No trajeto que fazia de casa ao Dique, em minhas caminhadas matinais, encontrava nas esquinas,
becos e encruzilhadas por onde passava, muitos ebós, principalmente no entorno
do Dique, por ser para o povo de
santo um lugar sagrado e próprio para oferendas.
O último que vi era o
exemplo claro da desorganização dos preceitos religiosos ou da crise econômica ou
sei lá o quê. O ebó que ainda não havia sido chutado por algum evangélico em
transe, tinha todos ou quase todos acessórios conforme os santos pedem: farofa
de dendê, garrafa de cachaça ou cidra, de acordo a importância do destinatário
ou remetente, charuto, vela, laço de fita vermelha, mas sem a galinha preta com
as pernas prá cima, no centro do alguidar.
Substituindo a galinha preta havia uma porção de
macarrão provavelmente cozido na água e sal, sinalizando a penúria do terreiro
e do pai de santo ou de forma metafórica prevendo para a seu recebedor um beco
sem saída, um torvelinho de tropeços, uma enrolação feito um bolo de macarrão
mal cozido.
Foto: Ebó
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