Tenho pelo desfile das Escolas de Samba do Rio um entusiasmo próximo ou semelhante ao que sinto ao assistir uma partida de xadrez. Sono, enfado, desinteresse que faço o controle remoto rodar feito pião em busca de algo que se possa assistir sem se irritar. Mas, nos últimos anos a presença do carnavalesco Paulo Barros à frente de algumas escolas carioca, como nestes últimos anos na Unidos da Tijuca, me faz parar diante da TV em busca dos seus rasgos de originalidade e ousadia na Sapucaí. São comissões de frente que fogem da reverência tradicional para brincar e causar espanto e muitas surpresas em suas coreografias. Como as bailarinas cujas roupas são trocadas em segundos em um passe de mágica ou mágicos cujas cabeças vão parar coladas ao peito ou embaixo do braço num efeito só possível em picadeiros de circo. Circo de primeira linha, é verdade.
Este ano com um enredo dedicado ao mestre Luiz Gonzaga, o Sambódromo foi tomado por figurantes nordestinos com peles cor de terra, casas de taipas, sanfonas, cangaceiros, espingardas, em fantasias surpreendentes pela beleza e plasticidade. Na comissão de frente enormes sanfonas se transformavam em molas de onde saiam tocadores dos instrumentos misturadas ao colorido e a alegria do grande “Lua”. A Unidos da Tijuca, pode não ganhar nada, como o júri tradicional e conservador costuma tratar as excentricidades do Paulo Barros. Pior para o carnaval e a mesmice dos desfiles de escola de samba, ano após ano.
Quanto às Escolas de Samba de São Paulo, o episódio da apuração dos votos, ontem, dá o dimensão da mistura inadequada de samba com futebol na capital paulista, fazendo crer que São Paulo é, de fato, não apenas o túmulo do samba, mas da baderna corintiana travestida de samba. Lamentável!
Foto: Comissão de Frente - 2011
Foto: Comissão de Frente - 2011
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