Camisas da seleção brasileira seriam
suficientes para uma indumentária perfeita para tamanha palhaçada, mas eles não
se contentaram: havia vuvuzelas, chapéus em formato de bolas de futebol e os
mais inusitados acessórios carnavalescos.
Mulheres – brancas, na maioria – com as unhas
feitas, os cabelos escovados, os saltos impecáveis, lantejoulas verdes e
amarelas e babás pobres a tiracolo, aguentando os seus filhos mimados que
choramingavam sob um sol escaldante. Eram poucos em quantidade – seguramente,
não havia sequer mil foliões no carnacoxinha – mas, ainda assim, era
insuportável permanecer ali. Cartazes repetitivos e quase ininteligíveis,
apitos insistentes, música ruim e gente hostil.
Virei a esquina voltando as atenções para um
batuque insistente. Era uma espécie de bloquinho de carnaval, alheio à
manifestação principal. Uma bandinha tocava Pequena Eva enquanto meia dúzia
de homens e mulheres vestidos de verde e amarelo dançavam animadamente, com suas
latinhas de cerveja na mão, já um tanto ébrios àquela altura.
A manifestação dispersou-se rapidamente. Havia
jogo do Bahia. Chega de Revolução, eles queriam futebol. Os bares chiques da
Barra receberam os ricaços manifestantes de braços abertos.
Texto (fragmentos): Nathalí Macedo
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