

1973 - O ano que reinventou a MPB.


Chegou, às livrarias, o mês passado, o livro 1973 – O ano que reinventou a MPB, do jornalista Célio Albuquerque que traz os mais de 50 discos lançados naquele ano que representa um sopro de vitalidade na carreira de artistas com carreiras já consolidadas, como também marca o surgimento de nomes que vieram prá ficar no panorama musical brasileiro. 

A bossa nova era um passado distante, assim como a Jovem Guarda, os festivais tinham se exaurido e o tropicalismo tentava se adequar aos novos tempos após a volta de Caetano e Gil do exílio, além de se viver por aqui tempos de prisões, torturas e mortes. Mas, a viola não foi posta no saco e silenciada, se bem que a tesoura da censura continuava nervosa nas mãos inábeis de milicos, nada musicais. Mas, cantava-se o que podia, pois mais que nunca era preciso cantar.

O Célio Albuquerque reuniu colegas jornalistas da área musical para reescrever resenhas daqueles discos que tornaram o ano de 1973, um dos mais criativos de nossa música. A tarefa foi entregue a nomes como Antonio Carlos Miguel, José Teles, Rildo Hora, Sérgio Natureza, Regina Zappa, Roberto Muggiati, Moacyr Luz entre outros que listaram e comentaram lançamentos como o de Araçá Azul, e o experimentalismo de Caetano, o campeão de devoluções à gravadora pelas fracas vendas. 

Dai por diante surgem os discos que na verdade justificaram o título do livro como Pérola negra de Luis Melodia, Nervos de Aço, com Paulinho da Viola, Novos Baianos F.C, dos Novos Baianos, Quem é quem de João Donato, Todos os olhos com Tom Zé, Matita perê de Tom Jobim, Krih-ha, bandolo, com Raul Seixas e os discos de Elis, Luis Gonzaga Junior, João Bosco, Simone, Nelson Cavaquinho.

Para mim que tenho ou conheço mais de 85% dos discos lançados é tão somente a confirmação da criatividade destes artistas e um pouco de orgulho de ter vivido a luminosidade daquele ambiente cultural, ainda que as nuvens negras do obscurantismo militar pairassem sobre todas as artes, provando da frase de Vandré “acreditam nas flores vencendo os canhões”.

Foto: Capa do Livro

quarta-feira, 19 de março de 2014

Cara e coroa.

“O economista Ignácio Rangel, um homem de seriedade jamais contestada, contava que seu amigo Rômulo Almeida – um dos idealizadores da Petrobrás – havia ouvido do pai de Fernando Henrique, o general Leônidas Cardoso, uma declaração angustiada: “Rômulo estou preocupado. Esse meu filho não tem um bom caráter”.

Na época, Fernando Henrique estava na casa dos 20 e poucos anos. Mas, já o pai, para a sua dolorosa e terrível angústia, era obrigado a constatar o que depois ficou evidente, aliás, ficou escandaloso.” 

Fonte: Dário do Centro do Mundo

Quem muito se abaixa...


Charge: Angeli

João - O amor, o sorriso e a flor.


A demanda de João Gilberto com a gravadora EMI parece não ter fim, pela posse das matrizes originais dos três primeiros discos de João, Chega de saudade, João Gilberto e O amor, o sorriso e a flor e, definitivos para a configuração do que hoje se tem como “bossa nova”, o movimento renovador da música brasileira, teve mais uma sentença, desta vez favorável à gravadora, mas ainda cabe recurso.

Todo imbróglio nasceu com a reedição daquelas três matrizes em um único CD, O mito, do qual tenho um exemplar, o que irritou e, com razão João, pelo modo descuidado, com faixas suprimidas ou atropeladas umas sobre as outras para caberem no tempo máximo de gravação para àquele formato. A reação de João foi justificada, mas a gravadora sempre buscou a posse de tais matrizes, alegando que naquele momento o LP estava sendo substituído e ainda não se tinha ideia da capacidade da nova mídia, razão de ter acondicionado as três joias naquele desastrado CD.

Hoje, ainda que com passos lentos estas gravadoras multinacionais se debruçam com algum respeito sobre o nosso acervo musical, com reedições bem cuidadas em caixas para colecionadores e a preços distantes do popular, controle e apuro sobre as características das gravações originais com encartes que realçam e enriquecem os lançamentos, enfim outro olhar. 

Por outro lado, é evidente que João queira ter domínio sobre a sua obra, mas que não se sabe que destino ele ou seus herdeiros poderão dar a estas matrizes, em negociações com gravadoras inescrupulosas através de advogados cujo único som que conhecem é o tilintar do dinheiro. Que vença a música brasileira e o seu precioso acervo.

Foto: João Gilberto

Ninguém aguenta mais...


De acordo com o jornalista Anselmo Goes de O Globo, edição de hoje, 19.03.14, há certos assuntos na mídia que ninguém aguenta mais ouvir falar e, sobre os quais acrescento mais outros, como as brigas do PMDB com o governo, as obras inacabadas para a Copa do Mundo, as novas versões para o Lepo Lepo, a candidatura de Joaquim Barbosa à Presidência da República, mensagens evangélicas nas redes sociais, beijo gay na TV, analises sobre o mensalão, exceto o tucano, já que sobre este ninguém fala, quando muito murmura, os processos contra Paulo Maluf, o mais novo sucesso de Luan Santana entre outras aporrinhações para as quais haja saco.

