quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Toda sexta feira, todo mundo é baiano


Na verdade era quinta feira, e nem todos eram baianos, embora fôssemos maioria. Mas, ali naquela muvuca profano-cristã de quinta feira passada, na Lavagem do Bonfim, não faltaram americanos, argentinos, espanhóis, franceses, italianos, alemães cujos passos desengonçados e as expressões de prazer e alegria eram provas de suas identidades. 

Éramos todos baianos, com a “piriguete” na mão, camisa branca enxugando o suor dos rostos brancos ou marrons, o incorrigível xixi nas paredes e nos becos do percurso, a boca lambuzada de acarajé, chapéu panamá ou boné, de tênis ou chinelo todo mundo era baiano.

Meu compromisso com os amigos de onde partimos em grupo no Politeama era chegar até Calçada, conforme previsão do que agüentariam os calos e cravos, os dedos contorcidos pela artrite, não me levariam mais adiante. A previsão não se confirmou, pois de repente estávamos no Largo de Roma, de onde já se avistava o Caminho de Areia e a Sagrada Colina. Não dava prá voltar atrás, era seguir e seguir, chegar ao adro, amarrar a fitinha no gradeado em volta e, pedir proteção a Senhor do Bonfim, nosso Pai Oxalá.

Mas, era chegada a hora de voltar e, como voltaria aquele mundo de gente cansada de cerveja e exultante no cumprimento de sua fé, com todas as ruas do Comércio interditada para ônibus, taxis e veículos em geral. Nos viramos como podemos, se arrastando no percurso de volta até quase São Joaquim, onde nossos pés, levitando, sem tocar no chão foram saudados com a presença de taxis em circulação, digamos, normal. Dali seguimos até os bares da Mouraria, onde fomos arriados feitos pacotes, na espera do reforço alimentar de petiscos, moquecas e...cervejas.

Foto: Ilustrada

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