sábado, 29 de junho de 2013

Fora daqui!

Foram quase 10 dias de explosões, de insatisfações, bombas de gás lacrimogêneo, indignações, spray de pimenta e,...nós ali! Não é assim que se resolve manifestações populares, embora nem saiba como achar a saída. De alguma forma sabemos que é mantendo fora do ambiente e da mídia, quando possível, doenças venéreas da política brasileira, como as vestais da PSDB, ávidas por algum naco de poder, qualquer poder. Mas esta mesma mídia que manteve distancia destes abutres oportunistas resolveu abrir suas lentes para “coisas” como “Álvaro Dias” e, até mesmo para “Agripino Maia” (fazer um país ou reconstruí-lo com Agripino Maia (DEM)é tarefa para monge tibetano).

Esta possível reforma política, com ou sem plebiscito ou referendo, depende unicamente de nós e daquilo que entendermos como melhor para país. O ideal seria longe desta e de outras gentes, mas aí não seria mais democracia, mas um bolo onde pode caber tudo, até quando as aparências enganam é provável que pintem de novo Álvaro Dias, Agripino, FHC, Lobão, Marco Feliciano, Marco Valério, Lula, Aecinho, Marina Silva, o coronelzinho nordestino. Não verás país nenhum!

Foto: Marco Feliciano

Fica na tua!

Os irmãos Kleiton e Kledir foram referência na música brasileira dos anos 80, sempre com qualidade e uma sonoridade, meio gauchesca, até por isso um diferencial, ante o baianismo e seus seguidores que dominaram a cena, por longos períodos até chegarmos aqui. Mas, a família Ramil não nos abandonou de vez, já que o Vitor continuou a nos apresentar a mesma beleza de música dos seus irmãos.

Claro com que o Vitor não aconteceu o fenômeno musical que a dupla de seus irmãos fez, melhor assim. Mas, como quem tece a teia da aranha, o irmão for construindo o seu legado musical, silenciosamente, como um mineiro, até para quem como eu que conhecia apenas a gravação de Gal para Estrela, estrela, nos idos 80, não perdeu por esperar. O Vitor é bom prá caramba. Do MP4 não sai a composição Loucos de cara, uma gravação não radiofônica, 6 minutos e 21 segundos, que mostra o espectro cultural do cara, do andarilho musical sempre ligado, para quem o mundo é pouco, como deve ser sempre. Querer sempre mais, buscar se não o impossível, o possível escondido, adormecido. Pode chegar Vitor Ramil!

Foto: Os irmãos Kleiton e Kledir.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Batendo cabeça!

 

 A seleção brasileira de futebol vai avançando, já é finalista, mas o sentimento da maioria ainda é de desconfiança, mesmo se reconhecendo que o grupo convocado é o melhor que se poderia ter escolhido, salvo uma ou outra opção do treinador Felipão.

Um dos melhores setores desta seleção é a defesa, que ontem contra a boa seleção do Uruguai, bateu cabeça como os bons times de várzea, ainda que eles, os jogadores de roça, pelo menos teriam o pudor de cometer os penaltis protagonizados por David Luis, que por sorte apenas um foi marcado. Do mesmo modo que Thiago Silva, tido como “um dos melhores zagueiros do mundo”, até por isso, não se permitiu dar um chutão para cima, para os lados ou para frente, afastando o perigo que a seleção uruguaia perigosamente sempre levava a nossa defesa, por não ser uma atitude compatível com “um dos melhores zagueiros do mundo”. Tanto pudor, tanto preciocismo resultou no gol uruguaio através deste impressionante, e onipresente, Caviani, que durante toda a partida foi lateral, meio de campo, atacante, ponta pela direita e esquerda, tudo ao mesmo, sempre de modo eficiente e brilhante.

A seleção brasileira pode até ser campeã da Copa das Confederações, mesmo sem empolgar, condição que o próprio treinador reconhece e para quem o que importa é ganhar, até com gol de mão. É pode ser... 

Foto Thiago Silva e David Luis

Arraiá Capim Guiné - 2013


Início de noite de domingo na Praça Getúlio Vargas que ainda não recebe os primeiros festeiros de mais um dia da programação junina da cidade alegre. Mas, no palco montado ao lado do antigo Senadinho, começo da “passarela da chapinha”, a temperatura musical estava próxima da fervura. Tudo pela empolgação e interação da pequena plateia com a dupla Pedro e Zé Beté, que com um repertório de repentes, chulas, samba de raiz, cantorias, emboladas poderia fazer estátua de pedra acompanhar com a cabeça o ritmo contagiante dos simpáticos e competentes artistas.
 
