Tem-se a impressão que seus discos são idealizados e produzidos
sem qualquer critério temático, de proposta ou tendência que não aquele de
alinhavar meia dúzia de composições que sustentem um carnaval, uma temporada de
verão ou a programação de rádios popularescas. As mãozinhas prá cima aqui, um
levanta poeira ali, uma alegria de otário acolá e estamos conversados, fazendo
girar a manivela da caixa registradora.
Por outro lado da moeda tem-se uma verdadeira
desbravadora desta mesma “axé music”, musicalmente mais rica em conceitos e
fins que é Daniela Mercury com
discos que transcendem o universo “axezeiro”, ainda que dele faça ou faz parte,
contribuindo com discos que justificam uma carreira também vitoriosa como O canto da cidade e Feijão com arroz discos iniciais de sua carreira. Em uma seleção
dos melhores discos da “axé music” estas produções de Daniela por certo estarão e pela capacidade de extrapolarem este
estilo e enveredarem pela seara pop com competência e brilho.
Os sucessos de O canto da cidade, Você não entende nada,
Exótica das artes, O mais belo dos belos, Nobre vagabundo, Minas com Bahia, À
primeira vista são exemplos deste equilíbrio entre a música baiana e esta
pegada mais pop com pretensões universais. Afinal quem canta sua aldeia canta o
mundo todo. Mas, o papo vai continuar depois que voltei a ouvir o disco da
banda beijo, Escombros, ainda com Netinho como vocalista.
Foto: Daniela Mercury
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