quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Gonzaga - De pai para filho


Se fosse documentário valeria a preservação de imagens que nem sempre são recuperadas e, pelo contrário, são definitivamente perdidas, ficando a lacuna em nossa história artística e popular. Se é cinema e ficção, embora baseado em fatos reais, “Gonzaga – De pai para filho” chega a assustar pela semelhança encontrada em atores estreantes como são os seus personagens Gonzagão e Gonzaguinha. E numa trajetória conturbada de encontros e desencontros, sucesso e ostracismo, morte, orfandade, busca, lados opostos na política nacional, que são retratados em cenários maravilhosos tanto do sertão como do Rio, que os personagens cruzam e se afastam de suas vidas. em comum.

Para estes ingredientes com forte carga familiar e emocional ninguém melhor para a definitiva costura dos fatos e cenas que o diretor Breno Silveira, responsável pela condução do sucesso “arrasa quarteirão” Os dois Filhos de Francisco que conta de modo convincente e derramado a história da dupla Zezé de Camargo e Luciano. O novo filme do diretor não chega a tanto, mas às vezes paralisa, emociona e se uma vez por outra sentir que algo rola em seu rosto ao som de uma das tantas belas canções de “Seo Luiz” é o sentimento se expressando em forma de lágrima.

Conheci o Gonzaguinha da época do MAU (Movimento Artístico Universitário) e suas participações em festivais da Tupi e Globo e em programas de televisão, com seu jeito abusado e suas canções áridas e contestatórias. O Gonzaguinha pela sua conduta e pelas suas canções transparecia uma amargura e uma revolta que pareciam ser próprias de sua vida. Nada mais errado, segundo nos narra o filme. O filho de Gonzagão é visto como simpático e gentil por sua esposa e por pessoas mais próximas ao artista. Em um dos momentos mais comoventes do filme, Gonzaguinha procura o pai, que nem sempre lhe procurou, em um momento de dificuldade artística e financeira ao contrário do seu, com sucesso próprio e tendo suas canções gravadas por Elis, Betânia, Gal, Simone, Frenéticas, Roberto Ribeiro etc. Juntos eles saem pelo país com o show Vida de Viajante que recupera a imagem do velho “Lua” em um retorno ao sucesso nacional e a aproximação definitiva de pai e filho, para quem foi abandonado e criado pelos seus padrinhos após a morte de sua mãe, por tuberculose.

É o filme sobre dois ídolos populares, que honram a música brasileira, com crédito maior para “Seo” Luis Gonzaga, o Rei do Baião, um criador e inovador com marca indelével em nossa música popular.

Foto: Gonzaguinha e Gonzagão

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