Na verdade era quinta feira, e nem todos eram baianos, embora fôssemos maioria. Mas, ali naquela muvuca profano-cristã de quinta feira passada, na Lavagem do Bonfim, não faltaram americanos, argentinos, espanhóis, franceses, italianos, alemães cujos passos desengonçados e as expressões de prazer e alegria eram provas de suas identidades.
Éramos todos baianos, com a “piriguete” na mão,
camisa branca enxugando o suor dos rostos brancos ou marrons, o incorrigível
xixi nas paredes e nos becos do percurso, a boca lambuzada de acarajé, chapéu
panamá ou boné, de tênis ou chinelo todo mundo era baiano.
Meu compromisso com os amigos de onde partimos
em grupo no Politeama era chegar até
Calçada, conforme previsão do que
agüentariam os calos e cravos, os dedos contorcidos pela artrite, não me
levariam mais adiante. A previsão não se confirmou, pois de repente estávamos
no Largo de Roma, de onde já se
avistava o Caminho de Areia e a Sagrada Colina. Não dava prá voltar
atrás, era seguir e seguir, chegar ao adro, amarrar a fitinha no gradeado em
volta e, pedir proteção a Senhor do
Bonfim, nosso Pai Oxalá.
Mas, era chegada a hora de voltar e, como
voltaria aquele mundo de gente cansada de cerveja e exultante no cumprimento de
sua fé, com todas as ruas do Comércio interditada
para ônibus, taxis e veículos em geral. Nos viramos como podemos, se arrastando
no percurso de volta até quase São
Joaquim, onde nossos pés, levitando, sem tocar no chão foram saudados com a
presença de taxis em circulação, digamos, normal. Dali seguimos até os bares da
Mouraria, onde fomos arriados feitos
pacotes, na espera do reforço alimentar de petiscos, moquecas e...cervejas.
Foto: Ilustrada
Nenhum comentário:
Postar um comentário