Foto: Ilustrativa

terça-feira, 18 de março de 2014

Nova temporada do CQC

Começou ontem a nova temporada do CQC, com alguns novos quadros e um novo integrante na bancada, a inteligente e “isperta” Dany Calabresa, cria da MTV e agora contratada de uma grande rede. Ela substitui Oscar Filho que volta a fazer parte da equipe de externa, enquanto a Dany compõe com o Marcelo Tas e o Marco Luque a nova bancada.

Um dos novos quadros é a Torcida Vip formada por um bando de malucos que acompanha algumas celebridades, cantando uma quadrinha previamente ensaiada para zoar personalidades escolhidas como Milton Neves, José Aldo, Narcisa Tamborindeguy e o colunista da Veja, o mala Lobão. Muito engraçado, como acharam a maioria dos escolhidos, a exceção do Lobão que foi premiado com os versos que tinham tudo a ver com sua figura: “Pó, pó, pó, pó, pó, pó, pó, pó, pó/Simpatizava com Lula-la/Adora caga prá geral/Tem a língua afiada/Mas afinou pro Mano Brwon”. Ao que ele retrucou aos berros: Mano Brwon é o c(*), Mano Brwon é o c(*).

O velho e decadente roqueiro não gostou da brincadeira e através de seu advogado já comunicou que não autoriza o uso de sua imagem pelo CQC ou por qualquer outro programa. Triste fim, prá quem não teve um bom começo.

Foto: Lobão

Amor e revolução


Em 2011, o SBT lançou uma novela Amor e Revolução, que pouca gente viu, como já é praxe em se tratando de novela, já que o monopólio deste formato parece estar em outras mãos, mas que levantava um tema interessante, que era o período da ditadura militar e a atuação de grupos de esquerda que se opuseram ao regime militar.Porém o que se sobressaia mesmo era a trilha sonora da novela. Aqui, se concentrava a curiosidade e o interesse pela trama pois trazia músicas bastante representativas do período focado como Prá não dizer que não falei das flores, Cálice, Alegria alegria, Domingo no Parque, Apesar de você, Roda viva, Disparada, Viola enluarada entre outras pérolas da época.

Mas uma canção despertava mesmo o maior interesse, que era uma versão de uma música francesa, Joseph de George Moustaki, francês de origem egípcia, recentemente falecido, que Nara Leão fez e gravou numa versão, que depois se tornaria o primeiro sucesso de Rita Lee, logo após deixar os Mutantes. A bonita toada, José, utilizava a figura bíblica do pai de Jesus para conselho sobre a criação de seu filho, o Redentor, a quem deveria ter ensinando o seu oficio de carpinteiro evitando que ele saísse a propagar estranhas ideias que fariam Maria chorar. Não há qualquer sentido desrespeitoso com as personagens bíblicas, visto o tom inocente que a melodia e a cadência da canção imprimem à letra que traz sugestões como aquela que José poderia ter casado com Débora ou com Sara, e nada do que se deu aconteceria em suas vidas.

Lembrei da canção após assistir uma entrevista com a jovem cantora e compositora Roberta Campos no Estúdio Móvel da TV Brasil em que ela confessa também ter gravado a canção e, da responsabilidade de encarar aquele registro, após José ter sido grande sucesso nas vozes de Nara Leão e Rita Lee, em gravações talvez definitivas.

Foto (antiga): Rita Lee

segunda-feira, 17 de março de 2014

A praça é do povo!

Findo o Carnaval prosseguem as obras na Nova Orla da Barra com a próxima etapa até o Barravento e a colocação dos objetos decorativos do espaço, bem como a construção dos mirantes na amurada que margeia a praia. Ao que parece as linhas de ônibus terão novo itinerário, como aquele que foi utilizado tão logo foram iniciadas as obras do novo projeto e deverá se tornar definitivo com a não permissão do tráfego de ônibus ou qualquer outro veículo no calçadão.

Ontem, por exemplo, dia de sol de verão, o novo espaço foi ocupado por crianças, jovens e idosos com bicicletas, patins, skate, gatos e cachorros aguardando adoção. Um clima de festa e confraternização como devem ser sempre os espaços públicos, e como já cantava o poeta que “A praça é do povo/Como o céu é do condor/É antro onde a liberdade/Cria a águia ao seu calor”.

Foto: Nova Orla da Barra (maquete)


Laços de Familia - Camila e Bruno

Só o tempo estava carrancudo, chuvoso e cinza, neste sábado em Salvador, já que no salão de festas do Edf. Golden Park, na Avenida Centenário havia um cenário de alegria e festa. Era o aniversário de Bruno e a sua despedida para Brasilia onde fará curso preparatório para cargo no Tesouro Nacional, mas para surpresa de todos foi tambem o seu noivado com a minha filha mais nova, Camila.

