terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fui, votei, perdi e voltei.

Espero que a perda tenha só sido minha assim como daqueles que escolheram o candidato petista neste pleito, jamais da cidade que amamos ainda que dividida e que não poderá ver ampliado seu estado de degradação. É urgente a criação de uma equipe de transição para por em prática um plano de emergência para recuperar a cidade. Todos nos temos a certeza que o candidato eleito será tratado pelo Governo do Estado e pela Presidente Dilma não como inimigo, talvez como adversário político, jamais com a truculência e a indignidade que o “velhote inimigo que morreu ontem” tratou a senadora Lídice da Matta à época prefeita eleita de Salvador. Foram dias terríveis, “pão e água” é pouco para explicar a penúria que o “velhote” e seu presidente Sarney impuseram a nova prefeita, tudo pelo mero prazer mórbido de ferir, atrapalhar, dificultar a sua administração ou que em parte conseguiu.

A comemoração da vitória de ACM Neto, em seu comitê, na Av. Vasco da Gama com a malta em fúria gritando “O ACM voltou”, “O ACM voltou” foi um espetáculo de causar arrepios por tudo que esta figura nefasta representou para o nosso estado, para a política naciona em termos de perseguição, ódio, terror e violência fascista. Volta que o candidato eleito, em entrevista, negou, já que são outros tempos, inadequados para personagens como aquele tiranete. Se há algo a comemorar foi uma sobrevida ganha por um partido que todos julgavam um cachorro morto, um moribundo á beira da morte e que a eleição de ACM Neto e de João Alves em Aracaju adia a última pá de cal no famigerado DEM(o).

Foto: Senadora Lídice da Matta

Uma cidade dividida

A Folha logo após a divulgação do resultado do primeiro turno das eleições 2012 montou um gráfico com os resultados de Salvador em que se percebe com a nitidez dos números a divisão da cidade. Nos bairros periféricos e suburbanos a votação de Pelegrino foi majoritária, enquanto nos bairros de classe social mais bem posicionada financeiramente e que se espalha como um contorno em volta da orla, ACM Neto foi o grande vencedor. Esta tendência, por certo, se mostrou agora também no segundo turno e, de modo ampliado já que não houve, como se esperava, a transferência de votos dos candidatos que não foram ao segundo turno e que praticamente em bloco apoiou o candidato petista. Eles, os candidatos, foram os eleitores não.

A cidade dividida no final se mostrou sensível aos apelos e a contundência do desgaste governamental diante das greves dos policiais e dos professores utilizadas na campanha nos dois turnos no horário político. Eram alhos com bugalhos, pois se tratava de ações do governo do estado e não propriamente de seu candidato a prefeitura de Salvador que acabou pagando o ônus do comportamento autoritário do governador e de sua intransigente falta de negociação.

Pode não justificar o fracasso do candidato Pelegrino, já que a origem da sua derrota estava na sua dificuldade em sair das ciladas e das cascas de banana atiradas pelo candidato carlista e que em nenhum momento dos debates televisivos conseguiu se desvencilhar. Todo o staff petista trazido a Salvador não foi suficiente para virar um jogo que não era tão difícil assim, mas que passou a ser conduzido, como foi, por um candidato pesado e já testado em outras disputas, sem sucesso. Constatação até verificada por uma ambulante que faz ponto em frente ao SESC de Piatã, onde sempre tomo umas cervejas, ouvindo suas considerações sobre qualquer assunto, como esse, em que embora votando no petista, por ser o melhor, ele não foi bem em nenhum dos debates. O povo sabe.  Coisas de um candidato “mala”, mesmo gente boa como ele é. 


Gráfico: Folha de São Paulo 

domingo, 28 de outubro de 2012

A cumadre de Marinho.

Ultimamente vinha sentindo a sua falta no batente da entrada do escritório. A fumaça de cigarro que subia as escadas e invadia nossas salas era o indicativo que ela estava na área, tinha acabado de chegar e já ocupava seu lugar, sua cadeira cativa, seu batente cativo. Na última vez que lhe vi esboçava bom humor e seu riso banguela às custas dos dois reais que havia lhe dado dias atrás. Mas, este clima de boa vizinhança e camaradagem não era frequente já que lhe negava mais que dava prá desespero dela que praguejava e atirava contra toda a minha descendência. Sempre passava por sua residência na Mistura e quando não pedia dois reais pedia o pão que ia levando prá casal. Nunca soube seu nome e vim saber agora após uma mensagem de Rosana, no facebook, que me pôs em contato com o seu desaparecimento.

Binha, segura a onda, pois falam que São Pedro é mais mão de ferro que eu. Vá se aguentando com a aposentadoria do INSS, ou que nome tenha o ócio daí, nas ruas em que agora vaguerá nua, como andava, antes do internamento, prá nunca mais.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Prá tudo se acabar na Quarta Feira

Será que todo o circo, a indignação encenada, as frases rebuscadas, as consultas a assessores "criativos", os floreios abundantemente usados no julgamento do tal mensalão do PT vão ser utilizados mais adiante contra poderosos do colarinho branco ou políticos que não sejam petistas? Ou tudo isso será jogado fora, como fantasia de carnaval, passada a folia midiática?

Estou entre os pessimistas. Para mim, o julgamento do "mensalão do PT", assim que acabar vai passar como uma bolha, um intervalo, e depois tudo voltará a ser como sempre foi, uma eterna Quarta-Feira de Cinzas.

Ou alguém acha que FHC, José Serra, Pedro Malan, Ricardo de Oliveira, Eduardo Azeredo, todos os citados na Lista de Furnas e nos escândalos das Privatizações, do Banestado, das Sanguessugas, etc., serão julgados como Dirceu e Genoino. Você acredita que o Sargento Garcia pega o Zorro? E em Papai Noel e Coelhinho da Páscoa? Nem eu.

O STF é um tribunal de casta e vai voltar a ela, assim que o espetáculo midiático do mensalão termine.

Fonte: Blog do Mello

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

The Voice!