A presença no palco de um rapaz com as mãos carregadas de um CD artesanal, à venda, não deu prá quis como se diz no popular, inclusive prá mim, que cheguei um pouco depois do término da primeira fornada do disco de Pedro e Zé Beté e fiquei sem a lembrança do som da dupla. Mas, por poucos instantes já que outro integrante da equipe meteu a mão no embornal e me concedeu também o privilégio de já ter Porto Seguro e O pandeiro e a viola na relação de músicas do MP4, em minhas caminhadas matinais. Onde vocês estiverem e eu estiver, estarei no gargarejo aplaudindo vocês. Parabéns!

Foto: Pedro e Zé Beté

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Projeto de Emenda Constitucional N.37

A comemoração de deputados com a rejeição pelo plenário da Câmara do Projeto de Emenda Constitucional N° 37 só não foi mais ridícula porque eles já representam o escárnio, a indecência, a esbórnia de um poder que não nos representa, não nos diz respeito, mesmo que sejamos responsáveis por estes molambos legislativos estarem onde estão.
  
A euforia de cidadãos que não temem ser julgados pelo Ministério Público em caso dos delitos que cometem a luz do dia, todos os dias, por todo um mandato. Pareciam seres íntegros certos do dever cumprido a rejeitar o acobertamento da impunidade que todos eles, de todos os partidos na escuridão da noite, no breu das tocas aprovariam sem qualquer cerimônia e com a desfaçatez que rege suas ações.
 
Mas, eis que acovardados ante o clamor das ruas nas recentes manifestações populares esqueceram o combinado com a camarilha para recusar a aprovação do Projeto de Emenda Constitucional n° 37 de autoria do obscuro deputado Lourival Mendes do PT do B, do Maranhão. Ser de onde é faz levantar suspeita a quem é um rol delas, no passado, presente e para sempre caso não fosse rejeitada a famigerada PEC.

Foto: O autor da PEC 37 
 

Arraiá Capim Guiné - 2013


Não importa muito procurar razões se determinados artistas tem um pé, ou os dois, no São João, isto é, que tenha um repertório apropriado para os festejos juninos como Zé Ramalho que se apresentou sábado, na cidade alegre, dentro da programação oficial da festa. No caso de Zé Ramalho, um artista nacional com um trabalho de cores universais tem na sua essência criativa a música nordestina, os ritmos do Nordeste, um sotaque regional e assim perfeitamente integrado à folia junina.

Mas, o forró, o baião, o galope estiveram bem representados por atrações como Dogival Dantas, Nildo Leal, Antuzo, Canário do Reino entre outros numa festa que se não teve a afluência de um público numeroso foi mais que necessário para a animação em um espaço físico já diminuto para grandes contingentes de forrzeiros. Reparo a ser feito apenas quanto a qualidade do som a disposição dos artistas que se apresentaram, chegando em certos momentos a não se identificar uma só palavra do que era pronunciado ou cantado no palco, causando irritação em alguns artistas que tiveram de se submeter a esta inconveniência.  

Foto: Zé Ramalho

domingo, 23 de junho de 2013

Amanhã vai ser outro dia.

Foto do movimento Diretas Já com dizeres "Amanhã vai ser outro dia"
Entre os muitos cartazes exibidos nas manifestações que se espalham pelo país, alguns chamam a atenção pela originalidade ou mesmo pelo humor, uma característica de nosso jeito de ser que o Jéróme Valcke, capataz da FIFA, jamais entenderá.

“O povo unido, sem sigla, sem partido” é a senha para estes picaretas que ficam encastelados em seus gabinetes feitos abutres na espreita, esperando o bonde da história passar. E passa, só que agora mais que nunca, dispensando passageiros como a messiânica Marina Silva, o coronelzinho nordestino Eduardo Campos, o nunca sóbrio cliente dos bares do Leblon, Aécio Neves e, principalmente esta dobradinha infernal na política brasileira que são os partidos PT e PMDB, mais este que aquele.
 
