Walter Queiroz Junior ou Waltinho para os íntimos e para os ex-foliões do Broco do Jacu, como fui juntamente com o saudoso amigo Ed, é uma figura carnavalesca por excelência, além de compositor de sucessos nacionais para Fafá de Belém, Alcione entre outros. Para o Jacu compôs músicas inesquecíveis, pelo menos prá nós, e para ele o carnaval foi e terá que voltar a ser esta celebração popular que lentamente foi sendo expulsa das avenidas para dar lugar aos negócios de uma “meia dúzia de três ou quatro” mercadores do templo. São figuras conhecidas que cacarejam argumentos sempre que postos à prova, para justificar o seu capitalismo predatório, a sua avidez por dinheiro, o indecente descaso com a cidade, usando como tapume a tal indústria do turismo. Uma indústria em que o poder público juntamente com empresas privadas, em geral cervejarias, se cotizam para bancar a festa com todos os seus custos e conseqüências, inclusive comerciais, claro, para que estes infames exponham publicamente seu elitismo social e a sua segregação racial numa cidade eminentemente negra, feito uma espécie do que foi um dia a África do Sul.
Recebi esta semana por intermédio de Dany, um e-mail com a entrevista concedida por Waltinho à revista Muito, encarte do jornal A Tarde aos domingos. Com a lucidez conhecida ele põe o dedo na ferida em que os “axezeiros” e seus mentores transformaram o carnaval da cidade. Waltinho é um romântico, um sonhador, mas não é o único, como diz John Lennon, quer apenas, como tantos, a avenida de volta, a praça, as cadeiras na calçada, a marcha, o frevo, os blocos que foram transformados numa imensa passarela para o desfile de alienígenas, ETs de Varginhas, zumbis que podem ter incorporado o espírito de qualquer coisa, menos de carnaval. A experiência do Rio pode vir a ser uma solução. Quem tem dinheiro, uísque e pó a rodo que encham quantos Sambódromos forem necessários para apreciar aquela papagaiada circense, quem não tem tanto, mas tem a alegria, que possa voltar às ruas e avenidas como dezenas, centenas de blocos invadem o centro e a orla do Rio para brincar o Carnaval. Ainda há tempo, para se equacionar democraticamente a maior festa da cidade, antes que Michel Teló bote o seu trio e o seu bloco na rua, como já ameaçou. Deus é mais!
Charge: Simanca
Charge: Simanca
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