Sempre que me deparo com um programa de calouro lembro-me do Chacrinha e de sua zona colorida e anárquica aos sábados, nas TVs Tupy, Bandeirantes ou Globo com a discoteca, a buzina, o cassino, o programa ou tudo junto. Participantes desdentados, descabelados, desafinados, sem noção eram saudados com uma buzina interrompendo o seu e o nosso calvário, recebendo como troféu pelo seu canto destrambelhado um abacaxi ou um bacalhau, quando o preço do norueguês era compatível com a produção da emissora onde ele estivesse. Chacrinha não inventou o programa de calouro, mas certamente foi o responsável pela sua difusão e formato com a inclusão de um corpo de jurados, um grupo de bonitas dançarinas e palco para a apresentação dos mais importantes artistas nacionais nos anos 70 e 80. Até, mesmo os tropicalistas que mantinham com o Chacrinha uma relação de respeito, apreço e identificação com a geléia geral retratada e exposta por eles, focando as contradições inerentes a nossa cultura de massa, eram vistos com freqüência ao lado do Velho Guerreiro.

Estes senhores engravatados que se seguiram e passaram a dominar o formato da apresentação do programa se tornaram meros copiadores do Chacrinha emprestando a atração uma seriedade e uma aparente solenidade ao programa e aos calouros em si, que apenas serve para realçar o ridículo destes apresentadores. Falsos, maniqueístas, mercadores de ilusões, acenando aos participantes uma possibilidade de carreira que dificilmente ou nunca será consumada.

Mas, eis que surge o The Voice, um programa criado na Holanda e cuja franquia se espalhou pelo mundo, chegando até nós através da TV Globo e repetindo o mesmo sucesso que consegue onde é apresentado. The Voice é um bom programa de entretenimento. Dinâmico, bem apresentado, jovem, com bons participantes, alguns extraordinários, melhores até que certos artistas que compõe o quadro de jurados e são responsáveis pela escolha desse ou daquele. Não vem ao caso, se Claudia Leite, Carlinhos Brown, Daniel e Lulu Santos podem perder na comparação com alguns calouros que se apresentam e, que por outro lado não são tão calouros assim, pelo contrário, já que muitos são cantores da noite, de banda, de orquestra de bailes, com uma quilometragem prá lá de rodada pelos mais diversos palcos do país. Isto assegura a qualidade dos participantes. Já assisti dois programas, ficando a impressão que se a duração do mesmo fosse além das duas horas previstas não se sentiria nem se cansaria da atração.   

Velhos amigos.

Ter uma música na trilha sonora de uma novela, principalmente global, é passaporte certo para o sucesso, para a massificação do artista e da sua canção com resultados que podem não ser tão agradáveis assim. É certo que seu nome será frequentemente citado, sua canção cantarolada por meio mundo de gente, noveleiros ou não, enfim é o sucesso e seu bônus. Mas este sucesso e esta exposição às vezes trazem a inconveniência própria desta quase banalização do trabalho, que é o ônus de quem buscou o contrário. Lembro de uma novela global, Mandala, cuja trilha incluía a canção “Como uma deusa” da cantora Rosana (onde andará Rosana?) que virou galhofa semanal no inesquecível programa de humor, TV Pirata. Em qualquer situação criada nos capítulos da novela, Fogo no rabo, atração escrachada exibida no programa, era pretexto para fazer ecoar versos que careciam de significado no que se via, mas que provocava grande efeito humorístico na trama, se é que havia alguma; “como uma deusa você possui”. Creio que a cantora Rosana nunca mais entoou a peça e suponho que a dita cuja deve ter sido responsável pelo seu afastamento do meio, já que involuntariamente, não levaram mais a sério o canto da artista.

Outra vítima desta excessiva exposição foi o bom e convincente cantor e compositor Osvaldo Montenegro que sofreu idêntico achincalhe por conta de sua canção Lua e Flor parte da trilha sonora da novela Salvador da Pátria, também global.  Na mesma TV Pirata qualquer esquete maluco, qualquer dose cavalar de “non-sense” era pontuado pelos versos “eu amava, como amava um pescador/que se encanta mais com a rede que com o mar”. O Osvaldo Montenegro, no entanto, sobreviveu a este deboche, mas a crítica continuou sendo um pouco ou muito reticente com o seu trabalho e seu talento. Não acompanho e não conheço muito da carreira do artista, mas gosto de canções esparsas em sua discografia a exemplo de Bandolins e A Lista.
Sobre A Lista, que conheci em uma época que me recuperava de um internamento hospitalar, é um canto a amizade, um acerto de contas entre amigos, tema que parece ser recorrente em seus últimos trabalhos. Esta semana, sintonizando a Rádio Itatiaia de Belo Horizonte, como sempre faço todas as madrugadas, ouvi a bonita canção Velhos amigos do Osvaldo Montenegro que como sugere o titulo é uma celebração também a amizade, este sentimento que parece soterrado pela avalanche dos nossos problemas e da acomodada e sempre invocada falta de tempo. “Velhos amigos vão sempre se encontrar/Seja onde for, seja em qualquer lugar/O mundo é pequeno, o tempo é invenção/Que o amor desfaz na tua mão”.

Uma questão de bons hábitos e votos perdidos.



Fotomontagem: Bessinha

terça-feira, 23 de outubro de 2012

"Nunca fiz parte, nem chefiei quadrilha"


“Negros que escravizam e vendem negros na África, não são meus irmãos
Negros senhores na América, a serviço do capital, não são meus irmãos
Negros opressores, em qualquer parte do mundo, não são meus irmãos...”

Solando Trindade (poeta negro pernambucano, do inicio do século passado)

 ... Alguns Ministros do Supremo Tribunal Federal, ao votarem no processo do “mensalão”, declararam que os crimes aí denunciados eram “gravíssimos.

Ora, os mesmos Ministros que assim se pronunciaram, chamados a votar no processo da lei de anistia, não consideraram como dotados da mesma gravidade os crimes de terrorismo praticados pelos agentes da repressão, durante o regime empresarial-militar: a saber, a sistemática tortura de presos políticos, muitas vezes até a morte, ou a execução sumária de opositores ao regime, com o esquartejamento e a ocultação dos cadáveres.

Com efeito, ao julgar em abril de 2010 a ação intentada pelo Conselho Federal da OAB, para que fosse reinterpretada, à luz da nova Constituição e do sistema internacional de direitos humanos, a lei de anistia de 1979, o mesmo Supremo Tribunal, por ampla maioria, decidiu que fora válido aquele apagamento dos crimes de terrorismo de Estado, estabelecido como condição para que a corporação militar abrisse mão do poder supremo.