Marco o “partido dos trabalhadores” com a amargura de quem viu o nascimento de um filho que prenunciou o surgimento de um novo dia e que com o passar dos dias, dos anos foi se tornando um monstro degenerado, ávido por poder, todo o tipo de poder. Sinto um renascer de esperanças, já adormecida pela brutalidade dos dias cinicamente iguais por culpa ou por descaso de quem não teve a coragem de fazer acontecer, tal como imaginamos um dia. Enquanto houver vida, haverá a esperança que nada será como antes, um pouco pior; prá trás também se anda.

Foto: Ilustrativa

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Pimenta malagueta, um bocadinho mais...


#vemprarua #protestobr #protestossa #obrasilacordou  #changebrazil  #semviolência


Foto: Cartaz das manifestações baianas.

Chutando o prato em que comeu e foi comido.

Sargento Isidório, deputado baiano pelo PSB, ex-homossexual confesso, (agora só falta aparecer cabeça de bacalhau e enterro de anão) colega evangélico do notório Marco Feliciano, não perde a oportunidade de sair em disparada, atirando em seus antigos colegas de cama, mesa e bar, quando o assunto é a busca da cura da homossexualidade. Agora, com a aprovação pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados, de um projeto, cuja autoria é dedutível, que permite a psicólogo promover tratamento para a cura do homossexualismo, Isidório quer ampliar, em termos estaduais, a “cura gay”, esquecendo o prato em que um dia, ou muitos, comeu, e foi comido.

Segundo o Deputado Isidório, caso o projeto seja aprovado no plenário da Câmara, quando for posto em votação, ele apresentará dois projetos complementares aqui no estado, em que um visa dar assistência psicológica, no serviço público, a homossexuais arrependidos ou a heterossexuais com tendências ao homossexualismo. O outro segue a mesma linha da bizarrice e promete apoio a vítimas da infidelidade conjugal, já batizado por seus colegas deputados como “projeto consola-corno”. Não é sério! É desanimador saber que é com essa gente que as casas legislativas contam para fazer e modernizar um estado, um país. É contra gente desta laia e de muitas outras mais que a população está ocupando ruas e praças de todo país sufocada pelos medíocres, pelos imbecis, pelos ladrões.

Foto: Deputado Sargento Isodório

Manifestações em Salvador - 20.06.2013



Fotos: Correio

O povo do axé está na rua!


Pode parecer redundante afirmar que o povo do axé está na rua, já que ele não faz outra coisa na vida que não estar na rua, ou em cima do trio ou em volta dele. Mas, desta vez ele foi à rua por um sentimento mais nobre, tão ruidoso quanto a música que ele canta e dança, mas bem mais edificante. Sensibilizado pela explosão de brasilidade que ilumina cada canto do país, apesar das bordoadas dos policiais (por sinal, com tanto spray de pimenta lançado contra manifestante pode ocorrer com a pimenta o mesmo que vitimou o tomate há pouco tempo, total escassez e preços inflacionados) foi à luta, ocupou a rua.

Nas manifestações ocorridas ontem a Salvador, comungando um sentimento nacional pela limpeza ética do país e por melhorias nas condições de vida dos brasileiros, estrelas da “axé music” como Saulo Fernandes, Levi Vasconcelos (Jamil), Tomate, Aline Rosa entre outros marcharam junto com o povo em sua indignação e protestos. No quesito “entre outros” está incluído esta “coisa” apelidada de Psirico, que através de seu líder pagodeiro afirmou que estará na manifestação com o seu povão do Gueto, naquele estilo “sem noção” que norteia seus iguais, para quem na vida tudo é carnaval ou “quebradeira” (haja spray de pimenta!).

Foto: Tomate, Saulo, Levi, Aline e uma coisa.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

São os portugueses que veem.

Depois do contato com Antonio Zambujo o jovem intérprete português, que vem imprimindo uma nova e moderna linguagem ao fado e da sua identificação com a música brasileira em gravações de A deusa da minha rua, Apelo, Lábios que beijei, Quando tu passas por mim, Bilhete etc, agora é a vez da bela e doce Carminho. Assim como o Antonio Zambujo criou pontes com a nossa música através de Caetano, Roberta Sá e Ivan Lins, a também jovem Carminho cria seus laços com a produção musical brasileira através de Chico Buarque, Nana e Milton Nascimento, estabelecendo com a criação sonora da antiga colônia uma parceria salutar com o novo canto português, estranhamente, tão distante de nós.

