Se escuto algo como “meu coração é do tamanho
de um trem”, eu penso: é ele. “Cabeça de homem, mas um coração de menino”, só pode ser ele. Ou na pretensa rebeldia de “sou uma criança, não entendo nada”, era ele, “Ferro véio” ou Dalvinho, até para nos convencer que
era um bom negócio fazermos um “bumba-meu-boi” e sairmos pelas ruas da cidade
arrecadando dinheiro.
Chegamos a descolar algum, apesar dos percalços
que foram se sucedendo pelos caminhos do boi, como aquele em plena Praça da Feira em um sábado chuvoso.
Havia sido escalado naquela manhã para levar o boi, nas costas, da Rua da Igreja até a Rua dos Ricos, passando pela feira. Em
frente à loja de Zuzinha, o boi, na
verdade eu, saiu escorregando na lama, sem qualquer firmeza e, estabanado até a
frente da casa do delegado Horácio
Sampaio. Segurei o boi com o que restava de equilíbrio e força, sem deixar
cair, até onde aguentei. Daí fomos ao chão, o boi e eu, envergonhados e sujos.
O boi, coitado, era só desolação e lama sobre a chita vistosa de sua
indumentária. Lembro do boi tombado, com suas intimidades de barbante e cipó, à
mostra.
Do meu lado, contabilizei entre outros
prejuízos, o desaparecimento de uma das minhas alpercatas que submergiu na lama
para nunca mais. São fatos maravilhosos, entre tantos, que tive o prazer de
assistir e participar junto ao nosso amigo e irmão mais velho, Dalvinho, o “Ferro véio”.
Foto: Piritiba-Ba - Praça da Feira
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