De todas as lembranças (boas) do Colégio da Bahia, o Central, não esqueço a participação em
uma equipe de trabalho sobre “a pesca”, no primeiro ano como estudante, por
aqui, no querido estabelecimento. O trabalho fazia parte das atividades
desenvolvidas pela professora de “português” e a pesquisa teria de ser feita
“in loco”, com registro fotográfico, a partir de uma visita que deveríamos
fazer a uma colônia de pescadores. O local indicado para a pesquisa foi Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica.
Sem conhecermos o mar, a ilha e a pesca que
para nós tinha a grandeza de algumas poucas traíras arrancadas daqueles açudes
e aguadas do sertão em tempo de trovoadas, embarcamos no velho navio da Companhia Bahiana de Navegação em
direção ao mar.
Acomodados nos bancos em volta das mesas fixas
do convés assistíamos assustados, mas resignados, a avalanche de água entrando
pelas laterais, como se fosse parte do sacrifício que teríamos de experimentar
naquela manhã de abril. O balanço do mar nos arremessava uns contra os outros e
estes ao chão, cobertos de água e vestígio de vômitos, num cenário de pânico já
instaurado entre todos os candidatos a náufragos. Sentíamos que era o fim.
Seguramos com firmeza a borda da mesa, baixamos a cabeça e rezamos ao Senhor do Bonfim.
Poderia até ser “doce morrer no mar”, mas dava
um trabalho desgraçado a que não estávamos acostumados. Tudo não durou cinco
minutos, mas pareceu um sofrimento interminável, que se renovava a cada vez que
olhávamos da ilha o imenso mar que nos separava e nos esperava para a travessia
de volta prá casa.
Foto: Ilha de Itaparica
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