Chove e chove muito em Salvador, mesmo que no dia seguinte se pergunte; qual
chuva, tal a impressão que nada mudou a rotina de uma cidade já cansada e
conformada com seus temporais em qualquer época do ano. Lembro-me de certa feita
estar no Centro Administrativo, para
logo depois embarcar num ônibus em direção ao Comércio. O tempo era ameaçador como tinha sido naqueles dias, mas
naquele momento estava estiado, sob controle aparente. Foi só o ônibus dar a
partida para o céu desabar em um aguaceiro como só esta cidade é capaz de a
contragosto nos proporcionar.
No Comércio
procurei abrigo no bar de Soneca,
mas não foi uma boa escolha. Com a parte interna lotada tive que recorrer ao
toldo que se estende pela lateral do estabelecimento. Parte do mesmo onde
fiquei estava arreada pela força das águas e elas, as águas, avançavam
perigosamente sobre os meus sapatos o que me fez levantar as pernas e colocá-las
sobre uma das cadeiras da mesa em que me recolhi. Pus a pasta sobre a mesa e
aguardei que aquela correnteza me levasse para algum lugar onde pudesse
almoçar, já que passavam das 14:00 horas.
Encharcado até a cueca consegui
chegar a um dos tantos restaurantes chineses espalhados pela a área e, que
atendem até depois das 15:00 horas. Mesmo assim, em casa mesmo só no final da
tarde e, espalhando pingos tantos quantos as marquises dos velhos prédios além
da desagradável sensação de abandono. Isto é só o começo de uma estação
iniciada em março e que se estenderá até outubro, dando mais a impressão de
temporada do que propriamente uma estação do ano. São várias em uma só; a
estação das chuvas. Haja saco!
Segundo Clarinha, quando
chove é Jesus lavando o céu. Eu,
pecador, acho que tá lavando demais e pode desabar, assim como as salas e
quartos da casa de Dona Zilda que se
arrepiavam ao vê-la com um balde d’água e um escovão, certos que seriam
lavados, escovados e encerados a exaustão.
Foto: Dia de chuva em Salvador
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