quinta-feira, 5 de junho de 2014

"Ferro véio" - Um piritibano

Se escuto algo como “meu coração é do tamanho de um trem”, eu penso: é ele. “Cabeça de homem, mas um coração de menino”, só pode ser ele. Ou na pretensa rebeldia de “sou uma criança, não entendo nada”, era ele, “Ferro véio” ou Dalvinho, até para nos convencer que era um bom negócio fazermos um “bumba-meu-boi” e sairmos pelas ruas da cidade arrecadando dinheiro.

Chegamos a descolar algum, apesar dos percalços que foram se sucedendo pelos caminhos do boi, como aquele em plena Praça da Feira em um sábado chuvoso. Havia sido escalado naquela manhã para levar o boi, nas costas, da Rua da Igreja até a Rua dos Ricos, passando pela feira. Em frente à loja de Zuzinha, o boi, na verdade eu, saiu escorregando na lama, sem qualquer firmeza e, estabanado até a frente da casa do delegado Horácio Sampaio. Segurei o boi com o que restava de equilíbrio e força, sem deixar cair, até onde aguentei. Daí fomos ao chão, o boi e eu, envergonhados e sujos. O boi, coitado, era só desolação e lama sobre a chita vistosa de sua indumentária. Lembro do boi tombado, com suas intimidades de barbante e cipó, à mostra.  

Do meu lado, contabilizei entre outros prejuízos, o desaparecimento de uma das minhas alpercatas que submergiu na lama para nunca mais. São fatos maravilhosos, entre tantos, que tive o prazer de assistir e participar junto ao nosso amigo e irmão mais velho, Dalvinho, o “Ferro véio”. 

Foto: Piritiba-Ba - Praça da Feira 

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