sexta-feira, 3 de novembro de 2017

O Bando


O livro do ator Lázaro Ramos, que acabei de ler, Na minha pele, ele conta a sua entrada no Bando de Teatro Olodum, em 1997, época que também passei a conhecer os trabalhos do grupo, e da importância do Bando na sua formação como cidadão e homem, construindo a partir dalí a afirmação de sua cor e a busca pela história do povo negro.

A outra parte do livro traz reflexões dolorosas sobre o racismo, sobre democracia racial e de suas experiências pessoais com a dissimulação de certas ações sobre o tema tão freqüente entre nós e que assume diferentes contornos que acabam tornando o racismo, mais explicito, mais nocivo, ainda..

Lembro de uma cena do Cabarrrrrrrrré da Raça em que uma advogada negra ao entrar no elevador do Fórum Ruy Barbosa, com mais dois colegas brancos, teve a partida do elevador retardada para que a ascensorista explicasse aos passageiros que aquela cabine era exclusiva para os advogados e os reclamantes deviam se dirigir a outra cabine.

A advogada negra permaneceu impassível, esperando que o elevador desse a partida. E nada. Até que a ascensorista levantou de seu banquinho e perguntou a advogada se ela não tinha escutado a observação. Ela respondeu que sim, mas ela também era advogada e a sua cabine era aquela onde estava.

A serviçal caiu em desculpas, “por favor, não tive a intenção e coisa e tal”. Em vão. A advogada não aceitou as desculpas e pediu que a ascensorista a acompanhasse até a corregedoria do Fórum para o registro da ocorrência e das sanções cabíveis ao seu comportamento racista.

O racismo é uma erva daninha, uma atitude deletéria com que não se pode ter contemporização, condescendência, mas sempre o rigor da Lei Afonso Arinos.

Foto: Lázaro Ramos

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