quinta-feira, 6 de julho de 2017

Malabarismo ortográfico


A crise institucional que o país atravessa se no final não der em nada, como somos capazes de supor, deixará algum legado ortográfico deste linguajar empolado com que juízes e jurídicos utilizam para livrar a cara de seus clientes ou jogá-los nas “papudas” da vida, conforme os dois lados do espelho. Ou luz ou contraluz.

O jornalista e escritor Sérgio Rodrigues, autor de Viva a língua brasileira, em sua mais recente coluna na Folha desnuda a origem da palavra “leniência”, fartamente utilizada para com aqueles que se dispõe a dizer o que sabe, em busca de um abrandamento à pena que lhe cabe.

Lembro de já ter ouvido ou cantarolado uma valsa, talvez, dos anos 40, sucesso de Orlando Silva a bonita Lábios que beijei, que em um dos seus versos fala de “volta, dá um lenitivo a minha dor”. O lenitivo da canção traduz a busca de um alivio, um bálsamo para aquele sofrimento e, assim guarda essa familiaridade com “leniência”. 

Por fim, “leniência”, vem ser mesmo um alivio para a picaretagem política e empresarial ao confessar seus crimes em troca de um prêmio para com estes delitos.  Que coisa!  

Foto: Ilustrativa

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