O severíssimo relator do “mensalão”, alegando doença, não compareceu às duas sessões de julgamento.

Pois bem, foi preciso, para vergonha nossa, que alguns meses depois a Corte Interamericana de Direitos Humanos reabrisse a discussão sobre a matéria, e julgasse insustentável essa decisão do nosso mais alto tribunal.”

Dr. Fábio Konder Comparato

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Bordoadas cristãs.

Parecia uma procissão pelo “Sucesso financeiro e curas pentecostais” em frente à Igreja Universal do Reino de Deus – IURD, do Iguatemi. Mas, era a fila de fieis saracoteando por entre as dependências da Livraria Cultura, no Shopping Salvador, sábado passado, para a compra e autógrafo do livro Nada a Perder do bispo Edir Macedo. Com este título se houvesse uma segunda leitura, um subtítulo, seria apropriado “Nada a perder”, exceto os dízimos. Como eles, os dízimos, abundam na igreja evangélica seria também prudente que os bispos e pastores, aliados as suas práticas exóticas de curas e libertações, passassem por um treinamento mínimo de primeiros socorros ou de detectação de sintomas de certas doenças, em especial aquelas de origem neurológicas.

Recentemente foi julgada e condenada a igreja do Reino de Deus de Sumaré, em São Paulo, por um fiel, Alcione Saturnino, que fazia parte do culto como assistente e sentiu-se mal, tendo convulsões até a consumação do ataque epilético. Para o pastor que conduzia a celebração era a manifestação de um ataque possessivo de um espírito mal, uma possessão demoníaca que merecia a imediata expulsão. Levaram o indigitado fiel para o palco do culto e ali se iniciou uma sessão histérica de gritos e palavras de ordem como “este corpo não te pertence”, “sai”, “sai”, “sai”, “abandona este irmão, demônio sujo” e coisas que tais. A esta gritaria transtornada somou-se um ritual de pancadaria que o pobre fiel não suportou e tombou desfalecido com várias escoriações por todo o corpo. A família do cristão destroçado, inconformada com a violência sofrida por Saturnino, procurou a delegacia mais próxima, pedindo um exame de corpo de delito, alem da formulação de denúncia contra o pastor, “alemão”.

domingo, 21 de outubro de 2012

Eleição e mensalão tudo a ver!

Na próxima semana será decidida as penas que os julgados e condenados do mensalão, pelo STF, receberão, deixando a execução pública para uma outra ocasião, mas mantendo e cumprindo fielmente roteiro das sessões para o período eleitoral antes do primeiro e segundo turno em coincidências que a julgar pela contundência das condenações, não foram sem sentido. As condenações sairão a tempo das rotativas dos jornalões estamparem as suas manchetes espalhafatosas, imaginando influenciar os eleitores neste segundo turno como fizeram durante todo o julgamento do abstrato mensalão, numa cobertura que nenhuma eleição ou outro acontecimento no país mereceu, mesmo aquelas ou aqueles em que tomaram, descaradamente, partido. Até mesmo os de boa fé devem ter suas dúvidas quanto a lisura e a imparcialidade desta imprensa servil e partidária, tentando fazer crer que é movida por princípios éticos e morais, falácia que desaba quando se sabe quem são os seus proprietários e os jornalistas de aluguel que a alimenta com seus artigos, colunas e editoriais.

Gostaria de ver estes senhores togados, de solenes capas pretas, julgando os torturadores e seus mandantes, servidores do estado ditatorial, que são investigados pela Comissão da Verdade, utilizando esta mesma linguagem condenatória com a mesma veemência que julga possíveis desvios de conduta do Partido dos Trabalhadores. Eles, assim como a grande (no tamanho, porque minúscula na credibilidade) imprensa sabem onde a justiça chega ou passa ao largo, haja vista que nunca se procurou discutir com seriedade as motivações e implicações deste episódio, bastava a utilização política do fato para ferir, macular, desmoralizar o presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores.
 
O resultado das eleições municipais, até agora, nas grandes cidades parecem desmentir o intento de quem sempre fez ilações, pôs dúvidas, criou declarações que nunca foram dadas, cumprindo a pauta de demonizar os desafetos. O povo, o eleitor, deu de ombros e foi ver o final de Avenida Brasil.

Charge: Aroeira

 

Vexame!


Dizer que o time foi apático é apenas uma constatação, nada mais que uma falta de brio, de entrega, de dedicação às cores rubronegras. As derrotas são previsíveis ou justificadas pelo desnível dos contendores, de erros da arbitragem, de fatores extra campo que podem influenciar no resultado de uma partida. Nada disso, porem, se verificou no jogo de ontem perante quase 30 mil torcedores que assistiram desolados a queda do Vitória, no Barradão, para a terceira colocação da Serie B, quando todos esperavam a volta da liderança.

Findo o primeiro turno em que o nosso rubronegro teve um desempenho brilhante, teve o inicio o reterno e sem que houvesse troca de treinador, perda de jogadores, a não ser por breves momentos de contusão, atraso de salários, o time entrou em um torvelinho de maus resultados e partidas ridículas que em nada lembram o Vitória do primeiro turno. A diferença de 07 pontos para o segundo colocado foi perdida e hoje ultrapassado em dois para o líder e hum ponto para o segundo colocado com tendência de ser ampliada esta distancia dos líderes e mesma da zona de classificação. O que foi que houve?.
 
Será que o entra sai de jogadores com ou sem justificativa por um treinador que é conhecido por suas invencionices e por causar surpresa nas escalações não se sustenta como argumentação para um rendimento tão pífio como o apresentado pelo time. Verifica-se o desempenho do Goiás ou Criciúma que o fato de ser mandante ou visitante pouco importa, a mesma altivez, a mesma superioridade técnica com vitórias indiscutíveis e que deve encher de alegria e orgulho seus torcedores, bem diferente de nós que ainda acreditamos por ser a única coisa que nos esta, mas que tá difícil tá. O trem tá feio!

Plano de voo.


Em política tudo se sabe, ou quase tudo. Não se sabe, por exemplo, o plano de governo do candidato derrotado na cidade alegre, além da manutenção dos empregos dos familiares e amigos e da derrubada do puxadinho de Juarez. Era continuar, por continuar com a arrogância e mandonismo conhecidos.

