Certos políticos
brasileiros talvez para purgar pecados cometidos em nome de uma possível missão
popular, se revestem de uma aura literária e desandam a escrever romances, contos,
crônicas e até poesia, na tentativa de amenizar a canalhice com que serão
imortalizados pela história. O mais notório e mais próximo exemplo de político
literato é o Zé Sarney, que alem de dono
do Maranhão é “ex” de tantos altos cargos
da República quanto os livros que já
cometeu, entre eles o livro de poesia Marimbondos
de Fogo, um tremendo sucesso de público e crítica nos latifúndios do Ribamar
O mais recente caso de amor pela literatura
foi dado pelo atual Vice-Presidente da
Republica, Michel Temer, que
autor de várias publicações acadêmicas, versando sobre direito, caiu de
pendores pela poesia com o recém-lançado Anônima
Intimidade, que deve fazer companhia aos Marimbondos do Sarney no
quesito inutilidade poética.
Não é necessário ler uma estrofe sequer da obra
(mesmo!) para não embaçar aqueles que sua memória guarda e que traz a
assinatura de Pessoa, Drummond, Quintana,
João Cabral, Brecht, mas basta saber como curiosidade que os 150 poemas do Michel Temer foram escritos em
guardanapos de restaurante. Pelas dimensões de um guardanapo e aquilo que ele pode
conter como poesia, as do Vice-Presidente
devem ser haikai, sonetos, trovas, quadras, quadrinhas e nunca algo como A Divina Comédia ou Os Lusíadas porque aí seria necessário
um rolo de papel higiênico.
Charge: Clayton
Charge: Clayton
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