segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Cidade deserta

Neste período de festas natalinas e de final de ano, a cidade ganha um aspecto deserto, de abandono, fantasmagórico As avenidas que diariamente experimentam uma movimentação intensa em suas vias, ficam com seus asfaltos clamando a passagem de qualquer veículo; um ônibus, um caminhão, uma moto, carros, até mesmo uma bicicleta, mas só encontram o silêncio e o calor destes dias de verão.

Não vejo a hora para que essa calmaria passe e se restaure a muvuca nossa de cada dia, numa manifestação neurótica que só as grandes aglomerações são capazes de gerar. Boa viagem a todos. Mas voltem logo, voltem em paz, vocês são em certas ocasiões insuportáveis, desagradáveis, mas a cidade precisa de vocês, para engarrafar o trânsito, encher os shoppings, as lojas, os bares, as igrejas, os bancos, os ônibus urbanos, a Estação da Lapa e Avenida Sete. Boas festas!

Foto: Ilustrativa 

domingo, 24 de dezembro de 2017

Nem tudo está perdido

Ontem, ao passar pelo corredor da Vitória encontrei um gari cantando músicas de antigos (e bota antigo nisso) carnavais, que não existem mais. Mas o interesse no fato é que músicas como Jardineira, Alá lá lá ô, Linda Morena, Cidade Maravilhosa, As Pastorinhas eram parte do repertório do jovem servidor púbico em serviço, enquanto recolhia folhas secas no chão.

Fiquei ao lado, sem que ele me visse, observando onde tudo aquilo poderia durar. Depois de algum tempo me aproximei e disse-lhe da minha surpresa ao constatar que uma pessoa tão jovem como ele, pudesse estar cantando um repertório que talvez os pais dele devessem ser crianças quando estas canções foram compostas ou já com algum tempo de execução.

Ele me respondeu que era o que gostava e o que ouvia em sua casa, ao tempo em que começou citar Orlando Silva, Carmen Miranda, Braguinha, Lamartine Babo como compositores e cantores que ele admirava. A cada citação desses nomes ficava em mim a certeza que ao lado das canções que entoava existia um conhecimento prévio dessas figuras importantes da música brasileira.

Nem tudo está perdido. Menos um que não foi tragado pelas águas barrentas do pagode, como tantos de sua faixa etária e condição social.    

Foto: Ilustrativa

Incontinência urinária


Charge: Aroeira

Casa de Caboclo

Marco Polo del Nero foi afastado pela FIFA da presidência da CBF, mas não está alheio ao que acontece por lá. Muito pelo contrário. 

Rogério Caboclo que é oficialmente o diretor executivo de gestão, mas na prática está tocando a entidade, tem ido regularmente à casa de Marco Polo prestar conta do dia a dia da CBF.

Foto: Ilustrativa

Nós vimos

Eu gostaria de dizer que eu ouvi o áudio “Tem que manter isso aí, viu”?. Eu quero dizer que eu vi a fita, eu vi a mala de dinheiro, eu vi a corridinha na televisão.

Luís Roberto Barroso – Ministro do STF – ao rebater seu colega Gilmar Mendes, que tentava desqualificar as acusações sobre figurões da República.

Foto: Ilustrativa

sábado, 23 de dezembro de 2017

Frenesi

Na pasmaceira em que entrou a música baiana com seus pagodeiros insuportáveis e sertanejos de araque com seus boleros em alta rotação são compreensíveis as iniciativas, muito bem-vindas por sinal, em revirar o baú da axé music e buscar um novo brilho, nova sonoridade para aqueles frevos axé que embalaram nossos carnavais.


Foi o que fez a Carlos Amorim produções, reunindo na canção Frenesi do seu autor, Ademar da Banda Furta cor, e os vocalistas Zé Paulo, Zé Honório e Robson Moraes que nos anos de ouro da axé music deram suas vozes ao Papa Légua, Banda mel, Traz a massa entre outros trios. 

Lembro em especial de Ademar e a Banda Furta cor que arrastou os foliões do bloco Camaleão, num tempo em que o bloco era uma reunião de amigos e não esta empresa carnavalesca com ramificações diversas. Viva Ademar e beleza contagiante de Frenesi.

Vídeo Youtube

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Michael vive!

Sempre que desço o Pelourinho, em direção ao Carmo/Largo do Santo Antonio ou ao Taboão para chegar ao Comércio como opção ao Plano Inclinado, paro em frente ao casarão que serviu de locação para o clipe de Michael Jackson. O local se transformou em atração turística em qualquer estação quando a cidade recebe considerável número de visitante.

Funciona na porta de entrada uma pequena loja com produtos relacionados ao Olodum e a visita de Michael Jackson, onde o clipe de They don’t care about us roda ininterruptamente todos os dias a qualquer hora do dia. Já falei sobre o fato neste espaço, não só porque sou admirador do artista e em especial da música, sempre que desço o Largo, não perco a oportunidade de assistir a exibição do clipe, mais uma vez. Este não é o clipe oficial da música, mas tem seu encanto por ter sido gravado no Pelourinho com cenas do Morro Santa Marta, no Rio.

Em conversa com o proprietário da lojinha de bugigangas e locatário do casarão ,ele me confessou que o grande movimento do seu negócio decorre da cobrança de cinco reais para que as pessoas subam até o andar de cima e se postem na mesma balaustrada onde Michel Jackson dançou, para que seus companheiros de viagem, no Largo, registrem o fato em suas câmaras digitais. Michael vive, pelo menos para o comerciante do Largo do Pelourinho

Foto: Ilustrativa

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O Rio de Janeiro continua sendo

Um flamenguista teve a carteira roubada na entrada do Maracanã, na semana passada, na final da Copa Sul-Americana. Na saída, levaram-lhe o celular.