No entanto, comenta-se no breu das tocas que em caso de vitória o mandato seria dividido em dois turnos, como Waldir Pires e Nilo Coelho de triste memória, onde o titular e vice se revezariam na chefia da nação alegre, ainda que cabisbaixa nos últimos tempos. Após este período fatiado o mandato seria entregue a primeiro genro que ao final dos quatro anos entregaria ao segundo genro em uma ciranda nos moldes de uma capitania hereditária. Só que se esqueceram de combinar com o povo do Sumaré, do Largo, do Porto Feliz, Sede entre outras localidades.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mãos ao alto!


Hoje pela manhã ao ligar para a agência do Bradesco em Tapiramutá, para falar com a subgerente Mônica, ouvi a informação de que ela estava atendendo um cliente e que este cliente seria o último a ser atendido, que eu deixasse meu telefone que ela poderia retornar a ligação. Eram 11 horas da manhã o que me casou estranheza o encerramento das atividades de atendimento ao cliente tão cedo, já que a agencia começa a funcionar a partir das 09 horas. Indaguei o porquê deste breve período de abertura da agencia, ao que fui informado de circular boatos na cidade que a mesma receberia a visita indesejada de um bando de assaltantes e que a agencia do Bradesco, como tem sido nos últimos meses, era a vítima preferencial dos maloqueiros. A insegurança agora chega pelo celular, como quem avisa: resguardem-se, pois o bicho não tardará a pegar. A que ponto chegamos. O próximo, por favor!

Mas, os nossos vizinhos próximos ou distantes como Tapiramutá, Cafarnaum, Morro do Chapéu, Mundo Novo não estão sozinhos. Aqui, a cidade alegre também pode contabilizar o seu naco de intranqüilidade e da paz para sempre perdida. Quarta feira à noite um cidadão conhecido como Capitão, filho de Leopoldo, recebeu a visita indigesta de uma comunidade de “mensaleiros” como diria o relator da Ação Penal 470 (Barbosão, o cruel), fortemente armada, procurando onde estava o cofre e que eles queriam todo o dinheiro nele contido. Amarrado juntamente com sua esposa foi obrigado a dizer que o cofre estava em casa de sua mãe na cidade, já que ele mora um pouco afastado do centro. Todos se dirigiram para lá, para a casa de sua genitora, onde mais pessoas se transformaram em reféns e igualmente amarradas até a abertura e roubo de todo o cofre. A alegação de que não tinha dinheiro, foi rebatida com a afirmação de que ele, a vítima, tinha sim, pois tinha ganhado uma aposta no candidato 40 contra o 55 (Grande 40tão!) Estranho, muito estranho!

O desfecho da “Avenida Brasil” logo foi em parte esclarecido, com a ajuda de policiais de cidades vizinhas convocados para a busca da bandidagem. No dia seguinte, parte dos maloqueiros e parte do dinheiro tinha sido recuperada e, para surpresa dos que ainda conseguem se surpreender com alguma coisa nesta barafunda da criminalidade banalizada, os meliantes presos eram jovens da Rua da Mistura. Ponto final!   

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Bomba! bomba! bomba! Ivan, o terrível

Perder não é uma experiência enriquecedora, pelo menos sinto assim quando absorvo e capitalizo tristemente os insucessos dos meus rubronegros, Vitória ou Flamengo, no campo esportivo, por exemplo. Politicamente, já é um outro gramado, pois passada a refrega dos palanques, com as bandeiras arreadas e a caminho de casa, resta o consolo de que o adversário vencedor venha fazer aquilo que o nosso candidato derrotado faria se tivesse chegado lá. Na prática é outra a prática. Torce-se contra, joga-se praga, sai-se esgrimindo seu florete envenenado e tirando da cartola todos os impropérios e os maus modos acumulados em décadas de vida, berrando, esperneando, culpando Deus e o mundo ingrato, alem dos eleitores comprados, este bando de cachaceiros degenerado, uma espécime com que jamais se formará um município cidadão, no máximo um cabaré. Todos são culpados pelo baixo astral de quem perdeu.

Aqui na cidade alegre, além da vitória do “40tão” arrasador em sua fúria democrática e convicta de que a esperança poderia, e pode, vencer o medo, uma eleição foi por demais aclamada e festejada, como foi a do candidato a vereador pelo PSDB (ninguém é perfeito) Ivan Tatuagem. Com uma campanha modesta, simples, quase franciscana, desprovida de carros de som, outdoor, veículos com propaganda entre outros apetrechos, Ivan, o terrível, se valeu de sua única arma: a coragem, o destemor, a crença inabalável de que a verdade é uma couraça contra a qual nenhum poder ou abuso financeiro pode ferir. Mirou o chefe e mentor político de uma candidatura com indicies de rejeição de fazer inveja ao cabeção Zé Serra e, notando que este ídolo tinha pés de barro, lançou contra ele a sua carreta desgovernada e demolidora. Folhetos que até poderiam ser pasquins inundaram a cidade com revelações de milagres que não fariam a canonização de ninguém, muito pelo contrário, talvez sinalizassem que havia algo de podre no reino dos “ali babás”. 

A votação de Ivan Tatuagem, com 421 votos, além de outros que também poderiam ter sido carreados para o seu nome, através de eleitores que se mostraram sensíveis as suas denúncias, mas que por certo já tinham assumidos compromisso com outros candidatos, revelou que além do prefeito e do vice, “quarentões”, o outro grande vencedor desta eleição foi Ivan, o terrível.  

Não tem Serie B na Copa do Mundo


Se seu time aplica 4 x 0 em determinado adversário e na semana seguinte repete o placar em cima de outra vítima é quase certo que estejamos prestes a crer que vislumbramos um time imbatível, uma espécie de Barcelona renovado. Mas, quando se sabe que estes adversários foram o Iraque e o Japão e que o treinador do time vencedor é o reconhecidamente incompetente e fraco Mano Menezes chega-se a conclusão que nada disso é relevante e se serve para alguma coisa, é indiscutível que seja para a manutenção do emprego do treinador. Quanta pobreza!

