A imagem com que se relaciona a pessoa certa, no lugar mais ainda, parece se encaixar com perfeição ao artista Luís Melodia e o modo pela qual a sua canção de maior visibilidade e sucesso, Pérola Negra, chegou até a Gal Costa. Segundo uma entrevista sua na Revista da Cultura (uma excelente publicação da Livraria Cultura) do mês passado, Luís até então um iniciante compositor, morador do Morro de São Carlos, no Rio, buscava uma voz, ou várias, para as suas canções como todo artista que pretende chegar ao grande público. Através de umas amigas suas que moravam também no São Carlos, mas que frequentava a Zona Sul, em especial Ipanema, tinham contato com artistas do bairro como escritor e poeta Waly Salomão e o artista plástico Hélio Oiticica.
Nesta época
Waly estava compondo o repertório do
novo show de Gal, que ele iria dirigir e se tornaria um marco antológico na carreira da artista, o Fatal – A todo vapor, em 1971. Uma
dessas amigas de Luís mostrou a canção Pérola negra, que tinha outro nome e
que foi rebatizada, tendo impressionado o Waly
que ficou de levar até Gal, aquele
novo compositor para a sua avaliação. A baiana aprovou de imediato a Pérola negra de Luís e passou a fazer parte do repertório do show, juntamente com
canções como Dê um rolê, Como dois e
dois, Falsa Baiana, Antonico, Fruta gogoia, Vapor barato, Assum preto, Charles
anjo 45, Coração vagabundo e outras pérolas mais.
São estes vieses
da vida que a torna uma aventura maravilhosa, fazendo com que nada impeça ou
detenha aquilo que tem a necessidade e a coragem de acontecer, independente do
lugar que estejamos. São talvez histórias comuns a todo artista que pretende o
reconhecimento público de seu talento e o inesperado terminará por fazer uma
surpresa.
Foto: Luís Melodia
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