O livro do ator Lázaro
Ramos, que acabei de ler, Na minha
pele, ele conta a sua entrada no Bando
de Teatro Olodum, em 1997, época que também passei a conhecer os trabalhos
do grupo, e da importância do Bando na
sua formação como cidadão e homem, construindo a partir dalí a afirmação de sua
cor e a busca pela história do povo negro.
A outra parte do livro traz reflexões dolorosas sobre o racismo,
sobre democracia racial e de suas experiências pessoais com a dissimulação de
certas ações sobre o tema tão freqüente entre nós e que assume diferentes
contornos que acabam tornando o racismo, mais explicito, mais nocivo, ainda..
Lembro de uma cena do Cabarrrrrrrrré
da Raça em que uma advogada negra ao entrar no elevador do Fórum Ruy Barbosa, com mais dois
colegas brancos, teve a partida do elevador retardada para que a ascensorista
explicasse aos passageiros que aquela cabine era exclusiva para os advogados e
os reclamantes deviam se dirigir a outra cabine.
A advogada negra permaneceu impassível, esperando que o elevador
desse a partida. E nada. Até que a ascensorista levantou de seu banquinho e perguntou
a advogada se ela não tinha escutado a observação. Ela respondeu que sim, mas
ela também era advogada e a sua cabine era aquela onde estava.
A serviçal caiu em desculpas, “por favor, não tive a intenção e
coisa e tal”. Em vão. A advogada não aceitou as desculpas e pediu que a ascensorista
a acompanhasse até a corregedoria do Fórum
para o registro da ocorrência e das sanções cabíveis ao seu comportamento racista.
O racismo é uma erva daninha, uma atitude deletéria com que não se
pode ter contemporização, condescendência, mas sempre o rigor da Lei Afonso Arinos.
Foto: Lázaro Ramos
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