segunda-feira, 17 de junho de 2013

Ai de ti Copacabana!



O primeiro livro que li foi o Pequeno Príncipe, sabendo de antemão, aos 09 anos, que não iria muito longe em concurso de beleza,  sem falar nas tais polegadas que poderiam ou não impressionar o corpo de jurado, além de mim mesmo. Mas pouco tempo depois me redimiria com a Cadeira de Balanço de Drummond de Andrade e de Ai de ti Copacabana de Rubem Braga, dois livros fundamentais para quem iria se aventurar a juntar meia dúzia de palavras na esperança de formar uma frase e mais ainda, expressar uma ideia, um pensamento.
 
Com a Cadeira de Balanço, Carlos Drummond deixava a poesia formal para buscá-la na trivialidade do cotidiano de uma grande cidade como o Rio, a beleza dos acontecimentos da vida comum, do homem comum, do desinteressante mundo que nos escapa o olhar, enfim das “coisas fugidias” de que nos fala Cecilia Meireles. Já com Rubem Braga, por não ser poeta, coube trabalhar este mesmo cotidiano com o esmero de quem se coloca como um observador paciente e tolerante das nossas banalidades diárias, criando uma vertente literária até então não catologada que é a crônica, uma espécie de conto breve que se acomodasse nas páginas do Jornal do Brasil ou Correio da Manhã, onde tudo começou. 

Edições já tragadas e estragadas pelo tempo ainda passeiam por minhas mãos com o cuidado e o zelo de quem guarda uma preciosidade que ainda são para mim, Cadeira de Balanço e Ai de ti Copacabana. Nunca pensei na literatura como oficio, mas se tivesse me aventurado nesta seara, estes dois livros teriam sido o escopo, a ferramenta para alavancar um talento que nunca tive.
Foto: Ilustrativa

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