É preciso que alguém buzine no ouvido da presidência da CBF e de seu treinador, no sentido de que acordem para a realidade de que a próxima Copa do Mundo será aqui e que nesta competição não há serie B, como o seu treinador sonha, valorizando vitórias patéticas contra o Gabão, Egito ou África do Sul, por exemplo. O buraco é bem mais, muito acima daqui da linha do Equador, embora os nossos primeiros tropeços possam vir daqui mesmo, de nossos vizinhos abaixo da linha como Colômbia, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile para quem o showzinho de malabarista do sinal vermelho de Neymar já está mais que manjado, o México está aí prá confirmar que brincadeira tem hora e naturalmente não é essa, a hora. Quanto a amistosos contra Alemanha, França, Espanha, Itália, Inglaterra, Nigéria ou com seleções de nível semelhante deve provocar insônia e urticária no mais que limitado Mano Menezes.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Singrando outros mares de loucura.


Lançado em meados deste ano, Contigo aprendi, foi o último disco do MPB-4 com a presença de Magro em seus vocais e principalmente na concepção dos arranjos vocais deste e de vários outros discos que encantaram uma legião de seguidores por várias décadas a partir dos anos 60. O fato em si já seria uma curiosidade não fosse também curioso o repertório calcado em boleros famosos e já imortalizados por tantas e tantas gravações ao longo das carreiras de vários artistas.

Que surpresa traria um repertório com canções como Relógio, Noite de Ronda, Sabe Deus, Quiçá, quiçá, quiçá, A barca, Tu me acostumaste entre outras do mesmo quilate? Talvez nenhuma, não fosse a originalidade de entregar a letristas como Caetano Veloso, Abel Silva, Carlos Rennó, Vitor Ramil, Fernando Brandt, Paulo César Pinheiro a elaboração de uma nova tradução para estes boleros que no inconsciente popular já tiveram as suas versões talvez definitivas. E ouvindo bem, pouca coisa mudou do que já se tinha conseguido com o que agora foi revelado por estes poetas da canção popular, quando nada ou quase nada de novo foi acrescentado às letras que já conhecíamos.

A qualidade do trabalho, no entanto, pode ser ouvida e sentida nos arranjos musicais a cargo de músicos e conjuntos instrumentais consagrados e de indiscutível bom gosto e refinamento como o Quarteto Maogani, Duofel, Trio Madeira Brasil. Estes músicos conceituados emprestam aos famosos boleros uma surpreendente riqueza melódica que as gravações antigas por pressa ou por limitações nas concepções dos arranjos por seus orquestradores encobriam. Para a nossa geração, “do dois prá lá dois prá cá”, estes boleros nos chegaram pelas vozes em uníssono, embora contando com três vocalistas, do Trio Irakitan, através principalmente de um disco antológico “Boleros que gostamos de cantar” e para quem a nossa A Barca continuará sendo aquela  a “singrar outros mares de loucura/para que não naufragues teu viver”.

domingo, 14 de outubro de 2012

Dançando na chuva, como Gene Kelly

Gene-Kelly-Singin-in-the-rain-1952

Rever no Piritiba News a reprodução da peça publicitária para o Jardim da Saudade que fiz juntamente com a jovem paulista Márcia, dona de uma academia de ginástica na Pituba, à época, e que nunca mais encontrei, foi como marcar o inicio da minha breve carreira no mundo da publicidade. O fim se deu com o comercial para o Shopping Barra, em uma campanha para o Dia dos Namorados em 2006. Logo depois que o filme foi e saiu do ar, tentei com a agência e com o próprio Shopping uma cópia do vídeo sem sucesso, diante de alegações as mais frouxas possíveis e que em resumo era má vontade mesmo. Este ano conversando com uma “ferinha” em informática da empresa onde trabalhava, ele me prometeu que conseguiria e assim foi feito. Certo dia ele me entregou um CD em que estava o tal vídeo da campanha de 2006, em que eu como um Gene Kelly entrevado cantava e dançava na chuva, naquele pequeno filme narrado pelo ator baiano Marcelo Prado cujo tema era a felicidade e suas várias manifestações.

As gravações, apenas a parte que me tocava, foram feitas durante uma manhã de sábado, numa das ruas do Horto Florestal e cujo set de filmagem era a mansão de uma senhora amiga de alguém da produção. Ali a equipe se reunia, trocava de roupa e recebia as instruções verbais do que deveria ser feito e que depois seria ensaiada no próprio local da filmagem. Era algo simples que talvez desempenhasse sem qualquer dificuldade não fosse o diretor, um japonês paulista, um Aikra Kurosawa mal resolvido, fosse tão exigente comigo. “Olha prá frente”, “levanta a cabeça”, “suspende o guarda chuva”, “sobe no meio fio”, “desce do meio fio”, “canta a música do MP3” era muita coisa, muito comando, muita gritaria, para as 09 horas da manhã de um sábado e ainda debaixo de chuva. Ainda que a chuva fosse cenográfica, ou até pior, pois gastava a água da vizinhança e que alimentava uma espécie de enorme chuveiro que acompanhava sobre a minha cabeça esta via sacra sob os gritos do japonês. Pensei em desistir e mandar o japonês para alguma esquina da Nagasaki, em 1945, mas resisti pela gentileza da equipe de produção em especial da jovem Lívia que havia feito o contato comigo.

Próximo ao meio dia o resultado foi dado como satisfatório após a repetição da cena em pelo menos 10 ocasiões e cujas interrupções também atendiam a entrada e saída de moradores de suas residências e o lanche oferecido pela produção para agüentar o repuxo do japonês. Quando terminei a participação na filmagem o boné de mafioso italiano, o pulôver, a camisa e calça de fino corte que usava, assim como o sapato estavam em estado desolador e provavelmente recusadas pelo primeiro carente que se apresentasse. Hoje revendo o filme, dá prá ver como o cinema é terra do faz de conta, pois tudo aquilo que gastamos uma manhã para fazer, em que pese o japonês, foi reduzido a poucos segundos em que apareço cantando e dançando, ou melhor tentando na chuva, como um Gene Kelly baiano.

Texto: Reprodução do blog Bazo Borges no IG, em agosto de 2011.

Nossos ídolos serão sempre os mesmos.


