O primeiro livro que li foi o Pequeno Príncipe, sabendo de antemão,
aos 09 anos, que não iria muito longe em concurso de beleza, sem falar nas tais polegadas que poderiam ou
não impressionar o corpo de jurado, além de mim mesmo. Mas pouco tempo depois
me redimiria com a Cadeira de Balanço
de Drummond de Andrade e de Ai de ti
Copacabana de Rubem Braga, dois livros fundamentais para quem iria se
aventurar a juntar meia dúzia de palavras na esperança de formar uma frase e
mais ainda, expressar uma ideia, um pensamento.
Com a Cadeira de Balanço, Carlos
Drummond deixava a poesia formal para buscá-la na trivialidade do
cotidiano de uma grande cidade como o Rio,
a beleza dos acontecimentos da vida comum, do homem comum, do desinteressante
mundo que nos escapa o olhar, enfim das “coisas fugidias” de que nos fala Cecilia Meireles. Já com Rubem Braga, por não ser poeta, coube
trabalhar este mesmo cotidiano com o esmero de quem se coloca como um
observador paciente e tolerante das nossas banalidades diárias, criando uma
vertente literária até então não catologada que é a crônica, uma espécie de
conto breve que se acomodasse nas páginas do
Jornal do Brasil ou Correio da Manhã,
onde tudo começou.
Edições já tragadas e estragadas pelo tempo ainda passeiam por minhas
mãos com o cuidado e o zelo de quem guarda uma preciosidade que ainda são para
mim, Cadeira de Balanço e Ai de ti Copacabana. Nunca pensei na
literatura como oficio, mas se tivesse me aventurado nesta seara, estes dois
livros teriam sido o escopo, a ferramenta para alavancar um talento que nunca
tive.
Foto: Ilustrativa
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