Começa hoje o ciclo das festas populares de
Salvador, com as homenagens a Santa
Bárbara ou para o povo de santo, a poderosa Iansã, rainha dos raios e das tempestades. Às seis horas da manhã
os foguetes já espocavam anunciando a festa que logo mais irá começar se
espalhando por todo o Largo do
Pelourinho, Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Mercado de Santa
Bárbara, Taboão, inicio da Ladeira
Além do Carmo e mais espaço que houver. De longe parece um ensaio do Salgueiro, tal a profusão das cores
vermelho e branco, as cores de Iansã,
mais especificamente o vermelho.
Disse de longe, e é ao pé da letra mesmo, já
que é sempre bom manter uma distancia regulamentar entre os seus pertences e a
muvuca profana, já que a vagabundagem que de santo não tem nada, muito pelo
contrário, barbariza ante aos desatentos ou que se inebriam rapidamente com os
batuques e os cânticos de louvor. Estava trabalhando na Rua Chile em um escritório de advocacia e tinha que fazer uma
diligência no Centro Empresarial
Iguatemi.
Na volta peguei um ônibus
para o terminal da Barroquinha e de
lá seguiria para o escritório. Ao chegar no Aquidabã, o trânsito estava interrompido pela passagem da procissão
de Santa Bárbara em toda extensão da
Baixa dos Sapateiros. Desci, como os
demais passageiros, e fui caminhado ao longo de toda avenida. Ao chegar próximo
do mercado de Santa Bárbara parei
para presenciar a chegada do andor da santa no ponto comercial que leva seu
nome.
Não devia. Aos poucos fui sendo comprimido de encontro à parede de uma
loja que já havia cerrado a suas portas temendo o pior. E o pior era a multidão
sempre crescente ao meu redor que inviabilizava qualquer possibilidade de sair
dali, naquele momento. Restava proteger a pasta com os documentos que carregava
e a carteira de cédulas, (sem cédulas) no bolso traseiro da calça. Achava que
os vinte reais que estavam no bolso frontal da lateral esquerda da calça
estivessem seguros, em vista da profundidade do mesmo. Ledo engano.
Consegui
sair, assim como os vinte reais do bolso profundo da calça, pelas hábeis mãos
do grupo de maloqueiros que me cercava sem que eu pressentisse sua intenção. Se
fosse um vagabundo gay teria me bolinado à vontade que do mesmo modo nada veria
ou sentiria. Estava manifestado. Eparrei Iansã!
Foto: Ilustrativa
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