Quem acompanhou ou participou dos movimentos estudantis em qualquer parte do país antes da edição do AI-5, em dezembro de 68, conhece as nossas lideranças do movimento como Luís Travassos, José Genoino, Vladmir Palmeira e José Dirceu, por exemplo, que após a consumação, de fato, da ditadura deram às suas vidas rumos distintos, mas sempre mirando a redemocratização do país. Dando um salto no tempo vemos hoje alguns destes nomes e personalidades políticas de clara importância na recente história do país, sendo linchados e execrados publicamente por conta de uma acusação, sem qualquer prova documental, apenas testemunhais e de caráter duvidosa, abrigada sob o manto do “mensalão” ou da “ação penal 470” como querendo dar legitimidade ao massacre inquisitorial.

É certo e fato que a direita conservadora e seus jornalistas de aluguel acampados em uma mídia que é reflexo desta elite branca e perversa nunca aceitou a eleição de Lula, nem o poder que o Partido dos Trabalhadores - PT foi conquistando em cargos do Legislativo e Executivo nos estados e municípios até chegar á Presidência da Republica.  Uma rápida passagem pelo jornalismo que se fez desde então é prova de como estes políticos e seu partido são tratados com o sem motivação para os ataques e ilações. Sempre andaram como cães farejadores em busca de qualquer deslize para destilar seu ódio e ressentimento contra estes descamisados nordestinos que querem se perpetuar no poder a troca de qualquer coisa inclusive de um abstrato “mensalão”. Quem se deu o trabalho de acompanhar e ainda segue esta pantomima jurídica e jornalística verá ou perceberá a clara intenção daqueles senhores em não acatar qualquer elemento ou argumentação da defesa. Em alguns momentos chegou-se ao absurdo de ver alguns destes senhores togados dormirem no plenário enquanto os advogados dos acusados, como o jovem e brilhante Dr. José Luis Oliveira Lima, tentavam desmontar a farsa midiática, vislumbrando um possível viés não condenatório na sentença. Ingenuamente. Tudo já estava definido conforme o script da direita conservadora e hostil.

Julgados, condenados, acusados de quadrilheiros, bandoleiros, elementos perniciosos, reles bandidos, ladrões dos cofres públicos resta agora determinarem o local da execução que tanto pode ser em frente ao prédio de O Globo, com transmissão ao vivo no Jornal Nacional, ou aramarem o cadafalso frente à Folha ou ao Estadão pelos serviços prestados aos seus patrões. “Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros” (Che Guevara).

Fotos: José Dirceu (anos 60)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Segundo tempo.

O fim do mundo!

Suposto profeta (ao centro de camiseta listrada) diz que o mundo vai acabar hoje e angariou seguidores que estão confinados em uma casa de Teresina; as crianças e adolescentes saíram da escola e os adultos
 
Segundo o UOL, um grupo em torno de 120 pessoas está confinado em uma casa na capital do Piauí, Teresina, esperando para as 16:00 hs da tarde de hoje, o fim do mundo. Estas pessoas estão sendo há algum tempo induzidas ou catequizadas pelo profeta cearense Luiz Pereira da Silva que mantém todos eles alheios ao mundo, sem sair de casa, sem ver televisão, além de proibir as crianças e adolescentes de frequentarem as suas escolas. Evidente que a Policia, Vara da Infância e Adolescência, Conselho Tutelar estão monitorando e preparando o resgate destas crianças do confinamento imposto por este falso profeta, para quem a “besta fera” vem acabar o mundo nesta sexta feira, só se salvando ele, os confinados da casa de Teresina. Ah, bom!

Se o profeta Luis Pereira da Silva, não for tão britânico quanto ao horário, bem que poderia esperar uma carreta 55, carregada de infiéis, para quem o mundo desabou, mas ainda não acabou e poderiam esperar em Teresina a chegada triunfal (tinha que haver algum) da “besta ferra” e o fim de fato, do mundo.

Foto: UOL

Eita! Eita! Parada de insucessos.



Aos poucos vai se revelando o arsenal alegórico e musical com que os perdedores de hoje comemorariam a vitória de amanhã, se tivesse havido amanhã. A paródia preparada para a comemoração dos 51 (uma boa ideia) + 4 (cavaleiros do após cacique) foi apropriada, muito justamente, pela chapa vitoriosa para colorir ou embaçar ainda mais o pesadelo dos que ainda não acordaram do sono pesado da madrugada de domingo para segunda-feira “40”. A paródia, cujo refrão “zum, zum, zum baba” foi chupado de uma música de Daniela Mercury, com que se imaginava ver fora da cidade levados em cima de uma carreta, os seus adversários, como gostariam, são os vencedores de hoje, o que dá a tal paródia uma conotação mais engraçada que se fosse utilizada mesmo pela horda “55”. O inesperado fez uma surpresa, transformando o insucesso em um estrondoso sucesso do lado de cá.

O mais curioso é a compra de 1.000 pinicos que também seriam utilizados na festa que não houve. Em que ala, em que comissão, em que grupo de passistas o obsoleto utensílio de uso na higiene doméstica seria introduzido ou o que nele se introduziria é um mistério escatológico que só a diretoria de assuntos aleatórios poderia decifrar. Talvez para coletar do jegue com suspensório, outro elemento alegórico que também comporia o desfile adiado e espera-se prá sempre sepultado, os votos que não saíram das urnas e que foram brotar de onde menos se esperava e, que acabaram por determinar a derrota com suas bandeiras arriadas, mas com os pinicos cheios (De votos. Nulos e brancos). Uma auditoria instalada no primeiro dia da nova administração talvez pudesse vir esclarecer em que plano de contas, em que parte da estrutura contábil se encaixaria esta diarreia fiscal e sua superfaturada e fria Nota, como se deduz. Além de outros mistérios que pintaram por aí.

Não é comum uma derrota tão acachapante como esta que se deu na cidade alegre, embora esperada o seu resultado foi surpreendente pelo seu grau de estrago e destruição. Como uma espécie do furacão Katrina chegou devastando candidatos, derrubando reputações, arrastando vereadores do peito, revelando jovens lideranças políticas que por certo no futuro guiarão os destinos do município.
Quanto aos pinicos: Deu (*).

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Se apostei e se perdi, as emoções vivi.


