Diferentemente dos qüiproquós de bêbados em botequins “pé sujo” ou
de “barrufo” de comadre em pontas de ruas de periferias, os entreveros de letrados,
homens cultos, senhores do saber e não saber, é que o linguajar dos iluminados
se mantém nas alturas, mesmo significando exatamente o que ecoa nos balcões dos
bares vagabundos ou nas esquinas das vizinhas “casca-grossa” amontoadas em
casas populares, Deus sabe onde.
Assim, o que foi protagonizado pelos doutores Gilmar Mendes e Rodrigo
Janot, sobre possíveis vazamentos de nomes das delações da Odebrechet, foi um pendor de expressões
elegantes, mas com a força de quem considera qualquer região da clavícula pra
baixo, canela. Ao ser acusado pelo colega do STF de que a PGR
promoveu uma entrevista em “off” para jornalistas, em que foram revelados
conteúdos das tais delações, o procurador subiu nas tamancas e elevou o tom
Para ele as críticas à PGR são
frutos da “decrepitude moral” do acusador e resultado de sua “disenteria
verbal” (aqui prá nós, considerei a expressão “disenteria verbal” possuída de
uma força, de uma contundência estilística, equivalente a vários comprimidos de
“lacto-purga”).
Não são desprezíveis também as construções verbais como
“mentira que beira a irresponsabilidade”; “mentes ociosas e dadas a devaneios”
além de insinuar que seu detrator é frequentador de banquetes palacianos, de
cortejar desavergonhadamente o poder político, além de estabelecer relações
promíscuas com a imprensa. Gente fina é a mesma coisa.
Charge: Paixão
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