Estamos felizes e torcendo pela felicidade do jovem casal, alegria que é compartilhada por toda familia que já tem em Bruno mais um de seu numeroso clã. 

Foto: Pessoal

sábado, 15 de março de 2014

Elas por elas.

Ainda em comemoração ao Dia Internacional da Mulher foi apresentado no Teatro Castro Alves, quinta e sexta feira o espetáculo Elas por Elas, com lotação esgotada. Aliás, enquanto fazia parte de uma espera inutil para compra de ingressos, conversei com uma jovem que também fazia papel de otária, na fila, como os ingressos do Teatro Castro Alves se esgotam com impressionante rapidez, seja para qualquer evento. Eles, os ingressos, só não se esgotam nas mãos dos cambistas que acintosamente lhe abordam, ao deixar a bilheteria com as mãos abanando, sem qualquer desfaçatez.

Como aconteceu ontem, pois tinha muito interesse em assistir o show que reuniu a nova e a já estabelecida geração da música baiana e brasileira como Juliana Ribeiro, Márica Castro, Rebeca da Matta, Jussara Silveira e Rosa Passos. Independente de ser uma artista internacional, se apresentando mais fora do país que por aqui mesmo, Rosa Passos mais uma vez mostrou porque é chamada de "João Gilberto de saia", em que pese ser uma bobagem, já que ela é mais que isso. Ela nos presenteou e deu uma aula, sem qualquer pedantismo ou afetação, de interpretação para os jovens interpretes, com total controle, domínio da música sobre o seu violão contido, mas eficiente. Adiantar ou retardar a frase melódica, sem comprometimento do balanço, do ritmo é tarefa para bambas, assim como foi ou é para João, Elis, Leny Andrade, Emílio Santiago, por aí. 

Já está, ou passou, a hora do Brasil conhecer Rebeca da Matta, principalmente os mais jovens e prestar mais atenção a estes talentos que não conseguem romper a ditadura do axé, sem deixar a cidade, migrando para centros que lhes dê a visibilidade merecida. Ontem Rebeca pegou uma música de Suely Costa, sucesso de Fafá de Belém, a bonita e poética Dentro de mim mora um anjo e ornou a canção com guitarras e ruídos eletrônicos num resultado estranho, moderno e admirável. Parabéns, sempre, às mulheres, por todos os dias, por todos, os sons, por todas as músicas. 

Foto: Rebeca da Matta

Restos da folia que passou.

Quinze dias após o carnaval a cidade ainda apresenta marcas da folia. Restos de camarotes, estruturas dos postos médicos, do centro de comando da tropa pelotão policial, barracas para vendas de cervejas e tira-gosto, enfim, o carnaval ainda não deixou a cidade. Mas, aos poucos ela vai se preparando para os feriados da Semana Santa, São João, Copa do Mundo e dois dias de carnaval prometido pela Prefeito para o período do grande evento futebolístico, já que a festa não pode parar.

A administração pública ainda está embriagada com os comentários positivos pela organização do carnaval este ano, em que pese problemas que podem ser sanados nos próximos anos. O aumento dos trios sem cordas, para o folião pipoca, razão de ser da alegria carnavalesca, deve ser um dos itnes a ser impulsionado nos próximos anos, assim como se verifica na Rio a cada ano, com o crescente número de blocos e de participantes no Centro da cidade. A praça é do povo!

Fotos: Restos de Carnaval

sexta-feira, 14 de março de 2014

Alô, alô Brasil.

Cada vez que volto prá casa, visito a dependência do apartamento onde se comprime entre tantos bagulhos os inesquecíveis vinis, os mais que saudosos LPs. E de modo aleatório puxo qualquer um deles pelo mero prazer de tê-lo nas mãos e bisbilhotar a sua ficha técncica, suas letras, seus arranjadores e músicos, algo impensável nos CDs. Desta vez, o premiado foi o LP Alô alô Brasil, de Gonzaguinha, de 1983 que traz sucessos como Um homem também chora e Feliz alem de letras que flertam com o clima libertário do fim da ditadura militar que se aproximava, em 1985.

Mas, o que chama atenção mesmo é o design do disco. Um envelope, com bordas verde e amarelo, destinatário e remetente especificado tal qual este que usamos ou usávamos em troca de correspondências via Correios do Brasil, e dentro dele, o LP propriamente dito. No lugar dos selos tradicionais com gravuras de árvores, animais ou personalidades históricas do país, estão registradas as silhuetas de Gonzaguinha e de seus músicos como Fredera, Jota Moraes, Pascoal Meireles, Paulo Maranhão, Ricardo Pontes.
Toda esta gama de informação e prazer foi dissipada com a redução do espaço onde se acondiciona, Deus e a tecnologia sabem,  o CD. Tudo reduzido, comprimido e que até hoje isto começa a nos fazer falta, já que os CDs foram ou estão sendo substituídos pelos pen drive. E pelo andar da carruagem teremos apenas a voz do vento a registrar os sons de nosso tempo, para aqueles que ainda não perderam de vez a audição exposta que está aos decibéis incontroláveis dos trambolhos sonoros que perambulam pelas ruas  e bares de nossas cidades.

Foto: Ilustrativa