sexta-feira, 24 de março de 2017

Gente fina é a mesma coisa.


Diferentemente dos qüiproquós de bêbados em botequins “pé sujo” ou de “barrufo” de comadre em pontas de ruas de periferias, os entreveros de letrados, homens cultos, senhores do saber e não saber, é que o linguajar dos iluminados se mantém nas alturas, mesmo significando exatamente o que ecoa nos balcões dos bares vagabundos ou nas esquinas das vizinhas “casca-grossa” amontoadas em casas populares, Deus sabe onde.

Assim, o que foi protagonizado pelos doutores Gilmar Mendes e Rodrigo Janot, sobre possíveis vazamentos de nomes das delações da Odebrechet, foi um pendor de expressões elegantes, mas com a força de quem considera qualquer região da clavícula pra baixo, canela. Ao ser acusado pelo colega do STF de que a PGR promoveu uma entrevista em “off” para jornalistas, em que foram revelados conteúdos das tais delações, o procurador subiu nas tamancas e elevou o tom

Para ele as críticas à PGR são frutos da “decrepitude moral” do acusador e resultado de sua “disenteria verbal” (aqui prá nós, considerei a expressão “disenteria verbal” possuída de uma força, de uma contundência estilística, equivalente a vários comprimidos de “lacto-purga”). 

Não são desprezíveis também as construções verbais como “mentira que beira a irresponsabilidade”; “mentes ociosas e dadas a devaneios” além de insinuar que seu detrator é frequentador de banquetes palacianos, de cortejar desavergonhadamente o poder político, além de estabelecer relações promíscuas com a imprensa. Gente fina é a mesma coisa. 

Charge: Paixão

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