quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Chega de saudade


Quem desconhece João Gilberto e da sua importância na música brasileira poderia, caso queira, ouvir uma, algumas ou todas as faixas de Canção do amor demais, com composições de Vinicius e Tom Jobim, gravado por Elizete Cardoso, após tentativas feitas a outras cantoras, em que o violão de João aparece em Outra vez e Chega de Saudade.

João Gilberto pretensioso e perfeccionista até tentou fazer com que a estrela Elizete Cardoso mudasse seu jeito de cantar, para se adequar à batida de seu violão. Era demais para um principiante, diante da voz reverenciada por todos os súditos do bolero e do samba canção, conforme o crítico musical Zuza Homem de Mello.

É perceptível algo de novo naquela batida que incorporava uma difusa percussão e dava a melodia rumos até então inusitados, facilitando a divisão do ritmo e das frases musicais. Algo que não estava ao alcance de tantos, mas de algumas vozes iluminadas que já se ouviam aqui e ali, mas que os vozeirões da época, assim como Elizete entre outras grandes cantoras brasileiras, saiam atropelando tudo que não colaborasse com seus "dó de peito".

Mas, enfim em 1959, João pode enfim gravar seu primeiro disco, dando a música brasileira um passo definitivo rumo a modernidade. Um marco incontestável ao que se passou a ouvir a partir dali; As pés da cruz,  Chega de saudade, Rosa morena, Lobo bobo, Morena boca de ouro, Brigas nunca mais, Desafinado e mais, ganharam registros insuperáveis e João o mundo.

Foto: João Gilberto

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