É comum vermos intérpretes prestar homenagem a determinando
compositor, visitando em seus discos, a sua obra. Estão aí vários exemplos de discos
dedicados a obra de Tom Jobim, Noel
Rosa, Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Gil, Milton, Caetano e outros mais,
por intérpretes os mais diversos possíveis. Agora, um intérprete prestar reverência
em seu disco a outro interprete, é algo raro, ou pouco conhecido. Mas, Jussara Silveira e Renato Braz resolveram colocar suas vozes refinadas e precisas a
serviço do repertório de Gal Costa,
no CD Fruta Gogoia em um resultado
soberbo.
Com direção musical e arranjos de Dori Caymmi vão desfilando canções desde Fa-tal, o antológico disco-show de Gal, em 1971 até o dispensável Todas as coisas e eu de onde foi extraído
Aí Ioiô. Não há qualquer necessidade
de comparação, mesmo que a voz de Jussara em alguns momentos lembre Gal, mas sempre lembrou, e ela construiu
uma carreira respeitada, sem, no entanto ganhar o reconhecimento merecido.
Também a voz mansa e educada de Renato
Braz, cantor paulista, já merecia destaque como um dos grandes interpretes
de nossa música por sua bela voz e pela qualidade de seu repertório.
É bonito de se ouvir onde haviam guitarras e baixos pesados, surgir
naipes de cordas e teclas de piano a pontuar melodias que sabemos de cor, como
em Não identificado, Baby, Vapor Barato,
Tigresa. Sem contar com os duetos que as vozes de Jussara e Renato nos proporcionam em Modinha para Gabriela, Sorte, Teco, Teco, Estrada do sol nesta
trilha musical aberta por Jussara
com Fruta Gogoia.
Um achado: a
canção Passarinho, de Tuzé de Abreu do disco Índia, que parecia ter achado ali a sua
única gravação, ressurge encoberta por cordas, realçando ainda mais a sua
beleza. Belo disco.
Foto: Ilustrativa
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