Na recente noite de entrega do 24º Prêmio da Música Brasileira, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro que contemplou artistas como Caetano, Zélia Duncan, João Bosco, Moraes, Elba, Ivete Sangalo e Betânia e contou com as participações de Rosa Passos, Mônica Salmaso, Ney Matogrosso, Nana Caymmi, os grandes nomes da noite de premiações foram os portugueses Carminho e Antônio Zambujo. Numa interpretação comovente, (que ouvi o áudio) eles interpretaram a canção de exílio de Tom Jobim e Chico Buarque, a incompreendida ganhadora de um festival de música nos anos 60, mas finalmente aclamada tempos depois, de joelhos, a tocante Sabiá.

Foto: Carminho

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Ser duro, sem perder a ternura.

Como tantos brasileiros, todos nós vivemos dias de espanto e euforia cívica, com a população ocupando as ruas das capitais do país, demonstrando uma inquietação e uma coragem de quem parece dizer: “não dá mais prá segurar”. Coragem que a truculência policial não arrefece e as manifestações se sucedem e se espalham com um furor que já atinge grande parte do interior, fazendo a força da indignação só aumentar.

O governador de São Paulo, onde tudo começou, pressionando pelas autoridades locais e mesmo por organismos internacionais como a Comissão de Diretos Humanos da ONU, recuou quanto à violência policial empregada nas primeiras manifestações e tomou a decisão, segundo a cínica cartilha tucana, que não mais permitiria o uso de balas de borracha, sendo mantidos os demais itens do receituário fascista. Chega lembrar outro político paulista, também de triste memória, que diante de um quadro de estupro seguido de morte sentenciou: “Pô, estupra, mas não mata!” Revelando a incapacidade em compreender que tanto uma situação como a outra são violências inaceitáveis contra o ser humano, em especial contra a mulher.

Os excessos que veem se verificando nestas manifestações e que são atribuídos a baderneiros, criminosos e vândalos se são inaceitáveis, são pelo menos compreensíveis. Ali, no numeroso contingente de manifestantes, marcham aqueles que perderam irmão, filho ou mãe vítima de uma bala perdida disparada por um policial ou bandido, tanto faz; alguém que carrega a dor de ter seu pai morto na fila do INSS ou da mãe que padece de câncer, com exame marcado pelo SUS para novembro, enquanto a doença silenciosa avança até a morte; jovens em busca de uma vaga em portas de fábricas que amargam a desilusão do desemprego; pais de família que não conseguem fitar os olhos de seu filho, trazendo no bolso, a cada mês, os R$678,00 recebidos a título de salário, que não saciam as mais elementares necessidades adultas, tampouco infantis.

São dramas humanos específicos, diferenciados, mas que no calor da refrega, das reivindicações, das palavras de ordens, do ódio represado ante as injustiças sociais vividas ou ouvidas, explodem unificados e incontroláveis com as consequências de quaisquer atitudes de quem sabe “a dor e a delicia de ser o que é”.  

Foto: Manifestante  

O trenzinho do caipira


O folclórico metrô de Salvador ainda não entrou nos trilhos. Após 13 anos de construção, a obra vem se arrastando por 04 vezes o tempo previsto para o seu término, além de ter gasto o dobro do projeto inicial num percurso ridículo que liga o nada, ao quase. Um menor metrô do país, um metrô anão, onde seus 12 quilômetros de extensão consumiram mais de um ano em obra por cada quilômetro construído, quase todos de superfície. A sua área subterrânea se limita ao trecho que vai da Estação da Lapa ao Campo da Pólvora e dali até a estação Bonocô, num trajeto que qualquer atleta da terceira idade percorre em 20 minutos.

Mas, agora a coisa vai. Uma parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Salvador resultou em um contrato assinado, estadualizando o metrô. O governador Jacques Wagner administrará a linha 1, da capital, que passará a funcionar Deus sabe quando e, assumirá a construção da linha 2 em uma interligação para o município de Lauro de Freitas, para quando a seleção de futebol do Thaiti ganhar uma Copa do Mundo, isto lá pelos idos do círculo 20, ciclo 30, século 31.

Fotos: Vagões do metrô de Salvador. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

Cidade muda, não muda!