A ser verdade, e em parte é, o que se comenta das apostas realizadas e perdidas na recente campanha política da cidade alegre, o volume financeiro e material assume dimensões extravagantes e inusitadas. O perde e ganha envolveu de tudo, desde dinheiro em primeiro lugar, a motos, casas, grades de cervejas, bicicletas, posses de terrenos até um galo de briga campeão, de uma rinha clandestina na Rua da Mistura. Os perdedores, impossibilitados de recorrer ao PROCON para as suas queixas e lamentações, por serem as apostas um fio de navalha entre a ilegalidade e a liberação, haja vista ser o governo através da Caixa o grande incentivador e bicheiro de tantas apostas, vão mesmo é ter que chorar no pé do caboclo ou se queixar ao bispo.

Em uma coisa os perdedores estão unidos em seus protestos. A culpa, de quem é a culpa, tem culpa eu? Não, a culpa é da pesquisa que circulou nos dias finais da campanha e que dava ao candidato da situação uma vitória folgada com os tais 14,9% de frente. Para um universo de 10.000 eleitores, significava uma vitória em torno de 1.500 votos, segundo o cacique-mor dos “55” o incentivador, segundo os perdedores, da barbada que era aquela parada. E a moçada foi fundo na confiança ao “big brother”, apostando o que se tinha e o que se imaginava ter, certa de uma vitória certa. O que se viu é do conhecimento público e o importante é que, quem ganhou ou perdeu, muitas emoções viveu. Mais que isto, só a gafieira do cabaré de Rosália.

Hoje, sintonizando a Rádio Jacobina Fm, ouvi a noticia, que carece de confirmação, de que alguns tribunais estão acatando as reclamações de perdedores de apostas e que foram induzidos ao erro do jogo e do voto por pesquisas de origem duvidosa espelhadas por caciques políticos e aprendizes de ditadores. Alem do ressarcimento aos perdedores das quantias e bens perdidos, a coligação e suas pesquisas mentirosas terão quer arcar com uma multa que pude alcançar dois milhões de reais. Nem o freio brusco de uma carreta desgovernada poderia provocar estrago semelhante. “Ou restauremos a moralidade ou nos locupletemos todos”, como dizia o saudoso Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta.

"A casa da saudade é o vazio".


Atrasado como o trem da Leste, quando havia trem e a Via Férrea Leste Brasileira, ouvi neste final de semana em Salvador a faixa Saudade (Chico César e Paulinho Moska) do Cd Tua, lançado por Betânia ao mesmo tempo de outro Cd, Encanteria, no ano de 2009. Conheço muitas faixas destes dois discos da interprete baiana, bem como a distinção de suas propostas e objetivos que se tornam perceptíveis desde a primeira audição.
 
Se em Tua está realçado o lado romântico e intimista de Betânia, do outro se espalha a brejeirice e a celebração da fé que ponteia Encanteria, onde o sambista Roque Ferreira dá as cartas do repertório com a inclusão de várias composições suas neste disco. A independência de Betânia, que poucas interpretes têm, permite esta busca incansável da qualidade, do bom gosto, de gravar apenas o que gosta e o que quer pouco importando com as cifras advindas pela venda de seus discos.

O que não conhecia destes discos, passei a conhecer com a faixa Saudade, já citada, em que Betânia faz dueto com Lenine em versos doídos e que talvez venham ser o mais bonito momento do disco Tua, para esta canção do Chico César e do Paulinho Moska. “A casa da saudade é o vazio/O acaso da saudade fogo frio/Quem foge da saudade/Preso por um fio/Se afoga em outras águas/Mas, do mesmo rio”.

Foto: Lenine

Não vou na carreta, vou de táxi.

Por força de meu domicilio eleitoral viajei sexta feira, dia 05.10, à meia-noite, para Salvador onde votaria no domingo. Após ter participado do comício de encerramento da campanha de Ivan e Dr. Jorge na Al. João D. Sampaio, na quinta feira, estava convencido de que a vitória dos “40” era apenas questão de horas. No entanto, a carreata da situação, estranhamente autorizada para noite de sexta feira, mesmo já tendo encerrada a sua campanha na quarta feira, tenha me deixado apreensivo. Não por arrefecer o ânimo vitorioso que via na coligação “40”, mas pela agressividade demonstrada em todo o trajeto dos “55”, na tal carreta, com gritos de guerra desesperados de “já perdeu”, “já perderam”, bem diferente da juventude e alegria do piseiro quarentão.

Durante todo o domingo, andando pelo Santo Antonio, Pelourinho e orla da Barra, pois só votaria no final da tarde, pensava em como andaria o clima e o provável acirramento político na cidade alegre. E esta tensão me pegou em uma fila da escola de Teatro da UFBA, às 18,45 hs, enquanto aguardava o acesso às dependências do Martim Gonçalves para assistir o espetáculo de encerramento do FIAC-Bahia 2012, Isto te interessa, por um grupo paulista. Naquele horário, Moema me ligava dando a noticia da vitória de Ivan, Dr. Jorge e agora Dr. Duarte, por 230 votos de frente, além do êxito do querido sobrinho Dr. Gustavo Pamponet, em Baixa Grande. Era muita alegria para um inicio de noite e fim de uma campanha vitoriosa, tanto que o impacto da nudez das atrizes e dos atores durante todo o espetáculo não foi suficiente para uma concentração devida, pois minha cabeça girava em torno de algum piseiro e de um latão da Schin.  

Hoje de volta à cidade alegre, que voltará a ser de fato, vou tomando conhecimento do submundo da horda “55” e das paródias preparadas para uma possível vitória do atual prefeito e seus asseclas. Em uma destas sub-músicas são colocados na carreta pessoas e famílias que eles gostariam de ver longe daqui, como os “cuícas”, a quem sou e estou intrinsecamente ligado. Pois é, não vou na carreta e, se tiver que ir algum dia, e vou, irei de táxi, como Angélica. Vai que é tua 40!

O homem e a máquina


Foi encerrado neste final de semana, em Salvador, mais precisamente, domingo, dia 07, o Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia – FIAC-Bahia, versão 2012. Como estive na cidade nestes dois últimos finais de semana pude ver os espetáculos que abriram e encerraram o Festival, a exemplo da apresentação de Transports Exceptionnels do grupo francês, sábado dia 29.09, na Praça Municipal. Por coincidência, caminhando na Barra domingo dia, 30, voltei a assistir a mesma encenação em frente ao Farol, junto a uma plateia bem mais numerosa e atenta que aquela do dia anterior.

