terça-feira, 6 de junho de 2017

Ebó em tempo de crise

No trajeto que fazia de casa ao Dique, em minhas caminhadas matinais, encontrava nas esquinas, becos e encruzilhadas por onde passava, muitos ebós, principalmente no entorno do Dique, por ser para o povo de santo um lugar sagrado e próprio para oferendas. 

O último que vi era o exemplo claro da desorganização dos preceitos religiosos ou da crise econômica ou sei lá o quê. O ebó que ainda não havia sido chutado por algum evangélico em transe, tinha todos ou quase todos acessórios conforme os santos pedem: farofa de dendê, garrafa de cachaça ou cidra, de acordo a importância do destinatário ou remetente, charuto, vela, laço de fita vermelha, mas sem a galinha preta com as pernas prá cima, no centro do alguidar.

Substituindo a galinha preta havia uma porção de macarrão provavelmente cozido na água e sal, sinalizando a penúria do terreiro e do pai de santo ou de forma metafórica prevendo para a seu recebedor um beco sem saída, um torvelinho de tropeços, uma enrolação feito um bolo de macarrão mal cozido. 

Foto: Ebó

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