sexta-feira, 11 de março de 2016

Tieta do agreste


Revendo o filme Tieta do Agreste, do diretor Cacá Diegues, tanto tempo depois de seu lançamento, verifica-se a distancia entre o que se vê na tela e o que se lê nas páginas do folhetim em 05 capítulos do livro de Jorge Amado. Mesmo levando-se em conta as linguagens distintas da literatura e do cinema percebe-se a preocupação do autor com temas que tempos depois seriam tão evidenciados, como a preservação ecológica e a corrupção que nos assola nos dias que correm.

Na verdade, a comédia em que se transformou o filme Tieta do agreste não tinha essa pretensão preservacionista ou denunciadora, e sim contar em suas duas horas de projeção uma história engraçada e sensual. Nisto a presença da atriz Sônia Braga (Tieta) é perfeita em sua exuberância de mulher brasileira, com seios fartos, quadris generosos e pernas esculpidas sempre à mostra

Expulsa de casa pelo seu pai, um pastor de cabras, em vista de seu comportamento sexual selvagem e insaciável, Tieta toma o caminho de São Paulo, para voltar 26 anos depois rica e misteriosa em sua atividade de cafetina. A sua presença em Santana do Agreste vira a cidade de ponta a cabeça e, dela não escapa nem o filho de sua irmã Perpétua (Marília Pêra), o casto Ricardo, seu sobrinho. As cenas são por demais “calientes”. Até a música de Caetano, A luz de Tieta, em que ele procura rima para Tieta e fica com "eta", "eta", "eta", faz todo o sentido.

A locação em Mangue Seco creio que deve ter funcionando à época como um vídeooclip em publicidade para lugar. As cenas nas dunas e coqueirais são maravilhosas e um convite para um passeio em qualquer ocasião. É possível também que a especulação imobiliária se não estivesse encontrado nas autoridades ambientais um freio em sua ação destruidora, pouco restaria ou quase daquele postal inesquecível.

Foto: Ilustrativa

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