domingo, 27 de agosto de 2017

A caravana passa

Os “coxinhas” entre outros analfabetos políticos continuarão sua cantilena estúpida e imbecil agora com a companhia de feministas retardatárias que veem machismo como quem sonha com alucinações, mas o novo disco de Chico passará impassível, espalhando poesia pelo chão que eles não serão capazes de recolher, cegos pelo ódio covarde de que se alimentam.

É certo que o novo disco, Caravanas, não traz as melodias de que nos acostumamos, nem letras que nos acompanham como parte de nós, nem canções irretocáveis como Sinhá do último disco, mas Tua cantiga, alvo daquelas feministas mal-amadas, é uma bela toada de Cristóvão Bastos que os versos de Chico emolduram numa poesia de competência conhecida. É uma surpresa a valsa Massarandupió em parceria com Chico Brown, seu neto, mostrando que o jovem fará jus a descendência.

Desnecessária a gravação da incrível A Moça do Sonho, já perpetuada por Maria Betânia e mesmo por Edu Lobo um dos autores no musical Cambaio, mas de qualquer modo soa bonito ouvir versos como “há de haver algum lugar/um confuso casarão/onde os sonhos serão reais/ a vida não”. Assim como Dueto já gravado pelo próprio com Nara Leão e Zizi Possi, recebendo agora a companhia de sua neta Clara Buarque, irmã de Chico Brown e atualizado a canção com citações das redes sociais (twitter, face, instagram, tinder etc)

Mas o saldo é bom, como em As Caravanas em que dá voz aos pobres suburbanos, feitos muçulmanos escorraçados pelas praias cariocas em gritarias de quem pede a prisão, morte e empilhá-los nos porões das cadeias fétidas da cidade. 

E sobra para seus detratores no bolero Desaforos em que o poeta se mostra surpreso, “nunca bebemos do mesmo regato/sou apenas um mulato que toca boleros/custo a crer que meros lero-leros de um cantor/possam ti dar, tal dissabor” ou mais próximo da malta “nem a tua ira eu acredito que mereça/ou que vires a cabeça pra enxergar no breu/um vagabundo como eu”. Viva Chico”.

Foto: Capa de Caravanas - novo disco de Chico)



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