terça-feira, 29 de novembro de 2011

Roda mundo, roda gigante, roda moinho.


Para fugir do intenso tráfego aéreo das aeronaves fantasmas no aeroporto de cidade costumo trocar, aos domingos, sua pista de pouso pelas ruas da cidade em caminhadas que servem de exercício físico e de exercício de espanto ao passar por certos locais de seu centro urbano. O Clube Tamarineiro é um destes locais em que me detenho tomado de tristeza e estupefação. Fruto de descaso e da mudança inexorável dos costumes sociais ao passar dos anos, o Tamarineiro é apenas mais um retrato na parede de nossa memória; mas como dói. Os clubes sociais de Salvador, por exemplo, embora decadentes em seus objetivos de convivência e convergência social, tiveram que se adaptar a uma nova realidade como forma de sobrevida e manutenção de pelo menos parte de seu patrimônio. Foi assim com o Baiano, Espanhol, Associação que perderam os anéis salvando os dedos, ao contrário de seus coirmãos Português, Fantoches, Flamenguinho, Itapagipe que sucumbiram ante a incompetência administrativa, a mudança de hábitos e a incorporação veloz de novos contingentes de freqüentadores de festas cujo acesso lhes eram negado por aqueles clubes.

O Tamarineiro é uma assombração, uma chaga imobiliária no centro da cidade e baú de memória de suas festas inesquecíveis, de suas práticas esportivas em oportunidades as mais variadas. Ou más recordações, como a lembrança que tenho ao ter tido o acesso barrado a uma das noites de festas juninas, por um diretor truculento que deve ter sido também barrado no plano espiritual onde se encontra, mas isto não conta, já que ainda estou por aqui, enquanto ele não, sem que isso me faça melhor ou pior que ele. Aliás, o Tamarineiro foi pródigo em diretores que babavam a gola da camisa ao exercitar o estranho prazer em barrar sócios, visitantes ou quem se atravesse a sua frente. Conta-se que certa feita um visitante foi impedido de entrar em uma festa de São João no Clube, por um diretor que se recusou a receber o pagamento da sua entrada com cheque. O visitante alegou que estava em trânsito e o banco de suas transações não tinha agência na cidade. O diretor insensível se mostrou irredutível em suas intenções de barrar o visitante. Vencido, educadamente, só lhe restou abandonar o local, sem qualquer alarde. Tempos depois este diretor foi flagrado em uma blitz da Policia Rodoviária Federal em uma das BR’s do estado, com os documentos do seu veículo de modo irregular. Então, pediu que a autoridade policial contemporizasse a situação já que ele tinha urgência em chegar ao seu destino. O policial disse que lhe conhecia e se ele não lembrava da sua pessoa, ao que o diretor, que também já não está entre nós, retrucou que não, que não lembrava. Aí o policial tratou de avivar a sua memória, lembrando a sua passagem por Piritiba em uma festa junina e da desagradável experiência de ter sido barrado por ele, ao tentar pagar o seu acesso com cheque. Ao cabisbaixo diretor só sobrou o gesto de assinar o auto de infração e pagar a multa com cheque.

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