Agora, o mesmo carioca descobriu que o presente da filha, que seria entregue pelos Correios, não chegará a tempo do Natal. Foi roubado a caminho da casa dele, na Tijuca.

Foto: Ilustrativa

O laxante da República


Arte: Antonio Lucena

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Bravo

A excelente revista BRAVO circulou por dezesseis anos até o seu encerramento em 2013. Na área cultural foi uma perda bastante lamentada tal a sua qualidade e a importância no meio cultural do país, deixando uma orfandade que até sente a sua ausência.


Mas, a BRAVO estará de volta em nova plataforma cultural, sustentada por um site, uma revista trimestral e um prêmio anual de cultural, divulgando o melhor da produção artística brasileira e internacional. Matérias novas, novo olhar sobre a nossa produção cultural, reunindo em uma revista impressa a cada três meses o melhor do que foi produzido para o site.

Por ser uma iniciativa de jornalistas independentes, sem investidores sem qualquer vinculo com uma grande editora que tentará se manter com assinantes que estão sendo contatados através do site www.catarse.me em diferentes níveis de colaboração 

Foto: Ilustrativa

domingo, 17 de dezembro de 2017

Longe daqui, aqui mesmo


Charge: Aroeira

Saudades de Paris

Sérgio Cabral, o presidiário e ex-governador do Rio, costuma receber os novos presos da Lava-Jato, na cadeia de Benfica, com um consolo: “Foi uma injustiça que fizeram com você”, que varia de acordo o novo colega de infortúnio

E daí, como bom anfitrião inicia uma excursão pelos corredores do presidio, para mostrar ao novo residente as instalações de sua nova morada. Um pouco diferente dos restaurantes de Paris, mas é o que se tem pra mostrar.

Foto: Presídio de Benfica

Mamãe coragem

No disco Tropicália - Panis et Circenses que deflagrou o movimento tropicalista uma canção chamou atenção de cara, que foi Mamãe coragem, pela ousadia poética na desmistificação da figura materna, longe daquela “do avental todo sujo de ovos”, que ouvíamos no rádio.

Mamãe coragem é uma composição de Caetano e Torquato Neto, gravada por Gal Costa, que ouviremos aqui em um registro, bem diferente do original, para o Fantástico da TV Globo, numa homenagem ao poeta Torquato Neto. Merece destaque a banda que acompanha Gal, com Luizão no baixo, Macalé ao violão e o piano de Wagner Tiso. Somzaço!

Vídeo: Youtube

Prá mim chega

É verdade que nos tropicalistas, seguidores de Caetano, Gil, Gal, Mutantes, Tom Zé tenhamos conhecimentos de canções como Domingou, Louvação, Mamãe coragem, Ai de mim Copacabana, Geleia geral, assim como os não “moderninhos”, nós inclusive, amamos uma de suas canções mais conhecidas, com Edu Lobo, a triste e profética Prá dizer adeus.

Estamos falando do poeta piauiense, Torquato Neto, figura significativa do movimento tropicalista e dos ideais da contracultura que floresceu por aqui nos anos 70. E aos 28 anos, de saco cheio de tudo que via e vivia, “apagou a luz, fechou a porta e abriu o gás”, partindo e deixando uma obra fragmentada que agora foi recolhida nas várias publicações em que trabalhou, nas canções que compôs e nos poemas escritos desde a sua adolescência.

Foi lançado o mês passado o livro Torquato Neto : Essencial – O poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se inicia, uma antologia poética. Seu primo e curador do acervo pessoal do poeta, George Mendes, afirma que sua obra é solar, vibrante, ao contrário da imagem pública de alguém soturno, de um suicida que deve ter contribuído para esta estranha classificação de “maldito”. 

Foto: Ilustrativa

Viado!

Gosto de caminhar e, por onde caminho, nos bairros chiques do Rio, as pessoas finas passam com seus carros grandes e gritam: “Viado filho da puta”, “Viado, vai pra Cuba”, “Vai pra Paris, viado”. O único consenso é o “viado”.

Chico Buarque - cantor e compositor - na estreia de seu novo show Caravanas

Foto: Chico Buarque

Então é Natal

A linda canção natalina de John Lennon, de 1971, Happy Xmas - War Is Over, que a cantora Simone avacalhou por aqui com a versão Então é Natal, por pouco não se tornou inaudível tal a massificação com que foi executada na época de seu lançamento e sucessivos anos seguintes para anunciar então que É Natal. 

Mas, como o Natal, a canção datada também tem seu tempo e acabamos todos nos envolvendo neste clima de reverência ao nascimento de Cristo, que a canção de Simone segue a pieguice dos afetos e dos carinhos anuais, crendo na profecia de outra canção, essa de Vinicius, “ah, se as pessoas se tornassem boas/e cantassem loas e tivessem paz...”

Então, como se de repente todos se tornassem amáveis e os abraços de confraternização fossem eternos, e as demonstrações de entrega e interesse fossem mútuos, de modo que até chorássemos frente à televisão assistindo pela enésima vez o especial do Rei na TV Globo. As velhas e açucaradas canções chegam parecer sinfonias arrebatando corações e aquele nó na garganta avisando então que é Natal

Foto: Ilustrativa