sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Diz que fui por aí

Todos nós admiradores e fãs de Nara Leão, sempre estranhamos que aquela considerada como a musa da bossa nova tenha iniciado a sua carreira sem qualquer alusão a bossa nova ou aos seus compositores, gravando seu primeiro disco e os subsequentes, mantendo distância do movimento que tomou corpo no apartamento de seu pai, Dr. Jairo Leão, em Copacabana.

O livro A bossa do lobo, do jornalista Denilson Monteiro, sobre a controvertida figura cafajeste de um dos seus mais relevantes nomes, Ronaldo Bôscoli, traz pistas sobre esta distancia de Nara com aquele repertório. A fama de sedutor e conquistador incorrigível não foi suficiente para fisgar a doce Nara leão, embora tenha em seus momentos juvenis alimentado uma paixão, por quem nunca se apaixonaria. Suas conquistas eram apenas conquistas de um lobo, nada bobo.

O certo é que Nara tomou aversão para sempre ao jornalista e compositor Ronaldo Bôscoli e, enveredou por outros caminhos em companhia de seu amigo e compositor Carlinhos Lira que a levou para um espetáculo que reunia o sambista do morro, o retirante nordestino e menina classe média de Copacabana, representado por Nara Leão

Como participante do Centro Popular de Cultura – CPC, ligado a UNE, Carlinhos Lira tinha inclinações esquerdistas, daí o espetáculo Opinião, com Zé Keti, João do Vale e Nara, que marcou época por onde passou, inclusive aqui no Vila Velha quando Bêtania foi descoberta como substituta de Nara, que adoecera. O resto é história.

E o primeiro disco de Nara, trazia grande parte do repertório do espetáculo Opinião, como Diz que fui por aí e Acender as velas, de Zé Keti, Sina de caboclo de João do Vale e composições de Baden, Edu Lobo, Sérgio Ricardo, não sendo incluída o manifesto Carcará, embora fizesse parte do espetáculo e fosse um dos seus mais representativos momentos. Tarefa que veio caber a jovem e também iniciante Maria Betânia. Viva Nara!

Foto: Ilustrativa

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