Minha identificação com a música vem de muito
tempo, embora não execute qualquer instrumento ou arrisque soltar uns graves e
agudos além das quatro paredes do banheiro. Vivo cercado de discos, livros,
revistas especializadas e shows, muitos audições de instrumentistas, bandas,
cantores e grupos vocais, de música enfim. Esta proximidade com a música, em
especial com os discos, me afastou das gravações ao vivo, tal o desconforto de
ruídos, chiados, desafinações, mas uma gravação em especial faz quebrar esta
resistencia.
Falo de Barracão, samba
de Luis Antonio e Oldemar Magalhães, gravado durante um
show realizado pelo Museu da Imagem e do
Som, do Rio, com Elizete Cardoso e Jacob do Bandolim. A
sensação de envolvimento e sublimação que me causou a primeira audição do
recital me acompanha até hoje, cada vez que ouço a voz de Elizete, a musicalidade do Zimbo
Trio, o bandolim de Jacob e o
seu conjunto de choro, o grupo Época de
Ouro. Os aplausos espontâneos da platéia ao invés de macularem a execução,
passam a compor a atmosfera de enlevo que permeia a longa faixa do LP.
A média de duração de uma faixa
gravada em disco na época, não excedia a três minutos, raramente superando este
tempo. Esta faixa porem vai alem dos sete minutos, ou seja, a duração integral
da performance dos artistas geniais, acredito. O produtor não deve ter
interferido no tempo de registro das faixas selecionadas para integrarem os LP’s, dois ao todo; deixando que os
participantes através dos sons iluminados de seus instrumentos, reluzissem e
fizessem brilhar ainda mais, naquela noite mágica. “Vai barracão, pendurado no
morro...”
Foto: Elizete Cardoso
Foto: Elizete Cardoso