quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A grande família Elis

É sabida a importância de Elis na carreira de alguns ícones de nossa música, ora revelando estes talentos, ora dando com a sua força e o carisma de sua interpretação a dimensão do sucesso para estes jovens artistas, compositores e cantores. Foi o caso de Edu Lobo, Gil e Milton Nascimento que embora já conhecidos do público tiveram em Elis a força propulsora para carreiras bem sucedidas e consolidadas no panorama de nossa música popular. O leque se amplia com os nomes de Ivan Lins, João Bosco, Aldir Blanc e Belchior que seguiram o exemplo de seus colegas anteriormente citados e alcançaram o grande público após ter as suas composições ecoadas por corações e mentes de brasileiros ou não, graças a voz inconfundível de Elis. Até nisto ela se diferenciava de suas colegas cantoras, ou mesmo cantores, que preferiam o óbvio ou já estabelecido a ter que se aventurar no garimpo de novos nomes, dando a eles a oportunidade do conhecimento público de sua obra adormecida e necessitando de um impulso para a descoberta.

A semana passada em Salvador pude presenciar, dentro da programação da Caixa Cultural, mais uma dessas crias de Elis, a compositora Fátima Guedes, que se não alçou voos mais ousados como de seus colegas pode mostrar o seu talento após a gravação pela celebre intérprete de uma composição sua em um especial de fim de ano. Onze fitas foi a faixa que abriu os caminhos de Fátima, para os festivais de música e para a gravadora Odeon onde registrou seus primeiros discos. Se nunca chegou ao grande público foi e continua sendo admirada como criadora de melodias bem trabalhadas e letras poéticas de cunho social, encontradas nas vozes de Simone, Maria Betânia, Zizi Possi, Nana Caymmi, como nas canções Flor de ir embora, Condenados, Cheiro de mato, Lápis de cor, Mais uma boca.

No show da Caixa, Fátima Guedes não se limitou, ao lado do violonista Henrique Martins, em mostrar apenas o seu lado de compositora, mas também de interprete surpreendente e sensível na recriação de Sinhá (João Bosco e Chico), Lua bonita (Zé do Norte e Zé Martins), Isso é só o começo (Lenine), Aquele abraço (Gil) e Morro Velho (Milton Nascimento). A programação da Caixa Cultural já adquiriu um selo de qualidade de tal ordem que qualquer espetáculo merece ser visto independente do conhecimento prévio daquilo que se verá ou se ouvirá em seu pequeno e aconchegante espaço. “Vem prá Caixa você também”.

Foto: Fátima Guedes

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