domingo, 10 de setembro de 2017

Pra que mentir

O descuido com a omissão de dados quando nos referimos a determinado compositor e a sua música, não nos cabe, em parte, como ouvintes, mas responsabilidade daqueles que divulgam as canções em suas programações nas emissoras de rádio, basicamente, e canais de televisão e até mesmo em jornais e revistas. 

É comum ouvirmos, por exemplo, “acabamos de ouvir na voz de Simone, a canção Começar de novo, de Ivan Lins”, no máximo, e às vezes nem isso, deixando de lado que na companhia de Ivan Lins, pode estar Vitor Martins, Aldir Blanc, Abel Silva ou outros grandes letristas. Assim, a informação quando vem se apresenta pela metade. Exceção com o repertório autoral de Caetano, Gil, Chico entre outros que na grande maioria de suas composições são autores de melodias e letras.

Um dos casos mais comuns e tristes dessa omissão se dá no repertório do grande poeta da Vila, em que pérolas como Conversa de botequim, Feitio de oração, Feitiço da Vila e Pra que mentir, são atribuídas apenas a Noel Rosa, esquecendo-se do grande melodista destas obras primas que é o pianista, Vadico, de São Paulo

Omissão esta que se acentuou, depois da morte precoce de Noel, em que do esquecimento se passou a difusão de uma maledicência de que Noel poderia ter vendido a parceria, como era comum naqueles tempos, do qual o sambista Ismael Silva é o mais notório e o cantor Francisco Alves, contumaz comprador da glória alheia. 

Mas, Vadico buscou a sobrevivência em arranjos para discos de Carmen Miranda e trilhas sonoras para filmes da Disney, em que a “baiana” era a grande estrela e se tornou, talvez, o primeiro músico brasileiro a fazer carreira, vitoriosa, nos Estados Unidos. A música brasileira têm histórias. 

Foto: Ilustrativa

Nenhum comentário:

Postar um comentário