sábado, 2 de fevereiro de 2013

02.02.13 - Dia de festa no mar.


 Em dias como hoje, a falta e a saudade de estar em Salvador é que se transforma num angustiante fardo prá suportar. 

O presente para Iemanjá, no Rio Vermelho é a segunda festa mais popular da cidade, perdendo apenas para a Lavagem do Bonfim em termos de freqüência e de apelo popular, já que mantém a mesma sincronia e a mesma devoção com o sincretismo religioso. É uma reverência do povo de santo à Rainha do Mar, a Iemanjá, a Oxum que transforma, a enseada do Rio Vermelho num tapete de flores, altar de cânticos e saudações de todo aquele que mesmo tendo a sua religiosidade comprovada na freqüência de seus cultos, igrejas e seitas, não tira um pé do mármore frio dos seus templos, mesmo deixando o outro no chão de terra batida dos terreiros do candomblé.

Uma ligação de Camila às 11 horas da manhã de hoje me pôs em contato com a cidade que plantei prá mim, ao ser informado que iria para o Rio Vermelho, com Bruno, participar ou assistir, dento de possível, o ritual da entrega das oferendas à Rainha do Mar.   

O mesmo espírito, ecologicamente correto, observado na Lavagem do Bonfim, quanto à presença dos cavaleiros e carroças puxadas por burros limada do cortejo, acatando protesto da Sociedade Protetora dos Animais, agora também se verifica na entrega dos presentes a Iemanjá. Não serão admitidos presentes como os tradicionais frascos de Alfazema que a vaidosa mãe das águas, segundo reza a lenda, não dispensa, pelo radical argumento de que a embalagem é um dos fortes fatores de poluição marítima. Assim prefere-se uma Rainha do Mar cheirando mal, que um mar mais poluído daquele que está.

Oxum é doce, é pura, é limpa, mas tudo tem um limite. O mar lhe pertence e não vai ser estes burocratas de gabinetes refrigerados que irão mudar o curso da historia; a história do povo de santo.

Foto: Iemanjá (um pouco moderna demais)

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