Quem desconhece João
Gilberto e da sua importância na música brasileira poderia, caso queira,
ouvir uma, algumas ou todas as faixas de Canção
do amor demais, com composições de Vinicius
e Tom Jobim, gravado por Elizete
Cardoso, após tentativas feitas a outras cantoras, em que o violão de João aparece em Outra vez e Chega de Saudade.
João Gilberto pretensioso e perfeccionista até
tentou fazer com que a estrela Elizete Cardoso
mudasse seu jeito de cantar, para se adequar à batida de seu violão. Era demais
para um principiante, diante da voz reverenciada por todos os súditos do bolero
e do samba canção, conforme o crítico musical Zuza Homem de Mello.
É perceptível algo de novo naquela batida que incorporava uma difusa
percussão e dava a melodia rumos até então inusitados, facilitando a divisão do
ritmo e das frases musicais. Algo que não estava ao alcance de tantos, mas de
algumas vozes iluminadas que já se ouviam aqui e ali, mas que os vozeirões da época,
assim como Elizete entre outras
grandes cantoras brasileiras, saiam atropelando tudo que não colaborasse com
seus "dó de peito".
Mas, enfim em 1959, João
pode enfim gravar seu primeiro disco, dando a música brasileira um passo
definitivo rumo a modernidade. Um marco incontestável ao que se passou a ouvir
a partir dali; As pés da cruz, Chega de saudade, Rosa morena, Lobo bobo, Morena
boca de ouro, Brigas nunca mais, Desafinado e mais, ganharam registros insuperáveis
e João o mundo.
Foto: João Gilberto
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