sexta-feira, 6 de junho de 2014

Maysa - 06 de junho de 1936.

“Abra a porta e a janela e venha ver o sol nascer...” na verdade o sol ainda tardaria um pouco a nascer, mas mesmo assim resolvemos deixar a área do festival de rock na Praia de Conceição e fomos caminhar pela praia, fascinados pela intensa claridade do luar. O efeito produzido pela luz da lua sobre a placidez daquela baia, nos fez quedar na areia da praia em atitude contemplativa diante de tanta beleza, bebendo em silêncio mais esta manifestação da presença de Deus. Será que foi um sonho ou uma alucinação? Tanto faz, depois de tudo que tomamos e fumamos... As meninas extenuadas pelo cansaço do dia ensolarado e com sono foram para a barraca, enquanto nós ficamos um pouco mais, vagando na noite, insones.    

A noite e o que dela restou estava irremediavelmente comprometida. Fomos para a Brasília azul, juntamente com Bira, aguardar o sol nascer, enquanto ouvíamos música pelo rádio. Uma noticia nos entristeceu. Maysa tinha falecido naquele entardecer de 22 de janeiro de 1977, vítima de uma coalizão de seu veículo contra a amurada da ponte Rio - Niterói.

Procuramos sintonia com o simpático programa do Adelzon Alves, na Rádio Globo do Rio e fomos agraciados com uma seleção primorosa de sucessos da grande cantora. “Suas mãos”, “Molambo”, “Meu mundo caiu”, “Resposta” “Chuvas de verão” , “Bom dia tristeza”, “Três lágrimas” e muito mais, além de seu cartão de visita “Ouça” e seus versos tocantes de um sentimentalismo denso e trágico, como foi quase todo o seu repertório e a sua vida regada a álcool, boemia e amores não correspondidos. 

Maysa foi uma intérprete da mesma linhagem de Dalva, Isaurinha, Piaff ou Bille Holiday, pela dramaticidade do seu canto a serviço de sua verdade existencial, exposta com intenso desassombro. E assim como na canção popular, “o mundo compreendeu e o dia amanheceu em paz”.  

Foto: Maysa        

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