Não conheço o muro como opção política, talvez o pé, mas aí deixa
de significar omissão, indiferença, pelo contrário, em que pese a passagem do
tempo e seu apagador ou o desbotar de velhas lembranças, sempre me posicionei
politicamente.
Lembro de uma capa da Revista
Argumento, surgida em 67, uma
publicação da editora Paz e Terra e
um corpo editorial luxuoso, constituído pelo Prof. Antonio Cândido, Celso Furtado, Fernando Henrique Cardoso,
Francisco Weffort, Luciano Martins, Paulo
Emilio Salles Gomes entre outros estrelados
A lembrança da Argumento
vem da capa de um dos seus exemplares que estampava um desenho de um cidadão de
paletó e engravatado, mas sem cabeça. No lugar da cabeça havia um balão, este
recurso que os chargistas, cartunistas e desenhistas de historinhas em
quadrinhos utilizam para dar voz a seus personagens, com a frase: “Sou apolítico, entende?” Não, ninguém
entende o apolítico.
Queiramos ou não, sempre estamos optando por algo que
voluntariamente ou não, nos exige definição, por isto ou aquilo, este e não
aquele, até a neutralidade ela é aparente e, acaba por revelar aquilo que “não dá mais prá segurar” como no
bolero de Gonzaguinha.
Caricatura - Cássio Loredano
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