Se fosse documentário valeria a preservação de
imagens que nem sempre são recuperadas e, pelo contrário, são definitivamente
perdidas, ficando a lacuna em nossa história artística e popular. Se é cinema e
ficção, embora baseado em fatos reais, “Gonzaga
– De pai para filho” chega a assustar pela semelhança encontrada em atores
estreantes como são os seus personagens Gonzagão
e Gonzaguinha. E numa trajetória conturbada de encontros e desencontros, sucesso e
ostracismo, morte, orfandade, busca, lados opostos na política nacional, que são
retratados em cenários maravilhosos tanto do sertão como do Rio, que os personagens cruzam e se afastam de suas vidas. em comum.
Para estes ingredientes com forte carga familiar
e emocional ninguém melhor para a definitiva costura dos fatos e cenas que o
diretor Breno Silveira, responsável
pela condução do sucesso “arrasa quarteirão” Os dois Filhos de Francisco que conta de modo convincente e
derramado a história da dupla Zezé de
Camargo e Luciano. O novo filme do diretor não chega a tanto, mas às vezes
paralisa, emociona e se uma vez por outra sentir que algo rola em seu rosto ao
som de uma das tantas belas canções de “Seo Luiz” é o sentimento se expressando
em forma de lágrima.
Conheci o Gonzaguinha
da época do MAU (Movimento Artístico
Universitário) e suas participações em festivais da Tupi e Globo e em
programas de televisão, com seu jeito abusado e suas canções áridas e
contestatórias. O Gonzaguinha pela
sua conduta e pelas suas canções transparecia uma amargura e uma revolta que
pareciam ser próprias de sua vida. Nada mais errado, segundo nos narra o filme.
O filho de Gonzagão é visto como
simpático e gentil por sua esposa e por pessoas mais próximas ao artista. Em um
dos momentos mais comoventes do filme, Gonzaguinha
procura o pai, que nem sempre lhe procurou, em um momento de dificuldade
artística e financeira ao contrário do seu, com sucesso próprio e tendo suas
canções gravadas por Elis, Betânia, Gal,
Simone, Frenéticas, Roberto Ribeiro etc. Juntos eles saem pelo país com o
show Vida de Viajante que recupera a
imagem do velho “Lua” em um retorno
ao sucesso nacional e a aproximação definitiva de pai e filho, para quem foi
abandonado e criado pelos seus padrinhos após a morte de sua mãe, por
tuberculose.
É o filme sobre dois ídolos populares, que
honram a música brasileira, com crédito maior para “Seo” Luis Gonzaga, o Rei do Baião, um criador e inovador com marca
indelével em nossa música popular.
Foto: Gonzaguinha e Gonzagão
Foto: Gonzaguinha e Gonzagão
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