Este grupo costuma se apresentar em festivais de teatro de rua em todo o mundo sempre despertando curiosidade e interesse em suas apresentações. O fato de ser sempre na rua, em locais públicos, justifica-se pelo inusitado de estarem em cena apenas seus dois atores, um bailarino e uma retroescavadeira. Uma máquina gigantesca que se movimenta como se ninguém a operasse é dominada e domada pelo bailarino que aos poucos vai travando com o trambolho de aço e ferro uma relação de mêdo e ao mesmo tempo de conquista, acompanhado por uma trilha musical composta de trechos de várias óperas.

Há um todo espetáculo uma simbologia que remete ao esmagamento do homem pela máquina, o que parece prestes a acontecer em algumas cenas onde o confronto parece ser inevitável, o que desperta tensão e ao mesmo tempo alivio da plateia. A enorme concha que rasga, carrega e descarrega a terra é enfim dominada, passando a ser a mão que afaga e acolhe o bailarino com seus movimentos firmes e generosos. É um espetáculo inusitado e que por isso mesmo causa grande encantamento a todos aqueles que dedicam alguns poucos e eternos minutos de contemplação à arte do dançarino francês, Dominique Boivin  

Foto: Ilustrativa

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O mensalão do bem.


Capa da Folha do dia 13 de maio de 1997, com a manchete destacando a compra de votos para a emenda da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, crime até hoje impune, assim como o mensalão tucano, em Minas, que irrigou a campanha do sociólogo beiçudo daquele ano.

Fonte: Blog do Mello

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

É (era) probido proibir!


Assistir qualquer manifestação artística que envolva o movimento musical que balançou as estruturas de nossa música no final dos anos 60, com reflexos ainda nos dias de hoje, é um exercício que não me canso de praticar, mesmo tendo que enfrentar um inicio de tarde com muitos ventos e chuva fina, sexta feira passada, em Salvador. Foi com este ânimo e este começo de temporal que entrei em uma das confortáveis salas de cinema do mais novo centro comercial da cidade, o Shopping Bella Vista, para ver Tropicália, a epopeia musical de Caetano, Gil, Mutantes, Tom Zé, Gal e as presenças coadjuvantes e significativas de Nara Leão, Rogério Duprat, Rogério Duarte, Jorge Mautner e Jards Macalé.

Sabia que grande parte das imagens que veria já me eram familiares, conhecidas, próximas até pelo mais recente documentário visto, “Uma noite em 67”, que revela as apresentações e bastidores do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. Deste festival, no entanto, surgiria as imagens inéditas feitas por Nara enquanto Caetano defendia Alegria, alegria e de entrevistadores como Cidinha Campos, conversando com os artistas antes ou depois de suas apresentações. Outras imagens desconhecidas ou pouco conhecidas ficam por conta daquelas do festival da Ilha de Wight, na Inglaterra, onde Caetano e Gil dão uma canja após serem apresentados como artistas impedidos de fazer música no Brasil, pelo governo militar. Ou das cenas do programa Divino Maravilhoso, da também TV Record, do programa do Chacrinha, do programa do Raul Solnado, em Lisboa enfim até o que não é novidade serve para compor o painel multifacetado daqueles dias intensos de som, luzes, cores e muitas loucuras criativas.

Tropicália é um filme que deveria ser obrigatório nas salas de aula de todo o país, até como um espécie de antídoto para a não proliferação de coisas como o pagode baiano, o funk carioca, o arrocha ou o sertanejo universitário, mesmo sabendo que a falta de educação familiar, escolar e musical estejam imune aos lampejos e brilhos da Tropicália.

Foto: Cartaz do filme Tropicália

A grande família Elis

É sabida a importância de Elis na carreira de alguns ícones de nossa música, ora revelando estes talentos, ora dando com a sua força e o carisma de sua interpretação a dimensão do sucesso para estes jovens artistas, compositores e cantores. Foi o caso de Edu Lobo, Gil e Milton Nascimento que embora já conhecidos do público tiveram em Elis a força propulsora para carreiras bem sucedidas e consolidadas no panorama de nossa música popular. O leque se amplia com os nomes de Ivan Lins, João Bosco, Aldir Blanc e Belchior que seguiram o exemplo de seus colegas anteriormente citados e alcançaram o grande público após ter as suas composições ecoadas por corações e mentes de brasileiros ou não, graças a voz inconfundível de Elis. Até nisto ela se diferenciava de suas colegas cantoras, ou mesmo cantores, que preferiam o óbvio ou já estabelecido a ter que se aventurar no garimpo de novos nomes, dando a eles a oportunidade do conhecimento público de sua obra adormecida e necessitando de um impulso para a descoberta.

A semana passada em Salvador pude presenciar, dentro da programação da Caixa Cultural, mais uma dessas crias de Elis, a compositora Fátima Guedes, que se não alçou voos mais ousados como de seus colegas pode mostrar o seu talento após a gravação pela celebre intérprete de uma composição sua em um especial de fim de ano. Onze fitas foi a faixa que abriu os caminhos de Fátima, para os festivais de música e para a gravadora Odeon onde registrou seus primeiros discos. Se nunca chegou ao grande público foi e continua sendo admirada como criadora de melodias bem trabalhadas e letras poéticas de cunho social, encontradas nas vozes de Simone, Maria Betânia, Zizi Possi, Nana Caymmi, como nas canções Flor de ir embora, Condenados, Cheiro de mato, Lápis de cor, Mais uma boca.

No show da Caixa, Fátima Guedes não se limitou, ao lado do violonista Henrique Martins, em mostrar apenas o seu lado de compositora, mas também de interprete surpreendente e sensível na recriação de Sinhá (João Bosco e Chico), Lua bonita (Zé do Norte e Zé Martins), Isso é só o começo (Lenine), Aquele abraço (Gil) e Morro Velho (Milton Nascimento). A programação da Caixa Cultural já adquiriu um selo de qualidade de tal ordem que qualquer espetáculo merece ser visto independente do conhecimento prévio daquilo que se verá ou se ouvirá em seu pequeno e aconchegante espaço. “Vem prá Caixa você também”.

Foto: Fátima Guedes