Em dias como hoje, a falta e a saudade de estar
em Salvador é que se transforma num
angustiante fardo prá suportar.
O presente para Iemanjá, no Rio Vermelho
é a segunda festa mais popular da cidade, perdendo apenas para a Lavagem do Bonfim em termos de freqüência
e de apelo popular, já que mantém a mesma sincronia e a mesma devoção com o
sincretismo religioso. É uma reverência do povo de santo à Rainha do Mar, a Iemanjá,
a Oxum que transforma, a enseada do Rio Vermelho
num tapete de flores, altar de cânticos e saudações de todo aquele que mesmo
tendo a sua religiosidade comprovada na freqüência de seus cultos, igrejas e
seitas, não tira um pé do mármore frio dos seus templos, mesmo deixando o outro
no chão de terra batida dos terreiros do candomblé.
Uma ligação de Camila às 11 horas da manhã de hoje me pôs em contato com a cidade
que plantei prá mim, ao ser informado que iria para o Rio Vermelho, com Bruno,
participar ou assistir, dento de possível, o ritual da entrega das oferendas à Rainha do Mar.
O mesmo espírito, ecologicamente correto,
observado na Lavagem do Bonfim,
quanto à presença dos cavaleiros e carroças puxadas por burros limada do cortejo,
acatando protesto da Sociedade Protetora
dos Animais, agora também se verifica na entrega dos presentes a Iemanjá. Não serão admitidos presentes como
os tradicionais frascos de Alfazema
que a vaidosa mãe das águas, segundo reza a lenda, não dispensa, pelo radical
argumento de que a embalagem é um dos fortes fatores de poluição marítima.
Assim prefere-se uma Rainha do Mar
cheirando mal, que um mar mais poluído daquele que está.
Oxum é doce, é pura, é
limpa, mas tudo tem um limite. O mar lhe pertence e não vai ser estes burocratas
de gabinetes refrigerados que irão mudar o curso da historia; a história do
povo de santo.
Foto: Iemanjá (um pouco moderna demais)
Foto: Iemanjá (um pouco moderna demais)
Nenhum comentário:
Postar um comentário