Este foi um dos muitos cartazes visto nas manifestações de ontem em São Paulo e que expressa a motivação e a indignação da juventude brasileira que aos poucos vai se espalhando por todo o país, já apresentando o número impressionante de 100 mil pessoas no centro do Rio. O que se iniciou em São Paulo como protesto pelo aumento das passagens de ônibus, pretexto que por si só não justificaria o movimento, ganha corpo com conotações represadas, presentes e passadas. A insegurança urbana, o descaso com a saúde pública, a educação, a corrupção política, a roubalheira e a ladroagem na concepção de eventos, de prioridade duvidosa, como a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, no próximo ano, tudo ao mesmo tempo juntos no caldeirão ou no paiol de pólvora em que está sentada a sociedade brasileira, pronta prá explodir.

Ontem à noite, a TV Globo interrompia seguidamente a sua programação normal, como se houvesse alguma normalidade na exibição de novelas, para dar flashs das manifestações em São Paulo e no Rio. Em determinado momento uma reporter de rua que acompanhava a manifestação no Rio, ao se aproximar da Cinelândia, já no ar, descreveu o que estava acontecendo naquele largo e informava o teor das palavras de ordens gritadas pelos manifestantes, inclusive contra a TV Globo. Opa! Enfim a imparcialidade e a exatidão da informação batiam na porta global. Neste instante a reporter foi interrompida pela bela Patricia Poeta para que ela assumisse o comando da notícia e fizesse, pelo seu patrão, a profissão de fé democrática da empresa e a crença inabalável na liberdade de expressão e no modo imparcial como a TV Globo sempre tratou estes acontecimentos populares. Meu Deus, quase choro de emoção.

Mas, espírito de porco, fui lembrar a primeira eleição de Brizola ao governo do Rio e a malandra contagem de votos pela Proconsult; o pisar em ovos ao noticiar os acontecimentos de 1º maio de 1981 no Riocentro em comemoração ao Dia do Trabalho; a omissão informativa inicial às monomentais concentrações em torno da campanha das Diretas Já; o último debate criminosamente editado entre Lula e Collor; o muro em que ficou quando do impeachment do Caçador de Marajás... Enfim, são pecados demais para serem purgados em praça pública, numa hora dessas. Plim...Plim! 

Foto: Repressão policial 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Pérola negra.


A imagem com que se relaciona a pessoa certa, no lugar mais ainda, parece se encaixar com perfeição ao artista Luís Melodia e o modo pela qual a sua canção de maior visibilidade e sucesso, Pérola Negra, chegou até a Gal Costa. Segundo uma entrevista sua na Revista da Cultura (uma excelente publicação da Livraria Cultura) do mês passado, Luís até então um iniciante compositor, morador do Morro de São Carlos, no Rio, buscava uma voz, ou várias, para as suas canções como todo artista que pretende chegar ao grande público. Através de umas amigas suas que moravam também no São Carlos, mas que frequentava a Zona Sul, em especial Ipanema, tinham contato com artistas do bairro como escritor e poeta Waly Salomão e o artista plástico Hélio Oiticica.

Nesta época Waly estava compondo o repertório do novo show de Gal, que ele iria dirigir e se tornaria um marco antológico na carreira da artista, o Fatal – A todo vapor, em 1971. Uma dessas amigas de Luís mostrou a canção Pérola negra, que tinha outro nome e que foi rebatizada, tendo impressionado o Waly que ficou de levar até Gal, aquele novo compositor para a sua avaliação. A baiana aprovou de imediato a Pérola negra de Luís e passou a fazer parte do repertório do show, juntamente com canções como Dê um rolê, Como dois e dois, Falsa Baiana, Antonico, Fruta gogoia, Vapor barato, Assum preto, Charles anjo 45, Coração vagabundo e outras pérolas mais.

São estes vieses da vida que a torna uma aventura maravilhosa, fazendo com que nada impeça ou detenha aquilo que tem a necessidade e a coragem de acontecer, independente do lugar que estejamos. São talvez histórias comuns a todo artista que pretende o reconhecimento público de seu talento e o inesperado terminará por fazer uma surpresa.

Foto: Luís Melodia

Ai de ti Copacabana!



