quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Velhos amigos.

Ter uma música na trilha sonora de uma novela, principalmente global, é passaporte certo para o sucesso, para a massificação do artista e da sua canção com resultados que podem não ser tão agradáveis assim. É certo que seu nome será frequentemente citado, sua canção cantarolada por meio mundo de gente, noveleiros ou não, enfim é o sucesso e seu bônus. Mas este sucesso e esta exposição às vezes trazem a inconveniência própria desta quase banalização do trabalho, que é o ônus de quem buscou o contrário. Lembro de uma novela global, Mandala, cuja trilha incluía a canção “Como uma deusa” da cantora Rosana (onde andará Rosana?) que virou galhofa semanal no inesquecível programa de humor, TV Pirata. Em qualquer situação criada nos capítulos da novela, Fogo no rabo, atração escrachada exibida no programa, era pretexto para fazer ecoar versos que careciam de significado no que se via, mas que provocava grande efeito humorístico na trama, se é que havia alguma; “como uma deusa você possui”. Creio que a cantora Rosana nunca mais entoou a peça e suponho que a dita cuja deve ter sido responsável pelo seu afastamento do meio, já que involuntariamente, não levaram mais a sério o canto da artista.

Outra vítima desta excessiva exposição foi o bom e convincente cantor e compositor Osvaldo Montenegro que sofreu idêntico achincalhe por conta de sua canção Lua e Flor parte da trilha sonora da novela Salvador da Pátria, também global.  Na mesma TV Pirata qualquer esquete maluco, qualquer dose cavalar de “non-sense” era pontuado pelos versos “eu amava, como amava um pescador/que se encanta mais com a rede que com o mar”. O Osvaldo Montenegro, no entanto, sobreviveu a este deboche, mas a crítica continuou sendo um pouco ou muito reticente com o seu trabalho e seu talento. Não acompanho e não conheço muito da carreira do artista, mas gosto de canções esparsas em sua discografia a exemplo de Bandolins e A Lista.
Sobre A Lista, que conheci em uma época que me recuperava de um internamento hospitalar, é um canto a amizade, um acerto de contas entre amigos, tema que parece ser recorrente em seus últimos trabalhos. Esta semana, sintonizando a Rádio Itatiaia de Belo Horizonte, como sempre faço todas as madrugadas, ouvi a bonita canção Velhos amigos do Osvaldo Montenegro que como sugere o titulo é uma celebração também a amizade, este sentimento que parece soterrado pela avalanche dos nossos problemas e da acomodada e sempre invocada falta de tempo. “Velhos amigos vão sempre se encontrar/Seja onde for, seja em qualquer lugar/O mundo é pequeno, o tempo é invenção/Que o amor desfaz na tua mão”.

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