segunda-feira, 30 de junho de 2014

Barracão

Minha identificação com a música vem de muito tempo, embora não execute qualquer instrumento ou arrisque soltar uns graves e agudos além das quatro paredes do banheiro. Vivo cercado de discos, livros, revistas especializadas e shows, muitos audições de instrumentistas, bandas, cantores e grupos vocais, de música enfim. Esta proximidade com a música, em especial com os discos, me afastou das gravações ao vivo, tal o desconforto de ruídos, chiados, desafinações, mas uma gravação em especial faz quebrar esta resistencia. 

Falo de Barracão, samba de Luis Antonio e Oldemar Magalhães, gravado durante um show realizado pelo Museu da Imagem e do Som, do Rio, com Elizete Cardoso e Jacob do Bandolim.  A sensação de envolvimento e sublimação que me causou a primeira audição do recital me acompanha até hoje, cada vez que ouço a voz de Elizete, a musicalidade do Zimbo Trio, o bandolim de Jacob e o seu conjunto de choro, o grupo Época de Ouro. Os aplausos espontâneos da platéia ao invés de macularem a execução, passam a compor a atmosfera de enlevo que permeia a longa faixa do LP

A média de duração de uma faixa gravada em disco na época, não excedia a três minutos, raramente superando este tempo. Esta faixa porem vai alem dos sete minutos, ou seja, a duração integral da performance dos artistas geniais, acredito. O produtor não deve ter interferido no tempo de registro das faixas selecionadas para integrarem os LP’s, dois ao todo; deixando que os participantes através dos sons iluminados de seus instrumentos, reluzissem e fizessem brilhar ainda mais, naquela noite mágica. “Vai barracão, pendurado no morro...”

Foto: Elizete Cardoso

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