O primeiro livro que li foi o Pequeno Príncipe, sabendo de antemão, aos 09 anos, que não iria muito longe em concurso de beleza,  sem falar nas tais polegadas que poderiam ou não impressionar o corpo de jurado, além de mim mesmo. Mas pouco tempo depois me redimiria com a Cadeira de Balanço de Drummond de Andrade e de Ai de ti Copacabana de Rubem Braga, dois livros fundamentais para quem iria se aventurar a juntar meia dúzia de palavras na esperança de formar uma frase e mais ainda, expressar uma ideia, um pensamento.
 
Com a Cadeira de Balanço, Carlos Drummond deixava a poesia formal para buscá-la na trivialidade do cotidiano de uma grande cidade como o Rio, a beleza dos acontecimentos da vida comum, do homem comum, do desinteressante mundo que nos escapa o olhar, enfim das “coisas fugidias” de que nos fala Cecilia Meireles. Já com Rubem Braga, por não ser poeta, coube trabalhar este mesmo cotidiano com o esmero de quem se coloca como um observador paciente e tolerante das nossas banalidades diárias, criando uma vertente literária até então não catologada que é a crônica, uma espécie de conto breve que se acomodasse nas páginas do Jornal do Brasil ou Correio da Manhã, onde tudo começou. 

Edições já tragadas e estragadas pelo tempo ainda passeiam por minhas mãos com o cuidado e o zelo de quem guarda uma preciosidade que ainda são para mim, Cadeira de Balanço e Ai de ti Copacabana. Nunca pensei na literatura como oficio, mas se tivesse me aventurado nesta seara, estes dois livros teriam sido o escopo, a ferramenta para alavancar um talento que nunca tive.
Foto: Ilustrativa

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Ninguém precisa saber, o que houve entre nós.

Às vezes quando a insônia resolve fazer uma visita, indesejada, como esta noite/quase dia, sem saída ligo o rádio, sintonizo a Rádio Globo-Rio e procuro o programa do Beto Brito. Desta vez quando encontrei a sintonia, o Eduardo Araujo (um dinossauro da Jovem Guarda) cantava Ave Maria no Morro, do Herivelto Martins. Finda a cantoria, o Beto Brito contou uma história a respeito da gravação que tínhamos acabado de ouvir, em que o filho de Herivelto, Pery Ribeiro se mostrou indignado com a blasfêmia cometida com um clássico da música brasileira, desvirginado por guitarras, teclados, baixo elétrico e a voz nada tolerável do marido da Silvinha. O Herivelto ouviu o aborrecimento do filho e ponderou: “Meu filho. Não há mal nenhum nisto, pelo contrário, é a forma como as novas gerações poderão conhecer a minha música”, sinalizando que os jovens em determinadas circunstâncias são mais conservadores e preconceituosos, que a galera da terceira idade.

Bingo! Lembrei do novo disco da Bruna Caram, em que ela resgata um outro clássico do Herivelto Martins, o samba-canção Segredo (“ninguém precisa saber o que houve entre nós”). Só que desta vez a tarefa foi entregue ao maestro e arranjador Otávio de Moraes, que deu à canção toques portenhos de Astor Piazzolla e conta com a presença luxuosa de Marina de La Riva nos vocais. Pery, que já não está entre nós, por certo aprovaria!

Foto: Marina de La Riva

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Santo Antônio, São Pedro e São João

Por ser de lá do sertão trago no peito uma fogueira acesa de São João; noites frias de junho, céu estrelado, balões, milho assado, canjica e licor. Pouco tempo depois arrastava a “mala de couro forrada com pano forte, brim caqui”, seguindo prá capital, assim como tantos que migraram, deixando prá trás a mãe, o pai, os irmãos, os amigos, a namorada, o luar do sertão. E como tantos, desembarquei nas ruas do carnaval de Salvador atrás da invenção de Dodô e Osmar, que Caetano popularizou e, o sertão passou a ser páginas da literatura de Graciliano Ramos, José Lins do Rêgo, como se eu não fosse de lá.

Vi nascer a “axé music”, sem imaginar no monstro que se tornaria, fantasiado no Broco do Jacu, Amigos do Barão, Camaleão e por fim Os Embaixadores onde encerrei a minha carreira de folião carnavalesco. Quando o fenômeno da dita cuja virou uma explosão nacional, carreando milhões de reais para as contas bancárias de estrelinhas descartáveis, gerando subprodutos mais ordinários que a matriz, como o famigerado pagode baiano, eu já estava em casa resmungando, feito um velho ranzinza, que só as festas juninas nos salvariam.

