Saímos de Morro do Chapéu antes das 14 horas de sábado em direção a Umburaninhas, pequeno povoado daquele município. O curioso é que para chegarmos ao destino tivemos que atravessar os municípios de Várzea Nova, Ourolândia, Umburanas até colocarmos os pés em Umburaninhas, terra de Rose, esposa de Enéas. Toda esta cruzada, em uma longa viagem, serviu para a constatação de como é enorme a extensão do município do Morro do Chapéu e que já foi bem maior, sendo desmembrado para dar origem a outros municípios, seus vizinhos.
Mas, Umburaninhas não é fácil de se mostrar, não é arroz de festa nem xepa de feira, para se apresentar na primeira esquina que se dobrar, muito ainda tínhamos que andar. Passamos, por exemplo, pela Lagoa 33, que pertence a Ourolândia e que está a 05 quilômetros de Umburaninhas que faz parte do município de Morro do Chapéu numa confusão geográfica que não vale a pena entender, a não ser que se queira tomar cerveja quente ou tornar a lambança territorial em assunto para mesa de bar. O moinho de vento ao longe sinaliza que estamos chegando à Holanda, alias Umburaninhas, que tem naquela que futuramente poderá ser a sua primeira praça a marca da SUDENE e a geringonça desativada que um dia gerou energia para retirar água de um poço. A Lagoa 33 e o inusitado de seu nome tinha ficado para trás, mesmo que a história de sua denominação tenha nos acompanhado. Conta-se que um fazendeiro vinha tocando já alguns dias a sua boiada até um município da região quando parou na lagoa para dar água ao rebanho. A grande quantidade de pés de angico em volta e nas margens da lagoa aprisionou várias cabeças de gado, fazendo com que algumas delas viessem a se afogar e morrer. Quantas morreram? Ora, 33 daí o nome Lagoa 33. Óbvio e estranho.
Umburaninhas tem a estrutura primitiva e primária de como toda cidade um dia se formou. Casas aqui, ali, acolá, sem qualquer ordenamento, quando muito um alinhamento que poderá servir de base para as ruas que irão surgir. Às vezes uma rua se insinua e os bares surgem com mesas de bilhar, máquinas de som e caça-níqueis, feito pragas que se espalham sem escolher lugar e hora, além da igreja, um posto de saúde e pequenas escolas abandonadas. Ao final da tarde, de cada lado do quadrilátero central, onde existe uma mediana lagoa, surgem pequenos rebanhos bovinos para beber água antes de serem recolhidos para a ordenha do leite matinal do próximo dia. A população bovina é grande, bem maior que o número de habitantes de Umburaninhas. Mesmo grande assim, elas não se misturam após matar a sede na água da lagoa. Assim como vieram, saem, sem que a vaca Estrela ou o boi Fubá se intrometam ou se façam de desentendidos no rebanho das vacas Mirandinha ou Lindo olhar. Cada qual na sua. Algo as identifica, reconhecendo-se como se usassem o mesmo perfume da Avon ou o mesmo creme hidratante da Suavity.
Era hora de voltarmos a Morro do Chapéu, deixando a hospitalidade, o carinho e a atenção da família de Rose que nos recepcionou e hospedou com a generosidade própria dos humanos, quando existia humanos, assim como houve um dia piritibanos
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