O estrago causado à cidade pela greve dos policiais, cujo final se deu após doze dias de paralisação, podia ser sentido pela ausência de visitantes em locais que tradicionalmente são pontos de intenso fluxo deles e, que ficaram a ver navios. Aliás, eles os navios até que aportaram na Baia de Todos os Santos, num espetáculo de grandeza e encantamento proporcionado pelas imensas embarcações vistas, em especial, do Mirante da Cruz Caída, na Praça da Sé. Só que os passageiros destes navios por uma questão de segurança não se atreviam descer e circular pelas imediações do Comércio para compras, desfrutando e registrando as paisagens daquela parte da cidade em suas máquinas fotográficas. Tudo muito bem e bom, mas lá ninguém foi, como tantos que em terra firme se resguardaram nos quartos, saguões ou em volta das piscinas dos hotéis da orla. Sem contar os que temendo um prejuízo na viagem a Salvador, cancelaram reservas de hotéis, compras de abadás para blocos de carnaval ou permanência em pousadas e vilages na Linha Verde.
Andei neste período da greve por pontos que ferviam de turistas e nativos em férias pela cidade e, naquele dias permaneciam desertos para desespero de comerciantes destas áreas. Praça Castro Alves, Praça Municipal, Sé, Terreiro, Ruas e Largos do Pelourinho, Teatros, Bares, Restaurantes era pura desolação. Os poucos que se aventuravam a uma cerveja, por exemplo, em bares daqueles locais transmitiam expressões pouco confortáveis de apreensão e medo. Não havia prazer e descontração, mas comentários desconcertantes para os ouvidos daqueles que nos visitavam.
Finda a greve, a bagaceira turística ainda pode ser revista, já que eles, os turistas, podem aparecer atraídos pela festa carnavalesca e o seu fascínio em festeiros de outras praias, outras paragens. O Carnaval de Salvador, em que pese sua total descaracterização, do monopólio da festa exercido por “meia dúzia de três ou quatro” mercantilistas, da inevitável violência pela escancarada segregação racial, pela maciça propaganda oficial, ainda tem, e muitos, adoradores nos mais profundos cantos do país. A todos eles boa festa, que este ano verei de longe, talvez pela TV, sem queixas ou recordações. “Ninguém volta ao que acabou”. Se sentir saudade ponho prá rodar o DVD do Monobloco e, vou dormir.
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