A solidão dos centroavantes

Ontem, o programa Seleção da Sportv, apresentado pelo bom jornalista Marcelo Barreto, além dos seus frequentes convidados, ex-jogadores, jornalistas e repórteres da casa ou da TV Globo que é a mesma casa, recebeu o ator Emilio Orciollo Neto. 

Como eu, creio que outros espectadores devem ter se surpreendido com a participação do Emilio, que não é somente palmeirense, mas mostrou ser um cara bem articulado e bem informado com o meio futebolístico, com intervenções sempre precisas e bem fundamentadas que só fizeram enriquecer o Seleção.

Num determinado momento, Marcelo Barreto interrompeu o programa para dar uma noticia fora do contexto esportivo, mas que, segundo ele, era de interesse de todo país. O Senado acabava de destituir a Presidente Dilma Rousseff, concluindo assim o processo do impeachment. 

O desconforto do Emilio foi flagrante, procurando uma posição na poltrona, ajeitando os óculos, balbuciou: “Lamentável”, sentimento de que foi tomado todos os democratas desse país. Em seguida, o Marcelo Barreto entregou a ele o seu tablet, para que ele lesse um texto sobre a solidão dos centroavantes, do Luís Fernando Veríssimo, em determinada partida de futebol. 

Nada ali foi programado ou ensaiado, mas o Emilio com a voz embargada e visivelmente emocionado terminou a leitura sobre a solidão, que era naquele momento, a solidão de tantos brasileiros. Só um ator, e bom como o Emílio, poderia ter posto tanta emoção naquele bonito texto

Foto: Emilio Orciollo Neto