quarta-feira, 17 de maio de 2017

Chove e chove em Salvador

Chove e chove muito em Salvador, mesmo que no dia seguinte se pergunte; qual chuva, tal a impressão que nada mudou a rotina de uma cidade já cansada e conformada com seus temporais em qualquer época do ano. Lembro-me de certa feita estar no Centro Administrativo, para logo depois embarcar num ônibus em direção ao Comércio. O tempo era ameaçador como tinha sido naqueles dias, mas naquele momento estava estiado, sob controle aparente. Foi só o ônibus dar a partida para o céu desabar em um aguaceiro como só esta cidade é capaz de a contragosto nos proporcionar. 

No Comércio procurei abrigo no bar de Soneca, mas não foi uma boa escolha. Com a parte interna lotada tive que recorrer ao toldo que se estende pela lateral do estabelecimento. Parte do mesmo onde fiquei estava arreada pela força das águas e elas, as águas, avançavam perigosamente sobre os meus sapatos o que me fez levantar as pernas e colocá-las sobre uma das cadeiras da mesa em que me recolhi. Pus a pasta sobre a mesa e aguardei que aquela correnteza me levasse para algum lugar onde pudesse almoçar, já que passavam das 14:00 horas. 

Encharcado até a cueca consegui chegar a um dos tantos restaurantes chineses espalhados pela a área e, que atendem até depois das 15:00 horas. Mesmo assim, em casa mesmo só no final da tarde e, espalhando pingos tantos quantos as marquises dos velhos prédios além da desagradável sensação de abandono. Isto é só o começo de uma estação iniciada em março e que se estenderá até outubro, dando mais a impressão de temporada do que propriamente uma estação do ano. São várias em uma só; a estação das chuvas. Haja saco!

Segundo Clarinha, quando chove é Jesus lavando o céu. Eu, pecador, acho que tá lavando demais e pode desabar, assim como as salas e quartos da casa de Dona Zilda que se arrepiavam ao vê-la com um balde d’água e um escovão, certos que seriam lavados, escovados e encerados a exaustão.

Foto: Dia de chuva em Salvador

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