Ontem à noite, a TV Globo interrompia seguidamente a sua programação normal, como se houvesse alguma normalidade na exibição de novelas, para dar flashs das manifestações em São Paulo e no Rio. Em determinado momento uma reporter de rua que acompanhava a manifestação no Rio, ao se aproximar da Cinelândia, já no ar, descreveu o que estava acontecendo naquele largo e informava o teor das palavras de ordens gritadas pelos manifestantes, inclusive contra a TV Globo. Opa! Enfim a imparcialidade e a exatidão da informação batiam na porta global. Neste instante a reporter foi interrompida pela bela Patricia Poeta para que ela assumisse o comando da notícia e fizesse, pelo seu patrão, a profissão de fé democrática da empresa e a crença inabalável na liberdade de expressão e no modo imparcial como a TV Globo sempre tratou estes acontecimentos populares. Meu Deus, quase choro de emoção.
Mas, espírito de porco, fui lembrar a primeira eleição de Brizola ao governo do Rio e a malandra contagem de votos pela Proconsult; o pisar em ovos ao noticiar os acontecimentos de 1º maio de 1981 no Riocentro em comemoração ao Dia do Trabalho; a omissão informativa inicial às monomentais concentrações em torno da campanha das Diretas Já; o último debate criminosamente editado entre Lula e Collor; o muro em que ficou quando do impeachment do Caçador de Marajás... Enfim, são pecados demais para serem purgados em praça pública, numa hora dessas. Plim...Plim!
Foto: Repressão policial
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