Ledo engano. Como um polvo insaciável a “axé music” foi abarcando, absorvendo, se imiscuindo com todos os outros ritmos que lhe atravessava o caminho, até desaguar nesta coisa inominável que é o “sertanejo universitário”. O titulo é de uma profissão de fé elogiável, um gesto de humildade e de desimportância comovente. Só mesmo universitários que passam pelas redações do ENEM; que preenchem a extensa fila de reprovados da OAB; que confundem bisturi com estilete escolar nos procedimentos médicos das clínicas e hospitais públicos; que nas cooperativas agropecuárias custam a identificar a diferença entre o nabo e o pepino, uma folha de alface, de uma de espinafre poderiam compor (?) e ser protagonista de tamanha indigência musical. Pois é o sertanejo universitário que nos espreita e nos espera aqui, ali, acolá, onde deveria estar o forró.

Não há mais sertão, carnaval, São João, só “eu e você/girando na vitrola sem parar/eu fico comovido de lembrar/o tempo e o som/Ah, como era bom/mas chega de saudade/a realidade é que aprendemos com João/prá sempre ser desafinado/ser desafinado/ser./Chega de saudade... chega de saudade... chega de saudade”.

Foto: Ilustrativa 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Tudo será como antes.




Igual a muita gente, ontem à noite a partir das 20:30 hs não sairia de casa por nada. Qualquer compromisso seria adiado ou perdido. A missa, o show de Zé Ramalho dentro da programação junina da cidade alegre, a intimação judicial (Deus é mais!), a compra do presente da pessoa amada, a cerveja na Baixinha se adequariam ao tempo de volta do Sai de baixo em 04 novos episódios iniciados nesta terça feira.

Onze anos depois, as feras mantiveram intacta a química de um programa inesquecível, um humorístico referência dentro de tantas exepriências globais, algumas desastrososas como o recente O Dentista Mascarado, onde o bom Marcelo Adnet estava mais perdido que bombom em boca banguela. Sem falar no Zorra Total, um desperdício de grana e de horário com um elenco que salvo as exceções de praxe é uma tremenda mixórdia.

No episódio da volta, Tudo será como antes, os antigos moradores do apartamento no Largo do Arouche são convidados a voltar à antiga morada para serem recepcionados por sua nova proprietária. Recebidos pelo mordomo (Tony Ramos), os convidados são supreendidos ao verificarem que a nova dona do pardieiro do Arouche é Neide Aparecida (Márcia Cabrita) a ex-serviçal de Seo Vavá, Cassandra, Caco e Magda, agora rica, elegante e loura. É o mote para as desastradas intervenções de um elenco afiado, como se etivesse ainda na ativa e não afastados por longos e intermináveis onze anos. Volta Sai de baixo!

Foto: Sai de baixo

A bruxa tá solta!

A Diretoria do Barcelona que aplicou uma tremenda “baba” na compra de Neymar deve estar se perguntando, a partir das últimas atuações de seu craque, tanto no Santos como na seleção brasileira de futebol: “onde foi que eu fui amarrar meu jegue?” São participações pífias que nem chegam a ser sombras daquilo que um dia, nem tão distante, ele foi capaz, juntamente com outros companheiros seus de clube. Todo aquele grupo que em 2010 e 2011 maravilhou o país em partidas que mais lembravam um videogame que propriamente um jogo de futebol, passa por situações nada dignas de elogios.

Hoje os autores daquelas impressionantes jornadas vivem momentos difíceis de recuperação do prestígio e do talento que demonstraram em campo. Paulo Henrique Ganso se arrasta no São Paulo tropeçando na bola ou em sucessivas contusões que nunca lhe deixa apto para ser titular do time ou de manter uma regularidade que lhe credencie a uma condição de craque ou jogador indispensável. Robinho outro astro daquele supertime amarga o banco de reserva do Milan, após uma serie interminável de lesões no clube italiano.

Caminho tambem percorrido por André que nunca mais apresentou o futebol brilhante no Santos e andou batendo cabeça por ai até ser emprestado ao Vasco até o final deste ano. A bruxa tá solta; pelo sim ou pelo não Neymar deve se cercar de patuás, ramos de arruda e banho de folhas prá não sucumbir às cobranças que por certo virão.