O ranking das melhores cachaças do Brasil carece de seriedade, pois acaba
refletindo certos interesses comerciais daquele que faz a escolha, em geral
ligado a um alambique, um fornecedor, enfim, comprometido com o fabrico e por
assim dizer com a própria escolha das melhores.
Uma recente classificação chamou a minha atenção,
um antigo ex-consumidor da “marvada pinga”, por fazer referência a cachaças que
povoaram o nosso universo de iniciantes no consumo, lá pelos anos 60, como as
mineiras Correinha e Januária. Na seleção havia uma
única baiana, a notória Abaíra, que
me lembre não fazia parte daquele grupo, assim como Chora na rampa, Saborosa entre outras menos respeitadas.
Outra baiana que jamais chegou a qualquer parada, que não os balcões dos bares locais de então, mas sempre bem aceita entre nós, foi a Cabeceira do rio, de fabricação artesanal na cidade hoje conhecida por Wagner, mas que apenas fazia referência a localidade onde estava instalado o alambique. Certo feita, o mano conseguiu com o dono do fabrico, seu amigo, uns dois litros para que levasse a Salvador, onde já estudava.
Bem embalada, e alojada no bagageiro interno do ônibus da empresa Cristo Rei, nos pusemos a trepidar e sacolejar pela estrada que futuramente viria a ser a Estrada do Feijão. Os solavancos foram mais intensos que poderia suportar a embalagem feita pelo mano para os dois litros de Cabeceira do rio, e o líquido , então precioso, começou a escorrer pela extensão de todo o bagageiro e dali para uma chuva de pinga sobre a cabeça dos passageiros, foi um tapa.
O que foi? De quem é?, O que é isso? Motorista! Cobrador! Tá chovendo no ônibus! Quieto, na minha poltrona saboreando um pingo e outro sobre a cabeça, fui amargando em silêncio o prejuízo, desta viagem encharcada e bêbada, até descer na Rodoviária de Salvador
Mas, voltando às pingas mineiras, tanto a Correinha ou Januária, elas funcionavam
como um estimulo, uma alavanca para os bailes que daqui a pouco iriam começar
na 27 de setembro e a primeira
parte, atravessar o salão para ter em nossos braços, a jovem que já esperavam
por eles, era mais que necessário.
Foto: Ilustrativa
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