quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O apolítico


Não conheço o muro como opção política, talvez o pé, mas aí deixa de significar omissão, indiferença, pelo contrário, em que pese a passagem do tempo e seu apagador ou o desbotar de velhas lembranças, sempre me posicionei politicamente. 

Lembro de uma capa da Revista Argumento, surgida em 67, uma publicação da editora Paz e Terra e um corpo editorial luxuoso, constituído pelo Prof. Antonio Cândido, Celso Furtado, Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort, Luciano Martins,  Paulo Emilio Salles Gomes entre outros estrelados

A lembrança da Argumento vem da capa de um dos seus exemplares que estampava um desenho de um cidadão de paletó e engravatado, mas sem cabeça. No lugar da cabeça havia um balão, este recurso que os chargistas, cartunistas e desenhistas de historinhas em quadrinhos utilizam para dar voz a seus personagens, com a frase: “Sou apolítico, entende?” Não, ninguém entende o apolítico. 

Queiramos ou não, sempre estamos optando por algo que voluntariamente ou não, nos exige definição, por isto ou aquilo, este e não aquele, até a neutralidade ela é aparente e, acaba por revelar aquilo que “não dá mais prá segurar” como no bolero de Gonzaguinha.

Caricatura - Cássio Loredano

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