Musicalmente, 2017 foi um ano bunda, embora não
só, olhando abaixo e acima de nossos narizes, olhos e ouvidos. Mas, ela reinou
soberana nas telas de TV, nos clipes, nas evoluções, em canções só não mais
ocas que todo o espaço ocupado pela adiposidade glútea natural ou siliconada,
que cantavam por si e para elas, onde por falta do que ouvir, embora muito de ver,
esperava-se alguma flatulência a compor o cenário bundalelê.
Como uma tragédia sempre puxa outra, os canários do
sertão que rondam a 25 de março e a Rua José Paulino como ponto de partida
de suas indumentárias de sertanejos de araque continuam dominando as paradas,
agora em companhia de sua derivação mais desastrada que é a ala feminina de sua
histeria musical. É muita gritaria para tanto bolero de quinta categoria, tanta
breguice pretensamente “muderna” a enlouquecer os “diais” das AMs e FMs do país. O fundo do poço musical foi enfim encontrado.
Mas, nem tudo foi perdido, foi em vão, pois muitos
ainda insistem em fazer música, não de olho no caixa, na conta bancária, mas
com a certeza de que há muito canção a ser feita. Como exemplo, o insuperável Chico Buarque com sua bela Caravanas, um dos melhores discos do
ano, onde a canção título já justificaria a honraria, além do Blues pra Bia, que traz uma moça com um
coração onde “meninos não tem lugar”. Ou canções como Diáspora de novo disco dos Tribalistas,
cantando a vida errante dos refugiados.
Como a estes discos e canções tão somente restou
as plataformas digitais ou emissoras especificas em suas execuções, vale ouvir o
novo disco de Mônica Salmaso, o belo e
dolente Caipira, onde a canção Baile perfumado do baiano Roque Ferreira se destaca, mas não só.
O disco maduro da sempre jovem Mallu
Magalhães, o Vem; a surpresa de Todo Homem de Zeca Veloso, filho de Caetano,
que com essa canção se apresenta como uma grande promessa neste novo ano. Enfim
o campo é grande, é só garimpar e encontrar as pérolas.
Foto: Ilustrativa
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