segunda-feira, 14 de março de 2016

O "carnacoxinha" no Farol


Camisas da seleção brasileira seriam suficientes para uma indumentária perfeita para tamanha palhaçada, mas eles não se contentaram: havia vuvuzelas, chapéus em formato de bolas de futebol e os mais inusitados acessórios carnavalescos.

Mulheres – brancas, na maioria – com as unhas feitas, os cabelos escovados, os saltos impecáveis, lantejoulas verdes e amarelas e babás pobres a tiracolo, aguentando os seus filhos mimados que choramingavam sob um sol escaldante. Eram poucos em quantidade – seguramente, não havia sequer mil foliões no carnacoxinha – mas, ainda assim, era insuportável permanecer ali. Cartazes repetitivos e quase ininteligíveis, apitos insistentes, música ruim e gente hostil.

Virei a esquina voltando as atenções para um batuque insistente. Era uma espécie de bloquinho de carnaval, alheio à manifestação principal. Uma bandinha tocava Pequena Eva enquanto meia dúzia de homens e mulheres vestidos de verde e amarelo dançavam animadamente, com suas latinhas de cerveja na mão, já um tanto ébrios àquela altura.

A manifestação dispersou-se rapidamente. Havia jogo do Bahia. Chega de Revolução, eles queriam futebol. Os bares chiques da Barra receberam os ricaços manifestantes de braços abertos.
  
Texto (fragmentos): Nathalí Macedo

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