quinta-feira, 2 de abril de 2015

Saudades da "axé music"

Sem dúvida o grande nome da “axé music”nestes últimos anos é Ivete Sangalo com visibilidade inclusive fora do país, ainda que o seu legado musical, não apenas pelo aspecto comercial da música que ela faz, seja composto daquilo que há de mais descartável no meio. 

Tem-se a impressão que seus discos são idealizados e produzidos sem qualquer critério temático, de proposta ou tendência que não aquele de alinhavar meia dúzia de composições que sustentem um carnaval, uma temporada de verão ou a programação de rádios popularescas. As mãozinhas prá cima aqui, um levanta poeira ali, uma alegria de otário acolá e estamos conversados, fazendo girar a manivela da caixa registradora.

Por outro lado da moeda tem-se uma verdadeira desbravadora desta mesma “axé music”, musicalmente mais rica em conceitos e fins que é Daniela Mercury com discos que transcendem o universo “axezeiro”, ainda que dele faça ou faz parte, contribuindo com discos que justificam uma carreira também vitoriosa como O canto da cidade e Feijão com arroz discos iniciais de sua carreira. Em uma seleção dos melhores discos da “axé music” estas produções de Daniela por certo estarão e pela capacidade de extrapolarem este estilo e enveredarem pela seara pop com competência e brilho. 

Os sucessos de O canto da cidade, Você não entende nada, Exótica das artes, O mais belo dos belos, Nobre vagabundo, Minas com Bahia, À primeira vista são exemplos deste equilíbrio entre a música baiana e esta pegada mais pop com pretensões universais. Afinal quem canta sua aldeia canta o mundo todo. Mas, o papo vai continuar depois que voltei a ouvir o disco da banda beijo, Escombros, ainda com Netinho como vocalista. 

Foto: Daniela Mercury

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