Com as proporções gigantescas e empresariais que cercaram o Carnaval de Salvador, as manifestações
da folia de momo no interior do estado minguaram a quase inanição para, por fim,
desaparecerem. Restou a festa junina que resiste em várias regiões do estado e
preserva na medida do possível algumas de suas tradições, poucas, quase nada,
que aos poucos vão sucumbindo ao mercantilismo de uma música movida a dinheiro,
a altos cachês e patrocínio de cervejarias.
A festa junina propriamente dita, o
forró, a sanfona, a zabumba e o triângulo assistem assustados, como nós, a
invasão de uma gente engomadinha, manequins de boutique, vozes esganiçadas, em
shows com plateias histéricas, imaginando participar do São João de tal e qual lugar. Pobres coitados com seus artistas de
nada e suas contas bancárias abarrotadas.
Elba Ramalho que abriu o longo São João de Campina Grande, na Paraíba,
ela que é da casa, por ser paraibana, falou da descaracterização da festa que
tem pouco de forró, pouco de São João,
para se tornar uma invasão desses sertanejos de araque, que qual uma praga se espalha
feito erva daninha, onde houver festa e dinheiro público.
Ela admitiu que não
canta na festa de Barretos, assim
como Dominguinhos não cantava, por
ser em espaço sertanejo, já que eles mesmo têm essa lógica de que “essa área é
nossa”. Mesmo não sendo contra nada nem ninguém, Elba sente o desprezo por artistas da terra e mesmo do Nordeste, bem mais identificados com o
clima da festa e da ocasião, que essa pilantragem marota que é movida
unicamente por dinheiro.
Foto: Elba Ramalho
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