Perder não é uma experiência enriquecedora, pelo menos sinto assim quando absorvo e capitalizo tristemente os insucessos dos meus rubronegros, Vitória ou Flamengo, no campo esportivo, por exemplo. Politicamente, já é um outro gramado, pois passada a refrega dos palanques, com as bandeiras arreadas e a caminho de casa, resta o consolo de que o adversário vencedor venha fazer aquilo que o nosso candidato derrotado faria se tivesse chegado lá. Na prática é outra a prática. Torce-se contra, joga-se praga, sai-se esgrimindo seu florete envenenado e tirando da cartola todos os impropérios e os maus modos acumulados em décadas de vida, berrando, esperneando, culpando Deus e o mundo ingrato, alem dos eleitores comprados, este bando de cachaceiros degenerado, uma espécime com que jamais se formará um município cidadão, no máximo um cabaré. Todos são culpados pelo baixo astral de quem perdeu.
Aqui na cidade alegre, além da vitória do “40tão” arrasador em sua fúria democrática e convicta de que a esperança poderia, e pode, vencer o medo, uma eleição foi por demais aclamada e festejada, como foi a do candidato a vereador pelo PSDB (ninguém é perfeito) Ivan Tatuagem. Com uma campanha modesta, simples, quase franciscana, desprovida de carros de som, outdoor, veículos com propaganda entre outros apetrechos, Ivan, o terrível, se valeu de sua única arma: a coragem, o destemor, a crença inabalável de que a verdade é uma couraça contra a qual nenhum poder ou abuso financeiro pode ferir. Mirou o chefe e mentor político de uma candidatura com indicies de rejeição de fazer inveja ao cabeção Zé Serra e, notando que este ídolo tinha pés de barro, lançou contra ele a sua carreta desgovernada e demolidora. Folhetos que até poderiam ser pasquins inundaram a cidade com revelações de milagres que não fariam a canonização de ninguém, muito pelo contrário, talvez sinalizassem que havia algo de podre no reino dos “ali babás”.
A votação de Ivan Tatuagem, com 421 votos, além de outros que também poderiam ter sido carreados para o seu nome, através de eleitores que se mostraram sensíveis as suas denúncias, mas que por certo já tinham assumidos compromisso com outros candidatos, revelou que além do prefeito e do vice, “quarentões”, o outro grande vencedor desta eleição foi Ivan, o terrível.
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